Observando o Mundo
‘O último sistema absolutista’
“Cresce na Igreja Católica alemã o descontentamento com a orientação conservadora do Vaticano”, informa o jornal romano La Repubblica, após recente nomeação de 30 novos cardeais por João Paulo II. Hans Küng, bem-conhecido teólogo dissidente, assevera que, para a eleição do próximo papa, há “necessidade urgente de um corpo de eleitores verdadeiramente representativo de toda a Igreja Católica”. Küng acredita que “o Papa simplesmente perdeu a confiança de uma grande parte dos fiéis”. Continua Küng: “Não se pode ignorar que, depois do colapso do stalinismo, o sistema romano é o último sistema absolutista remanescente no mundo ocidental.”
Lucros do misticismo
“A magia está trazendo grandes lucros para aqueles que captaram a nova onda de espiritualidade que chegou com o fim do século”, afirma o Jornal do Brasil. As lojas esotéricas estão abarrotadas de ‘mapas astrais, incensos, velas, anjos, cristais, gnomos artesanais, baralhos de tarô e muitos livros’. Para lucrar nesse negócio, o jornal explica: ‘Identifique o marketing mais adequado para atrair o cliente. No caso do esoterismo é importante compreender que a propaganda funciona muito através do boca-a-boca. Trata-se de um ramo muito influenciado pela relação pessoal’. Mas, por que procurar a ajuda do ocultismo em vez de a Palavra de Deus, a Bíblia?
Riscos de furar partes do corpo
“Há gente furando partes do corpo que não eram furadas anos atrás”, diz John Pelton, diretor de saúde ambiental do Calgary Health Services, do Canadá. Isso inclui sobrancelhas, lábios, língua e umbigo, segundo reportagem do The Vancouver Sun. O receio de que essa mania crescente transmita AIDS e hepatite B e C levou o Environmental Health Services, de Alberta Health, a fornecer orientações para controlar essa atividade. “Novas normas por fim abrangerão uma linha inteira de serviços particulares não regulamentados, como, por exemplo, marcação a ferro quente, depilação com cera, tatuagens, eletrólise (destruição da raiz do pêlo por corrente elétrica) e privação sensorial”, e o esboço desses regulamentos será examinado pelas autoridades sanitárias e pelo próprio setor, acrescenta a reportagem. Sobre o uso do equipamento de furar a orelha para furar outras partes do corpo, alguém que realiza o procedimento admite: “Já vimos gente ir parar no hospital, com infecções. É assustador mesmo.”
Relatório da ONU sobre segurança pessoal
Apesar da redução dos gastos militares, um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) mostra que não houve aumento global nos investimentos para garantir a subsistência mínima da população. Mesmo “as crianças, que deveriam ser as mais protegidas em qualquer sociedade, estão sujeitas a vários tipos de abusos”. Segundo O Estado de S. Paulo, “as piores ameaças à segurança pessoal feitas em escala mundial têm as mulheres como alvo”. O relatório revela que “um terço das esposas, nos países em desenvolvimento, são vítimas de agressões físicas”. Porém, “em nenhuma sociedade existem mulheres seguras ou tratadas em pé de igualdade com os homens”. Embora as mulheres talvez tenham melhores oportunidades de educação e trabalho, “no lar, elas são as últimas a comer; na escola, são as últimas a ser educadas; no trabalho, são as últimas contratadas, e as primeiras a ser despedidas”.
O legado da guerra
Sete mil veteranos da invasão dos aliados na Europa, 51 anos atrás, retornaram às praias normandas em junho de 1994. Mas, as lembranças foram demais para centenas deles, que precisaram de ajuda psiquiátrica para superar a ansiedade causada pela comemoração. “Alguns veteranos ficaram extremamente angustiados depois do Dia D”, explicou o Dr. Graham Lucas, falando em nome do Combat Stress, instituição de caridade que presta assistência a ex-soldados. “Eles tinham sentimentos de culpa, de que não mereciam ser poupados enquanto outros morreram, tinham pesadelos e sono perturbado.” Esses sentimentos reprimidos por muitos anos causaram úlceras, asma e problemas de pele, informa o The Sunday Times, de Londres. Um soldado idoso, cujas recordações ainda lhe dão pesadelos, fez a seguinte colocação: “Essas coisas podem ir longe demais. Quem não esteve lá não pode entender como foi.”
