Assembléias da sociedade do novo mundo das Testemunhas de Jeová
Em nosso número anterior apresentamos o relato dos primeiros quatro dias duma grande assembléia internacional das testemunhas de Jeová, realizada em Nova Iorque, de 19 a 26 de julho de 1953. Esta foi a maior convenção cristã dos tempos modernos, culminando em uma assistência de 165.829, procedente de 95 países. Apresentamos aqui a conclusão do relato sobre esta assembléia.
DIA DA ÁSIA
Uma tempestade incomum saudou os convencionais na quinta-feira, dia 23 de julho de 1953, o quinto dia da assembléia. Mas, quer chovesse quer não, realizaram-se as sessões matinais em idiomas estrangeiros, os servos de circuito se reuniram para obter respostas às suas perguntas e houve uma reunião especial para os que se interessavam em trabalhar no Betel de Brooklyn. Estes foram informados de que os requisitos do serviço de Betel incluíam, em primeiro lugar, uma plena dedicação a Jeová Deus; outros requisitos sendo os de ter boa saúde, estar desembaraçado e dentro dos limites da idade de 18 a 35 anos. Servir em Betel não é apenas uma grande convenção, mas significa trabalho árduo; mas resulta, também, em muito gôzo, visto ser um grande privilégio servir aos irmãos através do mundo e Betel tem muitos privilégios próprios. (Sendo que às vezes alguns membros da família de Betel acham necessário retirar-se, constantemente ocorrem vagas e qualquer pessoa interessada pode escrever ao escritório da Sociedade acerca deste serviço.)
O programa inteiro da tarde de quinta-feira se destinava ao trabalho missionário na Ásia, o maior e mais povoado continente da terra, onde em 20 países 2.620 ministros da sociedade do Novo Mundo estão levando conforto aos homens de boa vontade. De interesse especial foi o programa de duas horas presidido por W. L. Thornton, de Brooklyn, em que missionários, servos de filial e ministros nativos responderam à pergunta: “Como se dá testemunho ao povo oriental e se desenvolve o interesse na Bíblia?“ apresentado, aliás, em trajes regionais. Antes que acabasse a demonstração, cessou a chuva, permitindo o arranjo de um lindo grupo em trajes regionais.
Entre os pontos bem apresentados achava-se o de que o preconceito oriental contra a Bíblia, como sendo um livro ocidental, realmente não procedia, visto que a maior parte foi escrita em países orientais; que a mensagem do Reino devia ser julgada pelos seus próprios méritos e não à base daquele que a traz; que a ciência não está em conflito com a Bíblia, mas antes a confirma. Em conclusão do programa, o irmão Knorr subiu à tribuna e lançou o folheto de 64 páginas, chamado Basis for Belief in a New World (Base para a Crença num Novo Mundo, em inglês), uma ajuda bíblica especialmente preparada para o uso dos missionários em países orientais e que continha todos os argumentos apresentados no decorrer da demonstração da tarde, além de muitos outros. Visto que o preconceito contra a Bíblia não se limita ao Oriente, ministros através da terra toda achá-lo-ão uma ajuda valiosa e os presentes à assembléia mostraram entusiasticamente a sua apreciação disso.
“Que Aprendeu de A Sentinela Durante o Ano Passado?“ foi a pergunta respondida por A. D. Schroeder no decurso do programa da noite, o que ele fez por revisar os artigos principais que apareceram em 1952 na edição inglesa. Particularmente salientou a ênfase especial que estes colocaram sôbre as testemunhas de Jeová como sendo agora uma sociedade do Novo Mundo e sôbre a necessidade imperativa de mantê-la pura, para que sobrevive ao Armagedon.
F. W. Franz, o orador final, no seu discurso sôbre “A Sociedade do Novo Mundo Atacada do Extremo Norte”, fez uma consideração pormenorizada dos capítulos 38 e 39 de Ezequiel. Apesar do mau tempo, 87.000 pessoas ouviram o programa da tarde e 112.700 o programa da noite.
