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  • g93 22/10 pp. 12-16
  • O mundo dos espetáculos era meu Deus

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  • O mundo dos espetáculos era meu Deus
  • Despertai! — 1993
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  • Começo da vida no circo
  • Mudança para espetáculo de variedades
  • Casamento
  • Trabalho em outros países
  • De volta para a Austrália
  • O desafio da religião
  • Minha luta contra a verdade
  • Ajuda de um cristão genuíno
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Despertai! — 1993
g93 22/10 pp. 12-16

O mundo dos espetáculos era meu Deus

OS ALTOS e prolongados aplausos eram como música para meus ouvidos. Elevava meu ânimo, fazendo com que valessem a pena as incontáveis horas de ensaios. Eu era o volante em um número de trapézio, e estava embriagado com o sucesso.

Também constavam das minhas apresentações dar um salto mortal sobre elefantes, ficar de ponta-cabeça sobre uma vara precariamente equilibrada sobre os ombros de outro homem, um complicado número de malabarismo, e arrancar risos da platéia como palhaço.

Isso foi há mais de 45 anos, quando eu tinha apenas 17 anos. Maravilho-me agora das façanhas que um ágil corpo jovem pode realizar com ensaios disciplinados e um estilo estrito de vida regrada. Na verdade, o mundo dos espetáculos era tudo na minha vida, era meu deus, e isso por mais de 20 anos.

Começo da vida no circo

Nasci em Kempsey, Nova Gales do Sul, Austrália. Éramos pobres — as paredes da nossa casa eram de panos de saco caiados e o telhado de folhas velhas de zinco. Alguns anos depois mudamo-nos mais para o sul, para Taree. A nossa família não era religiosa, embora fôssemos membros nominais da Igreja de Cristo.

Em 1939 meu pai entrou no exército. Mamãe juntou então os nossos únicos pertences, as nossas roupas, e, com minhas três irmãs e eu, mudou-se para Sídnei. Ali eu freqüentei uma escola para acrobatas e mostrei surpreendente habilidade natural. Em apenas poucos meses tornei-me um exímio acrobata. Daí, em 1946, foi-me oferecido um emprego num circo para aprender a ser o volante em um número de trapézio.

O circo se apresentava numa cidade diferente quase todas as noites. As multidões vinham ver o esplendor do circo, mas, naturalmente, o que não viam eram as brigas e bebedeiras que ocorriam nos bastidores. Tampouco sabiam do baixo comportamento moral de muitos dos artistas que tanto admiravam.

Eu ia a festas assiduamente e parecia que sempre me envolvia em brigas. Sou grato de que nunca fui dado a beber demais. Eu evitava também o hábito de usar linguagem suja e não tolerava ouvir alguém dizer palavrões na presença de uma mulher. Esta era a causa de muitas das minhas brigas.

Em toda cidade de tamanho razoável em que nos apresentávamos, enviava-se um emissário ao sacerdote católico local para entregar ingressos grátis para ele e um donativo para a igreja. Isto supostamente daria sorte e garantiria ao circo um bom público.

Mudança para espetáculo de variedades

Em 1952, alguns artistas de espetáculo de variedades disseram-me que o caminho para ganhar mais dinheiro e mais sucesso era esse tipo de espetáculo. Assim, passei a realizar muitos shows itinerantes de variedades. Daí trabalhei em casas noturnas e, por fim, apresentei-me em muitas das principais casas de espetáculos da Austrália e da Nova Zelândia. Eu me apresentava junto com artistas famosos e, ao mesmo tempo, ficava cada vez mais famoso como malabarista e acrobata.

Eu achava que a mudança para espetáculos de variedades fora a escolha certa, mas frustrava-me o fato de que as festas, a imoralidade e as bebedeiras nesse meio eram piores do que no circo. Eu então entrei em contato com homossexuais e lésbicas. As drogas também começavam a entrar em cena, mas felizmente eu nunca me envolvi com isso.

A minha única preocupação era ficar famoso e aprimorar as apresentações. O mundo dos espetáculos e a adulação que eu recebia eram tudo o que eu desejava. Davam-me toda a euforia que eu precisava. Eu até mesmo estava decidido a jamais me casar. Nenhuma responsabilidade para mim — minha vida era boa demais. O mundo dos espetáculos era meu deus. No entanto, o mais bem traçado dos planos pode falhar.

