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  • g87 22/7 pp. 18-22
  • De militantes negros a Testemunhas de Jeová

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  • De militantes negros a Testemunhas de Jeová
  • Despertai! — 1987
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Despertai! — 1987
g87 22/7 pp. 18-22

De militantes negros a Testemunhas de Jeová

Odisséia do Poder Negro à Desilusão, e Daí ao Esclarecimento.

OS ESTUDANTES brancos, em sua semana de orientação, na Universidade de Tufts, na Grande Boston, eram informados sobre as classes e como proceder no campus.Os estudantes negros se reuniam com gente como Angela Davis, Dick Gregory, e os Muçulmanos Negros. E, sem que as autoridades universitárias soubessem, com criminosos dentre o movimento militante. Eles chegaram com seus guarda-costas para nos informar sobre o que estava acontecendo e o que fazer para promover a revolução. Abriram nossos olhos para medidas iníquas e nos incitaram a ver a premente necessidade do poder negro. Aos 17 anos, a pessoa fica facilmente revoltada diante das injustiças, e eu vi a necessidade de me posicionar ainda mais a favor da negritude.

Estávamos em 1969, e esse era meu primeiro ano em Tufts. Uma causa que provaria minha negritude logo viria. Construía-se um dormitório coletivo, com pouquíssimos operários negros. Ao nascer do sol, estávamos no local de construção. Dispúnhamos de gente de fora da comunidade, que vieram com revólveres e outras armas. Nomeamos alguns capitães. Eu era capitão de um dos locais. Três mulheres estavam comigo. Tínhamos nossos walkie-talkies e montamos barricadas externas.

Mas quando aqueles operários da construção chegaram para trabalhar — meu camarada — eles ficaram loucos da vida! Para eles, este era o seu ganha-pão. Nada tinha a ver com cor da pele. Isto estava atingindo a família deles. Eles queriam nos fazer em pedaços! A polícia chegou a tempo, com equipamentos antimotins e cassetetes antimotins uns 30 centímetros mais compridos do que os normais. Eles se interpuseram entre nós e os operários, e acabou-se o confronto.

Eu freqüentava dois campi naquele ano. Estava inscrito em Tufts, mas participava num programa de intercâmbio que Tufts mantinha com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (sigla em inglês, MIT). No MIT, um físico negro, que fazia pós-graduação, se chegou a mim. Na biblioteca do MIT existem toneladas de informações sobre bombas e feitos militares. Bem, este físico negro me disse: “Olha, meu irmãozinho, se você quiser pôr isso abaixo [o dormitório que estava sendo construído], ora — você é engenheiro, certo?” Eu disse: “Falou!” Ele me disse: “Eu poderia produzir um pouco de nitro[glicerina], e vamos derrubar todo esse troço.” Mas eu não me dispunha a fazer isso.

Meu nome é Larry Whitehead. Nasci em Washington, DC, EUA, e fui criado em Arlington, Virgínia. Sofri muitas das indignidades, pequenas e grandes, a que são submetidos os negros. Passei pelo primeiro ano de integração na escola secundária — processo que não foi nada ajudado pela presença da Ku Klux Klan e do partido nazista na Virgínia. Eu sempre nutri fortes sentimentos quanto aos brancos, mas foi Tufts que me ensinou a ser militante.

Madeline Junta-se a Mim em Tufts

No ano seguinte, Madeline chegou a Tufts com grandes cabelos na moda afro, pôsteres exibindo o punho cerrado dos negros, e todos os outros acessórios do Poder Negro. Ela explica como foi que isso lhe aconteceu:

“No meu caso foi diferente. Quando vim para Tufts, eu já era militante. Cresci numa comunidade branca; minha escola secundária era predominantemente branca; muitos de meus amigos eram brancos. Mas, na 11.a̱ série, começou um tumulto na lanchonete — Martin Luther King tinha sido assassinado, e os ânimos ferviam em muitos lugares. Assim, na lanchonete, negros e brancos brigavam. Tiveram de suspender as aulas. Fiquei pasma, quando meus amigos brancos, com os quais tinha crescido, mostraram tamanho ódio e animosidade. Isso me fez ficar amarga. Sofri uma drástica transformação. Rapei todo o meu cabelo, deixei-o crescer à moda afro, e fiquei fanática pelo Poder Negro. Quando cheguei a Tufts, meu ódio contra os brancos já era total.”