DIA DA ÁFRICA
O programa matutino providenciou a série de reuniões especiais para os irmãos que falavam outros idiomas e para os servos de circuito, e a última oportunidade para o serviço regular no campo. No decurso da tarde ouviram-se relatórios emocionantes do “Continente Escuro”, onde 78.305 publicadores do Reino, em 34 países, ensinam aos homens de boa vontade a abandonar a poligamia e outros costumes tribais, ensinam ler e escrever e a adorar a Jeová em santa formação. O irmão Knorr apresentou, então, uma surpresa: o belo canto, sem acompanhamento, de nossos irmãos africanos da Rodésia do Norte, gravado em fita. A harmonia e entonação pareciam perfeitas, embora cantassem de memória e sem o benefício do acompanhamento de instrumentos.
Às 14, 00 horas, A. H. Macmillan, por muitos anos um dos representantes viajantes da Sociedade, discutiu “Os Requisitos Necessários para o Ministério”. O que se requer não é o treinamento dum seminário teológico, mas uma plena dedicação a Jeová, um conhecimento da sua Palavra e propósitos e um desejo de ensinar a verdade a outros. Posteriormente no programa, três oradores apresentaram sugestões sobre ‘Como Falar a Pessoas às Portas’. Os requisitos básicos são o conhecimento da Palavra de Deus e o amor no coração. Uma aparência decente também é essencial. As palavras iniciais são importantes; a conversação deve ser agradável e amical.
“O Propósito de Nosso Testemunho”, disse L. A. Swingle, o último orador da tarde, é o de separar as “ovelhas” dos “cabritos”, mas, acima de tudo, de vindicar o nome de Jeová. Ao terminar o discurso, para a grande alegria dos ouvintes, lançou quatro novos tratados: Está Crendo na Evolução ou na Bíblia? Que Religião Está Certa? O Sinal da Presença de Cristo e A Única Esperança de Paz para o Homem.
Programado entre os cânticos africanos e os relatórios de missionários e servos de filial achava-se o primeiro discurso da noite, “A Palavra Viva”, proferido por Grant Suiter, secretário e tesoureiro da Watch Tower Society. (Heb. 4:12, NW) ‘Faz divisão entre a “alma e o espírito“ em que distingue entre ações e motivos. Ela é poderosa — se apanharmos seu sentido. Sua particularidade mais importante é a revelação do verdadeiro Deus, Jeová.’ C. D. Quackenbush concluiu o programa da noite com um discurso caloroso sôbre “Criar os Filhos na Sociedade do Novo Mundo”. A instrução tem de começar cedo na vida e precisa ser apoiada por exemplos consistentes. “Se não quiserem ter pequenos fariseus, não sejam grandes fariseus!” Dirigindo suas observações às crianças, ele mostrou, de exemplos na natureza, que a disciplina administrada pelos pais é para o próprio bem-estar da criança, porque êles a amam. O fim do sexto dia da assembléia viu 124.150 convencionais voltar felizes e de coração leve aos seus lugares de pouso.
DIA DA EUROPA
A parte destacada do programa da manhã de 25 de julho, o sétimo dia da assembléia, foram cinco pequenos discursos sob o tema: “Promovendo os Interesses da Sociedade do Novo Mundo por Ser um Pioneiro.” O serviço de pioneiro, isto é, gastar 100 horas por mês no ministério, é prático, conforme milhares o provaram, salientou o primeiro orador. Muitos mais seriam pioneiros se tivessem a fé e apreciação.
A seguir, discutiu-se: “Resolvendo o Problema Financeiro.” Os pioneiros não se esquivam das responsabilidades financeiras, mas simplesmente não são escravizados por elas. Cumprem com as suas obrigações por não fazer gastos excessivos, por achar emprego para parte do tempo e estar dispostos a adaptar-se a qualquer trabalho disponível, não importa quão humilde seja.
“O Serviço de Pioneiro é uma Ocupação Séria”, salientou o orador seguinte. Mas, “talvez seja mais sério não se empenhar nêle quando se pode fazê-lo”. Significa esboçar o tempo, fazer preparativos antecipados, ter alguma coisa definitiva para dizer às portas e variar a apresentação para que não fique monótona.
Ao “Cobrir o Seu Assinalamento Urbano ou Rural“, os pioneiros foram admoestados para fazerem valer o tempo e arranjarem a sua atividade de tal modo que possam gastar cinquenta horas mensais no trabalho básico de-casa-em-casa, e, finalmente, forneceram-se exemplos bíblicos e atuais para mostrar que o serviço de pioneiro é prático, tanto para setuagenários como para adolescentes.
