Relatório de Portugal para 1952 (Do “Yearbook” de 1953)
Nos países católicos não há a liberdade de palavra que existe nos países protestantes. Sendo êste o caso em Portugal, alguém precisa tomar cuidado de como efetua a obra. Naturalmente, se permite que as pessoas falem. Mas a realização de reuniões em geral e a ampla publicidade do reino de Deus como sendo a única esperança para o mundo não são muito bem recebidas em Portugal. Apesar disto, a pregação das boas novas pelos cristãos conserva a marcha.
No princípio do ano, quando dois dos missionários estavam ausentes e o terceiro adoentado, certos elementos desordenados se aproveitaram da oportunidade para causar dificuldades. A crítica da Sociedade, de A Sentinela, e da organização local causou uma séria divisão na companhia de Lisboa. A assistência às reuniões e as atividades de serviço diminuíram. O número de publicadores baixou-se do auge de 72 em julho de 1951 a 33 em janeiro de 1952.
Oportuníssima foi, então, a visita dos irmãos Knorr e Henschel. Na noite de sábado, 2 de fevereiro, chegaram por avião de Madrid. Na manhã seguinte foram reunidos os missionários, os servos e os queixosos pelo irmão Knorr, que ouviu o assunto com tôda atenção. Dois que evidenciaram espírito rebelde foram severamente repreendidos. À tarde do mesmo dia, numa reunião em conjunto das duas companhias locais em Almada (doutro lado do rio Tejo), ambos os irmãos visitantes deram conselho e mais admoestações a uma assistência atenciosa de 122. Deu-se ênfase especial à organização de Jeová e ao privilégio do ministério. No dia seguinte discutiram vários assuntos e resolveram problemas relativos à organização; Na mesma noite o pequeno salão de Lisboa estava repleto com um bom número dos irmãos que vibraram ao ouvir as experiências dos irmãos Knorr e Henschel ao descreverem sua viagem pelo Oriente. Poucas horas depois os dois visitantes estavam voando à noite em direção ocidental a Brooklyn, o fim da sua viagem. Deixaram um grupo de publicadores do Reino repreendidos, admoestados, mas imensamente ajudados e animados pela sua visita.
Foram velozes as reações. Uma pequena secção rebelde da companhia de Lisboa desapareceu, mas imediatamente a assistência às reuniões começou a incrementar, atingindo um auge de 159 nas duas companhias no dia do Memorial. O número dos publicadores, também, principiou a subir, mas neste sentido o progresso era, necessariamente, mais vagaroso. Até o fim do ano, porém, o número dos publicadores quase tinha alcançado o auge do ano prévio, reparando deste modo o prejuízo causado pela dissensão.
Um dos resultados da visita do irmão Knorr foi que dois jovens irmãos do lar do Betel do Rio de Janeiro foram enviados a Lisboa para servir como pioneiros especiais e ajudar na obra de construção teocrática. Chegaram em junho e, juntamente com mais um pioneiro do Brasil que veio de sua própria iniciativa, formam um refôrço muito proveitoso das fôrças do Reino em Portugal.
No fim do ano o número dos estudos bíblicos dirigidos pelos missionários e pioneiros no território de Lisboa é 68. Dentre todos os estudos com essas prospetivas “ovelhas” acham-se alguns interessantes, incluindo estudos com professores, médicos, um dentista, um arquiteto e um dramaturgo. Um novo grupo de estudos se iniciou da seguinte maneira inusitada: Um missionário esqueceu-se da sua Bíblia no banco de uma praça e, sendo exemplar precioso, ele passou um dia triste pensando que estava perdida. Mas na reunião da mesma noite uma pessoa desconhecida a entregou. Revisitando a pessoa que a achou, o missionário descobriu que era um rapaz com quem tinha colocado três folhetos um ano antes mas que sempre estava ausente na ocasião da revisita. Revelou-se verdadeiro interesse, resultando na formação de um novo grupo. Diversos novos grupos estão surgindo em várias partes da cidade de Lisboa e também nos distritos rurais, notavelmente no Rio Maior, Beja e outros lugares na parte setentrional do país.
Os publicadores em Portugal têm todo motivo de estar gratos a Jeová pelas suas bênçãos e pelo fiel ministério e generoso apoio da sua leal organização do “escravo”. No começo de um novo ano de serviço, havendo dois missionários, sete pioneiros especiais e mais de 60 publicadores no campo, a organização teocrática local está mais forte do que nunca e enfrenta o futuro com otimismo, certa de que há ainda muito mais “prisioneiros” para serem soltos neste país.