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  • Uma pílula amarga de se engolir
  • Despertai! — 1977
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Despertai! — 1977
g77 8/5 pp. 9-12

Uma pílula amarga de se engolir

Do correspondente de “Despertai!” no Zaire

“ACHO que contraiu malária”, observou o médico. Minhas terríveis dores de estômago e a dor de cabeça me diziam que não devia argumentar com ele. Prontamente me aplicou uma injeção de quinina em forma líquida, junto com instruções de quanta quinina tomar nos dias seguintes. Felizmente, o tratamento deu certo e não demorou muito até que voltei ao normal.

Essa experiência, e o fato de morar numa das principais áreas produtoras de quinina, avivaram meu interesse nesta substância. Milhões de pessoas que moram nos países tropicais, onde prevalece a malária, engolem diariamente pílulas amargas de quinina. Mas, exatamente o que é a quinina? De onde se obtém tal substância? E quais são os seus usos? Estava resolvido a descobrir isso.

Indo à Fonte

A quinina é uma substância derivada da casca das árvores cinchonas ou quinas. Estas crescem nas encostas orientais dos Andes, onde os espanhóis chegaram à América do Sul, no século dezesseis. Os exploradores verificaram que os índios usavam a casca dessa árvore com fins medicinais. Logo tais europeus mascavam a casca da quina. Era uma guloseima? Certamente que não! A casca tinha gosto desagradável e amargo. Mas, mascá-la era eficaz como remédio contra a febre.

Logo se pesquisavam outros meios de retirar a substância medicinal da casca e torná-la mais fácil de tomar. Alguns anos após a descoberta inicial dos europeus, verificou-se que, se a casca da quina fosse mergulhada por certo tempo em vinho, o remédio era absorvido pelo vinho. Este era escoado da casca e consumido. Obviamente, tratava-se dum meio muito mais fácil de tomar o remédio, visto que o gosto amargo era neutralizado ou disfarçado pelo vinho. Mas, devido à dificuldade de extração e o fato de que toda a casca tinha de ser trazida da América do Sul, a quinina só permanecia disponível para os ricos e os privilegiados.

Em meados do século dezenove, a cinchona começara a morrer na América do Sul. Mas, estava sendo plantada em Java, e, durante muitos anos, a Indonésia foi o maior fornecedor da quinina. Outros países tropicais também produziam quinina, no esforço de controlar a malária. Em 1938, a cinchona foi introduzida na região de Kivu, na República do Zaire. Nos anos recentes, esta área se tornou grande fornecedora da quinina.

Visita a Uma Plantação da Cinchona

No Zaire, certamente dispomos dum bom lugar para aprender mais sobre a quinina. Ora, muitas grandes plantações de cinchona são feitas de modo ordeiro nas ondulantes e verdes margens do Lago Kivu, na parte oriental do Zaire! Venha comigo, ao visitarmos um destes estabelecimentos.

Nosso guia, o gerente da fazenda, explica que é melhor começarmos a visita por vermos a cinchona desde seu início. Assim, nossa primeira visita é ao viveiro. Para chegarmos lá, andamos de modo serpenteante pelo mato e pelas plantações de cinchona até o fundo dum vale. É um lugar ideal para um viveiro. O solo é riquíssimo, resultando da erosão das colinas. Há uma corrente viva que fornece água de modo contínuo. A área é também tépida e bem protegida.

Bem no centro há um cercado com paredes de capim. Lá dentro há fila sobre fila de longos alpendres também feitos de capim. Todos os alpendres são abertos dum lado. Mas, há sacos pendurados na frente, de modo que só entre a quantidade certa de luz. Ao examinarmos um destes alpendres, podemos ver canteiros bem arranjados, recobertos de milhares dessas plantinhas muito frágeis. Depois de se preparar o solo do canteiro, as sementes são simplesmente espalhadas em cima, onde germinam. Cada canteiro, que tem cerca de um metro de largura e vários metros de comprimento, é semeado com apenas dois gramas de semente, aproximadamente 4.000 a 5.000 grãos. Ficamos boquiabertos quando nosso guia explica que um quilo pode custar até uns US$ 700 (Cr$ 10.500,00). Mas, nossa surpresa é um pouco suavizada quando se nos diz que um quilo pode conter até um milhão de sementes.

As novas mudas são regadas com fino borrifo, de modo a evitar prejudicar as plantinhas. Quando alcançam 10 centímetros de altura, são transplantadas pela primeira vez, mas ainda assim ficam protegidas do sol e da chuva forte. Não é senão quando as plantas já têm um ano e meio que são finalmente colocadas nos campos abertos.

Deixando o viveiro, subimos as colinas até a própria plantação. Ficamos imaginando por que todas as plantações que temos visto são feitas nas encostas das colinas, e às vezes muito íngremes. Nosso guia nos informa que, ao passo que a cinchona gosta de muita água, não gosta de solo encharcado. O clima aqui em Kivu supre a chuva — cerca de 2.000 milímetros anuais — e a encosta da colina provê a drenagem. A plantação que visitamos estende-se a uma altitude de cerca de 2.000 metros acima do nível do mar.

