Observando o Mundo
Fundida a Copa do Mundo
● Na noite de 19 de dezembro de 1983, a valiosa Taça Jules Rimet, junto com três outros troféus, desapareceram de seu mostruário na sede da Federação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro. Dois ladrões armados renderam um idoso vigia noturno e conseguiram escapar com a taça. Folheada a ouro e pesando pouco mais de 3 quilos, o Brasil detinha a posse permanente da taça desde 1970, ao ganhar três Campeonatos Mundiais de futebol.
Depois de uma investigação por todo o país, noticiada pela imprensa, a Polícia Federal prendeu certas pessoas, uma das quais “confessou tudo”, inclusive que, no dia depois do roubo, a taça fora vendida por Cr$ 26 milhões a uma fundição de ouro, para ser derretida. Por falta de evidência, tais pessoas presas foram libertadas. De acordo com as notícias, a polícia recebeu informações sobre um plano para o roubo da taça, mas não lhe deu crédito. Investigações posteriores suscitaram sérias dúvidas quanto a quem realmente estava envolvido, prosseguindo-se o inquérito.
Haverá Eleições Diretas?
● A movimentada metrópole de São Paulo, Brasil, com uma população superior a 8 milhões, celebrou seu 430.º aniversário em 25 de janeiro. Naquele dia, uma multidão calculada de 150.000 se reuniu na Praça da Sé, em frente à Catedral católica romana, num comício-monstro destinado a estimular o interesse do povo por eleições diretas para o sucessor do presidente do Brasil, o general João Figueiredo. O quinto general a governar o Brasil desde que os militares assumiram o poder, em 1964, ele terminará seu mandato em março de 1985, quando tomará posse seu sucessor, eleito por um Colégio Eleitoral. Estavam programados outros comícios através do país, a fim de suscitar a opinião pública e mover o Congresso a emendar a Constituição, de modo a permitir tal eleição direta.
“Imunizados Contra a Morte”
● Depois de nove anos de mortes”, afirma Manaf Mansour, diretor geral do Ministério de Informações do Líbano, “estamos imunizados contra a morte”. Explicando a leve reação do público diante das mortes de civis durante as recentes lutas e explosões de carros-bombas no Líbano, prosseguiu dizendo: “Tudo isto, com o decorrer de todos esses anos, torna-se como uma injeção de morfina, que entorpece nossos sentidos contra a morte. É muito trágico, mas é por isso que estamos passando.”
Desde o início da guerra civil no Líbano, em 1975, calculadamente 60.000 pessoas já foram mortas, 40.000 feridas e 300.000 ficaram sem teto. Diz-se que os civis constituem mais de 80 por cento dos mortos e feridos. “Tem havido tantas mortes”, afirma o artigo de The New York Times, “que muitas pessoas abandonaram o tradicional período de 40 dias de pranto seguidos pelos cristãos e pelos muçulmanos”. Abandonou-se também o costume de fazer-se várias visitas às famílias que perderam parentes, para rezar junto com elas. Sendo tantas as pessoas que morrem, restaria pouquíssimo tempo para o trabalho. Teme-se que as crianças, tão acostumadas com a violência e a matança, não considerem inaceitável a violência, quando crescerem.
Loterias Podem Ser Prejudiciais
● “Muitos canadenses gastam dinheiro em loterias que deveria ser, mais apropriadamente, gasto na manutenção de seus lares”, observa o jornal The Toronto Star. “As pessoas que são os compradores mais intensos dos bilhetes tendem a ser aquelas que menos se podem dar ao luxo de privar-se desse dinheiro.” Como tal artigo indica, há centenas de milhares de perdedores para cada ganhador. Muitos compradores de bilhetes, esperando ganhar a sorte grande, ficam cada vez mais envolvidos ou se tornam viciados nisso. A fim de sustentar seu hábito de 5.000 dólares canadenses (pouco menos de Cr$ 4 milhões) por semana, uma caixa de banco, com 34 anos, surrupiou 183.000 dólares do seu baú, até ser apanhada. Até mesmo os prêmios de 80.000 dólares que ela ganhou foram utilizados na compra de outros bilhetes de loteria, veiculou o Star. Disse o juiz, ao sentenciá-la: “Julgo que as loterias podem criar instabilidade emocional, um sonho ou uma esperança que é quase que impossível de realizar-se.”
