Acontecimentos dramáticos na Igreja Católica
MUITOS católicos estadunidenses ficaram surpresos, em novembro de 1973, quando ouviram falar da mais recente enquete sobre a freqüência à igreja. Embora as enquetes variem, esta indicava que o número dos que virtualmente deixaram de freqüentar a igreja quase que dobrara no ano passado! Mui alarmante era o relatório de que, pela primeira vez, coube às pessoas mais idosas a maior parte desta queda geral. Quase um terço dos com mais de 50 anos deixaram de assistir regularmente à Missa em 1973! Os pesquisadores católicos acharam que este fato “não era só um pouco assustador”. Afirma o National Catholic Reporter:
“O declínio precipitoso da freqüência à igreja, que ocorre já por vários anos, alcançou proporções quase catastróficas. Pois, pela primeira vez, o declínio na freqüência à igreja ocorre entre os membros mais idosos da população. . . . As mudanças do ano passado talvez constituam o colapso mais dramático da devoção religiosa na inteira história do cristianismo.” [O grifo é nosso.] — 18 de novembro de 1973.
Por que esta nova fase da crise de freqüência é motivo de tanta preocupação para a Igreja? Bem, lá em 1972, o professor de teologia do Vaticano, Battista Mondin, quando se referia ao atribulado período desde o Concílio Vaticano II, disse que havia “ainda uma maioria silenciosa que permanece fiel”. Referia-se aos membros mais idosos, mais estáveis. Ademais, predisse que esta “maioria silenciosa garantirá a sobrevivência e a salvação da Igreja Católica nos Estados Unidos”.
Mas, ora essa! Dois anos depois, o que faz a “maioria silenciosa”? Salva a Igreja?
“Maioria Silenciosa” Torna-se Rápido a “Minoria Desvanecente”
A evidência recente mostra que a maioria dos católicos dos EUA não mais apóia as práticas religiosas exigidas pela lei da Igreja. Por exemplo, em meados de 1973, mais da metade não compareciam regularmente à Missa. Os números mostravam que 12% compareciam apenas uma vez por mês, 26% apenas uma vez por ano, e 14% quase nunca assistiam à Missa. Todavia, a lei da Igreja exige a assistência semanal.
O que dizer dos outros assuntos em que a maioria dos católicos não estão em sintonia com a doutrina da Igreja? Numerosos estudos mostram que, em 1973, a maioria dos católicos (1) praticavam a regulação da natalidade; (2) aprovavam o aborto em várias circunstâncias; (3) aprovavam o sexo pré-marital, quer em algumas quer em todas as circunstâncias; (4) divorciavam-se na mesma proporção, quase, que os demais estadunidenses; (5) não faziam regularmente a confissão.
A Igreja repetidas vezes reafirmou suas leis sobre tais assuntos. Todavia, a maioria dos membros dela realmente crêem e agem contrário às leis dela. Por isso, que esperança de “salvação” tem realmente a Igreja da parte desta chamada “maioria silenciosa”? Se existe qualquer esperança para a Igreja, pareceria repousar apenas nas mãos duma “minoria desvanecente”.
Por certo, os católicos preocupados desejam saber o que há por trás deste recuo abruptamente acelerado da Igreja. Por que se dá, em especial, entre os mais velhos? A evidência indica pelo menos duas causas: (1) perda de confiança na liderança e (2) perda do aspecto “místico na adoração.
Crise de Liderança
A enquete católica sobre freqüência à igreja revela que, entre os católicos estadunidenses, há “forte relação entre a falta ‘de confiança na liderança e não ir à igreja”. Em especial durante o ano passado, a liderança eclesiástica viu-se assolada pela dissensão. Não mais provêm de fora da Igreja os mais fortes ataques, mas, ao invés, dos clérigos dentro dela. Este conflito agora atingiu os corações dos leigos que sempre puseram sua confiança na autoridade eclesiástica. Como podem continuar a aceitar essa autoridade quando os que a administram discordam tão abertamente?
