A obra das Testemunhas de Jeová em países de língua portuguesa
As testemunhas de Jeová podem ser encontradas em tôdas as partes do mundo, em algumas não em grande número, é verdade, mas estão ativas em 159 países diferentes, reconhecidas legalmente. Oferecemos aqui o relatório da atividade das testemunhas de Jeová, durante 1954, em países de língua portuguesa, ou seja: o Brasil, Portugal, os Açôres e a Ilha da Madeira. Êste relato é extraído do Anuário das Testemunhas de Jeová para 1955, publicado em inglês.
BRASIL
A ocupação das testemunhas de Jeová é a pregação das boas novas do reino de Deus. O conselho da Palavra de Deus é: “Não sejais remissos na vossa ocupação. Sêde fervorosos no espírito.” (Rom. 12:11, NM) As testemunhas de Jeová não foram remissas no Brasil durante os últimos doze meses. Quase mil pessoas mais fizeram sua ocupação a de cuidar dos assuntos de Jeová por ser ministros diligentes. Ao se verificar o relatório do Brasil, observou-se que quando havia falta de homens capazes para atuar como servos de circuito, a obra na parte negligenciada sofreu. Há sempre muita necessidade de irmãos maduros, para se empenharem no serviço de tempo integral e aceitar as maiores responsabilidades que acompanham os privilégios de ser servo de circuito ou servo de congregação. A comissão na congregação também precisa estar alerta, cuidando que a congregação seja mantida limpa e que os na congregação sejam mantidos ocupados. Observou-se que, no Brasil, 45 irmãos foram desassociados por causa de ações erradas, mas este procedimento fortaleceu a organização. Naturalmente, tal ação causa dores e dificuldades à congregação, mas, quando todos chegam a reconhecer que aquilo que está sendo feito é a vontade de Jeová e que a própria vida da organização depende da sua espiritualidade, sua pureza e devoção ao serviço, então podem suceder tais coisas com proveito para a congregação. Apesar das dificuldades dentro das congregações e da grande tensão no próprio país, as testemunhas de Jeová mostraram amor pelo próximo a todos os que o aceitassem. Os seguintes extratos do relatório do servo da filial mostram o zelo e a ação de nossos companheiros que trabalham no Brasil.
“Um dos eventos destacados, este ano, foi a visita do irmão Knorr, acompanhado do irmão Henschel. . . Esta deu grande impulso à expansão. Apesar do início vagaroso e de não termos alcançado nosso aumento de 10 por cento na média dos publicadores até abril, quatro meses atrasados, os publicadores fizeram individualmente a sua parte para alcançar um aumento de 15 por cento sôbre a média e 29 por cento de auge, o que trouxe o ano ao clímax de 7.438 no campo. O mês de agôsto elevou também o total dos batizados a 1.220. Por seguirmos as sugestões do irmão Knorr quanto a aumentar o tamanho de Despertai! e por encorajamento dado através do Informante, as demandas do campo exigiram o máximo das nossas instalações de impressão, ao se elevar a produção mensal das revistas de 33.700 a 57.760 em oito meses.
Nossa campanha de assinaturas foi a melhor até a data. Algumas congregações estabeleceram seu próprio sistema de entrega, não permitindo assim que o obstáculo dum deficiente serviço postal impeça o progresso teocrático. Estamos gratos pela nova máquina linotipo e esperamos ansiosamente mais equipamento para facilitar nosso trabalho. A correspondência manejada pelo escritório aumentou tremendamente nos últimos meses.
“Atribuímos o progresso a vários fatôres: uma onda de assembléias de circuito, um servo de distrito de tempo integral, nova literatura, o novo filme ‘A Sociedade do Novo Mundo em Ação’, uma limpeza em diversas seções da organização e o envio de missionários a territórios não assinalados. A falta de maior progresso parece estar na fraca organização dos estudos de livro de congregação, no analfabetismo e na falta duma equipe completa de servos de circuito maduros no campo, mês após mês.
