Perguntas dos leitores
●Deve-se tomar como literalmente verdadeiro que a roupa dos israelitas não se gastou durante os quarenta anos no deserto, ou é isso apenas um modo de dizer-se que o suprimento de roupa não acabou? — R. H., Estados Unidos.
Deuteronômio 8:3, 4 (NM) mostra que Jeová continuou “a alimentar-te com maná, que não conheceste, nem os teus pais conheceram, a fim de fazer-te saber que o homem não vive só de pão, mas de tôda expressão da bôca de Jeová vive o homem. Tua roupa não se gastou sôbre ti, nem se incharam teus pés durante êstes quarenta anos.” A provisão do maná foi um milagre contínuo, e assim também o foi a provisão de roupa que não se gastava. É nisso que se destaca o milagre. Se o suprimento tivesse sido apenas renovado, não se veria nisso nenhum milagre. Refere-se literalmente à roupa não se gastar, assim como o relato é literal quanto aos pés não se incharem durante os quarenta anos no deserto. Não haveria nenhuma dificuldade prática envolvida no uso da mesma roupa por quarenta anos, pois, conforme os jovens ficavam grandes demais para a sua roupa, teriam o tamanho de roupa maior disponível, e a dêles seria entregue aos menores. Os adultos morriam, deixando para trás seu suprimento de roupa. Note-se que o número dos israelitas era aproximadamente o mesmo no fim das peregrinações no deserto que no princípio, de modo que o suprimento original de roupa seria aproximadamente certo através dos quarenta anos de peregrinação.
● Estava Judas presente quando Cristo instituiu a celebração do memorial, ou não estava? — W. E., Estados Unidos.
Pela comparação de Mateus 26:20-25 com João 13:21-30 sabemos que Judas não estava presente quando Cristo instituiu a refeição noturna do Senhor. Um dos Evangelhos nos dá alguns pormenores que o outro não dá, mas, ao se harmonizarem os dois, pode obter-se um quadro completo. Mateus nos diz como surgiu a pergunta acêrca de quem trairia a Jesus. João nos diz que, antes de ser abandonado o assunto, o traidor foi identificado por Jesus lhe dar o pedaço de pão que havia molhado, e Judas saiu imediatamente para dentro da noite. Mateus continua a descrever como Jesus serviu então os emblemas do memorial aos onze apóstolos remanescentes, enquanto João, que escreveu seu relato depois de Mateus, não repete os pormenores da refeição noturna, mas, antes, fornece algumas das observações extensas de Jesus naquela ocasião, conforme registradas no capítulo 13. Os discursos e a oração de Jesus com seus discípulos, porém, conforme registrados em João, capítulos 14 a 17, não eram parte da refeição noturna do Senhor, mas vieram depois.
Assim, êstes dois apóstolos e testemunhas oculares dos eventos descritos concordam quanto ao elemento do tempo, pois o relato de João de nenhum modo contradiz o de Mateus quanto ao tempo da partida de Judas. Nem se deve tomar o relato de Lucas (22:14-23) como contradizendo esta ordem de tempo. Lucas não foi testemunha ocular dos eventos. Fala sôbre os mesmos eventos, mas não faz isso necessariamente na ordem cronológica exata, conforme fazem os dois que realmente estavam presentes na ocasião. Em adição a isso, Lucas 22:28-30 não pode ter incluído a Judas, pois êste deve ter saído antes de se fazer aquela declaração. Veja-se “A Sentinela” de 1.° de fevereiro de 1951, páginas 25 a 32, e de 1.° de março de 1951, páginas 35 a 37.