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  • Minha luta para ser o melhor — valeu a pena?
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1977
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1977
w77 15/1 pp. 33-43

Minha luta para ser o melhor — valeu a pena?

Reflexões dum Campeão Olímpico de Corrida

DURANTE anos, eu havia sonhado com este momento, de competir nos Jogos Olímpicos. Era sábado, 17 de outubro de 1964, oitavo dia dos Jogos em Tóquio, no Japão.

Todos os 75.000 lugares do Estádio Nacional estavam ocupados. As ruas de Tóquio pareciam desertas — quase todo o mundo estava vendo televisão. Chegara o tempo para as finais da corrida de 200 metros rasos.

Enfileirei-me junto com mais 7 corredores nos blocos de partida. Cada um de nós havia sobrevivido à série de eliminatórias, corridas nos dias anteriores. Para esta distância, éramos os homens mais velozes do mundo.

A pressão era quase que insuportável, e isto não se devia apenas a que milhões nos observavam. Havia o nacionalismo. Os Jogos transformaram-se numa grande competição entre os russos e os americanos. As comparações diárias das medalhas ganhas por cada país eram transmitidas ao mundo inteiro. Nossas escolas, os prefeitos, os governadores e até mesmo o presidente haviam enviado telegramas, dizendo-nos que devíamos lembrar-nos de que estávamos competindo a favor de nosso país, e que nosso país é o melhor.

Também os jornais exerciam pressão sobre nós, contando as medalhas que supostamente devíamos ganhar. Isto fazia tudo parecer como se ganhar fosse um assunto de vida ou morte, como se o país perdesse a sua honra se nós perdêssemos. De fato, Kokichi Tsuburaya, corredor japonês de maratona, cometeu suicídio depois de perder. Deixou um bilhete, desculpando-se por ter ‘falhado’ ao seu país.

Por isso, comecei a pensar: ‘Não posso desapontar meu país. Não poderia encará-los, lá em casa, se eu perdesse.’ Eu era o detentor do recorde mundial de 200 metros rasos, de modo que eles esperavam que eu vencesse.

Os negros, em busca da identidade, também exerciam pressão. Disseram-me muitas vezes como outros negros haviam perdido e desapontado nosso povo. De modo que, agora, eu tinha de vencer, por causa dos negros nos Estados Unidos. Contudo, outros negros exerciam pressão para boicotar os Jogos, a fim de mostrar aos Estados Unidos, que não podiam vencer sem nós, os negros.

Mas, na maior parte, eu pensava na minha família e nos meus amigos. Não queria embaraçá-los. Eu era o herói deles. Eles me apoiavam; torciam por mim. Quando eu vencia, eles venciam. Quando eu perdia, eles perdiam. Talvez possa entender isso melhor, se eu lhe der alguma idéia sobre a minha formação.

Ascensão ao Destaque

Fui criado em Detroit, Michigan, como o nono dentre onze filhos. Desde que eu me possa lembrar, mamãe e papai viviam separados. Mamãe trabalhava longas horas, em serviços domésticos, no empenho de sustentar-nos.

Eu sempre fui atlético. Visto que a leitura e a escrita me eram difíceis, ser o garoto mais veloz no quarteirão ou melhor jogador significava alguma coisa; era um estímulo na vida.

Na escola secundária, quase que logo de começo eu me saí muito bem nos esportes. Durante três anos, em 1959, 1960 e 1961, eu fazia parte do Time de Corrida das Escolas Secundárias estadunidenses. A corrida de 200 metros rasos era minha especialidade. Fui também escolhido para os times pan-estaduais de futebol americano e basquete, durante dois anos.

Comumente, uma faculdade teria sido fora de cogitação para mim. Mas, então, as universidades começavam a solicitar meus serviços. Visitei vários campuses nos Estados Unidos, e as universidades procuravam engodar-me com presentes. Em resultado, apesar da pobreza de minha família, eu tinha então dinheiro no bolso e até mesmo dirigia um Cadillac! Recebi minha carteira de habilitação num restaurante, sem mesmo ter feito o exame de motorista! Isto foi providenciado por uma das universidades vizinhas, que tentou aliciar-me.