“O escritório achou que seria bom ter uma assembléia no interior, numa cidade à beira dum rio, em território isolado sem publicadores. Uma grande fábrica de cigarros, fechada já quatro anos, foi transformada como por milagre perante a vista dos 11.000 habitantes da localidade. Das ruínas surgiu um grande e bonito Salão do Reino, caiado por dentro e por fora. Um edifício vizinho também recebeu consertos. As irmãs dormiam no segundo andar, os irmãos no primeiro e os departamentos da assembléia se achavam no andar térreo. Certo visitante disse: ‘Então vocês estão se instalando para ficar indefinidamente, não é?’ Ao receber uma resposta negativa, êle sacudiu a cabeça em admiração. ‘Gastar todo êsse dinheiro por apenas três dias? Acho que não entendo.” Ele não sabia que não foi tanto o dinheiro; foi realmente o zêlo e a fé dos irmãos que fizeram que removessem cêrca de dez caminhões cheios de velho fumo apodrecido, misturado com poeira. Foi seu amor por Jeová e seu próximo que os induziu a canalizar a água, lavar os pisos, instalar lavatórios e eletricidade, construir um enorme fogão primitivo e pintar o edifício por dentro e por fora. Irmãos em número de 250 chegaram por lancha fretada. Outros 250 vieram por lanchas e trens de carreira. O serviço de campo não foi esquecido, pois um pequeno exército de 440 publicadores saiu para bendizer o nome de Jeová cada dia. Os religiosos locais de Gog se encheram do espírito de inveja e os alto-falantes da igreja começaram a dizer: ‘Cuidado com esta gente que invadiu nossa cidade! Não lhes dê atenção.’ Tudo isso sem proveito. Na conferência pública havia 898 em assistência; e calcule quantos vieram para ver ‘A Sociedade do Novo Mundo em Ação’? Mil? Mil e quinhentos? Não, mas um total de 2.500 pessoas encheram o salão, transbordaram até a calçada e a rua, bloqueando o tráfego; e, o que era mais maravilhoso, 217 pessoas deram seus nomes para serem visitadas em casa. Não é isso surpreendente? Sim, agradecemos a Jeová por suas agradáveis surpresas! É certo que o novo filme tem feito muito para trazer alguns à verdade e fortalecer ainda mais os que já sabem acêrca do novo mundo.
“Um pioneiro de férias disse: ‘Aqui é algo que me alegra o coração. O diácono duma igreja pentecostal com quem eu tinha estudado por um ano convidou-me a assistir a uma reunião de oração em sua casa, após a qual me apresentou ao ministro local, dizendo: “Êste homem, uma das testemunhas de Jeová, fêz-me uma pergunta sôbre a trindade que ainda não respondi. Quer responder por mim?” O pastor do rebanho não disse nada, mas escutou, e pouco depois me convidou a dar um discurso na sua pequena igreja, o que fiz de bom grado. Após uma série de discursos iniciaram-se vários estudos, inclusive um com o próprio pastor. O diácono entrou direto na verdade, tornando-se publicador de-casa-em-casa. O pregador não mostrou progresso tão rápido, mas achou-se incapaz de pregar à sua pequena congregação e ofereceu a pequena capela aos irmãos como local de reunião. A oferta foi aceita e o salão já está dedicado ao serviço de Jeová.’
“Depois, parece também importante preservar o espírito missionário que significava tanto para a primitiva congregação cristã. Seguimos de bom grado as sugestões do irmão Knorr quanto a mudar os missionários para cidades do interior. Já após dois meses no novo assinalamento, uma das irmãs escreve o seguinte: ‘Certo dentista ficou com um livro e, à menção duma possível revisita, pediu que a missionária o visitasse na casa onde morava com a família. Duas semanas depois iniciou-se um estudo bíblico familiar, por se demonstrar como as testemunhas de Jeová estudam a Bíblia. “Olhe”, disseram, “se fôr demasiado difícil chegar até aqui cada semana, podemos ir ao lar missionário para estudar”. Eles são, ou antes, eram metodistas, pilares na igreja local. Depois de alguns estudos começaram ocupar cada noite livre por nos levar para visitar seus amigos e parentes. Diversos estudos resultaram, êle, sua espôsa e dois filhos indo juntos. Imaginem quanto nos alegramos ao ouvi-lo falar ao seu cunhado: “Você sabia que Cristo teve um princípio? Sabe qual é o nome de Deus?” Sim, até hoje êles ainda vêm para “levar a nós no serviço”.