Falsa Hipertensão
● Estudos em separado, conduzidos na Itália e nos Estados Unidos, demonstram que a preocupação com a própria saúde, enquanto a pessoa se encontra num consultório médico ou apenas saber que o médico junto ao seu leito de hospital está prestes a tirar sua pressão sangüínea, é suficiente para elevar sua pressão e seus batimentos cardíacos. Muita gente recebe assim o diagnóstico de hipertensos e talvez estejam tomando remédios e fazendo tal tratamento sem necessidade. Conforme comunicado em New Scientist, mediu-se a pressão sistólica de certo paciente como “subindo até 75 mm Hg [mercúrio] embora o paciente soubesse, de antemão, o que iria ser feito”. Os pesquisadores concluem que a última das três ou quatro medições feitas durante um período de 10 minutos provavelmente será exata, apesar da presença inicialmente perturbadora do médico.
Necessários Vinte Milhões de Empregos
● “Vinte milhões de novos empregos serão necessários no mundo industrializado”, veicula The Guardian, “simplesmente para impedir o aumento do desemprego nos próximos cinco anos”. Respaldado num relatório da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico), declara que a força de trabalho provavelmente crescerá a esse total até 1989, e tais empregos serão necessários apenas para impedir que o atual nível de desemprego, de 35 milhões de pessoas se agrave. Em 1984, espera-se que o número de pessoas sem trabalho por mais de um ano seja responsável por 45 por cento do desemprego na França, 40 por cento no Reino Unido e cerca de 10 por cento na Suécia e nos Estados Unidos.
Aumenta o Roubo de Livros
● “Valiosos livros e documentos têm desaparecido das bibliotecas americanas, nos anos recentes, em um índice cada vez mais rápido”, veicula The New York Times. Entre as centenas de itens que se relatou foram roubados acham-se um livro de Copérnico, astrônomo do século 16, avaliado em 150.000 dólares, e o esboço do roteiro do filme “Guerra nas Estrelas”. Calcula-se que as perdas atingirão facilmente US$ 50 milhões por ano apenas nos Estados Unidos. Afirma Lawrence Towner, presidente da Biblioteca Newberry, de Chicago, EUA: “O que, outrora, era apenas uma doença endêmica, tornou-se, em 20 anos, uma epidemia virulenta.”
É a Noite a Melhor Hora Para Exercitar-se?
● “A noite é . . . a melhor hora para exercitar-se, caso tente perder peso”, noticia a publicação Industry Week. “O exercício vigoroso antes de jantar pode reprimir seu apetite por umas duas horas. Também acelera o metabolismo, que comumente se reduz no período posterior do dia, assim ajudando o corpo a queimar mais calorias.” Talvez também seja melhor correr à noite, declara o artigo, referindo-se a um estudo que mostra que os corredores de manhã apresentaram mais contusões do que os corredores de tarde. Qual o motivo? O tecido muscular fica bem distendido na parte posterior do dia, e mais fluido corpóreo amortece os pés.
Bicicletas na China
● A China possui mais bicicletas do que qualquer outro país — mais de 150 milhões. São o principal meio de transporte, uma vez que só um número reduzidíssimo possui automóvel. E, como se dá com os carros em outros países, certas marcas de bicicletas gozam de maior prestígio e são mais procuradas. “Não se trata de simples esnobismo”, afirma The New York Times, “pois existe um grande abismo entre a qualidade dos modelos de primeira linha e a das outras bicicletas fabricadas na China”. Cerca da metade dos 24 milhões de bicicletas produzidas em 1983 foram consideradas pelo Governo como estando abaixo do padrão. Isto tem levado a ampla falsificação e a colocação de marcas falsas em bicicletas que são construídas de partes danificadas ou rejeitadas. “As fábricas legítimas não se queixam”, afirma o Times, “porque se lhes paga mais pelas partes do ferro velho do que a ninharia que usualmente recebem das firmas de reciclagem”.