O professor de história eclesiástica, Monsenhor John T. Ellis, afirma que a comunidade católica estadunidense “jamais conheceu algo parecido a seu atual desalento e confusão”. Mas, o Papa Paulo VI mostra que este problema não se limita aos EUA. Falando ao Colégio de Cardeais, em junho passado, deplorou a “confusão e indisciplina doutrinais” na Igreja, e admitiu que o sacerdócio do mundo estava “atravessando um período” de “desorientação”.
Melhorou a situação ao passar o ano de 1973? Não. Antes, a contenda entrou em escalada. Houve confrontos embaraçosos com o renomado teólogo suíço, Hans Küng, tensões abertamente expressas com os 260 bispos estadunidenses, numerosos incidentes com sacerdotes dissidentes e maior pressão do que nunca contra o celibato sacerdotal. Em outubro, um artigo de primeira página do jornal francês, Le Monde, declarava: “A prática religiosa entra em colapso, as vocações sacerdotais estão minguando. Em toda a parte há rebelião. As autoridades [eclesiásticas] estão atônitas.”
Daí, em dois discursos em 10 de novembro, o Papa Paulo VI revelou quão profundas eram as feridas. Sem nenhum texto preparado, apelou emotivamente aos sacerdotes em sua assistência:
“Aceitai-me, não me desprezeis, aceitai-me pelo que sou. Sou o Vigário de Cristo. . . . compreendei que esta é a Igreja hierárquica e estabelecida . . . Chegou o momento quando tenho de pedir a todos vós para que deis vossa plena adesão e atenção.” — Catholic Standart, 15 de novembro de 1973.
Por que era necessário tal apelo direto ao reconhecimento da autoridade? Por que chegara o ‘momento de pedir a plena adesão’? Será porque sua casa religiosa está caindo aos pedaços por falta de autoridade adesiva para mantê-la unida? Jesus disse, há muito: “Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não pode durar.” — Mar. 3:24, 25, tradução do Centro Bíblico Católico.
As estatísticas eclesiásticas mostram que este princípio está operando. Num ano, sete mil freiras abandonaram os conventos. O sacerdócio decresceu em cerca de 25.000 desde 1969, e o ritmo se acelera! Muitos seminários estão vazios. A situação é tão crítica que, em novembro, o Cardeal Garrone, chefe do departamento de educação católica do Vaticano, convocou uma reunião de 80 bispos de todo o mundo para discutirem a crise. Disse-lhes que a perda de sacerdotes é crítica, e que conseguir mais seminaristas “representa, para a Igreja, uma verdadeira questão de vida ou morte”.
No esforço de deter a onda de defecções, o Papa Paulo se viu obrigado a assumir uma atitude nova, mais conciliatória, para com os sacerdotes dissidentes que no passado. Em 28 de novembro, quando falava numa audiência geral, considerou a dissenção que se espalhava “como uma epidemia” dentro da Igreja. Daí, o número de 23 de dezembro de L’Osservatore Romano, o jornal oficial do Vaticano, publicou um artigo suplicando a cada sacerdote que “fizesse o impossível para permanecer em seu posto”. Mesmo “se cometerdes erros morais — não devíeis, mas, isso talvez aconteça, porque também sois fracos — tendes muitos remédios”. Quão desesperador deve ser o problema para que se diga isso!
Esta confusão nas fileiras dos pastores clericais é uma das razões pelas quais os membros leais do rebanho católico se tornam desiludidos em números cada vez maiores. Mas, há ainda outra razão, uma que atinge o próprio âmago do catolicismo.
Perda da “Tradição Mística”
A maioria dos adoradores, em especial os mais idosos, achavam que a Missa católica dos dias anteriores ao Vaticano II representava algo de especial para eles. A Missa em latim, com seu esplendor teatral “concorria em falar da presença, do mistério de Deus entre os homens”, afirma o sacerdote William J. Bausch, escrevendo na revista U. S. Catholic. Admitidamente, “o mistério gerava a congregação passiva, silenciosa, reverente”, mas os fregueses voltavam para obter mais. Agora, tudo isso desapareceu. A queda na assistência à Missa, crê ele, se deve a que a Igreja “abandonou sua própria tradição mística’.
