Os Jovens Perguntam . . .
Será que o divórcio de meus pais arruinará minha vida?
SITUADOS em posição economicamente desvantajosa, deprimidos, tendendo para o comportamento anti-social e para fracassos matrimoniais — este é o quadro sombrio que alguns peritos pintam dos filhos de pais divorciados. Assim, se seus pais são divorciados ou separados, seus temores quanto ao futuro são bem compreensíveis.
Deveras, o divórcio de seus pais talvez já pareça estar destroçando a sua vida. Relembra um jovem chamado Dênis: “Eu me sentia infeliz e deprimido depois do divórcio de meus pais. Comecei a ter problemas na escola e fui reprovado num ano. Depois disso, eu disse: ‘De que adianta?’ Assim, tornei-me o bobalhão da turma e me meti numa porção de brigas.” Alguns jovens até mesmo reagem por voltar-se para o álcool, os tóxicos ou o sexo — ou por tragicamente fazerem decisões impulsivas.
Por que será, contudo, que o divórcio arruína tantas vidas jovens? E como você poderá evitar permitir que arruíne a sua?
O Que Faz a Dor Emocional
Na esteira do divórcio, alguns jovens dão vazão à sua frustração e ira por se portarem mal, de formas que jamais teriam sonhado antes. Para alguns jovens, comportar-se mal é uma maneira distorcida de “castigar” os pais por se divorciarem. Em alguns casos, trata-se dum clamor patético para receberem a atenção dos pais que parecem ter perdido subitamente o seu interesse pelos filhos. “Mamãe nunca estava em casa”, lamenta-se Tina, de 15 anos. “Não havia disciplina alguma e nem quaisquer regras, apenas uma casa vazia. Foi assim que mergulhei nos tóxicos e no sexo.”
Por que, então, os pais às vezes permitem que a disciplina saia pela janela depois do divórcio? Não raro é simplesmente porque eles, também, sofrem grandes dores emocionais. Uma senhora divorciada assim se confessou: “Eu, definitivamente, negligenciei meus filhos. Depois do divórcio, eu mesma estava em tamanha confusão que simplesmente não conseguia ajudá-los.”
Necessidade de Assumir Responsabilidade
É bem possível que um comportamento chocante irrite profundamente os pais dum jovem. Mas, o que realmente se consegue, além de aumentar o stress duma situação já estressante? A única pessoa “punida” pelo erro é o seu praticante. Admitiu um rapaz de 19 anos que, depois do divórcio dos pais, envolveu-se com tóxicos, imoralidade, e roubo: “Estou sofrendo por tais erros.” — Compare com Gálatas 6:7.
Faz sentido o conselho da Bíblia em Hebreus 12:13: “Persisti em endireitar as veredas para os vossos pés, para que o coxo não fique desconjuntado.” Mesmo quando falta a disciplina parental, não há desculpa para a má conduta, especialmente se lhe foram ensinados princípios justos. “Se alguém souber fazer o que é direito e ainda assim não o faz, é pecado para ele.” (Tiago 4:17) Assuma a responsabilidade por suas ações e exerça a autodisciplina. (1 Coríntios 9:27) Evite fazer coisas das quais talvez possa arrepender-se pelo resto da vida.
Decisões Precipitadas
Outro modo como os jovens podem arruinar seu futuro, depois do divórcio dos pais, é por fazerem decisões precipitadas. Não contando mais com a firme orientação parental, muitos deixam de estudar — pouco refletindo em como é que se sustentarão algum dia. Outros tentam aproveitar a primeira oportunidade de fugir de sua infeliz vida doméstica. Uma jovem chamada Léia recorda: “Vindo dum lar desfeito, eu me achava como que portadora de um passado ruim, como se eu tivesse feito algo errado. Ficava pensando: ‘Quem iria querer casar-se comigo?’ Assim, quando um rapaz de uma boa família me quis, eu me casei com ele, embora nenhum dos dois estivesse preparado para o casamento.” Tragicamente, logo depois se divorciaram.
Realmente, porém, não é apenas o bom-senso que dita que se deve evitar fazer decisões de peso quando a pessoa se acha confusa demais para refletir com clareza. “O argucioso considera os seus passos.” (Provérbios 14:15) Se seus pais parecerem desnorteados demais nesse momento para escutá-lo, por que não considera suas prospectivas decisões com um amigo mais velho?
Preocupação de Como Ganhar a Vida
Não ter mais um pai em casa (como às vezes acontece) pode suscitar ainda outra aparente ameaça ao seu futuro. Pela primeira vez, você talvez venha a preocupar-se com coisas que, antes, julgava certas — alimento, roupa, abrigo e dinheiro.