Casamento

Certo dia, ao procurar bailarinas talentosas para uma turnê de show de variedades, conheci uma das mais belas moças que já vira. Seu nome era Robyn. Ela era não apenas uma competente dançarina de balé mas também uma talentosa contorcionista. Para minha alegria, ela aceitou prontamente o emprego e tornou-se minha parceira em um número de dupla de grande sucesso. Cinco meses mais tarde, em junho de 1957, nós nos casamos. Nos três anos seguintes, trabalhamos em casas noturnas, realizamos shows itinerantes e nos apresentamos na televisão.

Depois de casados, nós nos isolávamos dos outros o máximo possível, evitando o quanto pudéssemos nos misturar socialmente com outros artistas. Mesmo nos shows em casas noturnas eu fazia questão que Robyn permanecesse no camarim até o momento de irmos ao palco. Os humoristas contavam piadas sujas, e alguns músicos usavam drogas. A maioria deles bebia o tempo todo e usava linguagem suja.

Trabalho em outros países

Em 1960 recebemos a oferta de um contrato para nos apresentar no estrangeiro. ‘Esta é a nossa grande chance’, pensei. Mas a essa altura já tínhamos uma filhinha, Julie, com quem nos preocupar. Mesmo assim, levei minha família por todo o Extremo Oriente, vivendo com o que era possível carregar nas malas, fazendo às vezes até cinco apresentações por noite. Isto durou mais de um ano, e daí voltamos para a Austrália.

Agora que tínhamos conseguido o status de espetáculo internacional, a nossa apresentação era muito requisitada. Mas as oportunidades eram limitadas na Austrália, por causa de sua população relativamente pequena. Assim, em 1965, fomos de novo para o estrangeiro. Dessa vez não tínhamos apenas Julie, mas outra filhinha, Amanda. Nos cinco anos seguintes trabalhamos em 18 países.

As dificuldades às quais submeti minha família por causa da minha obsessão de ser o melhor foram terríveis. Certa vez paguei a um homem para montar guarda com um revólver para proteger as nossas filhas, que estavam a apenas uns 60 metros de onde nos apresentávamos. Muitas vezes eu discutia com donos de casas noturnas que queriam que Robyn se sentasse com os fregueses para incentivá-los a beber, mas esses rufiões esperavam mais do que isso. Trabalhávamos em casas noturnas junto com strip-teasers, prostitutas e homossexuais, alguns dos quais faziam propostas indecorosas tanto para mim como para minha esposa. E os músicos da banda de rock freqüentemente trabalhavam drogados.

Nas nossas viagens, eu tinha muito tempo durante o dia para visitar pontos turísticos. Constantemente visitava zoológicos, mesquitas, templos, igrejas, ou ia a festividades religiosas. Eu visitava esses lugares por curiosidade, pois realmente não tinha inclinação religiosa. Admirava-me que tantas coisas diferentes eram adoradas. Havia estátuas de homens com cabeça de animal, e animais com cabeça de homem ou de mulher. Num certo país as pessoas adoravam até mesmo os órgãos genitais de homens e mulheres, aparentemente crendo que isso aumentaria a potência sexual e reprodutiva dos adoradores.

Noutro país, meninos e homens golpeavam a si mesmos nas costas com facas de três lâminas até jorrar sangue. No dia em que estive lá, três homens morreram porque perderam muito sangue. Numa catedral bem conhecida fiquei aborrecido de ver esta placa nos confessionários: “Uma confissão, 1 franco; duas confissões, 2 francos; três confissões, 2,5 francos”. Pensei: ‘Se isso é religião, que fiquem com ela!’

De volta para a Austrália

Em 1968 enviamos Julie de volta para casa, mas levou mais um ano e meio para economizarmos o suficiente para pagar as passagens para os demais de nós voltarmos. Em 1970 chegamos em casa com bem pouco dinheiro ou fama para compensar o nosso duro trabalho. A maior parte do nosso dinheiro havia sido gasta em trajes, partituras de música, viagens, acomodações e empresários corruptos. Tudo o que tínhamos eram os nossos apetrechos de palco e o que podíamos carregar nas malas.

