Os lindos cristais de Cofu
Do correspondente de Despertai! no Japão
JÁ SE sentiu fascinado pela beleza de jóias ou peças esculpidas de cristal? É provável que sim. Contudo, como a maioria de nós, provavelmente não sabe como são feitas. Para ter mais informação sobre isso, vamos até Cofu, no Japão, uma cidade situada a noroeste do famoso monte Fuji. Trata-se de um dos maiores centros produtores de pedras preciosas do mundo.
Primeiro, visitaremos o Instituto de Pesquisas de Lapidação, onde a equipe nos informa de descobertas arqueológicas que indicam que, em eras passadas, os guerreiros nipônicos usavam cristais nas pontas de suas flechas. Algumas pontas de flechas talvez remontem ao tempo de Cristo. Aprendemos também sobre o papel que os cristais desempenharam na religião. A religião xintoísta se centraliza em objetos naturais, tais como o sol, as montanhas, as árvores e as rochas. Qualquer coisa incomum era candidata à adoração. Assim, quando se encontravam cristais incomuns, eles eram preservados em santuários locais.
Durante a era feudal do Japão, raramente se compravam ou vendiam cristais. Mas, em 1867, o Imperador Meiji começou a governar e, pouco depois disso, terminou o sistema feudal. Com esta mudança, as pessoas então passaram a explorar e a vender livremente cristais. Nasceu a indústria dos cristais de Cofu.
Que São Cristais?
O professor Kenro Tsunoda, da Universidade Yamanashi, responde: “A palavra ‘cristal’ pode referir-se a qualquer substância sólida que tenha um arranjo regular e repetitivo de átomos. Diamantes, flocos de neve e até o sal de cozinha comum têm uma estrutura cristalina.”
De onde provêm os cristais? Responde o Professor Tsunoda: “Os cristais de quartzo compõem-se de silício e de oxigênio, os dois elementos mais abundantes da crosta terrestre. Depois da criação da Terra, ela se resfriou, e as substâncias químicas mais leves afloraram à superfície. Ao endurecerem, formou-se uma crosta fina e rochosa. O magma granítico quente, do interior da Terra, contudo, às vezes rompia esta crosta. O resultado foi um vulcão. Outras vezes, o magma só subia o suficiente para provocar uma elevação sob a crosta da Terra.” Com o decorrer dos séculos, a contínua subida e o lento resfriamento do magma quente provocaram a mistura dos elementos, das temperaturas e das pressões certas para formar límpidos cristais de quartzo.
“Não importa seu tamanho ou formato”, prossegue o professor, “estes cristais sempre têm seis faces. Suas superfícies lisas e planas juntam-se em ângulos de 60 graus, e unem-se num ponto no topo. Naturalmente, não são tão duros como os diamantes, formados sob bem maior calor e pressão. Mas possuem uma dureza de sete, na escala de dureza de Mohs, em comparação com o nove das safiras e dos rubis. E podem ser bem grandes”.
De Mineral a Uma Obra-Prima
O Sr. Momose, dono de uma das maiores oficinas de Cofu, concordou gentilmente em nos mostrar como os cristais são recebidos em sua forma bruta e transformados em lindíssimas gemas. “Antigamente”, diz o Sr. Momose, “a maioria dos cristais usados aqui eram obtidos de minas do Japão. Atualmente, por motivos econômicos, não existem minas em operação no Japão. Cerca de 480 toneladas de cristais são importadas todo ano, notadamente do Brasil, sendo que algumas pedras provêm da África, da Alemanha Ocidental e dos Estados Unidos”.
As pedras são cortadas em fatias com uma lâmina de carborundo, dum modo parecido a como se corta um pão em fatias. Daí o lapidário marca na pedra onde ele cortará cada gema. Para facilitar o corte, o artesão cola as gemas num bastão comprido. Então, sentado a uma mesa giratória de lapidação, ele peritamente corta manualmente as faces. Ele poderá usar a lapidação oval, a de brilhante, a de esmeralda, ou outros lindos talhos. Em seguida, as pedras são polidas numa mesa giratória de polimento. Cada pedra se transformou numa obra-prima!
O valor e a beleza dessas pedras são grandemente ressaltados quando um joalheiro as coloca em elegantes engastes. Ao visitarmos um joalheiro local vimos uma deslumbrante amostra de pedras preciosas. Notamos que uma grande variedade de coisas podem ser feitas com cristais: broches, abotoaduras, pesos de papel, prendedores de gravata, pingentes. E, sobre a parede, acham-se impressionantes painéis de cristal do monte Fuji, de aves coloridas e da famosa carpa japonesa.
Os joalheiros utilizam o ouro, a platina, o ouro branco, ou a prata em aparentemente infindáveis meios de destacar a beleza natural das gemas. E, a combinação de cristais com pedras preciosas, tais como diamantes, aumenta grandemente seu esplendor e valor. Contudo, os diminutos cristais de quartzo, em engastes menos glamorosos, servem agora como osciladores de relógios, televisores, rádios e outros aparelhos eletrônicos. E quem sabe qual será a sua utilidade no futuro? No ínterim, porém, ficamos contentes de contemplar com admiração a sua reluzente beleza.
[Créditos das fotos na página 23]
Museu de Jóias Yamanashi
O Museu Shakado de Cultura Jomon