BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
BIBLIOTECA ON-LINE
da Torre de Vigia
Português (Brasil)
  • BÍBLIA
  • PUBLICAÇÕES
  • REUNIÕES
  • g73 8/7 pp. 16-20
  • Como a cristandade se tornou trinitária

Nenhum vídeo disponível para o trecho selecionado.

Desculpe, ocorreu um erro ao carregar o vídeo.

  • Como a cristandade se tornou trinitária
  • Despertai! — 1973
  • Subtítulos
  • Matéria relacionada
  • Constantino e Nicéia
  • Os Trinitários por Fim Vencem
  • Os ‘Bárbaros’ Arianos
  • “Adoramos o que conhecemos”
    Despertai! — 1985
  • Constantino, o Grande: defensor do cristianismo?
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1998
  • Como a cristandade se tornou parte deste mundo
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1993
  • É a cristandade deveras o domínio de Cristo?
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1966
Veja mais
Despertai! — 1973
g73 8/7 pp. 16-20

Como a cristandade se tornou trinitária

DESDE o Concílio Ecumênico Vaticano II, manifesta-se cada vez mais a divisão no seio da Igreja Católica Romana. De um lado, há os que não desejam quaisquer mudanças, e, do outro lado, há aqueles que ficam impacientes por não estarem ocorrendo mudanças. Conforme certa publicação jesuíta se expressou: “Para alguns católicos, as mudanças são demasiadas e muito rápidas, e parece que ainda irão mais longe e mais rapidamente. Para outros, as mudanças são muito poucas e muito tardias, e não há esperança de se acelerar o passo.”

O primeiro de todos os Concílios Ecumênicos da Igreja Católica realizou-se em Nicéia, em 325 E. C., e também deu início a grande controvérsia dentro da Igreja Católica. De que se tratava essa controvérsia? A questão então era a doutrina da Trindade.

A respeito dessa situação, certo historiador moderno escreve: “Dois grupos de teólogos tinham tão ampla influência que, praticamente, dividiram o Cristianismo em dois campos, que foram rivais teológicos e políticos durante dois séculos [e mais!] Estes eram o grupo ‘ortodoxo’ liderado por Atanásio, um arquidiácono da igreja em Alexandria, e os arianos, assim chamados por causa de Ário, um diácono da mesma igreja. . . . Os atanasianos eram doutrinalmente trinitários; os arianos eram unitários.” O Ocidente latino, com sua sede em Roma, era quase que inteiramente atanasiano, ao passo que a parte helenista ou grecizada do Império Romano era principalmente ariana, tendo sua sede por fim em Constantinopla.

Em que criam os arianos? Sustentavam “a doutrina de que Cristo, o Filho, é subordinado a Deus, o Pai, e de substância diferente, porque Cristo foi criado por Deus e, assim, veio a existir depois de Deus”.a

E, em que criam os trinitários? Sua doutrina é definida hoje como “a tríplice personalidade do Ser Divino”, em que ‘Deus, o Pai, Deus, o Filho, e Deus, o Espírito Santo’, segundo afirmam, são da mesma substância, coiguais, e igualmente incriados e onipotentes.

No entanto, admite-se em geral que o ensino da Trindade foi um desenvolvimento gradual. Assim, o Cardeal Newman escreveu que os credos antes do tempo de Constantino não faziam qualquer menção dela. “Fazem deveras menção de Três; mas, nunca se declara, e jamais se poderia deduzir deles que haja qualquer mistério na doutrina, que os Três são Um, que Eles sejam coiguais, coeternos, todos incriados, todos onipotentes, todos incompreensíveis.” — The Development of Christian Doctrine (O Desenvolvimento da Doutrina Cristã), página 15.

Certa moderna e destacada autoridade católico-romana testifica em sentido similar: “É difícil, na segunda metade do século 20, oferecer-se um relato claro, objetivo e direto da revelação, da evolução doutrinal, e da elaboração teológica do mistério da Trindade. . . . Não se deve falar de Trinitarismo no Novo Testamento sem séria qualificação. . . . Quando se fala deveras de Trinitarismo inqualificado, já se passou do período das origens cristãs para, digamos, o último quadrante do 4.º século.” — The New Catholic Encyclopedia (A Nova Enciclopédia Católica; 1967), Vol. XIV, página 295.

Constantino e Nicéia

Constantino professou converter-se ao chamado Cristianismo, sem dúvida tanto devido a fatores políticos como religiosos. Por conseguinte, era-lhe muito perturbador ver esta divisão doutrinal, considerando-a ele como ameaça à unidade de seu império. Assim, como Sumo Pontífice, isso é, Principal Regente Religioso, convocou o primeiro Concílio Ecumênico em Nicéia, em 325 E.C. Embora ainda não tivesse sido batizado como cristão, presidiu este concílio ao qual compareceram uns 318 bispos; junto com seus ajudantes, a reunião deve ter alcançado entre 1.500 e 2.000 pessoas.