Relatórios da Europa, iniciados no programa matinal, foram continuados no programa da tarde. Em 23 países, 174.257 servos felizes de Jeová procuram fazer que outros sejam felizes também, havendo muitos milhares que se esforçam nesse sentido atrás da Cortina de Ferro. Seguiu-se, então, outra apresentação bem instrutiva em cinco partes sôbre “O Valor do Estudo de Livro Congregacional”. Um ponto estratégico é importante, pois deve servir de centro de serviço; o dirigente deve dar um bom exemplo no serviço de campo e ser bondoso e paciente. O centro é usado para treinar os novatos, para iniciá-los no campo e fazê-los falar nas reuniões. É de valor especial em tempos de proscrição, quando apenas grupos pequenos se podem reunir.
O clímax do Dia da Europa veio às 15, 30 horas, com o discurso: “Fuga à Segurança Junto à Sociedade do Novo Mundo”, proferido por N. H. Knorr, o presidente da Sociedade. Neste vigoroso discurso o irmão Knorr mostrou o paralelo entre a Jerusalém do ano 66 E.C., quando os exércitos romanos que a sitiavam se retiraram repentinamente, permitindo que os cristãos em Jerusalém e na Judéia seguissem as palavras de Jesus e fugissem à segurança, e a Cristandade que agora se acha sitiada por forças que são contra Deus dentro da “coisa repugnante que causa desolação”, tornando imperativa a fuga, antes que o Armagedon a torne tarde demais. A atenciosa assistência de 134.333 apegava-se a cada palavra e ficou emocionada quando, ao concluir, o irmão Knorr lançou uma linda ajuda bíblica de 384 páginas, encadernada em azul, chamada “New Heavens and a New Earth” (“Novos Céus e uma Nova Terra”, em inglês).
Mais da metade do programa da noite foi ocupado por outros relatórios da Europa, depois do qual se ouviu a terceira apresentação conjunta do dia: “Vosso Comportamento Ministerial”, que forneceu excelente conselho a todos os convencionais. O servo de distrito J. W. Stuefloten admoestou: O comportamento correto não é herdado, mas tem de ser cultivado pela aplicação da Palavra de Deus e por muito treino e disciplina. O. L. Pillars, um servo de circuito, falou claramente sobre a conduta entre os sexos. É correto que se associam uns com os outros, mas deve-se evitar qualquer aparência má.
Outro conselho vivo, que atingiu o ponto vez após vez, a julgar pela reação da assistência, foi dado por U. V. Glass quanto ao lugar ocupado pela mulher na organização. Na sociedade do Novo Mundo a mulher precisa reconhecer as suas limitações. Ela não tem autoridade para criticar os servos da congregação, nem deve ressentir os conselhos que recebe deles. Ao servir fielmente dentro de seu campo de atividade, ela ganha o respeito de todos. O servo de distrito C. W Barber discutiu a validade da ordenação das testemunhas de Jeová e indicou que o comportamento ministerial correto inclui ser amável, humilde e dócil. N. Kovalak, também servo de distrito, tomou por tema ‘travar uma luta árdua pela fé’. Tal luta árdua é necessária por causa da imperfeição dentro de nós por causa dos homens maus que nos cercam e por causa dos demônios. Travar uma luta árdua significa estudar regularmente, assistir fielmente às reuniões e ir ao serviço.
DIA DAS ILHAS DO PACÍFICO
No domingo de manhã, dia 26 de julho, o último dia, ouviram-se relatos interessantes das Ilhas do Pacífico, onde em 13 delas 31.304 ministros de Jeová fazem discípulos de tôdas as nações.
Seguiu o irmão Franz, que emocionou a assistência ao revelar, no decorrer das suas observações sôbre “Enchendo a Casa de Glória”, que o “desejado de todas as nações”, de Ageu 2:7, que havia de vir, não era, como se pensava uma vez, o reino de Deus ou mesmo Cristo Jesus, mas sim, os homens de boa vontade que agora se associam com o restante do corpo de Cristo e que neste momento estão cumprindo a profecia acêrca de ‘forjarem das suas espadas relhas de arado’—Isa. 2:2-4.