Corre você o risco de morrer de fome? Não é provável. Os pais usualmente fazem alguma provisão para sustentar seus filhos depois dum divórcio, mesmo que isso signifique que sua mãe tenha de obter um emprego secular. Infelizmente, porém, os pais muitas vezes deixam de explicar isso. Assim, talvez precise demonstrar ser um verdadeiro filho ou filha para seus pais, e informá-los de suas preocupações. (Provérbios 4:3) Indague, com calma, que arranjos foram feitos para seu sustento. Se seus pais estiverem transtornados demais para considerar o assunto, mostre-lhes empatia. (1 Pedro 3:8) Espere o momento apropriado para perguntar sobre isso de novo. — Provérbios 15:23.
Todavia, o livro Surviving the Breakup (Sobreviver ao Rompimento) avisa, de modo realístico: “O que antes sustentava uma unidade familiar terá agora de sustentar duas famílias, tornando obrigatório um declínio do padrão de vida para todo membro da família, não importa de que nível de afluência.” Bem poderá acontecer, assim, que você tenha de acostumar-se a passar sem algumas coisas a que estava acostumado — como roupas novas. Mas a Bíblia nos lembra: “Não trouxemos nada ao mundo, nem podemos levar nada embora. Assim, tendo sustento e com que nos cobrir, estaremos contentes com estas coisas.” (1 Timóteo 6:7, 8) Talvez possa até mesmo ajudar em estabelecer um novo orçamento familiar. Lembre-se, também, de que Jeová é “pai de meninos órfãos de pai”. (Salmo 68:5) Pode estar seguro, jovem, de que ele está profundamente interessado em suas necessidades.
Efeito Sobre Seu Próprio Casamento
Visto que seus pais fracassaram no casamento, é compreensível que talvez se preocupe com sua perspectiva de um casamento bem-sucedido. Felizmente, a infelicidade marital não é algo que se herda dos pais — como as sardas. Você é um indivíduo ímpar, e o resultado futuro de qualquer casamento seu dependerá, não dos fracassos de seus pais, mas da medida em que você e seu cônjuge apliquem a Palavra de Deus. Provir de um lar infeliz não deve impedir que, algum dia, você usufrua um casamento seguro, se o edificar sobre o amor altruísta. Tal “amor nunca falha”. — 1 Coríntios 13:8.
Anete, por exemplo, foi criada por um pai alcoólatra, que repetidas vezes abandonou a família. “Como resultado disso, sinto-me um tanto insegura”, admite Anete. “Até mesmo agora, detesto quando meu marido sai para executar alguma incumbência sem me garantir que vai voltar.” Todavia, Anete diz ainda: “Decidi que, quando me casasse, meu casamento seria pacífico e que eu só me casaria com alguém com quem eu soubesse que poderia ser feliz. Sinto-me feliz agora, e acho que a separação de meus pais é algo que já deixei para trás.”
Transforme-o em Algo Vantajoso
Jeremias observou: “É bom que o varão vigoroso carregue o jugo durante a sua mocidade.” (Lamentações 3:27) Não, não é muito “bom” ficar observando a separação dos pais. Mas é possível transformar até mesmo esta experiência negativa em algo vantajoso.
A título de exemplo, talvez se veja obrigado a assumir adicionais responsabilidades domésticas. Isto pode ajudá-lo a desenvolver perícias que se provem úteis em sua vida posterior. A pesquisadora Judith Wallerstein observou ainda mais: “O crescimento emocional e intelectual [entre filhos de pais divorciados], estimulado pela crise na família, era impressionante e, por vezes, emocionante. Os jovens . . . consideravam com sobriedade as experiências dos pais e tiravam conclusões meditadas sobre seus próprios futuros. Eles se mostravam preocupados de encontrar meios de evitar os erros cometidos pelos pais.”
O jovem Paulo comprovou que isto era verdade. Seus pais se separaram quando ele ainda era pequeno, e ele era repassado de um lado para o outro, entre os pais em disputa. Todavia, derivou alguns benefícios de ter sobrevivido a isto. “Estou decidido a não repetir os mesmos erros de meus pais”, diz ele. E tendo aprendido a conviver com uma situação instável, ele afirma: “Eu consigo adaptar-me facilmente às situações.” Carlos, rapaz que teve de enfrentar dois divórcios de seus pais, saiu-se similarmente intato. “Tenho minhas inseguranças”, admite ele. “Mas acho que todo mundo tem. E não acho que vou acabar do mesmo jeito que meus pais, porque estou decidido a usar a cabeça um pouco mais.”
Não resta dúvida de que o rompimento de seus pais certamente marcará a sua vida. Mas dependerá muito de você se tais marcas serão uma mancha que desaparecerá ou uma ferida profunda.
[Foto na página 15]
Como são afetadas as perspectivas de felicidade futura dum jovem, quando os pais se divorciam?