Depois de voltar para a Austrália, expandi as minhas atividades e tornei-me também um empresário de espetáculos. Obtive um contrato como palhaço num tradicional programa de televisão chamado The Yellow House (A Casa Amarela). Eu escrevia e produzia mímicas infantis e apresentações de palhaços para várias casas de espetáculos, ao passo que continuava a apresentar o número com Robyn. O mundo dos espetáculos ainda era meu deus. Robyn e as filhas começaram a sofrer as conseqüências; era como se eu não fosse nem marido nem pai.

O desafio da religião

Certo dia, minha sogra, que morava conosco, mostrou a Robyn o livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna. “Leia isso”, disse ela. “É sobre religião, mas é diferente.” Robyn se recusou, dizendo que depois do que havíamos visto no estrangeiro ela não estava interessada em religião. A mãe, porém, não desistiu. Ela rodeou Robyn por uma semana, insistindo que lesse o livro. Por fim Robyn cedeu, mais para agradar a mãe.

Foi como se os seus olhos de repente se abrissem, explicou Robyn mais tarde. Ficou tão impressionada com as respostas a tantas de suas perguntas que queria saber mais. Duas semanas depois sua mãe providenciou que duas Testemunhas de Jeová nos visitassem em casa. Depois de algumas visitas, convidaram-nos a assistir a uma de suas assembléias que se realizavam nas proximidades. Relutantemente concordei em ir. Realmente, fiquei tão impressionado que passamos a assistir a reuniões no Salão do Reino.

Todavia, o mundo dos espetáculos ainda era meu deus, de modo que logo percebi que não havia futuro para mim junto às Testemunhas. Robyn, contudo, queria continuar a aprender verdades bíblicas, mesmo que eu não quisesse. Fiquei furioso. ‘Que direito’, achava eu, ‘têm essas pessoas de se meterem entre mim e minha esposa, enchendo a mente dela de lixo religioso?’

Até mesmo minhas ameaças de terminar o nosso casamento foram em vão. Robyn permaneceu firme, e continuou a estudar. Ela até mesmo começou a falar a outros de porta em porta a respeito de suas crenças. A gota d’água foi quando ela me disse que desejava ser batizada e tornar-se Testemunha de Jeová dedicada. Contudo, ela foi aconselhada a esperar até que deixasse de trabalhar no mundo dos espetáculos.

‘Ah!’, eu pensei. ‘Eu ganhei. Eles jamais vão conseguir que ela faça isso. Ela jamais vai desistir de apresentar o seu número.’ Mas eu estava errado. Robyn deu-me um ano, depois do qual, disse-me, ela pararia. Eu ri, achando que ela jamais deixaria de apresentar o número que tanto gostava. Mais uma vez eu estava errado. Um ano depois ela deixou o mundo dos espetáculos e foi batizada. E também foram batizadas a nossa filha Julie e a mãe de Robyn.

Minha luta contra a verdade

Depois disso eu agredia verbalmente Robyn, dizendo-lhe que não me apoiava, que não se importava comigo. “O mundo dos espetáculos é tudo na minha vida. Não sei fazer outra coisa”, eu lamentava. “Você é a culpada de todas as minhas dificuldades.” Cheguei a ameaçar espancar as Testemunhas, a quem eu culpava de terem acabado com as nossas apresentações e causado todos os nossos problemas.

Robyn passou a deixar revistas bíblicas espalhadas pela casa, na esperança de que eu as lesse. Isto não funcionou, de modo que acabou desistindo. Mas ela nunca desistiu de orar a Jeová para que de algum modo eu aprendesse a verdade e que toda a nossa família pudesse estar junta no novo mundo.

Com o tempo, passei a tolerar as Testemunhas quando vinham à nossa casa e, uma vez ou outra, cedia quando as nossas filhas me convidavam para ir com elas a uma reunião. Mas eu criticava tudo o que ouvia ali. Todavia, eu reconhecia que as pessoas no Salão do Reino, compostas de muitas nacionalidades — árabe, grega, italiana, inglesa, bem como australiana — pareciam dar-se muito bem. Eram sempre amistosas, e ninguém usava linguagem suja nem se envolvia em conversa imoral.

