O esporte favorito do mundo
Beisebol? Futebol americano? Basquetebol?
OS ESPORTES mencionados acima são alguns que provavelmente lhe vêm à mente. Todavia, fora dos Estados Unidos — e de alguns poucos lugares — comparativamente pouco se ouve falar destes esportes. O caso do futebol é diferente.
A revista alemã, Der Spiegel, disse a respeito do campeonato mundial de 1974: “Espera-se que pelo menos um bilhão de pessoas — de Santiago a Sofia, de Hélsinqui a Hobart — fiquem em frente às telas de seus televisores para a partida final.”
Um bilhão de pessoas! Isso é um quarto da população mundial — quase dez vezes a população do Brasil! Conforme observou Der Spiegel: “Isso é mais do que o número de pessoas que já curvaram a cabeça em direção a Meca, na hora de oração. E todas as igrejas cristãs, juntas, jamais conseguiram ajuntar tantos crentes em seus altares em uma só ocasião, nem mesmo no Natal.”
Sim, o futebol é, sem comparação, o esporte favorito do mundo. Mais de 200.000 ou mais pessoas já compareceram a um único jogo. “Dificilmente existe um assunto, neste país, em que as pessoas demonstrem tanta convicção”, comenta o Frankfurter Allgemeine Zeitung, da Alemanha. E, atualmente, o futebol está novamente crescendo de forma rápida, tendo-se realizado há pouco o campeonato mundial de futebol.
A Taça Mundial de 1978
A atenção de centenas de milhões de torcedores de futebol esteve concentrada na Argentina. Ali, no mês de junho passado, realizaram-se 38 jogos para decidir quem ganharia a Copa do Mundo, símbolo da supremacia internacional no futebol. A cada quatro anos, realizam-se jogos da Copa do Mundo, um país diferente sediando-os a cada vez.
A Federação Internacional de Futebol (FIFA), o grupo administrativo do futebol, é a patrocinadora da Copa do Mundo. Mais de 140 países filiam-se à FIFA. Os jogos da Copa do Mundo foram realizados pela primeira vez em 1930, e, desde então, tornaram-se o evento esportivo mais popular do mundo, com a possível exceção dos Jogos Olímpicos.
É assim que as 16 seleções chegam às finais da Copa do Mundo: Os países que pertencem à FIFA escolhem uma equipe de craques, formada dos melhores jogadores de sua nação. Tais homens treinam juntos como equipe, e disputam partidas regionais eliminatórias. Nos últimos dois anos, por exemplo, foram realizadas 248 partidas eliminatórias entre 95 países, estreitando o total para as 16 seleções que foram à Argentina.
O país anfitrião, a Argentina, gastou mais de Cr$ 8.000.000.000,00 para financiar a Copa do Mundo. Dum ponto de vista comercial, foi um capital bem gasto, a julgar pelo grande interesse mundial. Dezenas de milhares de torcedores de fora da Argentina foram assistir às partidas.
Sobe a Febre Futebolística
Durante muitos meses antes da Copa, as estações de rádio no Brasil e na República Federal da Alemanha lembravam: ‘Faltam apenas 100 [ou tantos] dias para a Copa do Mundo.’ Comerciantes ofereciam aos fregueses que adquiriam sua mercadoria a oportunidade de ganhar uma viagem, com todas as despesas pagas, à Argentina, para assistir aos jogos. Cerca de 150 torcedores da Escócia fizeram a viagem duma forma incomum — de submarino.
A ampla maioria dos torcedores, naturalmente, viu os jogos pela televisão. A TV brasileira e alemã, por exemplo, exibiu dois ou três jogos ao vivo em cada um dos 12 dias da disputa. Outros jogos receberam uma cobertura a posteriori. Durante a Copa do Mundo de 1974, exibiram-se umas 92 horas de futebol na TV alemã!
Durante as partidas em 1974, as fábricas fecharam. Organizações religiosas ajustaram as horas de reuniões, de modo a não colidirem com as partidas. No Rio de Janeiro, os crimes alegadamente atingiram uma baixa de todos os tempos. No Zaire, motoristas de ônibus abandonavam seus veículos quando entrava em campo a seleção nacional. Em Roma, interromperam-se as negociações para restaurar o governo moribundo quando os líderes saíram para ver os jogos.
As partidas, pelo que parece, assumem aspecto religioso para muitos. Observa Times Magazine, de Nova Iorque: “O futebol se tornou, na era européia do após-guerra, uma espécie de nova religião das massas, milhões de pessoas orando pela salvação nos estádios esportivos, e dezenas de milhões acompanhando fielmente os ofícios, na televisão em cores.”
Mas, assim como o fanatismo religioso tem sido perigoso, até mesmo mortífero, assim também o fanatismo pelo futebol. Não só impediu que muitos cultivassem saudáveis interesses e qualidades espirituais; também levou a motins, matanças e até mesmo à guerra.
Apenas um Jogo, ou O Quê?
O futebol não raro atiça as chamas do nacionalismo, com temíveis resultados. Considere o que aconteceu numa partida em Lima, Peru, em 1964.