Novos Raticidas
● Desde que surgiram populações de “super-ratos”, resistentes aos venenos utilizados contra eles, os cientistas têm procurado novos métodos de matar ratos. Atualmente, eles apresentam a bromethalin (brometalina), fármaco que causa a paralisia e a morte por reduzir a transmissão dos impulsos nervosos. Os testes revelaram que tal veneno é eficaz em mais de 90 por cento, mesmo com as espécies resistentes, depois de se alimentarem dele uma única vez. Os cientistas mostram-se otimistas de que os ratos não aprendam a evitá-lo, como o fizeram com outros venenos, uma vez que não morrem senão depois de dois ou três dias após a ingestão. Cientistas chineses, por outro lado, produziram um “gato elétrico” — instrumento que ativa uma carga elétrica sempre que um rato esbarra em seus diminutos fios. Afirma-se atingir um índice de 98 por cento de mortes.
Agravando as Coisas
● Serviços de prover acompanhantes para pessoas que contraíram herpes já surgiram em várias cidades grandes dos EUA, mas estes talvez sejam prejudiciais, afirmam os médicos. “A noção popular de que ‘uma vez o tenha contraído, expor-se mais a ele não faz nenhuma diferença’, promovida pelos serviços de acompanhantes não vale na medicina”, dois médicos apontaram numa carta dirigida à JAMA (Revista da Associação Médica Americana).
Longevidade, Apesar da Cirurgia
● As mulheres, nos Estados Unidos, vivem em média sete anos mais do que os homens. “Mas”, afirma a revista Parade, “para cada 10 pacientes que se submetem à cirurgia, pelo menos seis são mulheres. Ademais, dentre os 10 procedimentos cirúrgicos mais comuns, nos EUA, cinco são unicamente para mulheres”.
“Jogo” Doentio
● Alguns o descrevem como “doentio, deturpado, fascista, pervertido e pueril”, afirma o jornal Globe and Mail, de Toronto, Canadá, sobre um jogo que tem atraído milhares de adultos, no Canadá e nos Estados Unidos, pelo “atrativo de combate sem chifradas”. Chamado “The Survival Game” (O Jogo da Sobrevivência), os participantes são divididos em duas equipes, cada uma dispondo de seu próprio campo, a cerca de um quilômetro de distância da outra. Seu objetivo: Capturar a bandeira da equipe oposta, e isto sem serem “mortos”, trazendo-a de volta ao seu campo. A “morte” é provocada por armas que se parecem com as reais, mas que empregam bióxido de carbono para lançar bolinhas de tinta de diferentes tons que se rompem com o choque. De acordo com o promotor canadense destes jogos, Gerald Campbell certa firma até mesmo requer que seus vendedores participem no jogo, uma vez que considera o “mercado como zona de guerra”. Ao passo que os entrevistados “fingiram demonstrar preocupação com o fato de haver algo de doido em uma pessoa, com mais de 25 anos, ficar correndo no mato, fingindo atirar em pessoas”, veicula The Globe and Mail, “todos eles falaram de se aprender a esperar” e “observar o ar de surpresa estampado na face contorcida do inimigo, quando se apertava o gatilho e a bala explodia no peito dele”.
‘Crianças Sedentárias’
● “As crianças que não são incentivadas a correr e pular, e a brincar no balanço logo perdem a confiança em si e em sua capacidade de utilizar seu corpo”, afirma o dr. John Saunders, co-autor de uma pesquisa empreendida na Universidade de Queensland, Austrália. “Os garotos dos dias de hoje tendem a ser levados de carro para a escola, seus professores os mandam ficar sentados, quietinhos e escutar, e, quando chegam em casa, seus pais lhes mandam outra vez ficar sentados e quietinhos em frente da televisão.” O resultado é que muitas crianças pequenas se transformam em “povinho sedentário”, que está perdendo a capacidade de brincar corretamente.
O Poder da Imprensa Escrita
● Apesar de tudo que se diz sobre a TV e o vídeo, a evidência revela que a maioria das pessoas ainda depende da imprensa escrita para obter notícias e informações. De acordo com a publicação Wilson Quarterly menos de um terço dos adultos, nos Estados Unidos, vêem as notícias na TV num determinado dia, porém 68 por cento lêem pelo menos parte dum jornal, e 12 por cento lêem dois ou mais jornais por dia. Cerca de 30 por cento dos adultos lêem um dos semanários. Chamando as notícias de TV de “apenas outro show”, o professor de comunicação, Lawrence Lichty, afirma que os americanos “continuarão a depender primariamente da imprensa escrita ainda por muitas décadas”.