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  • Subjugando meu temperamento violento

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  • Subjugando meu temperamento violento
  • Despertai! — 1982
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Despertai! — 1982
g82 8/5 pp. 16-20

Subjugando meu temperamento violento

PÁ! Com um tapa meu pai atirou rodopiando no chão o copo do homem. Houve um grito de protesto, alguns empurrões e encontrões e daí — zás! O punho do homem acertou em cheio o rosto de meu pai, que começou a sangrar. Eu corri para ajudar meu pai. Outros se meteram na briga. Logo aquele bar francês era cenário dum vale-tudo. Quebraram-se copos e mesas e as cadeiras voaram. Informada da briga, a polícia rapidamente compareceu ao local. Para mim, simplesmente ver um uniforme era como um touro ver o pano vermelho. Eu ataquei, os punhos voaram. Três policiais tombaram antes de eu ser dominado e eu e meu pai fomos levados algemados à delegacia local.

Naquele sábado de março de 1953 eu e meu pai tínhamos saído de casa para fazer umas compras. Encontramos alguns colegas de serviço e acabamos fazendo a ronda nos bares locais. Meu pai ficou bêbedo e logo nós dois ficamos envolvidos naquela briga. No dia seguinte nossos nomes apareceram no jornal sob a manchete: “Pai e Filho Provocam Briga Entre Fregueses — Três Policiais Seriamente Feridos”. Ficamos um mês na cadeia e levou um ano para pagarmos a multa.

Este foi apenas um episódio que poderia ter-me levado a uma vida de violência. Mas aprendi depois a controlar meu temperamento violento. Como? Primeiro, permita-me contar-lhe algo sobre minha formação e como desenvolvi tal temperamento.

Tal Pai, Tal Filho

Nasci em Le Mans (França ocidental) em 1929, ano em que a Grande Depressão golpeou os Estados Unidos e depois a Europa Ocidental. Havia muito desemprego na França nos primórdios da década de 1930. Meu pai — um pedreiro — era bom profissional; de modo que conseguia encontrar serviço nos locais de construção. À medida que a situação econômica piorava ele começou a se interessar em política, em sindicatos e em reivindicações trabalhistas Tornou-se agressivo e começou a beber muito.

Quando meu pai chegava em casa, muitas vezes bem tarde da noite, minha mãe tinha que agüentar seus terríveis acessos de raiva, que freqüentemente levavam a ela ser espancada e a louças e móveis serem quebrados. As noites de sábado eram especialmente duras para nós, pois era dia de pagamento semanal. Mamãe punha eu e minha irmã na cama e muitas vezes tremíamos enquanto esperávamos ele voltar para casa — bêbado! Às vezes ia caçar e ele e seus amigos chegavam em casa bêbedos, atirando ao ar.

Sem ser de admirar, eu cresci e desenvolvi um temperamento quente, brutal e egoísta. Certo dia, após ter dado uma escapada com um amigo, meu pai apreendeu minha bicicleta e a trancou num galpão. Ouvindo uma conversa entre meu pai e um de seus amigos que pedia a bicicleta para o filho, eu dei um jeito de entrar no galpão, apanhei um machado grande e espatifei a bicicleta, enterrando as peças no jardim. Desnecessário dizer, quando meu pai descobriu, deu-me uma boa surra.

Entre os jovens arruaceiros no nosso bairro eu me tornei um “manda-chuva”, sempre pronto a dar conselhos aos que quisessem aprontar alguma coisa. Uma de nossas travessuras era perturbar as vésperas (ofícios religiosos vespertinos) por inesperadamente tocar os sinos da igreja ou por atirar pedras em telhado de zinco vizinho. À minha própria maneira, eu seguia o exemplo de meu pai. Ele se tornou uma praga e era temido, e eu seguia o mesmo caminho.

Tornando-me Boxeador

No ínterim, saí da escola e tornei-me aprendiz de marceneiro. Em março de 1945, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, minha mãe morreu de câncer. Ela teve uma vida dura, privada do amor e da felicidade que a maioria das mulheres procuram. Sua morte foi um grande golpe para mim e a vida se tornou sem significado.

As coisas que observei durante a guerra não contribuíram em nada para me curar do gosto pela violência. Assim, como meio de recreação, decidi dedicar-me ao boxe. No ginásio eu dava vazão à minha agressividade por socar a bola de bater ou por treinar com um parceiro. Tornei-me um bom pugilista, eventualmente chegando às quartas-de-final do campeonato amador da França.

Minhas habilidades pugilísticas satisfaziam meu ego e me ajudaram a superar o complexo de inferioridade que eu desenvolvera qual resultado duma infância infeliz. À parte do boxe, minha principal distração era comparecer aos bailes da cidade. Com minha atitude agressiva, parecia que eu sempre achava alguma “causa justa” para defender, algum “erro” que necessitava ser reparado. E eu estava sempre pronto para entrar em ação e comprar uma “boa briga”.