As plantinhas são colocadas em fileiras bem delineadas, a uma distância de um metro uma da outra. Se olhar bem em frente, para o lado, ou em diagonal através do campo, observará que as plantas formam fileiras perfeitas.

O que se colhe é a casca e não algum tipo de fruto. A colheita da casca começa no terceiro ou no quarto ano da vida da árvore. Nesse ponto, a finalidade tanto é adelgaçar as plantas como a obtenção da quinina. A colheita prossegue até o décimo segundo ano, sendo aparados os ramos e as árvores a cada ano. Incidentalmente, se uma árvore for abatida, isso não significa que sua substituição tem de começar com certa mudinha. O tronco que é deixado rapidamente floresce de novo e deixa-se que três ou quatro ramos amadureçam. Assim, deste modo, a planta continua produzindo.

Ao percorrermos uma das trilhas da plantação, o alegre canto dos pássaros gradualmente cede seu lugar a um barulho estrepitoso. Mais adiante chegamos à sua fonte. À beira da estrada, de joelhos, vemos longa fila de mulheres jovens e mocinhas das aldeias circunvizinhas. Todas estão atarefadas em remover a casca das árvores e dos ramos. Cada uma tem uma grande pedra na frente dela e um pau de cerca de 46 centímetros de comprimento. Os homens trazem as árvores até às mulheres, e as cortam em tamanhos convenientes. Colocando a árvore ou o ramo sobre a pedra, a mulher bate nela com o pau até que a casca se solte. Ela então a descasca toda, empilhando com cuidado a casca sobre um grande lençol. No fim do dia, este será pesado e numerado. Mais tarde, à base disto, ela receberá seu pagamento.

Em seguida estende-se a casca em grandes áreas de concreto para secagem, onde rapazinhos separam galhos e folhas que não têm valor, e que só criariam dificuldades. Depois de a casca se secar, ela é colocada em grandes sacos e despachada para a usina de processamento.

Extração da Quinina

Em seguida fazemos arranjos de visitar a usina local de processamento, para ver a real extração da quinina da casca. Visto tratar-se mormente dum processo químico, não tentarei mencionar todos os pormenores. Primeiro, vemos um caminhão cheio de sacos ser descarregado e estes serem pesados. As cargas de diferentes plantações são mantidas em separado até que se possa fazer uma análise duma amostra. O teor de quinina pode variar de 5 a 10 por cento.

Uma vez se comprove o teor de quinina, a casca é mandada para um moinho, e ali é moída tão fina como a farinha de trigo. Depois disso, a casca passa pelo processo químico. É misturada com várias substâncias químicas, tais como o carbonato de sódio, ácido sulfúrico e soda cáustica, à medida que percorre diferentes estágios. Por fim, a quinina começa a manifestar-se como pasta, que é então secada numa secadora similar às que encontra numa lavanderia moderna.

Vários Usos da Quinina

Nesta forma básica, grande parte da quinina é exportada a diferentes partes do mundo. Ali sofre mais processamento, segundo as necessidades específicas do país ou do laboratório farmacêutico. Num único ano, a indústria química que visitamos chega a processar até 2.500 toneladas de casca, obtendo entre 120 a 150 toneladas de quinina. Toda a quinina necessitada pelo Zaire é processada nesta indústria, e grandes quantidades são exportadas.

Combater a malária e algumas outras doenças não é a única utilização da quinina: Visto ser sensível à luz, a quinina também é usada para a fabricação de filmes para sua câmara. A cerveja, especialmente a Pilsner, talvez seja preparada com o auxílio da quinina. Aliás, alguns usam água tônica como diluente de bebidas alcoólicas a fim de conseguir a quinina sem ter de tragar pílulas amargas. Vários plásticos também contêm quinina.

A quinina, em seu estado puro, está sendo cada vez menos utilizada nestes dias. Por outro lado, o uso de seus derivados está aumentando. A pessoa que é tratada com quinina básica talvez verifique que seus olhos, ouvidos e estômago sofrem reações adversas. Isto não se dá com os derivados da quinina.

Todavia, a respeito da quinina e uma substância similar, The World Book Encyclopedia declara: “Os médicos, hoje em dia, ainda usam a droga quinidina para tratar e regularizar certos distúrbios do ritmo cardíaco. A quinidina tem a mesma fórmula química que a quinina, e difere dela somente no modo em que os átomos se localizam na molécula. Os médicos crêem que a quinina e a quinidina podem provocar anormalidades em nascituros. Por este motivo, as mulheres grávidas não devem tomar tais drogas sem primeiro consultarem um médico.”

Calcula-se que um terço da população da terra seja atingido pela malária, em especial nas regiões tropicais das Américas, da Ásia e da África, e que, talvez, até dois milhões de pessoas morrem cada ano devido a seus efeitos. Em 1975, a Organização Mundial de Saúde anunciou que seu programa para erradicação da malária — tinha falhado. Sem dúvida, portanto, a casca marrom-avermelhada da árvore cinchona ou quina ainda tem um grande papel a desempenhar no alívio dos efeitos debilitantes da malária. De qualquer modo, espero que nossa visita de inspeção torne um pouco mais fácil para os malarientos engolir esta pílula amarga.

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