Cerca de 50.000 torcedores lotavam o estádio. No final da partida, a Argentina ganhava de um a zero quando o Peru fez um gol. No entanto, o juiz marcou uma falta, o que invalidou o gol de empate. Os torcedores irados e desapontados se amotinaram; 328 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas. “Pesada porta de ferro do vestiário provavelmente salvou a vida do juiz e dos jogadores”, comentou o Times de Nova Iorque.
Quão importante é ganhar ou perder no futebol? Ao se considerar o sucedido entre Honduras e El Salvador, isso nos deixa pensativos. Em junho de 1969, os dois países disputaram uma série de partidas para determinar que seleção disputaria a Copa do Mundo de 1970. Tensões e hostilidades atiçadas pelos jogos foram um fator para o irrompimento duma guerra. The Americana Annual (Livro do Ano da Enc. América), de 1970, sob o verbete “A ‘Guerra do Futebol’”, comenta que mais de 2.000 soldados e civis foram mortos.
Na verdade, trata-se de exemplos extremados, mas a violência no futebol não é, de forma alguma, algo raro. Na Grã-Bretanha, segundo certa notícia, um de cada quatro torcedores tem-se envolvido na violência. Também, 100 torcedores por semana, ali, segundo noticiado, acabam sendo presos por vandalismo futebolístico.
O 1975 Britannica Book of the Year (Livro do Ano da Enc. Britânica, de 1975) reconheceu a “infeliz saga da violência dentro e fora do campo”, e afirmou: “Trincheiras, valas, barricadas, e outros obstáculos constrangedores, foram utilizados.” Mas, apesar de tais medidas, a violência continua sendo marca registrada de muitas partidas de futebol.
Todavia, o problema não existe apenas no futebol. “Se as atitudes não mudarem”, avisa o médico da equipe de certo time norte-americano de basquete profissional, “teremos de fazer o que eles fazem na América do Sul; colocar grades e um fosso, para manter os fãs longe dos jogadores”.
O que é responsável por tais problemas no esporte? Existe, por exemplo, algo fundamentalmente errado no futebol, que provoque tais terríveis conseqüências?
Esporte Atraente
Simplesmente por se ver uma partida de futebol, é incompreensível como o esporte, em si, pudesse ser fonte de tais problemas. Basicamente, o futebol é um jogo sem complicações, saudável. Há 11 jogadores em cada equipe (assim como também há no futebol americano), e o campo é aproximadamente do mesmo tamanho. Nos extremos do campo há o gol, que é um arco de 7 metros de largura por 2,40 metros de altura, com rede para segurar a bola. O alvo é lançar a bola redonda no gol, sem que o goleiro a possa agarrar. Vence a equipe que fizer a maioria dos gols depois de 90 minutos da partida.
O goleiro é o único jogador que pode usar as mãos. Os outros 10 jogadores de cada equipe podem chutar ou cabecear a bola, ou tocá-la com o corpo, quando a bola está em jogo. A habilidade dos craques em driblar o adversário com a bola, passá-la com exatidão, e chutá-la a gol, sem usar as mãos, é notável. Passes feitos à altura do peito são dominados pelo pé, e então fazem-se dribles, como se a bola estivesse amarrada aos pés. E um arremesso direto ao gol poderá ser feito por meio de potente cabeçada de um jogador que salta.
O que muitos apreciam no futebol é que não é tão perigoso quanto outros esportes. “Futebol é mais uma questão de destreza e perseverança”, comentou certo pai, feliz de que seus filhos preferem jogar futebol ao invés de futebol americano. Naturalmente, existe certa dose de perigo de ficar ferido ao jogar futebol, assim como há, por exemplo, ao jogar basquete. Isto se dá, especialmente, quando a partida é disputada com intensidade indevida para ganhar a todo custo. Assim, use de bom critério ao jogar.
Outra vantagem do futebol é que pessoas de tamanho mediano podem tornar-se craques. Pelé, por exemplo, considerado o maior jogador de todos os tempos, tem apenas 1,75 metros de altura, e pesa 75 quilos. Além disso, pouquíssimo equipamento, além da bola, é necessário para se jogar futebol. Assim, as despesas são mínimas.
O futebol, por fim, está-se tornando popular nos Estados Unidos. Em 14 de agosto de 1977, uma multidão de 77.691 lotou por completo o Estádio dos “Giants” de Nova Jérsei, em Meadowslands, para uma partida. Um dos principais fatores no aumento da popularidade são os muitos jogadores famosos que foram para os Estados Unidos, atraídos por enormes salários. O Cosmos de Nova Iorque, por exemplo, pagou a Pelé, brasileiro, US$ 4,75 milhões para jogar por três anos, e a Franz Beckenbauer, que liderou a Alemanha a ganhar o campeonato mundial de 1974, US$ 3 milhões, por quatro anos. Mas, o que promete tornar o futebol um dos principais esportes permanentes nos EUA é que está espalhando-se pelas “bases”. Cerca de 5.000 escolas de 2.º grau e 700 faculdades possuem agora seus times.
Talvez esteja entre as centenas de milhões de pessoas que jogam futebol, assistem aos jogos ou os vêem pela TV. Está sendo influenciado de forma benéfica? Como pode evitar os efeitos adversos?
[Foto na página 21]
Disputaram a Copa do Mundo de 1978
Alemanha Ocid.
Brasil
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Polônia
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Peru
Argentina
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