Um Soldado Violento e Um Marido Violento

Em 1950 fui recrutado e enviado à Argélia, vestindo uniforme. Aqui, novamente, meu temperamento violento apenas me causou problemas. Por uma razão insignificante eu surrei um co-soldado. Fui convocado diante dum grupo de oficiais, mas apelei apenas para desaforos e zombaria. Disseram-me que eu não era o chefe e que iriam meter-me na cadeia. Fui metido numa cela de concreto por três semanas. Curiosamente, foi ali que pela primeira vez ouvi o nome “Jeová”, da boca de outro detento. Este nome ficou na minha mente. Depois disso fui enviado a um campo disciplinador em Biscra, na Argélia.

Depois que dei baixa no exército voltei ao meu emprego anterior numa fábrica de automóveis e recomecei a lutar boxe, agora na categoria de profissional. Em 1952 conheci a moça que mais tarde se tornou minha esposa. Mas o casamento não mudou meus hábitos violentos. Certa ocasião saí para comprar umas batatas mas, visto que fazia tempo que eu saíra, minha esposa foi ver o que eu estava fazendo e viu minha bicicleta na porta dum bar. Ela entrou chorando e me encontrou sentado à mesa com alguns amigos barulhentos. Eu a acompanhei, debaixo de vaia, mas assim que chegamos em casa dei-lhe uma surra. Logo as pessoas começaram a aconselhar minha esposa a me abandonar.

Nossa vida de casados também foi prejudicada pela perda de nosso primeiro bebê. Dois anos mais tarde minha esposa ficou grávida de novo, mas a morte golpeou mais uma vez. Uma freira católica tentou nos convencer de que Deus necessitava de muitos anjinhos a seu redor, mas isto não foi de nenhum conforto para nós. De fato, fortaleceu minha convicção de que não existe Deus. Nós estávamos nas profundezas do desespero e nosso casamento caminhava para o desastre.

Encontrando Uma Maneira de Controlar Meu Temperamento

Certa manhã meu pai mostrou-me um livro que adquirira de uma das Testemunhas de Jeová. Eu o folheei, mas não suscitou meu interesse, exceto que notei nele o nome “Jeová” e lembrei-me de ter ouvido esse nome quando estava no exército na Argélia. Quando a Testemunha voltou para visitar meu pai eu pedi a ela que me trouxesse uma Bíblia e assinei para a revista Despertai!. Ainda sendo um ativo boxeador, eu quase nunca estava em casa quando a Testemunha ia me visitar, de modo que finalmente eu lhe disse que não se preocupasse em me visitar de novo. Contudo, quando expirou minha assinatura de Despertai!, eu a renovei.

Pouco depois, eu e minha esposa fomos visitados por Antoine Branca, o ministro presidente da congregação Le Mans das Testemunhas de Jeová. Com seu caloroso sotaque francês do sul, ele explicou os propósitos de Deus e a esperança da ressurreição. (Atos 24:15) Minha esposa ficou especialmente emocionada com a idéia de rever seus dois bebês e também seu irmão de 19 anos que perdera. Eu fiquei um pouco mais reservado, mas aceitei um estudo bíblico.

Naturalmente, meu recém-adquirido conhecimento da Bíblia não afetou milagrosamente meu temperamento violento. Depois que Antoine Branca saiu de Le Mans para se tornar missionário em Madagáscar, duas outras Testemunhas vieram para estudar conosco. Meu pai percebeu essas visitas e zombou de nós. Começou uma discussão. Eu podia ver o que ia acontecer, e meu pai era um homem grande. Assim, bati nele antes que ele batesse em mim. Derrubei-o com um só golpe! Mas, senti-me muito envergonhado. Quando se levantou, ele nos expulsou da casa que tínhamos construído juntos. Minha esposa estava grávida e ali estávamos nós sem lugar onde morar. Tudo por causa do meu temperamento violento!

Os pais de minha esposa bondosamente nos acolheram e até concordaram que continuássemos a estudar a Bíblia com as Testemunhas, na esperança de que isto ajudasse a mudar meus hábitos. Pouco depois nossa filha Katrina nasceu. Isto me deixou muito feliz, mas eu ainda sentia a necessidade de lutar boxe. Eu me encontrava dividido entre minha personalidade violenta e os princípios bíblicos que aprendia. Travava-se uma luta dentro de mim e para dar vazão a isso eu descontava no meu adversário de boxe. Mas, para aliviar minha consciência, eu permitia que meu adversário atacasse primeiro. Contudo, algo no íntimo impedia-me de golpear da maneira como o fizera no passado. Certo dia a Testemunha que estudava comigo me disse sem rodeios — o boxe não era o tipo de esporte que me ajudaria a controlar meu temperamento. Finalmente decidi abandoná-lo.

