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  • Igreja Holandesa Reformada da África do Sul — uma casa dividida

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Despertai! — 1983
g83 8/11 pp. 16-19

Igreja Holandesa Reformada da África do Sul — uma casa dividida

Do correspondente de “Despertai!” na África do Sul

EM 25 DE AGOSTO DE 1982, abriu-se ainda mais a fenda numa casa já dividida. Naquele dia, a Aliança Mundial de Igrejas Reformadas reunida em Ottawa, Canadá, votou pela suspensão das duas mais poderosas igrejas africânderes da África do Sul. O motivo? A recusa dessas igrejas em aceitar como membros os não-brancos. E, sublinhando dramaticamente essa decisão, no dia seguinte a aliança elegeu Allan Boesak, ministro negro sul-africano, para servir como seu presidente.

As lutas sectárias são tão comuns na cristandade que esse evento dificilmente foi considerado notícia pela maior parte dos meios de comunicação. Não obstante, você talvez anele a união religiosa e se pergunte se ela é possível. A situação na África do Sul, portanto, deve interessá-lo.

Ninguém pode compreender a polarização religiosa da África do Sul sem antes conhecer algo sobre a história do país. Em 1652 os holandeses estabeleceram o primeiro povoado no Cabo, na África do Sul. Originalmente intencionado para ser uma simples escala dos navios que rumavam às Índias Orientais Holandesas, ele mais tarde presenciou a virtual invasão de colonizadores — holandeses, franceses, alemães e ingleses. Essas terras, contudo, ainda eram inabitadas. Portanto, a deflagração de animosidade entre os nativos e os colonizadores não demorou.

As Raízes da Discórdia

Os primeiros colonizadores brancos pertenciam à Igreja Reformada da Holanda. Assim, essa igreja foi estabelecida na África do Sul e com o tempo assumiu o nome de Nederduitse Gereformeerde Kerk (conhecida como a igreja NG), ou Igreja Holandesa Reformada. De início a igreja tinha um conceito tolerante sobre as raças negra e “coloured” (origem racial mista). Davam-se aos “conversos” plenos privilégios eclesiásticos. Isto, contudo, não agradava a muitos colonizadores holandeses.

Vieram os anos 1800 e o Cabo agora era controlado pelos ingleses. Para desgosto dos holandeses, a igreja se tornou um instrumento do Estado: o governador foi declarado chefe da igreja, em cada ofício religioso deviam-se fazer orações em favor da família real britânica, foram designados ministros de língua inglesa, os ofícios religiosos passaram a ser feitos em inglês. Ademais, os ingleses tornaram a lei “daltônica”; novos direitos e privilégios foram subitamente concedidos aos africanos.

Mas, visto que os colonizadores há muito se empenhavam em guerras e lutas ferozes com a população nativa — e também nutriam desprezo geral pelas raças negras — não é de admirar que essas mudanças irritassem a muitos da população holandesa. Os holandeses, assim, voltaram-se para sua igreja. E em 1829 o pedido para locais de adoração segregados foi apresentado ao sínodo (assembléia) da igreja. Este pedido foi categoricamente rejeitado pelo sínodo. A comunhão seria administrada “simultaneamente a todos os membros, sem distinção de cor ou origem”.

“Os fazendeiros africânderes interioranos não derivavam agora nenhuma satisfação da Igreja e do Estado”, segundo palavras do historiador C. F. J. Muller. Descartada a possibilidade de guerra com o poderoso Império Britânico, muitos migraram — mudaram-se, fugiram em massa do domínio britânico. Em 1835 começou a Grande Jornada, uns 14.000 colonizadores holandeses rumando para o interior norte. A reação da igreja? Denúncia e recusa de permitir a “qualquer um de seus ministros deixar a colônia com os Migrantes”.

Os migrantes, no entanto, viram a sua fuga “como o nascimento duma nação, como êxodo divinamente orientado para fora da terra da opressão”, diz certo historiador. “Muitos migrantes consideravam isso como sendo a profecia de Joel e criam que a sua fuga era necessária para cumprimento bíblico.” Visto que a igreja não serviria o grande número de migrantes que fugiram para a área remota conhecida como Transvaal, eles formaram a sua própria igreja! Isso se deu após a chegada em 1853 de Dirk van der Hoff, da Holanda. Ele se tornou o ministro da nova igreja — a Nederduitsch Hervormde Kerk. Em 1858 essa igreja se tornou a igreja estatal da República do Transvaal. O cisma ampliou-se no ano seguinte quando Dirk Postma, outro ministro da Holanda, chegou e fundou mais uma igreja — a Gereformeerde Kerk.

Existiam agora três igrejas reformadas à escolha. Fustigada pelos ventos de mudança, a NG reavaliou sua posição com relação aos migrantes. Enviaram-se ministros para organizar os que desejavam continuar pertencendo à igreja NG original.

A igreja NG fez então uma mudança de posição ainda mais drástica. Fazendo concessões para o que chamou de “a fraqueza de alguns”, o sínodo de 1857 decidiu tolerar ofícios religiosos segregacionistas. Certo escritor admite que esse foi “um exemplo de pressão social e pragmatismo, costume e cultura, em vez de teologia e Escritura, determinando a vida da igreja”. Esta decisão estava fadada a ter ramificações duradouras. Involuntariamente, a igreja havia fornecido “um esboço eclesiológico para a política nacionalista de desenvolvimento separado” das raças, ou apartheid.

