O caso ‘Qwerty vs. Dvorak’
QUALQUER pessoa que sabe escrever a máquina tem bom motivo de saber o que é “QWERTY”. Esse nome se origina das seis primeiras letras, da esquerda para a direita, na fileira de cima de um teclado padrão de uma máquina de escrever. Mas o que talvez não saibam é que esta disposição de teclas foi realmente projetada para ineficiência.
Quando Christopher Latham Sholes e seus colaboradores inventaram a primeira máquina de escrever comercialmente bem sucedida, em 1873, tinham originalmente colocado todas as letras em ordem alfabética em quatro fileiras de teclado. Mas as letras se juntavam ou encavalavam quando as teclas adjacentes eram tocadas em rápida sucessão. Para solucionar esse problema, Sholes mudou a disposição das teclas, colocando as letras e as combinações de letras mais usadas o mais longe possível umas das outras para diminuir a velocidade do operador. O resultado foi o teclado “QWERTY”.
Desde então, a bem dizer cada parte da máquina de escrever, exceto o teclado, foi redesenhada para maior eficiência. No mundo inteiro 50 milhões de pessoas trabalham usando esse projeto de há 109 anos, ao passo que estão despercebendo ou desconsiderando um sistema vastamente superior que já existe há quase 50 anos — o teclado Dvorak.
Este sistema, inventado por August Dvorak, depois de 20 anos de estudos, coloca nove das letras mais usadas em inglês na fileira central do teclado, de modo que mais de 3.000 palavras podem ser datilografadas sem “esticar” os dedos, ao passo que apenas cerca de 50 palavras podem ser datilografadas na fileira central do “QWERTY”. A quantidade de trabalho é também distribuída entre os dedos, de modo que num dia mediano de trabalho, os dedos do datilógrafo no teclado Dvorak se movem cerca de um quilômetro e meio, em comparação com 19 a 32 quilômetros no teclado padrão.
Para demonstrar a superioridade de seu sistema, Dvorak retreinou 14 datilógrafos da Marinha durante a Segunda Guerra Mundial. Em apenas um mês, produziram 74 por cento mais trabalho com 68 por cento mais exatidão. Segundo outro entusiasta do sistema Dvorak, é “a bem dizer 100% bem-sucedido em conseguir boa eficiência de 60 palavras por minuto no mesmo período de treinamento que levaria para escrever 30 palavras por minuto na antiga qwerty”.
Ainda assim, o público continua bastante indiferente. Não são muitos os que estão dispostos a se dar o trabalho de mudar. Embora sejam oferecidas máquinas de escrever com o novo teclado pela maioria dos fabricantes, a empresa Royal informa que vende “menos de 25 máquinas por ano”. Alguns esperam que com o advento da técnica de processamento de palavras por computador, em que a velocidade é a marca distintiva, apressará o fim do sistema “QWERTY” de há um século. Mas é preciso aguardar para ver. O caso de ‘QWERTY vs. DVORAK’ parece ter sido posto de lado como outra vítima do tempo e das circunstâncias.
[Foto na página 32]
QWERTY
PRODUÇÃO
DVORAK