Tanto eu como Madeline nos tornamos ativos no movimento negro em Tufts. Foi um período de grandes mudanças. Estavam acontecendo grandes movimentos no campus. A guerra do Vietnã era uma questão ardente. Estava ativo o grupo de Estudantes a favor duma Sociedade Democrática. A cultura das drogas estava apenas começando. Nem eu nem Madeline estávamos metidos com drogas, mas aqueles com quem nos associávamos não só eram toxicômanos, como eram também traficantes.

Tufts era uma universidade predominantemente dos brancos, mas permitia-se que os estudantes negros se segregassem, e também dispúnhamos duma Sociedade Afro de Orientação Para a Negritude. Tornei-me presidente da Sociedade Afro-Americana e de um grêmio estudantil que abrangia toda a cidade. O assassinato de Martin Luther King acionou grande parte desta atividade dos negros, a morte de Malcolm X deu-lhe ímpeto, e, quando tanto Jack como Bob Kennedy foram assassinados (eles eram os notáveis “brancos bonzinhos“), isso deixou os negros desalentados.

Queríamos adquirir nossa própria identidade. Começamos a ler Marcus Garvey, Back to Africa (De Volta à África), James Baldwin. Nossos filmes mostravam métodos terroristas, negros paupérrimos e sofrendo discriminação. Mostravam mulheres e crianças árabes que conseguiam penetrar em lugares que outras pessoas não conseguiam, de modo que elas levavam bombas presas ao corpo e mandavam aquele local pelos ares — davam a vida pela causa. Assim, éramos doutrinados para fazer o mesmo.

Ensinamos a “Religião Negra”

Eu sempre acreditei em Deus, tateando em busca dele. (Atos 17:27) Mas quase o perdi por completo em 1970. Ministrávamos um curso em Tufts chamado de Religião Negra. Era, em realidade, um ataque contra a Bíblia. Os Muçulmanos Negros eram influentes nele, e diziam que os brancos que chegassem até você com a Bíblia eram demônios. Especialmente os com olhos azuis e cabelos louros. Jesus, por outro lado, era um negro, com cabelos encaracolados como lã de ovelha.

Estávamos exatamente nesse ponto do curso quando conheci Tim Sieradski. Ele era grandalhão, louro, de olhos azuis, e veio com uma Bíblia na mão — um demônio branco, de olhos azuis, se porventura eu chegasse a ver algum! Ou eu assim pensava. Ele era Testemunha de Jeová. Quando se apresentou à minha porta, pensei comigo mesmo: ‘Vejam só este demônio de olhos azuis tentando ensinar-me a Bíblia.’ Mas logo descobri que ele deveras conhecia a Bíblia, e eu queria mesmo que ele me mostrasse na Bíblia onde se dizia que os cabelos de Jesus eram como lã de ovelha.

Em vez disso, ele me disse que este mundo acabaria, com textos para prová-lo. Sendo engenheiro, eu já tinha provado cientificamente a mim mesmo que Deus existia. Mas não estava certo quanto à Bíblia — jamais a havia estudado. Tim leu um texto que me deixou intrigado: “Ele fez de um só homem toda nação dos homens, para morarem sobre a superfície inteira da terra.” (Atos 17:26) Assim, dei ouvidos a Tim.

Mas Madeline não! Deixemos que ela conte por quê: “A igreja me havia deixado totalmente desanimada”, explicou ela. “Quando cheguei aos 16 anos, notei que ela era muito hipócrita. Eu sabia que eu não estava vivendo do modo correto — já nessa época eu e Larry vivíamos juntos — mas eu não iria seguir a rotina da igreja e agir com hipocrisia nesse sentido. Assim, sempre que Tim chegava, com seus cabelos louros e seus olhos azuis, e com a Bíblia na mão, eu nem sequer falava com ele. Quando ele chegava, eu saía.”

Perdemos contato com Tim. Não estávamos desejosos de abandonar o movimento do Poder Negro. A Sociedade Afro-Americana fez arranjos para irmos ao encontro dum grupo chamado de “Os Últimos Poetas”. Estes eram negros e compunham poesias para serem musicadas. Só falavam sobre a revolução: ‘Negros devem agrupar-se, tornar-se fortes, derrubar a sociedade branca, e tornar melhor a sua vida.’ ‘Trabalhem juntos, ajam em harmonia’, dizia seu refrão. Assim, eu e Madeline decidimos só lidar com negros.