Ajuda de um cristão genuíno

Por fim eu concordei em ter um estudo bíblico regular com Ted Wieland, um homem notavelmente bondoso e humilde. Ele trabalhava em Betel, a sede das Testemunhas de Jeová. Certa vez, numa época em que eu estava sendo especialmente duro com Robyn, Ted chamou-me até o seu carro, abriu o porta-malas e deu-me uma caixa de mangas. Acontece que mangas eram minha fruta predileta, mas eu acho que Ted não sabia disso. Isto aconteceu por semanas a fio: uma caixa de mangas toda vez que Ted nos visitava. Certo dia ele apanhou no porta-malas o que eu pensava ser a costumeira caixa de mangas, daí virou-se calmamente e perguntou: “Que acha de pendurar isso na parede?” Era o texto bíblico para o ano, que as Testemunhas penduram nas suas casas. O que poderia dizer? Pendurei-o na parede.

À medida que meu estudo bíblico com Ted avançava, ele mostrou-me à base da Bíblia que o mundo dos espetáculos não oferecia um futuro real. A única esperança segura para um futuro feliz, explicou ele, era o cumprimento das profecias bíblicas a respeito do Reino pelo qual Cristo nos ensinou a orar. (Mateus 6:9, 10) Embora eu ainda tivesse contratos de espetáculos a cumprir, passei a assistir às reuniões congregacionais regularmente. Matriculei-me na Escola do Ministério Teocrático e até mesmo comecei a participar no ministério de casa em casa.

Passei a ver que o mundo dos espetáculos nada tinha a oferecer. Eu não havia ganho nada materialmente em todos os anos que me devotara ao que era meu deus. Minha família havia sofrido — arrastada pelo mundo e vivendo do que podíamos carregar nas malas. De fato, o mundo dos espetáculos quase rompeu o meu casamento. Mas agora o Supremo do Universo oferecia-me a oportunidade de viver para sempre numa Terra paradísica sob o governo do seu Reino.

Portanto, tomei a decisão mais importante da minha vida. Quando terminei meus contratos de espetáculos, cortei totalmente os vínculos com o mundo do entretenimento. Jamais voltei a uma casa de espetáculos e não mais me associei com aqueles que fazem desse ramo o seu modo de vida. Ted repassou comigo as perguntas que os candidatos ao batismo consideram. Mas Ted faleceu, e pouco depois fui batizado, em 26 de julho de 1975. Aguardo encontrar esse homem maravilhoso no novo mundo, quando ele for ressuscitado. — João 5:28, 29.

Não me faltam bênçãos

Jeová nos deu mais do que jamais recebemos em todos os nossos anos no mundo dos espetáculos. Ele libertou-me do corrupto e imoral mundo do entretenimento. Recompensou as orações de minha fiel esposa, que ficou do meu lado e jamais desistiu. Ele nos abençoou no sentido de a mãe de minha esposa e nossas duas filhas mais velhas e seus maridos estarem ativos no ministério cristão. A nossa filha mais nova, Letitia, e Micah, o mais velho de nossos três netos, são ambos proclamadores não-batizados das boas novas. Jeová também me abençoou com o privilégio de servir como ancião na congregação cristã.

Robyn e eu jamais conseguiremos retribuir a Jeová pelo que tem feito por nós. Podemos, porém, alertar outros — especialmente os mais jovens — dos perigos do mundo dos espetáculos e do tipo errado de entretenimento. Podemos alertá-los, à base de nossa observação pessoal, das aflições que acompanham a imoralidade, as drogas, o beber demais, o tipo errado de música, as canções que destacam o sexo ilícito e dos perigos de se freqüentar casas noturnas ou concertos de rock. Todas essas coisas são parte de um mundo totalmente controlado por Satanás, o Diabo. — 2 Coríntios 4:4.

É fácil enlaçar-se na adoração de Satanás sem saber, como eu estava quando fiz do mundo dos espetáculos o meu deus. Agora, porém, eu e minha esposa nos alegramos em incentivar todos os jovens a adorar a Jeová, o único Deus que pode satisfazer todos os desejos do coração — o Deus que realmente se importa conosco em todos os sentidos. — Conforme narrado por Vivian A. Weekes.

[Foto na página 14]

A moça com quem me casei era contorcionista

[Foto na página 15]

Robyn e eu atualmente

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