PORTUGAL
Ao olharmos para trás ao último ano verificamos que nossos irmãos em Portugal estão assumindo mais responsabilidades na congregação. A assistência nos centros de estudos bíblicos regulares melhorou consideravelmente e os que se associaram com a sociedade do Novo Mundo crescem em madureza. Os publicadores estão agora melhor treinados e equipados, e têm bom êxito na pregação das boas novas em Portugal. As experiências são bastante interessantes e mostram como a sociedade do Novo Mundo está crescendo naquele país. A filial organizada ali cuida de Portugal, dos Açores e da Ilha da Madeira. Publicamos aqui extratos dêstes relatórios.
“Aqui está a história duma jovem cuja vida tem sido transformada pela mensagem do reino de Jeová. Ela vem da cidade de Luanda, Angola (África Ocidental Portuguêsa), mas estava em Lisboa para fazer um curso técnico superior. Perdera a fé na religião falsa e tinha sido atraída a uma ronda de prazeres, danças, cinemas, fumar e, de curiosidade, até começara a meter-se na ‘magia negra’. Certa noite teve tal pesadelo que estava doente no dia seguinte. Uma companheira de estudos notou seu rosto pálido e o olhar abatido e casualmente convidou-a a assistir a um estudo bíblico familiar com as testemunhas de Jeová. A jovem foi e ficou entusiasmada logo de início. Ela obteve o livro ‘Seja Deus Verdadeiro’ em português e escreveu na primeira página: ‘Senhor Jeová, que êste livro me traga a luz que minha alma obscurecida tanto precisa, para que eu muito em breve seja uma das tuas servas verdadeiras.’ Sua oração foi respondida. Três semanas depois ela começou no serviço de-casa-em-casa e não demorou muito que se tornou uma das mais ativas e mais competentes publicadoras da congregação de Lisboa. Ela está agora de volta no sudoeste da África, plantando e regando as primeiras sementes da verdade do Reino em Luanda, sua cidade natal.
“Mas, nem todos aceitam a verdade tão prontamente assim. Em contraste temos aqui o caso dum casal visitado cinco anos atrás por alguns publicadores. Iniciou-se um estudo bíblico com o homem, mas a espôsa, católica sincera e ardente, levantou objeções e o estudo parou. Entretanto, o marido continuou a ler em particular e, ocasionalmente, com verdadeira curiosidade feminina, a espôsa espiava também. Levou anos, mas, finalmente, ambos abraçaram a verdade e foram batizados poucos meses atrás. Acham-se entre as testemunhas mais ativas e zelosas em Lisboa. A esposa, depois da sua própria experiência, está especialmente paciente com os católicos que de início mostram oposição, mas parecem sinceros.”
AÇÔRES
“É difícil trabalhar abertamente de casa em casa, devido ao fanatismo da população, quase inteiramente católica. Entretanto, temos prazer em relatar que pelo menos houve algum progresso neste respeito. Na ilha principal do Pico há um pequeno grupo estabelecido. Realizam reuniões regulares e deixam brilhar a luz do Reino neste canto remoto. Ao serem visitados por um representante da Sociedade, alguns meses atrás, estavam todos de bom ânimo.
“Havia 34 assistentes na celebração do Memorial. Esta é uma considerável melhoria quanto à assistência à reunião. Durante um mês atingiram o auge de 26 publicadores. Sim, de cartas e relatórios recebidos vemos que a sociedade do Novo Mundo está estabelecida nestas pequenas ilhas rochosas do Atlântico.“
MADEIRA
“As testemunhas de Jeová iniciaram também aqui a obra de trazer conforto às pessoas de boa vontade. Um pioneiro de tempo integral dos Estados Unidos está ali ocupado. Recentemente, seus esforços foram recompensados quando algumas pessoas novas tomaram sua posição. Ele chegou à ilha no princípio do ano [de 1954], mas já em abril havia encontrado algumas prospetivas ‘ovelhas’. À celebração do Memorial assistiram vinte e uma pessoas.
“Antes do fim do ano de serviço recebemos relatórios que indicavam que alguns progrediram ao ponto de publicarem. Agora há um grupo de quatro publicadores do Reino nesta ilha.”