Surgem e Crescem Decepções

Fizemos um depósito para um apartamento que pertencia a negros. Depois de aguardar três meses e ouvir muitas desculpas, disseram-nos que o haviam alugado a outrem. Antes disso, eu tinha um apartamento num bairro negro, e alguns negros penetraram nele e roubaram tudo que eu tinha. Uma noite, eu estava numa sorveteria, dando um telefonema interurbano para minha mãe. Três negros entraram e assaltaram o local. Eu não percebi isso senão quando ouvi um negro atrás de mim me dizer: “Fique frio, irmão.” Olhei para trás, e ele tinha uma automática calibre-45 encostada nas minhas costas. Que irmão negro, deveras!

Notamos que os negros se aproveitavam dos negros, assim como os brancos faziam. Não é uma questão de cor, nem de raça; são apenas as pessoas. Isso é muito triste e desencantador. Demos uma espiada de novo nos negros com quem nos associávamos em Tufts. Nos grêmios estudantis masculinos e femininos, não existia real fraternidade; nem encontramos isso na Sociedade Afro-Americana. Alguns de meus colegas não viam nenhum problema em arruinar a vida de mulheres negras. Moças negras vinham cursar a universidade. Seus pais se sacrificavam, durante anos, para conseguir o dinheiro para mandá-las para lá. Daí, homens negros as iniciavam nos tóxicos. Algumas acabavam tentando cometer suicídio.

Analisamos então toda aquela gente ao redor de nós, negros e brancos. Alguns eram toxicômanos, alguns eram alcoólicos, e tantos deles só se interessavam neles mesmos. E era nas mãos dessa geração que jazia o futuro do mundo? Para onde quer que olhávamos, não víamos resposta alguma, quer dos negros, quer dos brancos.

Ficamos Desiludidos

As decepções estavam transformando-se em desilusões. Madeline definiu seu crescente problema: “Nós fazíamos aquele montão de reuniões, e, nelas, eles continuavam a dizer que não se precisava ter nenhuma regra. Tudo que a gente desejasse fazer estava OK. Isso é anarquia. Não se pode realizar coisa alguma desse jeito.”

Concordei plenamente. Sempre busquei orientações pelas quais a humanidade pudesse viver. Inicialmente, eu achava que, se todos nós éramos negros, tendo todos vindo do mesmo lugar, e estando unidos na mesma causa, então tudo daria certo. Daí, vimos que os negros não eram diferentes dos brancos − nem melhores, nem piores, apenas a mesma mistura de bons e maus. A união tem de ter uma base diferente que a raça.

Obviamente, tínhamos de fazer algumas mudanças. As coisas estavam ficando feias para nós. Uma noite, eu recordei: “Exibiu-se um filme em Tufts que mostrava o tamanho do universo, a ordem existente nele. Isso me deixou pasmo, e lembro-me de que, na ocasião, refleti que isso não poderia acontecer por acaso. Se existe tal espécie de ordem por todo o universo, têm de haver orientações que Deus estabeleceu para a humanidade.”

Deixamos Tufts, casamo-nos, e começamos a nossa busca do Deus que fez esse universo ordeiro, o planeta Terra, e a humanidade sobre ele.

Em nossa busca, assistimos a uma reunião de estudo bíblico na Igreja Episcopal Metodista Africana. Levamos conosco a enciclopédia Ajuda ao Entendimento da Bíblia, que Tim havia deixado comigo meses antes. A palestra era sobre as cidades de refúgio. Ninguém sabia o que elas eram até que li a respeito delas na obra Ajuda. Todos ficaram deleitados, até que souberam que tal obra era editada pelas Testemunhas de Jeová. A sala ficou muito silenciosa. E supunha-se ser uma classe de estudo bíblico?

O Esclarecimento Transforma e Nossa Vida

Fomos embora, e nunca mais voltamos. Isso nos fez ver que, pelo visto, os únicos que sabiam do que estavam falando eram Tim e as Testemunhas de Jeová. Lembrei-me do sobrenome de Tim, procurei seu número na lista, e telefonei para ele. Ele iniciou conosco um estudo domiciliar, regular, da Bíblia. E, dessa feita, até mesmo Madeline ficou contente de conversar com Tim — ele não era mais aquele “demônio louro, de olhos azuis”.