Pouco antes disso, tivemos de nos mudar pois a nossa pequena Katrina estava crescendo. Assim, certo dia decidi visitar meu pai para fazer as pazes. Eu queria perguntar se ele poderia me vender a pequena casa de madeira que construímos juntos de modo que eu a pudesse transferir para outro lote. Ele ficou contente de me ver e conhecer sua neta, que nunca tinha visto. Ficou satisfeito em ver as mudanças que eu fiz e até me ajudou a reconstruir a casa. Acho que a cortesia e a sinceridade das Testemunhas de Jeová causaram boa impressão nele. Mais tarde, ele até mesmo concordou que algumas Testemunhas armassem suas barracas e estacionassem seus trailers em seu terreno durante uma de suas assembléias.

Outra Luta Estava Apenas Começando

Em 1957 assisti pela primeira vez a uma assembléia das Testemunhas de Jeová. Foi num velho ginásio em Paris, o Cirque d’Hiver. Em vista do meu temperamento violento, a tranqüilidade e a alegria serena da assistência me impressionaram muito. Muitos se aproximavam de mim e diziam “Bonjour”, até mesmo me chamando de “Frère” (irmão). Expliquei tudo isso à minha esposa quando voltei para casa. Mais tarde, naquele mesmo ano, eu e minha esposa dedicamos a nossa vida a Jeová e fomos batizados em 23 de novembro de 1957.

Eu deixara de lutar boxe, é verdade, mas agora eu tinha em mãos outra luta — a luta contra minha “velha personalidade”. (Efésios 4:22) Quando se tornou conhecido que eu me tornara uma das Testemunhas de Jeová, perdi muitos de meus anteriores amigos. (1 Pedro 4:4) Alguns dos homens com os quais eu trabalhava zombaram de minha recém-encontrada fé. Certo dia, ao caçoarem de mim, eu me descontrolei e bati em todos eles. Ganhei a luta contra eles mas perdi a luta contra meu temperamento violento. — Romanos 7:18-23.

Contudo, com o tempo e com a ajuda do espírito de Deus e de Testemunhas companheiras, gradativamente fiz progresso na luta para manter meu temperamento violento sob controle. Eventualmente ganhei a confiança dos meus irmãos cristãos e fui recomendado para servir como superintendente presidente na congregação Le Mans das Testemunhas de Jeová.

Necessária Constante Vigilância

Meus constantes esforços para desenvolver autodomínio de início afetaram minha saúde. Tive problemas com os nervos e fui atacado de psoríase. Por esta e outras razões, em novembro de 1965 mudamo-nos para Grenoble, uma cidade nos Alpes franceses. Desde que estou aqui minha saúde melhorou muito.

Ainda tenho o privilégio de servir como ancião cristão. Contudo, ainda preciso estar alerta ao perigo de recair nos meus hábitos violentos. Lembro-me de que em certa ocasião, quando fazia visitas de casa em casa para considerar a Bíblia, um homem começou a gritar comigo e a insultar-me batendo na porta com os punhos. Minhas velhas reações violentas se acenderam dentro de mim. Recuei e fechei os punhos, pronto para brigar. Daí, um sentimento de vergonha se apoderou de mim. Felizmente o homem se acalmou e pude me livrar dele quietamente. Agradeço a Jeová por sua proteção ao homem — e a mim mesmo!

Em outra ocasião, um advogado a quem visitei tornou-se violento e foi apanhar um revólver ameaçando-me de atirar caso eu não saísse imediatamente. Surpreendi a mim mesmo por responder calmamente: “Au revoir, Monsieur, vou em frente para falar com seus vizinhos.” Que diferença da maneira como eu teria reagido poucos anos atrás!

Após o nascimento de Katrina eu e minha esposa tivemos dois filhos, e nós cinco temos levado uma vida feliz e pacífica qual família cristã.

Embora eu amiúde costumasse ficar “furioso”, o estudo e a aplicação pessoal da Palavra de Deus têm-me ajudado. Creio que se eu tivesse dado valor a esta fonte de ajuda mais cedo teria progredido mais rapidamente. Um ponto específico me impressionou muito: O poder de Jeová. Talvez isto se deu por causa de meu temperamento brigão. Aprendi que ninguém pode opor-se à força de Deus com impunidade. Jeová era agora meu verdadeiro “empresário”, Aquele que eu necessitava. Ele era capaz de me prover uma “defesa” infalível com a qual proteger a mim mesmo e um conhecimento exato para dar “golpes de ímpeto” à mensagem do Reino — mas sem causar nenhum mal! Eu realmente agradeço a Jeová pois ele me permitiu, por meio de sua Palavra e com a ajuda de suas testemunhas, subjugar meu temperamento violento. — Contribuído.

[Destaque na página 18]

“Eu estava sempre pronto para entrar em ação e comprar uma ‘boa briga’.”

[Destaque na página 19]

“Ainda preciso estar alerta ao perigo e recair nos meus hábitos violentos.”

[Foto na página 17]

Para dar vazão ao meu temperamento violento tornei-me boxeador.

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