No entanto, escolhi a Universidade Estadual do Arizona, e logo ganhei destaque mundial no mundo das corridas. Quando eu era segundanista, quebrei o recorde mundial da corrida de 200 metros rasos. Líderes mundiais queriam conhecer-me e apertar-me a mão. Em Moscou, cheguei a conhecer Nikita Kruschev. Mas, toda a fama e todas as viagens pelo mundo, a fim de competir em corridas de velocidade, pareciam-me irreais.

De volta à Estadual do Arizona, recebi tratamento preferencial, só porque era o corredor mais veloz. As pessoas me cumulavam de presentes — as quais os atletas apelidavam de ‘coronéis’. De modo que eu sempre tinha dinheiro, roupa nova e um carro. Muitas vezes, eu mandava dinheiro para casa, a fim de ajudar os membros da minha família. É verdade que eu gostava dos favores e da atenção. Mas, sabia que não era correto; nós, supostamente, éramos amadores não-assalariados. Contudo, era assim que as coisas funcionavam.

REALIDADES INJUSTAS

Embora as minhas aptidões me trouxessem louvores, apenas um mês antes de ir a Tóquio eu havia sido expulso dum motel, no sul dos Estados Unidos, porque era negro. A dona gritou para mim: “Não servimos à sua espécie aqui.” Era tarde e tudo o que eu queria era um lugar para dormir.

Por volta do mesmo tempo, os brancos assassinaram três trabalhadores em direitos civis, em Mississípi. No Sul, usavam-se cães contra os negros, só porque estes procuravam obter educação melhor. Minhas viagens pelo mundo, porém, convenceram-me de que as injustiças existiam em toda a parte. Em outros países, as liberdades pessoais, que eu considerava automáticas nos Estados Unidos, muitas vezes sofriam severas restrições.

Meu coração condoía-se das pessoas sofredoras. Mas, o que podia eu fazer? Passei a dar-me conta de que o problema nos Estados Unidos não era apenas uma questão racial. Quando os negros dominavam, às vezes tratavam os outros negros tão mal como faziam os brancos. O bom senso me dizia que realmente não havia nada que eu pudesse fazer, e por isso decidi não pôr em perigo minhas chances, por ficar envolvido.

No que se referia a mim, naquele tempo, tudo andava bem. Quando eu era garoto, éramos tão pobres, que costumava deitar-me com fome, à noite, e, assim, não queria tal coisa outra vez. Por isso, aprendi a ser o tipo de pessoa que tem bons modos e é branda, de que este sistema gosta. As pessoas muitas vezes me diziam: ‘Se você apenas vencer a grande corrida nas Olimpíadas, não terá mais nada de que se preocupar. Grandes firmas o contratarão, porque você é herói olímpico.’ De modo que, em Tóquio, eu apenas queria evitar dificuldades e vencer.

Alguns diziam que eu era corredor ‘por natureza’, ‘o corredor de velocidade mais hábil desde que Jesse Owens esteve no seu apogeu’. Mas, posso dizer-lhe que dei duro para desenvolver minha aptidão. Era uma luta, para tornar-me o melhor. Mas, se a vitória nas Olimpíadas faria para mim aquilo que as pessoas diziam, eu achava que valia a pena.

Nunca senti tanta pressão na minha vida, do que quando nos enfileiramos junto aos blocos de partida para as finais olímpicas.

O RESULTADO

Agachei-me nos blocos de partida, na Raia Sete. Minha estratégia era sair logo à frente, antes de chegarmos à curva, e fazer os outros correr atrás de mim, para terem de fazer maior empenho. Acontece que, quando a pessoa não corre descontraída, não pode fazer o melhor.

