Governos — por que são necessários?
NÃO importa em que parte do globo viva, possui algo em comum com toda a humanidade — está sujeito a um governo. Poderá concordar ou não com as diretrizes de seu Governo, mas provavelmente admitirá a necessidade de governo.
Por que, porém, isso se dá? Por que os governos têm sido uma parte tão essencial do modo de vida humano já por milhares de anos? Que tipos diferentes de governo existem? De que proveito lhe são como indivíduo — mesmo quando talvez discorde deles?
Em especial, desde que o homem decidiu originalmente viver em cidades, fez-se mister alguma forma de governo político. A vida citadina tinha de ser governada, para o benefício de todos. Com efeito, nossa palavra “política” deriva-se da palavra grega para “cidade”, pólis, e o adjetivo, politokós, “relativo a um cidadão”. Naturalmente, a necessidade de alguma forma de governo foi reconhecida por sociedades que precederam as antigas cidades-estados gregas. Há milhares de anos, a Suméria, o Egito, Israel e Babilônia foram organizados sob várias formas de governo. — Êxodo 18:13-17.
No entanto, talvez tenha sido na Grécia antiga, amiúde chamada de berço da democracia, que a filosofia política começou a ser expressa de forma mais clara, e foram propostas novas idéias. Filósofos, tais como Platão e Aristóteles, argumentaram a favor das virtudes de diferentes sistemas políticos. O conceito de Aristóteles era de que a política é a ciência da felicidade coletiva. Cria ser função do Estado organizar uma sociedade para a máxima felicidade do maior número de pessoas. Essa idéia básica se evidencia na maioria dos governos, uma vez que provêem os instrumentos essenciais para o benefício de todos os cidadãos: estradas, educação, rede de esgotos, polícia e o sistema judiciário — para citar apenas alguns.
Durante milhares de anos o homem experimentou quase toda forma concebível de governo e de filosofia política — desde as monarquias (na atualidade quase que totalmente substituídas por repúblicas) até diferentes tipos de democracia (ostensivamente o governo do povo), e uma variedade de oligarquias e ditaduras. (Para uma definição dos termos, veja destaque na página 10.) Desde 1917, presenciamos o surgimento do comunismo, do fascismo e do nacional-socialismo (o partido nazista da Alemanha).
“A Era das Ideologias Competidoras”
A experiência do século 20 demonstra que a arte de governar está sendo duramente testada. Como escreveu o prof. Burns em seu livro Ideas in Conflict (Idéias em Conflito): “Com toda a probabilidade, os historiadores do futuro recordarão o século 20 como um dos mais cruciais no histórico da humanidade. Sem dúvida inventarão nítidas caracterizações para ele, chamando-o, talvez, de Era do Conflito Mundial, de Era da Revolução e da Contra-revolução, de Era das Ideologias Competidoras, ou, mais simplesmente, de Era da Agonia.”
Mas, deve-se admitir que nenhum sistema produziu um governo que satisfaça a todo cidadão. Será isso o suficiente para se afirmar que os sistemas políticos fracassaram? Não necessariamente; há muita gente com motivação tão egoísta ou estreita que apenas sua própria filosofia os satisfaria. E esta, então, talvez desagradasse à maioria. Assim, como realmente podemos testar para ver se alguma forma de governo ou de filosofia política é a resposta real e completa para as necessidades da humanidade?
Jesus Cristo formulou uma regra que também podemos aplicar à política: “Toda árvore boa produz fruto excelente, mas toda árvore podre produz fruto imprestável . . . Realmente, pois, pelos seus frutos reconhecereis estes homens.” (Mateus 7:17-20) Apliquemos essa regra aos sistemas políticos de nosso século 20, tendo em vista chegarmos à forma mais proveitosa de governo para toda a humanidade.
[Quadro na página 10]
Política — Suas Diferentes Formas
As seguintes definições são sintetizadas do Novo Dicionário da Língua Portuguesa (AURÉLIO; 1.ª edição) e do Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa (de Laudelino Freire).
Anarquia: Falta de governo ou autoridade capaz de manter o equilíbrio da estrutura política, social, econômica, etc.
Anarquismo: Teoria política de que todas as formas de governo interferem injustamente na liberdade individual, e que preconiza a substituição do Estado pela cooperação de grupos associados.
Aristocracia: Governo monopolizado por classe privilegiada.
Autocracia: Governo exercido por um só que tem poder absoluto e ilimitado.
Capitalismo: (De “capital”, qualquer forma de riqueza material.) Sistema social fundado na influência ou predomínio do capital, em que os meios de produção constituem propriedade privada.
Comunismo: Sistema que preconiza a comunhão de bens [de produção e de subsistência] e a supressão da propriedade privada.
Democracia: Governo do povo [exercido quer diretamente, quer através de representantes eleitos].
Fascismo: Sistema político nacionalista, imperialista, antiliberal e antidemocrático [preconizava a fusão do Estado com a liderança comercial].
Feudalismo: Regime que une estreitamente autoridade e propriedade da terra, estabelecendo entre vassalos e suseranos uma relação de dependência.
Monarquia: Governo em que o poder supremo é exercido por um monarca [rei ou imperador].
Nazismo: Nacional-socialismo. Movimento de direita alemão, belicista, cuja doutrina consiste numa mistura de dogmas e preconceitos sobre a pretensa superioridade da raça ariana, sistematizados por Hitler [e o nacional-socialismo da Alemanha; 1933-1945].
Oligarquia: Governo de poucas pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família.
Plutocracia: Dominação da classe capitalista.
República: Sistema de governo em que um ou vários indivíduos eleitos pelo povo exercem o poder supremo por tempo determinado.
Socialismo: Sistema político que adota as doutrinas que se propõem promover o bem comum pela transformação da sociedade e das relações entre as classes sociais. Na teoria marxista-leninista, o socialismo é a base material do comunismo, e o estágio intermediário entre o capitalismo e o comunismo.
Teocracia: Forma de governo em que a autoridade, emanada dos deuses ou de Deus, é exercida por seus representantes na Terra.
Totalitarismo: (a) Regime em que um grupo centraliza todos os poderes políticos e administrativos, não permitindo a existência de outros grupos ou partidos políticos; (b) o conceito político de que o cidadão deve estar totalmente sujeito a uma autoridade estatal absoluta.