Lamenta o poeta católico, Ned O’Gorman: “Temos agora de sofrer com as pseudocelebrações.” Como vê, “nesta nova Igreja, tudo se torna, mui rapidamente, muito amolante”. Removido o mistério, a reverência, a incompreensibilidade, as pessoas se sentem tapeadas. O mistério que pensavam representar a Deus foi destroçado, expondo um ritual simplesmente vazio, feito pelo homem.
O mesmo se dá com os muitos outros acessórios religiosos que os católicos usavam com o correr dos anos como ajudas para a devoção. Rosários, santos, imagens, novenas e outros acessórios devocionais, dizia-se, faziam com que os adoradores se sentissem mais próximos de Deus. “As emoções são alimentadas por símbolos e práticas tradicionais vazios”, afirma o Monsenhor Hubert Maino, da Igreja de S. Francisco Cabrini de Detroit. “Quando tais símbolos são abruptamente removidos . . . o homem ou mulher no banco de igreja fica irado e alienado.” Ele clama pela volta à antiga estima por estas muletas devocionais.
Mas, será essa realmente a solução?
Jesus Cristo não ensinou seus seguidores a confiar em ajudas materiais para a devoção. Ao invés, disse: “Os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, pois também o Pai quer desses adoradores. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade.” — João 4:23, 24, CBC.
A Perspectiva
Graves questões confrontam os que deixaram de freqüentar a igreja. Estão apenas desiludidos com a Igreja, ou será que seus corações se esfriaram para com Deus?
Se, na realidade, for o amor à justiça que os moveu a afastar-se da confusão que confrontam na Igreja, então não seguirão simplesmente uma forma fria, materialista de vida. Sentir-se-ão impelidos a verificar como Deus realmente deseja ser adorado. Isto os fará voltar-se para a Bíblia, onde Deus revela sua vontade para nós. Desejarão aplicá-la em sua vida, e procurar outros que fazem o mesmo, associando-se com eles.
Aqueles que permanecem na Igreja, esperando que ela de alguma forma sobreviva à crise atual, também precisam examinar seus conceitos. Por que permanecem? Será porque estão convictos de que os ensinos da Igreja se fundam corretamente na Palavra da verdade de Deus? Leram-na eles pessoalmente para verificar isso? Ou são em grande parte indiferentes e dispõem-se a seguir qualquer coisa que a Igreja talvez faça? Disse Jesus: “Felizes os que têm fome e sede do que é certo: serão satisfeitos.” — Mat. 5:6, Jerusalem Bible, católica.
Uma católica sincera que tinha perguntas sobre sua adoração começou a estudar a Bíblia a fim de aprender o que Deus requer. Ela então escreveu a seu tio idoso, um sacerdote em Roma, sobre o que aprendia. Ele respondeu, em parte:
“Sim, minha filha, JEOVÁ é realmente o nome de DEUS. Não é muito usado, mas quão errados estamos. Deveria ter sido conhecido há muito tempo, mas não somos perfeitos, e temos de obedecer a nosso insuficiente Superior, o que é trágico.
“As pessoas dessa Fé são pessoas muito boas, ensinam a você e a outros a Verdade real. Quão maravilhoso é ir de casa em casa, e que trabalho árduo é, mas não o fez Jesus?
“Então, minha sobrinha, se você puder, eu apreciaria que me mandasse alguns outros livros que você estuda. Alegra muito o meu coração que você possa obter conhecimento e, conhecimento verdadeiro, da fonte correta.”
Sim, muitos católicos sinceros tiram proveito do ministério de casa em casa das testemunhas de Jeová. Aceitam a sua oferta do serviço gratuito — um estudo da Bíblia na intimidade do próprio lar da pessoa. Aprendem por si mesmos que espécie de adoração agrada a Deus. Para eles, o que acontece na Igreja Católica se prova uma verdadeira bênção. Talvez os tenha alienado duma organização de adoração inventada pelos homens, mas, ao assim fazer, ajudou-os a ‘aproximar-se de Deus’. — Tia. 4:8, CBC.
Em breve, todos os que professam crenças religiosas serão levados a julgamento. “Naquele dia”, diz Jesus, não são aqueles que bradam “Senhor, Senhor” que serão aprovados, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. (Mat. 7:21, 22, CBC) Aja de modo sábio. Use sua oportunidade agora para aprender a vontade de Deus e fazê-la!