O funcionário anunciou: “A postos. Aprontar!” Daí, soou o tiro: “BANGUE!” Consegui dar boa partida. Chegando à curva, pensei: ‘Funcionou! Estou à frente! Vou vencer.’ Tudo o que podia enxergar era a linha de chegada. Levantei bem as pernas e me estiquei, e lá estava ela. Eu havia vencido!

Achava-me num outro mundo. Tudo parecia imóvel; eu estava eufórico. Era um novo recorde olímpico, e dizia-se que eu provavelmente teria quebrado o meu próprio recorde mundial, se não tivesse havido um vento de frente.

Em pé, no pedestal de vitória, enquanto se tocava o hino nacional estadunidense, eu queria orgulhar-me do que havia feito em prol de meu país. E gostei mesmo dos aplausos dos milhares presentes. Mas, ao mesmo tempo, dei-me conta de que era fingimento. Porque as mesmas injustiças, que haviam sufocado as pessoas antes de eu me postar ali no pedestal de vitória, ainda existiam.

Perguntei-me: ‘O que vai acontecer comigo agora, depois de tudo acabado? O que farão meus patrocinadores? Será que me abandonarão? Que espécie de emprego obterei?’ Senti-me feliz, assustado, bem como irado — tudo ao mesmo tempo.

Em caminho de volta para as Aldeias Olímpicas, dei pela primeira vez uma boa olhada para a medalha de ouro. Não era o que havia esperado; era apenas como um dólar de prata de tamanho extraordinário. Perguntei a mim mesmo: ‘Ora! Por todos esses anos que dei duro só recebo isto?’ Fiquei zangado, quando me devia ter sentido feliz. Era uma grande decepção.

Poucos dias depois, corri os últimos 400 metros duma corrida de revezamento de 1.600 metros. Estabelecemos um novo recorde olímpico e também mundial, e eu recebi outra medalha de ouro. Depois duma viagem à Austrália, para participar em algumas competições ali, voltei para casa.

Atingido Pelas Realidades — As Conseqüências

Em caminho para casa, fixei a atenção na nova fase da minha vida, que ia começar: obter um emprego e constituir família. Primeiro, porém, junto com outros membros do time olímpico, fui para a Casa Branca e recebi as congratulações do Presidente Johnson.

Eu esperava receber várias ofertas de emprego e poder escolher aquele que eu queria. Durante anos, as pessoas me haviam dito que seria assim, se eu vencesse nas Olimpíadas, para meu país. Mas, simplesmente não era verdade. Aonde quer que eu fosse, as pessoas nem pareciam importar-se de saber que eu era campeão olímpico. Ora, gostavam de falar disso. Mas, quando se tratava de contratar-me, apenas me consideravam como mais um negro, alguém que não se enquadrava nos seus objetivos. Naturalmente, fiquei amargurado.

Depois de alguns meses, recebi um telefonema, perguntando-me se estava interessado em jogar futebol americano como profissional. Eu não havia jogado esse futebol já por uns dois anos, visto que me havia concentrado nas corridas. Mas, queria desesperadamente um emprego e por isso eu disse: “Sim.” Fui contratado pelos Giants de Nova Iorque, que pensavam que minha velocidade podia ser útil.

Ora, desesperado como eu estava, realmente me empenhei arduamente e consegui ingressar no time. Durante três anos, saí-me muito bem, e, por um tempo, era capitão da defesa. Um jornalista esportivo disse: “Carr, ao ingressar nos Giants de Nova Iorque, tornou-se um dos melhores zagueiros da liga.”

Faltando apenas três jogos, na minha terceira temporada, feri o joelho, e o treinador me disse que o ano acabara para mim. Mais tarde, porém, o médico me chamou e disse que os treinadores queriam que eu jogasse. Criou-se uma controvérsia sobre a seriedade do meu ferimento, porque, antes, naquele ano, eu havia ficado envolvido numa controvérsia racial no time.