A Brecha Se Amplia

Em 1865 líderes da igreja Hervormde e um ministro da igreja NG se reuniram na esperança de unir as igrejas. Nenhuma das igrejas, porém, estava disposta a ceder na sua posição sobre a “predestinação”, um ensino do teólogo francês João Calvino. Enquanto a igreja NG se apegava firmemente a essa teoria, os anciãos e diáconos da igreja Hervormde não podiam crer que um Deus amoroso criasse alguns humanos para a salvação e os demais para a condenação eterna. Irreparavelmente divididos, terminaram a reunião.

Animosidades raciais ampliaram ainda mais a brecha, em 1881. A igreja NG estabeleceu a Nederduitse Gereformeerde Sendingkerk, ou igreja da missão. Era uma igreja só para não-brancos. Desde então, outras igrejas “filhas” para negros e asiáticos têm sido formadas. Mui estranhamente, a “mãe”, ou a igreja NG, dá apoio financeiro a suas “filhas”. Mas, ainda não permite que seus membros se tornem membros da igreja NG, exclusiva de brancos. Às vezes os não-brancos são até mesmo impedidos de comparecer a ofícios religiosos, como funerais.

Tentativas de Unidade Recentes

Mais recentemente, têm-se realizado reuniões de líderes de igreja da África do Sul e teólogos. Ao passo que alguns esperavam que essas reuniões fossem um grande passo à frente, elas terminaram deixando as igrejas tão polarizadas como nunca antes. Por quê? Por um lado, como disse o Christian Science Monitor, “muitos Africânderes [descendentes de holandeses] se consideram um ‘povo escolhido’, similar aos filhos de Israel”. O problema, porém, é que alguns membros de igreja negros também se imaginam um “povo escolhido” lutando pela libertação. Assim, quando numa dessas reuniões o dirigente da NG, Pierre Rossouw, alegadamente afirmou que “Deus sancionara o atual sistema sul-africano de governo de minoria branca e o apartheid na política e na vida da igreja”, causou-se uma “comoção” na reunião. Segundo o The Christian Century de 26 de maio de 1982, “alguns delegados negros vaiaram o discurso de Rossouw; membros liberais de sua própria NGK descreveram seus conceitos como ‘não teológicos’ e ‘baseados em ideologia’ em vez de na Escritura”.

Em junho de 1982, 123 ministros brancos da igreja NG publicaram uma declaração conjunta no porta-voz oficial da igreja, Die Kerkbode, dizendo: “Também queremos: Confessar nossa profunda culpa diante de Deus porque nós mesmos não praticamos suficientemente a unidade da Igreja em Cristo.” Não obstante, uma pesquisa posterior publicada no jornal Rapport, dos africânderes, indicou que apenas 16 por cento dos membros da igreja são a favor da admissão de membros não-brancos.

A decisão surpreendente da Aliança Mundial de Igrejas Reformadas, mencionada no início, contudo, aparentemente fez a igreja reavaliar seu apoio à política do apartheid. Die Kerkbode, de 1.º de setembro de 1982, disse que a igreja “reexaminaria toda a situação à luz das Escrituras”. No entanto, The Cape Times de 25 de outubro de 1982, publicou os resultados de um sínodo da igreja: “A poderosa e influente Ned Geref Kerk (NGK) continua irrevogavelmente comprometida . . . a uma política de apartheid na igreja e na política.”

Se a poderosa igreja NG tomará um rumo baseado nas Escrituras ou na conveniência, resta ver. No ínterim, as igrejas reformadas da África do Sul continuam a se fragmentar. Ainda uma quarta igreja de brancos veio à existência — a Afrikaanse Reformatoriese Kerk. Membros negros não são tolerados — nem mesmo igrejas “filhas”.

União Religiosa — É Possível?

Lamentavelmente, a união parece fora do alcance para as igrejas reformadas da África do Sul. Contudo, o caso delas é longe de ser ímpar. Antes, é típico do divisionismo que aflige as religiões da cristandade. Os sinceros amantes da verdade acham difícil, impossível, reconciliar esse triste estado de coisas com as palavras bíblicas a verdadeiros cristãos, em 1 Coríntios 1:10: “Exorto-vos agora, irmãos, por intermédio do nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos faleis de acordo, e que não haja entre vós divisões.”

No entanto, os verdadeiros seguidores de Jesus mesmo agora usufruem de união. Visto estarem unidos por um vínculo de amor cristão, superam diferenças políticas, raciais e doutrinais. Jesus até mesmo disse que seria possível reconhecer seus seguidores pelos “seus frutos”, ou atividades. (Mateus 7:16) Os editores desta revista o convidam a investigar os “frutos” das Testemunhas de Jeová que usufruem união — mesmo na dividida África do Sul.

[Destaque na página 17]

Involuntariamente a igreja havia provido “um esboço eclesiológico para a política nacionalista de desenvolvimento em separado” das raças, ou apartheid.

[Destaque na página 19]

Apenas 16 por cento dos membros da igreja são a favor da admissão de membros não-brancos.

[Foto na página 17]

Em 1835 os holandeses migraram para o interior e criaram a sua própria igreja, mantendo a segregação.

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