O mundo tenta controlar sua população
HOMENS e organizações bem-intencionados há muito se empenham em programas visando amainar os problemas atribuídos ao crescimento populacional. Tentaram-se muitas “soluções” — algumas agrícolas, outras econômicas e algumas políticas.
No entanto, como se dá com a maioria das “curas” que atacam os sintomas, ao invés de a causa da doença, os resultados foram desapontadores. A maioria dos programas tiveram pouco êxito, fracassaram por completo, ou agravaram ainda mais as coisas. O exame de algumas dessas “soluções” mostra a razão.
Alimento Grátis
A população crescente consegue sobreviver sem muitas coisas, mas não sem alimento. Por anos, as Grandes Planícies da América do Norte foram um “celeiro de último recurso” para nações famintas. Quando populações inteiras que viviam a níveis de mera subsistência sofriam péssimas colheitas locais, sempre podiam contar com os países ricos em cereais em mandar-lhes milhões de toneladas de excedentes para ajudá-las a passar a crise.
Agora, os excedentes quase desapareceram. As reservas alimentares mundiais, segundo relatado, estão em seu mais baixo nível de muitos anos. Se haverá bastante comida durante o ano vindouro depende do tempo durante a atual época de cultivo. “O mundo se tornou perigosamente dependente da produção atual e, por isso, das condições de tempo”, afirma o diretor-geral da Organização das N. U. Para a Alimentação e a Agricultura, A. H. Boerma.
Caso haja tempo ruim, acha realmente que as pessoas recorrerão às suas próprias reservas reduzidas de alimento para ajudar aos povos famintos? Ou, devido à dependência de energia para a moderna produção de alimentos, sacrificarão suas reservas energéticas para ajudar tais pessoas? Como disse recentemente, em editorial, o Times de Nova Iorque: “Os estadunidenses afluentes poderiam em breve ver-se confrontados com a escolha de consumir energia nas rodovias e em quartos de ar condicionado, ou permitirem a produção de alimentos para sustentar inteiras populações na África e na Ásia.” — 25 de março de 1974.
Auto-suficiência Agrícola
Foram lançados, com grande fanfarra, programas para ajudar as nações pobres a alimentar a si mesmas. Ao propor-se o Dr. Norman Borlaug, para o Prêmio Nobel da Paz de 1970, atribuiu-se-lhe “grande avanço tecnológico que torna possível abolir a fome dos países subdesenvolvidos no decorrer de alguns anos”. Todavia, mesmo assim, o Dr. Borlaug disse que sua Revolução Verde “não era a solução”. Só podia retardar a crise alimentar, ao passo que as nações continuam empenhando-se em controlar a população. “Se a população mundial continuar a aumentar na presente taxa, destruiremos a espécie”, disse ele.
Agora, os resultados estão surgindo. Entre outras coisas, esta tecnologia exige quantidades enormes de energia, fertilizantes e pesticidas, cada vez mais onerosos. Em resultado, os fazendeiros ricos se beneficiam mais do que os pobres, que amiúde não podem usá-los de forma alguma. Famílias abastadas então compram as terras dos lavradores pobres, assim apenas aumentando os problemas de desemprego.
Por estas mesmas razões, um relatório dos intensivos esforços de certa nação de usar a tecnologia da Revolução Verde afirma: “Estão fracassando. Seus planos e programas otimistas só criaram crescente sofrimento humano e prometem repetir a dose.” — Natural History, janeiro de 1974.
Desenvolvimento Econômico
Outros esforços tentam reduzir a taxa do crescimento populacional, ao invés de tentar alimentar qualquer número de pessoas que nasçam. As ricas nações industriais em geral gozam de baixas taxas de aumento, algumas até mesmo se acercando do alvo amplamente saudado de “crescimento zero da população”. Seus povos parecem naturalmente motivados a ter menos filhos, melhor cuidados. Por outro lado, nos países menos desenvolvidos, com populações principalmente rurais, os próprios filhos são considerados uma forma de riqueza. Os pais os desejam para ajudá-los na lavoura e como “seguro social” para cuidar deles na velhice.
Em resultado, as famílias nestes países têm, em média duas vezes mais filhos, quase, que as das nações industriais. Também, “as pessoas têm seis filhos ou mais porque sabem que dois ou três morrerão”, afirma uma autoridade de Bangladesh. E os estudos mostram que as famílias que perdem filhos amiúde compensam isso em excesso por produzirem mais filhos vivos do que aquelas em que todos os filhos sobrevivem.