Em resultado disso, no fim da temporada, eu foi negociado. Espalhara-se a notícia de que eu era encrenqueiro e não podia jogar quando ferido. Recebi tratamento similar pelo time com o qual fui negociado. Por isso, decidi abandonar tudo, embora eu houvesse ganho 27.000 dólares no ano anterior.

PERDEDOR

Tentei, mas não consegui encontrar um emprego decente. Por fim, investi numa cadeia de balcões de Hamburger e perdi dinheiro. Fiquei zangado e amargurado. Eu achava que os outros começavam a encarar-me como o sujeito que teve a chance, mas a perdeu.

Isto me afetou mentalmente. Perdi o controle sobre a vida. Tornei-me fumante diário de maconha, sonhando como eu chegaria outra vez ao ápice. Minha esposa queria ajudar-me, mas não podia. Eu achava que minha família (já tínhamos então dois filhos) ficaria melhor sem mim. Por isso, abandonei o lar.

Com o tempo, moralmente fiquei mesmo na última lona, como homem, associando-me com puxadores de drogas e prostitutas. Passei a apostar dinheiro e a cheirar cocaína. Tendo sido criado num gueto de Detroit, eu conhecia muitos daqueles com quem me associava então. Em pouco tempo, consideravam-me como um dos “rapazes”, e providenciaram para eu me tornar puxador de drogas.

Depois de vários meses, parei e comecei a examinar-me. Eu havia ficado envolvido nas mesmíssimas coisas que sempre odiara. Tudo era negativo; nada era positivo para mim. Não sabia o que fazer ou para onde me virar. Eu possuía uma Bíblia e comecei a lê-la, mas ela não parecia fazer sentido. Decidi voltar para casa.

Consegui Uma Vida Digna

Minha esposa era compreensiva. E que os filhos realmente haviam sentido minha falta era evidente pelo seu olhar. Aceitei um emprego municipal, trabalhando com delinqüentes juvenis. Mas, pouco depois, anunciaram-se reduções no orçamento, o que significava que eu seria despedido. Por causa do meu orgulho, senti-me novamente desesperado.

Com o consentimento de minha esposa, vendi algumas propriedades que tínhamos e usei o dinheiro para formar uma agência de publicidade. Meu sócio era um artista comercial muito talentoso, enquanto eu fazia o trabalho de relações públicas. As pessoas me conheciam e reconheciam, e em pouco tempo eu estava sempre viajando a Nova Iorque, para entrevistar clientes. O negócio prosperou.

Certo dia, voltando para casa, depois do trabalho, minha esposa perguntou-me se havia objeção a que ela estudasse a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. Perguntei: “Por quê?” Ela disse que os pais de uma de suas alunas (ela lecionava na escola primária) lhe haviam dado o livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna. E outra professora lhe havia dito que, se quisesse saber algo sobre a Bíblia, devia perguntar às Testemunhas de Jeová.

Pouco tempo antes, havíamos falado sobre diversas religiões, porque nosso menino estava atingindo a idade escolar, e nós achávamos importante que tivesse educação religiosa. Mas as nossas palestras não haviam incluído as Testemunhas de Jeová. Eu só sabia que eram consideradas como uma espécie de aberração religiosa. Todavia, se ela queria estudar com elas, eu não tinha objeção.

Eu trabalhava o dia inteiro, mas, em momentos ocasionais, minha esposa mencionava as coisas que aprendeu. Aproximadamente uma semana depois, fui visitado pelo marido da mulher com quem ela estudava.

ALGO EM QUE PENSAR

Ele falou sobre quão bela a terra seria, se as pessoas apenas vivessem juntas em paz. Concordei com isso. Daí, ele disse: “Não é evidente que o Deus Todo-poderoso não é responsável pelas atuais condições do mundo?”

Isto me surpreendeu. “Se Deus não é responsável, então quem é?” eu queria saber.

“Satanás, o Diabo”, disse ele. E o que me espantou foi que ele abriu a Bíblia e me mostrou isso. A Segunda aos Coríntios 4:4 diz: “O deus deste mundo cegou as mentes daqueles que não crêem, para que não lhes resplandeça a luz do glorioso evangelho de Cristo, que é a imagem de Deus.” — Versão Autorizada, inglesa.