Peixe parasita
O candiru é um peixe parasita que se reproduz nos rios da bacia amazônica. É comum encontrar esse peixe transluzente, que parece uma enguia e tem cerca de 2,5 centímetros de comprimento, nas guelras de peixes maiores, onde se alimenta de seu sangue. Também pode penetrar em orifícios do corpo humano e causar inflamação, hemorragia e, às vezes, morte. Recentemente, descobriu-se no Brasil uma espécie menor e mais voraz desse peixe, que não chega à metade do comprimento da anterior. Tem dois dentes em forma de gancho, no fim da boca, que lhe conferem poderosa adesão e tornam impossível sacudi-lo do corpo. Nas “comunidades à margem dos rios, que dispõem de pouca ou nenhuma assistência médica, pode levar a graves infecções”, informa o New Scientist.
Universidades em apuros
“As negligenciadas universidades da África estão à beira do colapso”, informa o WeekendStar, de Johannesburgo. Por falta de verbas, dispõem de poucos computadores, e em alguns casos os telefones foram desligados. Certa universidade tem 35.000 alunos matriculados, mas foi projetada para apenas 5.000. Só metade das cátedras estão preenchidas numa universidade de Uganda, que antes gozava de prestígio. O salário dos professores deste campus é, pelo visto, de cerca de US$ 19 por mês. Algumas universidades ficaram meses fechadas devido a greves de professores ou alunos. Um professor queniano comentou: “A autodestruição acadêmica na África está indo de mal a pior.”
Quem faz as tarefas domésticas?
“Dentro de casa, ao menos pelo que parece, a igualdade [entre homens e mulheres] ainda não entrou”, diz o Corriere della Sera, em reportagem baseada numa pesquisa do Instituto Central de Estatística sobre como as famílias italianas usam o tempo. Quer trabalhe fora quer não, ainda é a mulher que tem de “arcar com o peso da gestão da família”, dedicando — se tem filhos — uma média de 7 horas e 18 minutos às tarefas domésticas, comparada a 1 hora e 48 minutos do parceiro. Paradoxalmente, as mães solteiras parecem sair-se melhor, conseguindo dedicar duas horas a menos às tarefas domésticas por dia. “Desde pequenas, as filhas são ‘destinadas’ aos afazeres domésticos pelas mães”, acrescenta o La Repubblica.
Perdendo a batalha contra a tuberculose
Na guerra contra as doenças, a batalha contra a tuberculose tem sido um “completo fracasso em escala mundial”, segundo o professor Jacques Grosset, chefe do departamento de bacteriologia-virologia do hospital La Pitié-Salpétrière, de Paris. Se os pacientes não são tratados, a taxa de mortalidade da tuberculose é de cerca de 50%. Embora cerca da metade dos tuberculosos do mundo não disponham de diagnóstico e tratamento, salientou o professor Grosset, o verdadeiro desastre é que nos países tecnologicamente desenvolvidos, onde há fácil disponibilidade de antibióticos, apenas metade dos portadores da doença continuam o tratamento até estarem totalmente curados. “A outra metade não faz tratamento, ou se trata muito irregularmente, o que causa uma taxa de mortalidade muito maior (25% dos pacientes em tratamento) e produz também uma cepa de bacilos da tuberculose resistente aos antibióticos.”
A Venezuela e a AIDS
A Venezuela tem a terceira maior incidência de AIDS da América Latina, depois do Brasil e do México, diz o El Universal, de Caracas, Venezuela. O Dr. Arellano Médici estima que existam 350.000 pessoas no país infectadas com o vírus mortal, embora o Ministério da Saúde admita apenas 3.000 casos. O fato de que para cada pessoa infectada existem provavelmente mais de cem que estão infectadas e não sabem deve-se, segundo Médici, à “promiscuidade tão acentuada em nossa sociedade”. Médici salienta que as pessoas infectadas devem levar uma vida moralmente limpa, não apenas por causa do risco de infectar outros, mas pela existência de vários vírus da AIDS. Elas podem facilmente se infectar com um vírus diferente, piorando seu problema de saúde. Certa fonte calcula que, até o ano 2000, cada família no mundo terá um membro com AIDS.