Assim, muitos deduzem que a solução para a superpopulação reside no desenvolvimento econômico e na industrialização, junto com medidas adequadas para manter vivos os filhos, de modo que os pais não compensem em excesso a sua perda. No entanto, afirma The Encyclopœdia Britannica, “o crescimento ultra-rápido da população produz em seu rasto a necessidade excessiva de investimentos [econômicos] . . . apenas para manter o passo com as bocas extras a alimentar e os corpos a vestir e abrigar.” Assim, sobra pouco ou nada para melhorar os padrões de vida. — Vol. 14, p. 823.
Reconhecendo isto, a maioria dos peritos concordam agora que simplesmente não há tempo, energia e outros recursos suficientes para desenvolver as nações pobres ao ponto que a taxa de nascimentos comece a cair naturalmente. Até mesmo se pudessem ser desenvolvidas, pelo menos se passa uma geração antes de começarem a ser sentidos os resultados. Assim, os peritos afirmam que o crescimento populacional precisa ser reduzido primeiro, antes que o desenvolvimento econômico possa ter êxito. Isso nos leva ao —
Controle da Natalidade
Muitos crêem que alguma forma de controle da natalidade tem de fazer parte de qualquer programa populacional bem sucedido. Assim sendo, algumas nações derramam fundos em programas de planejamento familiar e reduzem a ajuda em outros campos. Qual é a perspectiva desta “solução”? O desapontamento.
Medidas “radicais” de controle da natalidade, tais como o aborto e a esterilização, produzem resultados colaterais moralmente destrutivos. O Japão legalizou o aborto em 1948. O Professor T. S. Ueno, da Universidade Nihon de Tóquio afirma: “Podemos dizer agora que a lei é ruim.” O sexo livre e a falta de respeito pela vida do nascituro se acham entre os problemas morais que ele citou. “O aborto se tornou substituto da prevenção da gravidez”, conforme indicado pelo 1,5 milhão feitos em 1972. Ele crê que, onde se nutre tão pouca consideração pela vida, o próximo passo poderia ser a eutanásia, submetendo-se à morte as pessoas de certa idade!
A Índia, que tem, talvez, o mais antigo programa de planejamento familiar do mundo, recentemente reduziu em 40 por cento seu total-alvo de redução dos nascimentos em 1980! Muitas pessoas e até mesmo seus líderes resistem aos programas governamentais e internacionais.
Interesses egoístas impedem a muitos de cooperar no planejamento familiar. Talvez queiram manter sua raça, religião ou grupo lingüístico numericamente superior a fim de obter ou manter o poder político, embora ficassem contentes de ver a redução na população dos outros. Certa grande nação latino-americana recentemente restringiu o controle da natalidade ali, esperando duplicar sua população ainda neste século. O desejo de crescente poder nacional e medo dos vizinhos superpopulosos foram citados como razões.
A Igreja Católica há muito usa os dogmas religiosos para bloquear qualquer forma artificial de controle da natalidade, assim mantendo suas massas empobrecidas em números sempre crescentes. The Encyclopœdia Britannica resume a perspectiva geral:
“Seria fútil negar que o controle artificial da população é inibido por poderosas restrições e tabus morais. . . . até mesmo o mais otimista programa de controle populacional pode apenas esperar alcançar ligeira redução da taxa de aumento por volta do fim do século 20.” — Vol. 18, p. 54.
Será que “ligeira redução” em 25 anos lhe parece ser a “solução”?
Ação “Unida”?
O fracasso de todas as “soluções” precedentes frisa aos líderes mundiais que o crescimento populacional é um problema mundial. A civilização se tornou compactamente interdependente, e as nações não podem mais agir sem considerar as repercussões internacionais. Crescentes números de líderes instam um enfoque mundial cooperativo para a solução dos problemas ligados à população. Assim sendo, as Nações Unidas declararam 1974 como “Ano Mundial da População”, tendo realizado uma conferência mundial sobre o controle populacional em agosto.
Um “plano de ação populacional mundial” foi o resultado desta reunião. Mas, será aplicado? Certo observador comenta que o plano “poderia mais apropriadamente ser chamado de sugestão”, que esboça passos que os países “talvez queiram tomar em suas próprias circunstâncias. “Tudo isso parece um remédio bem fraco”, observa este escritor, em vista da situação em rápido escalonamento. — Science, 1.º de março de 1974, p. 833.
A alternativa para vigorosa ação mundial é vista, por muitos, como uma série de dificuldades, aos trancos e barrancos, que talvez pavimentem o caminho para o controle ditatorial da população e seus recursos, bem como a perda das liberdades humanas. Prevêem o aborto obrigatório, a esterilização e até mesmo coisas tais como a manipulação genética e a eliminação dos fracos. Desejaria que tal “solução” lhe seja imposta? Haverá outra melhor?
[Foto na página 8]
Os esforços de cuidar dos problemas populacionais do mundo terminam em fracasso, quando as “curas” atacam os sintomas, ao invés de a causa.