A Testemunha explicou que Satanás é o “deus deste mundo”. E isto realmente tinha sentido, quando ele trouxe à atenção as terríveis injustiças cometidas em todo o mundo. Este é o mundo de Satanás, e ele influencia seu povo, segundo enfatizou a Testemunha. E isto me ajudou a entender também outro texto que me mostrou. Jesus Cristo disse: “Agora será lançado fora o governante deste mundo.” — João 12:31.

É evidente que os homens não se podem livrar daquela poderosa pessoa espiritual, Satanás, o Diabo. Mas Deus pode, segundo explicou a Testemunha. E ele o fará, para que seu propósito, de criar uma terra pacífica, sob o seu Reinado, possa ser realizado. Isto parecia razoável. Era realmente algo em que pensar.

AJUDADO A TOMAR A DECISÃO CERTA

A Testemunha voltou várias vezes, e quando me encontrava em casa, tínhamos outra palestra bíblica. Comecei a crer realmente naquilo que eu estava aprendendo, visto que era da própria Palavra de Deus. Por exemplo, eu não sabia que Deus tinha nome. Contudo, ali mesmo, na Bíblia, no Salmo 83:18, diz que seu nome é JEOVÁ. Eu gostava de aprender tais coisas.

Mas, o que a Bíblia diz sobre Satanás ser o deus deste mundo começou a preocupar-me. E especialmente quando ela diz que os seguidores de Cristo não fazem parte do mundo. (João 17:14-16) Um motivo disso era que eu estava envolvido na política, sendo que um dos grandes clientes de publicidade era o principal candidato negro para prefeito de Detroit.

De modo que, certo dia, eu disse à Testemunha: “Eu sei que está falando sério; está procurando ajudar-me. Mas eu estou simplesmente amarrado demais ao meu novo negócio de publicidade, e não quero causar-lhe inconveniências, por vir para cá, quando eu talvez não esteja em casa.”

Pois bem, pouco tempo depois, eu feri as costas e fiquei em mau estado, acabando por dar baixa no hospital. Durante este tempo, as Testemunhas vieram visitar-me e mostraram verdadeira preocupação. Eu pensei: ‘Esta gente não sabe nada sobre mim. Só sabem que eu sou o marido de Glenda, e eles me tratam assim.’ Gostei disso, porém.

No ínterim, eu observei mudanças na minha esposa. Por exemplo: A filhinha de uma das Testemunhas havia falecido, e minha esposa ficou realmente preocupada com a mãe. Olhei para ela e pensei: ‘Ela nunca agiu assim antes. Por que é que ela está tão interessada em preparar refeições para aquela senhora, indo para lá e ajudando-a?’ Estas coisas me voltaram à mente, enquanto estava ali no hospital.

Neste meio-tempo, nosso negócio de publicidade sofreu muito. Havia aumentado a uma empresa de quatro homens, e eu era necessário para manter as coisas andando. Até que obtive alta do hospital, o negócio havia piorado tanto, que todos tinham desistido. Novamente, saí perdendo financeiramente.

Eu sabia que tipo de pessoa queria ser — poder amar e ser amado, e ser feliz. Vi as mudanças na minha esposa e decidi que eu também queria isso. E o que não me saía da cabeça era que Satanás é o deus deste sistema e que eu precisava de ajuda para combater a sua influência. Portanto, quando saí do hospital, telefonei para a Testemunha e disse-lhe que queria um estudo bíblico.

COMO SE PRODUZIRAM AS MUDANÇAS

Depois de meu primeiro estudo, em dezembro de 1972, fui ao Salão do Reino. Todos estavam interessados em mim e tinham prazer de me ver. E pude notar como minha esposa se animou, feliz de eu estar presente. Lembro-me de que um dos oradores mencionou que o marido é chefe de sua família, e deve tomar a dianteira. E pensei: ‘Minha esposa é que tem feito isso, estudando com os garotos, levando-os às reuniões, orando com eles, e eu não fiz nada.’