Por cerca de dois meses, os trinitários e os arianos discutiram, os trinitários amiúde recorrendo a táticas extremamente intolerantes. Constantino, observando que os trinitários constituíam a maioria, decidiu-se em seu favor. Ele “esmagou a oposição entre os bispos e exigiu a assinatura de todos os presentes, sob pena de banimento. Apenas dois bispos da Líbia se recusaram; junto com Ário e os sacerdotes que permaneceram fiéis a ele, foram exilados para Ilírica”, território correspondente à Iugoslávia ocidental hodierna. Os escritos de Ário foram tomados, queimados, e, sob pena de morte, todos foram avisados a não possuir nenhum deles.

Mas, o triunfo de Atanásio e de seus trinitários durou pouco. Constantino, tendo decidido em favor dos trinitários, mais provavelmente por razões políticas, estava igualmente pronto a mudar quando o clima político parecia alterar-se. E assim ocorreu quando Constantino, apenas alguns anos depois, mudou sua capital para Bizâncio, e construiu a cidade que leva seu nome, Constantinopla. Ali o arianismo era forte, os bispos desta área só tendo assinado por medo a declaração de Nicéia.

O principal bispo de Constantinopla, Eusébio de Nicomédia, era ariano, e teve êxito em fazer com que Constantino mudasse, por assim dizer, de cavalos doutrinais. Então foram os trinitários que foram proscritos. Em 335, Constantino baniu Atanásio para Treves, na Gália (França). Pouco tempo depois, e pouco antes de morrer, Constantino foi batizado pelo bispo ariano, Eusébio.

Constantino deixou o império para seus herdeiros, alguns sobrinhos e seus três filhos, Constantino II, Constâncio e Constante. Os filhos imediatamente se livraram dos outros herdeiros e então começaram a lutar entre si. Quem por fim venceu foi Constâncio, ariano convicto que gradualmente obteve o controle de todo o império, do Oriente e do Ocidente, com a morte de seus irmãos trinitários. Disposto a promover o arianismo, ordenou que os bispos trinitários fossem substituídos por bispos arianos, mudanças estas que causaram um historiador pagão daqueles tempos a zombar que “as estradas ficaram cobertas de bispos que fugiam a galope”.

Os Trinitários por Fim Vencem

Este domínio ariano, contudo, só durou até à morte de Constâncio, pois os trinitários ainda constituíam a maioria. Isto não deve ser surpresa, pois, tendo a Satanás como “deus deste sistema de coisas”, o erro em geral é mais popular do que a verdade. (2 Cor. 4:4) Também era responsável pela perda dos arianos o fato de que eles mesmos não estavam unidos. Não endossaram uma declaração ou credo comum como expressando suas crenças, nem dispunham de um corpo governante ao qual apelar. Assim, estavam divididos, e como pode ‘uma casa dividida contra si mesma prevalecer’? — Mat. 12:25.

Mas, algo que talvez tenha contribuído mais para que os trinitaristas vencessem os arianos era que os primeiros estavam sempre dispostos a recorrer à violência e à força para conseguir seus objetivos. Quando Ário se levantou para falar, no Concílio de Nicéia, segundo relatado, certo Nicolas de Myra atingiu-o no rosto, e, quando Ário estava falando, muitos dos bispos trinitários enfiaram os dedos nos ouvidos e saíram correndo, como se estivessem horrorizados diante de suas heresias. Também, típica da intolerância dos trinitários foi a greve passiva que Ambrósio, o bispo de Milão, manobrou realizar a fim de impedir que até mesmo uma das igrejas de sua cidade fosse entregue aos arianos, conforme ordenado pelo Imperador Valentiniano. Ambrósio fez com que seu rebanho permanecesse no prédio dia e noite, entoando cânticos, durante duas semanas, até que o imperador por fim concedeu sua demanda.

Dando testemunho similar da intolerância violenta dos trinitários como arma eficaz contra os arianos há as declarações contrastantes feitas por dois dos mais famosos regentes ‘bárbaros’ germânicos. Clóvis, rei dos francos, que abraçou a ortodoxia católico-romana e, portanto, o trinitarismo, avançou contra os visigodos arianos na Gália, dizendo: “Entristece-me que estes arianos detenham parte da Gália. Marchemos, com a ajuda de Deus, e os reduzamos à sujeição.” E reduziram mesmo à sujeição. A respeito da colheita que seguiu esta semeadura de intolerância, lemos que “é uma lenda de crueldade, de avareza, e de traição, de reis degradados e de rainhas vingativas, para os quais [o papa] Gregório tentou achar desculpas por causa da defesa que faziam da ortodoxia católica”.

Em notável contraste com a intolerância do ortodoxo Clóvis, havia o ariano Teodorico, rei dos ostrogodos. Zeno, o imperador romano do oriente, comissionou-o a tomar a península italiana, que naquele tempo era regida por um rei que não reconhecia Zeno como governante tanto sobre a parte oriental como a ocidental do Império Romano. Teodorico conquistou a Itália, mas, com respeito à religião, sua diretriz era: “A religião é algo que o rei não pode ordenar, porque não se pode obrigar homem algum a crer contrário à sua vontade.”