Começaram a acontecer coisas interessantes. Eu trabalhava numa grande firma de engenharia, em Boston. Eles me chamaram ao escritório e me disseram que, se eu deixasse de ser Testemunha, e voltasse para a universidade para obter meu mestrado, eles me fariam vice-presidente da empresa. Rejeitei tal convite. Eu e Madeline nos batizamos como Testemunhas de Jeová em 1975, e Madeline começou a servir como pioneira regular de tempo integral.

Tive uma experiência muitíssimo gratificante na firma de engenharia. Trabalhava ali com Mike, um engenheiro negro. Ele gostava muito de discutir, e um dos seus assuntos favoritos era a evolução. Naquele dia específico, na presença de cerca de outros cinco engenheiros, ele afirmou taxativamente que se poderia provar a evolução. Daí, virou-se para mim e disse: “Certo, Larry?”

Assim, vi-me obrigado a tomar uma posição. Realmente ainda não havia testemunhado a um grupo antes. Deveria já ter feito isso, mas por ser engenheiro, eu ocultava isto. Mas Mike me obrigou a sair do casulo. Assim, eu disse a Mike: “Mike, não posso concordar com isso.” Ele quase entrou em órbita! Mais tarde, presenteei-lhe com a publicação Veio o Homem a Existir por Evolução ou por Criação?, da Torre de Vigia. Mike devorou aquele livro! Atualmente, ele é ancião numa das congregações das Testemunhas de Jeová em Richmond, Virgínia.

O Materialismo não Bastava

Quando, em 1977, pedi demissão da firma de engenharia, em Boston, eles me chamaram e me disseram que eu estava cometendo uma tolice. Sabiam que eu estava deixando o emprego porque queria trabalhar mais como Testemunha. Jamais esquecerei aquele homem, de pé junto à janela, contemplando a cidade, e me dizendo: “Whitehead, você pode ficar rico, você pode ganhar muito dinheiro, você pode comprar vários carros.” E ele prosseguiu falando nisso. Mas, eu tinha 21 anos e já tinha comprado dois carros novos e uma casa. Eu já tinha alcançado aquilo que, naquela época, a maioria das pessoas calculava que só se consegue quando se atinge os 40 anos. Não havia mais nada que se poderia obter aqui. O sistema nada mais tinha a oferecer, em sentido material.

Isso não me bastava. Eu não estava satisfeito, assim como a Bíblia avisou há muitos séculos: “O mero amante da prata não se fartará de prata, nem o amante da opulência, da renda. Também isto é vaidade.” — Eclesiastes 5:10.

Mais tarde, a Sociedade Torre de Vigia (EUA) nos enviou onde havia mais necessidade de Testemunhas, Las Vegas. Ficamos ali por cinco anos e meio. Ambos servimos como ministros de tempo integral de tempos a tempos. Houve períodos em que os alimentos eram escassos, mas jamais negligenciamos as coisas básicas: estudo, serviço, oração. Como o apóstolo Paulo, sabíamos ter abundância e sabíamos sofrer carência. — Filipenses 4:12.

Em Las Vegas, comecei trabalhando como carpinteiro, então como projetista para a companhia telefônica, e, por fim, me nomearam coordenador estadual do projeto computadorizado da Companhia Telefônica Central. Mais tarde, retornei a Alexandria, Virgínia. Trabalhei para a Xerox como analista de sistemas, sendo enviado a grandes empresas. Tenho agora a minha própria empresa de consultoria, como analista de sistemas.

Eu e Madeline servimos agora numa congregação das Testemunhas em Alexandria. Sirvo como ancião ali, e como secretário da congregação. Tanto eu como Madeline estamos gratos a Jeová, por nos ter esclarecido para entendermos que nenhum poder humano, seja negro seja branco, é a solução para os problemas da humanidade. (Salmo 146:2, 3) Sentimo-nos agora felizes de ‘deixar brilhar a luz do Seu reino’, para o esclarecimento de outros que tenham olhos dispostos para ver. (Mateus 5:14-16) — Segundo narrado por Larry Whitehead.

[Foto na página 21]

O casal Whitehead junto com Tim, seu outrora “demônio louro, de olhos azuis”.

[Foto na página 22]

O casal Whitehead se sente realizado em ocupar-se no ministério cristão.

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