Na semana seguinte, as crianças estavam doentes, e minha esposa disse: “Pois bem, você fica com as crianças, e eu vou à reunião.” Ela não pensou que eu quisesse ir. Mas, olhei para ela, e disse: “Eu é que devo assumir a liderança aqui. Portanto, você é que fica em casa com as crianças.”

Ela ficou olhando para mim, surpresa — mas acho que se sentia satisfeita. Eu também me senti bem, de certo modo orgulhoso de começar a assumir a chefia. Posso contar as poucas vezes em que faltei às reuniões desde então. Elas me ajudaram mesmo a fazer mudanças, que trouxeram felicidade à nossa família.

Entrementes, pude encontrar o tipo de trabalho que sempre quis, como executivo de publicidade dum jornal. Eu estava atarefado, sempre me movimentando, as pessoas me conheciam e eu conhecia a elas, e comecei a ver como podia progredir. De fato, tive várias ofertas adicionais de emprego. Mas, continuei freqüentando as reuniões, e isso foi bom, porque aquilo que aprendi ali realmente afetou a minha vida.

Por exemplo, eu conhecia o dano das drogas fortes. E havia parado de usá-las. Mas, ainda fumava maconha. Não me ocorreu que isto realmente era errado, visto que seu uso é tão comum. Mas, numa reunião, foi mostrado que fumar não é bíblico. A Bíblia diz que devemos ‘purificar-nos de toda imundície da carne e do espírito’. Ficou claro para mim que isto significava desistir da maconha, se eu quisesse agradar a Jeová Deus. — 2 Cor. 7:1.

Em outra reunião, enfatizou-se que o adultério é errado. A Bíblia diz: “O matrimônio seja honroso entre todos e o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará os fornicadores e os adúlteros.” (Heb. 13:4) De modo que compreendi que eu tinha de fazer algumas mudanças mais profundas.

Queria agradar a Deus, e, por isso, dirigia-me a ele em oração, sobre estes assuntos. Mas, depois li alguma coisa na Sentinela sobre a necessidade de sempre ser veraz para com Jeová. Por isso, eu lhe disse de coração que eu gostava daquelas coisas ruins — até mesmo as ansiando — no entanto, que agora, acima de tudo, eu queria agradar a ele. Sendo assim veraz para com Deus e confiando nele, para prover ajuda, afastei-me destes maus hábitos. Até mesmo deixar de fumar maconha não foi tão difícil como pensei.

O espantoso era quanto mais feliz eu me sentia. Comecei a ter um objetivo na vida, um rumo a tomar. Meus filhos começaram a procurar minha orientação. Todos apreciávamos Jeová e as reuniões que freqüentávamos juntos. Era simplesmente maravilhoso! Eu gostava dessas ocorrências e das mudanças que havia em mim e na minha família mais do que qualquer outra coisa no mundo.

Fiquei convencido de que havíamos encontrado a verdade. E pensei que todos os meus amigos — que se sentiam frustrados, passando por problemas e enleando-se na imoralidade — certamente gostariam de ouvir algo sobre isso. Mas ninguém quis, nem sequer um. De fato, começaram a caçoar de mim, chamando-me de “pregador”. “Ali vem o pregador”, diziam.

Por isso, pude ver que aquela gente, no mundo, de fato não eram meus amigos. Eu quis ter por amigos aqueles que amam a Deus. Por isso, a fim de simbolizar que havíamos dedicado nossa vida a servir a Jeová Deus, minha esposa e eu fomos batizados em 20 de maio de 1973.

Vim a prezar, acima de tudo, as coisas excelentes que aconteciam comigo: minha boa relação com Deus, com minha família e com os concristãos. Embora eu tivesse um emprego interessante e bem remunerado, ele dividia meus interesses, e havia más associações e tentações relacionadas com ele. Fiquei pensando no texto: “Más associações estragam hábitos úteis.” (1 Cor. 15:33) Por isso, larguei meu emprego como executivo de publicidade, embora fosse o tipo de trabalho que eu havia desejado por muito tempo.