Outro fator que operou em favor dos trinitários foi o monasticismo, isto é, obrigar os homens a viver vidas celibatárias em mosteiros. Atanásio foi o primeiro teólogo católico-romano destacado a promover o monasticismo. Os monges não só eram uma fortaleza do trinitarismo, mas também estavam sempre prontos a recorrer à violência em seu zelo por suas crenças trinitárias.

O fato de que os guerreiros germânicos que invadiram o Império Romano, tanto em suas partes oriental como ocidental, eram arianos, também operou em favor dos trinitários. Como é que aconteceu que tais ‘bárbaros’ eram arianos? Porque tinham sido convertidos por um bispo ariano, Ulfilas. Assim, dava-se a entender que esposar o arianismo era o mesmo que simpatizar com tais invasores.

Talvez o golpe mais severo fosse dado pelo Imperador Teodósio. Por meio dos decretos oficiais de 391-392 E. C., impôs a ortodoxia católico-romana sobre todos os “cristãos”, e privou os arianos, bem como todos os pagãos, de suas casas de adoração. Afirma certo historiador: “O triunfo legal da igreja sobre a heresia [arianismo] e o paganismo, e sua evolução de uma seita perseguida para uma igreja estatal perseguidora foi completo.”

Os ‘Bárbaros’ Arianos

Do quinto século em diante, não houve mais quaisquer imperadores romanos arianos. No entanto, isso não assinalou o fim do arianismo como religião nacional. Longe disso! Depois da morte de Teodósio, Roma de novo se tornou presa para os invasores alemães arianos que varreram o norte. Afirma certa autoridade católico-romana: “Apesar de alguma perseguição, o Cristianismo nesta forma [ariana] se espalhou com notável vigor dos godos para as tribos vizinhas. . . . Quando invadiram o Ocidente e estabeleceram os vários reinos germânicos, a maioria das tribos professavam [o arianismo] como sua religião nacional e, em alguns casos, perseguiram aqueles que, dentre a população romana, professavam a ortodoxia católica. . . . Mas, gradualmente, a Igreja Católica [Romana] teve êxito em eliminar o arianismo. Em alguns casos, isto foi conseguido pela ação militar que quase que extirpou o elemento germânico.” Isto ocorreu durante o reinado do Imperador Justiniano, cuja ambição era restaurar o Império Romano à sua antiga glória e que era notório por perseguir, não só os arianos, mas também os judeus e os samaritanos. Até mesmo chegou a proibir os judeus de ler suas Escrituras em hebraico!

Mas, Justiniano não conseguiu pôr fim ao arianismo. Roma deveria ter ainda mais que ver com os bárbaros germânicos, pois, alguns anos após a morte de Justiniano, os lombardos, que se diz terem sido uma das mais ferozes de todas as tribos germânicas, invadiram a Itália. Não demorou muito até que tinham sob seu controle a maior parte da península italiana. Daí, em meados do sétimo século, por um motivo ou outro, os lombardos gradualmente se tornaram católicos-romanos trinitários, e, assim, ao passo que continuaram a dar trabalho ao papado, isso se dava no campo político ou territorial, e não no religioso.

A respeito deste período, lemos: “No debate que se seguiu, as sortes se alternavam, mais amiúde como conseqüência de alterações políticas e de patronato civil do que de argumentos teológicos.” E, como se expressa outra autoridade, o arianismo “manteve-se por mais dois séculos, embora mais por uma questão de acidente do que por escolha e convicção”. Incidentalmente, toda essa atividade política e militar dos arianos refuta a acusação de alguns de que as testemunhas cristãs de Jeová, que não são políticas e que amam a paz, sejam arianas.

Ao observarmos o que a história tem a dizer sobre as atividades políticas dos trinitários e dos arianos, não podemos deixar de ficar impressionados com a exatidão com que Jesus e seus apóstolos predisseram o que aconteceria à congregação cristã. Como Jesus se expressou em uma de suas parábolas: “Enquanto os homens dormiam, veio seu inimigo e semeou por cima joio entre o trigo.” (Mat. 13:25) E, considerando a ganância e a violência por eles demonstradas, podemos avaliar quão exatamente o apóstolo Paulo predisse tais eventos: “Sei que depois de eu ter ido embora entrarão no meio de vós lobos opressivos e eles não tratarão o rebanho com ternura.” Incluídos nessas matilhas de lobos se achavam tanto os trinitários como os arianos, os primeiros sendo os mais ferozes dos dois! — Atos 20:29.

[Nota(s) de rodapé]

a Que os arianos dispunham de textos para apoiá-los se torna evidente de textos tais como João 14:28; Colossenses 1:15-17; 1 Timóteo 1:17; Revelação 3:14.

[Foto na página 17]

Símbolo da Trindade, conforme aparece na igreja católica de Tagnon, França.

    Publicações em Português (1950-2025)
    Sair
    Login
    • Português (Brasil)
    • Compartilhar
    • Preferências
    • Copyright © 2025 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
    • Termos de Uso
    • Política de Privacidade
    • Configurações de Privacidade
    • JW.ORG
    • Login
    Compartilhar