John O. Groh, servo da convenção, apresentou então “Alguns dos Pontos de Destaque da Assembléia”. Êle recapitulou a vasta atividade pré-convencional, forneceu dados estatísticos interessantes acerca da Cidade dos Reboques (“Trailer City”) e dos vários departamentos da convenção, e mencionou a excelente publicidade fornecida pela imprensa. Em conclusão, agradeceu aos 15.000 a 20.000 trabalhadores voluntários pela sua excelente cooperação e expressou apreciação pela cooperação dos departamentos de polícia, de saúde e sanitário da cidade de Nova Iorque, dos sindicatos e da gerência do Estádio Ianque.
Entre as sessões da manhã e da tarde em idioma inglês realizou-se uma conferência pública em espanhol, por R. M. Gonzalez, vice-presidente da Sociedade Tôrre de Vigia de Cuba, numa parte do estádio. Um total de 4.075 ouviram o discurso “É Hora de Considerar o Caminho de Deus”, e depois receberam a edição espanhola de O Caminho de Deus é Amor.
As 15, 15 apresentou-se um programa musical com arranjos excelentes de cânticos do Reino, executado pela orquestra da convenção de 77 instrumentos, sob a direção competente do diretor musical da assembléia, V. R. Duncombe do Canadá, e seleções vocais. Às 16 horas, o presidente da assembléia, Percy Chapman, apresentou o orador da tarde, N. H. Knorr, que falou sôbre o assunto: “Após o Armagedon - O Novo Mundo de Deus.“
Com a devida deliberação e fôrça o orador desenvolveu seu tema de modo lógico e bíblico, recebendo aplausos desde as primeiras duas sentenças. O Armagedon não seria um mero conflito político ou internacional, mas antes a guerra de Jeová, de proporções universais. (Apo. 16:14, 16) Está em progresso a marcha para o Armagedon. A questão não é: Qual dos blocos vai ceder? mas: Cederão as nações diante do Rei dos reis? Após o Armagedon, o novo mundo de Deus assumirá o poder, trazendo consigo saúde, vida eterna e até a ressurreição dos mortos. Em conclusão ele exortou: “Prepare-se agora para aquela eternidade de coisas novas, para viver nela e ser feliz para sempre. Apronte-se agora para viver APÓS O ARMAGEDON no NOVO MUNDO DE DEUS!”
Dois exemplares gratuitos do folheto que continha o discurso foram oferecidos aos assistentes. A contagem oficial mostrou que 91.562 pessoas haviam superlotado o Estádio Ianque, que 25.240 ouviram a conferência nas tendas adjacentes ao estádio e que 49.027 a ouviram na Cidade dos Reboques, perfazendo um total de 165.829. A estação de rádio WBBR a transmitiu a muitos outros milhares.
O sol se punha gradualmente atrás das arquibancadas. Os momentos finais da assembléia se aproximavam rapidamente. Após um pequeno intervalo, a convenção levantou as vozes num cântico de agradecimento a Jeová, seguindo-se as “Observações Finais do Presidente”. Por uma hora ele fêz uma admoestação séria de se louvar a Jeová, baseando suas observações no Salmo 145, durante as quais anunciou que o texto para o ano de 1954 será o do Salmo 145:2: “Cada dia te bendirei, e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos.” — Al.
Falando sem formalidade, o irmão Knorr explicou os planos para que os irmãos Franz, Henschel e ele mesmo visitassem os irmãos da América Central e do Sul. Elogiou a assembléia pelo seu bom comportamento e anunciou que durante 1954 se realizarão assembléias de distrito e em 1955 uma série de convenções, desde a costa ocidental dos Estados Unidos até a Inglaterra e o continente europeu. Depois, com cântico e oração de graças a Jeová, encerrou-se a maior assembléia cristã jamais realizada.
EM CONCLUSÃO
Deveras, há aqui um povo separado e distinto, a sociedade de um novo mundo, baseada nos princípios estabelecidos na Bíblia. Seus princípios são praticáveis, pois os que estiveram no Estádio Ianque podiam olhar em volta e ver cada dia dezenas de milhares de pessoas, tôdas dedicadas a Jeová e vivendo de acôrdo com estes princípios. De fato, o mundo viu uma poderosa demonstração do espírito de Jeová em operação!