MATERIALMENTE MAIS POBRE, MAS RICO

Uma Testemunha, na congregação, contratou-me como ajudante de pintor. Eu não ganhava muito dinheiro, mas era feliz. Não me preocupava com manter as aparências. Apenas queria servir a Jeová. Sabia que ele é uma pessoa real, a única que pode endireitar todas as injustiças. A evidência bíblica — o cumprimento de profecias e o poder da Bíblia, de endireitar a vida — convenceu-me disso.

Depois de retornar duma grande assembléia das Testemunhas de Jeová, em 1973, eu disse à minha esposa: “Eu devia ser pioneiro (fazendo a pregação por tempo integral).” Visto que possuíamos mais propriedades, que podíamos vender, não havia nada para nos impedir. Por isso, comecei a servir de pioneiro.

Depois de um tempo, pensei: ‘Poderíamos ser mais úteis lá onde há mais necessidade de pregadores do Reino.’ Por coincidência, Fred Cooper, com quem eu havia cursado a escola secundária, telefonou-me da Geórgia. Ele é ancião duma congregação ali e soube que eu me havia tornado Testemunha. Eu lhe disse que estava pensando em ir onde havia mais necessidade. De modo que acabamos vendendo nosso lar e nos mudamos para a Geórgia.

O serviço de pioneiro era verdadeira alegria, mas, por causa do meu problema de coluna e da necessidade de ter um emprego para sustentar a família, por fim, tive de desistir do serviço de pioneiro, em maio de 1975. Todavia, em setembro, fui designado para ancião na congregação local. Desde então, tanto minha esposa como eu temos lecionado na escola primária, para arcar com as despesas. Não, não possuímos muito em sentido material, mas somos ricos nos sentidos mais importantes.

Para lhe dar um exemplo, meu filho interessa-se nas coisas espirituais — ele lê a Bíblia e nossos compêndios bíblicos. Há cerca de um ano e meio atrás, quando tinha sete anos, perguntou-me se podia matricular-se na Escola Teocrática da congregação. No íntimo, eu estava simplesmente transbordando de alegria. Na idade dele, eu só havia pensado nos esportes, em tornar-me um grande astro dos esportes. E eu sabia que Peyton me podia ter pedido ingressar num time da Liga Juvenil, ou outra coisa.

O QUE VALE A PENA

Acho que os esportes são bons — e têm seu lugar. Mas, logo de começo, há decepções. Os atletas são idolatrados como gente especial — quando na realidade são apenas carne e sangue, assim como os demais. E os garotos são incitados a se sobressair nos esportes — mas na realidade é um negócio, não um esporte. E veja o dano causado aos jovens, que sofrem a pressão para serem os melhores, quando a maioria deles simplesmente não o pode ser.

Mesmo quando alguém se torna o melhor, é uma decepção. Por quê? Porque isso não dura, nem satisfaz realmente. Os campeões são logo substituídos, e, em geral, esquecidos. Daí se seguem amiúde desapontamento, abatimento e problemas físicos. Então, o que vale a pena?

Em vez de competir com outros, para ser o melhor, o que dá verdadeira satisfação é ajudar e servir outros. Isto é o que Cristo fez. Ele veio ‘para servir, não para ser servido’. (Mat. 20:28) Sim, a união cordial que este espírito de altruísmo e amor produz numa família e na congregação faz com que a vida realmente valha a pena — não lutar para se tornar o melhor. — Contribuído.

[Foto na página 37]

“Recebi outra medalha de ouro.”

[Foto na página 38]

‘Fui contratado pelos Giants de Nova Iorque.”

[Foto na página 41]

‘Comecei a estudar a Bíblia com a minha família.’

[Capa na página 33]

[Endereço da filial]

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