Estilos de vida prejudiciais à saúde: quão altos são os custos?
“A DOENÇA é senhora de todos os homens”, diz um provérbio dinamarquês. Quem tem uma doença crônica confirmará prontamente que essa “senhora” pode ser muito cruel! Mas, talvez se surpreenda de saber que, em muitos casos, a doença se compara melhor a uma visita convidada do que a uma senhora. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA, atribui 30% dos dias de internação hospitalar a doenças e ferimentos evitáveis. A causa? Estilos de vida prejudiciais à saúde e perigosos. Veja alguns exemplos.
FUMAR. Ira, 53 anos, tem enfisema — o resultado de quase quatro décadas de fumar. Seu tratamento exige o uso constante de oxigênio, ao custo de uns US$ 400 mensais. Em 1994, a conta de sua internação, de nove dias, chegou a US$ 18.000, elevando o custo total do tratamento para bem mais de US$ 20.000 dólares, naquele ano. Mesmo assim, Ira não acha premente largar o fumo. “Essa ânsia incrível simplesmente me domina”, diz ele.
O caso de Ira não é isolado. Apesar dos bem-conhecidos perigos do fumo, pessoas no mundo inteiro fumam cerca de 15 bilhões de cigarros por dia. Nos EUA, o custo anual do tratamento de doenças ligadas ao fumo é de uns US$ 50 bilhões. Isso significa que, em 1993, para cada maço de cigarros comprado foram gastos, em média, cerca de US$ 2,06 em despesas de saúde relacionadas com o fumo.
Quando uma criança nasce, as despesas de saúde relacionadas com o fumo talvez comecem a se acumular. Para citar apenas um exemplo, um estudo feito nos EUA descobriu que bebês de mães fumantes correm o dobro do risco de nascer com lábios leporinos, uma deformidade que pode exigir quatro cirurgias, antes dos dois anos de idade. Durante a vida, o custo médio total das despesas médicas e outras relacionadas com essa deformidade é de US$ 100.000 dólares por pessoa. Naturalmente, não é possível nem tentar medir em dólares o custo emocional de ter um defeito estrutural congênito.
Há quem diga que os altos custos que o fumar cobra da saúde são contrabalançados pelo fato de que muitos fumantes não vivem o suficiente para colher os benefícios da seguridade social. Contudo, como diz a revista The New England Journal of Medicine, “essa conclusão é controversial; além do mais, a maioria concordaria que o uso de mortes prematuras provocadas pelo fumo não é uma maneira humanitária de controlar os custos de saúde”.
ABUSO DO ÁLCOOL. O abuso do álcool tem sido ligado a diversos problemas de saúde, como cirrose do fígado, doenças do coração, gastrite, úlceras e pancreatite. Pode também deixar a pessoa mais vulnerável a doenças infecciosas, como a pneumonia. Nos EUA, gastam-se anualmente “US$ 10 bilhões para tratar pessoas que não conseguem controlar a bebida”, segundo o Dr. Stanton Peele.
O álcool não raro prejudica o feto, no ventre. Anualmente, só nos EUA nascem dezenas de milhares de crianças com defeitos porque suas mães beberam na gravidez. Algumas nascem com síndrome do alcoolismo fetal (SAF), e muitas destas sofrem de distúrbios físicos e mentais. Estima-se que, durante a vida, o custo médio para o tratamento de cada criança com SAF seja de US$ 1,4 milhão.
Visto que o álcool inibe o controle dos impulsos, beber demais muitas vezes contribui para as explosões de violência, que podem resultar em ferimentos que exijam cuidados médicos. Há também os danos incalculáveis causados pelos que dirigem carro embriagados. Veja os efeitos sobre Lindsey, uma menina de oito anos, que teve de ser retirada das ferragens no banco traseiro do carro de sua mãe, depois de este colidir com um carro dirigido por uma motorista embriagada. Lindsey passou sete semanas no hospital, e precisou de várias cirurgias. Seu tratamento custou mais de US$ $300.000. Felizmente ela sobreviveu.
ABUSO DE DROGAS. Certa pesquisadora estima em US$ 67 bilhões o custo anual do abuso de drogas na América. Joseph A. Califano Jr., presidente do Centro de Controle do Vício e Abuso de Substâncias, da Universidade de Colúmbia, em New York, aponta outro aspecto oneroso do problema: “Recém-nascidos de mães que usaram crack na gravidez, o que era uma raridade uma década atrás, hoje lotam as salas de atendimento a recém-nascidos, com diárias de US$ 2.000 . . . Pode custar um milhão de dólares levar cada sobrevivente à idade adulta.” Além disso, observa Califano, “deixarem as mulheres grávidas de fazer o pré-natal e não largarem as drogas responde por boa parte dos quase três bilhões de dólares que o Medicaid gastou em 1994 com internações por abuso de drogas”.
A tragédia se avoluma quando se leva em conta o incalculável custo humano desse vício. Brigas conjugais, crianças mal-cuidadas e a quebra financeira são problemas comuns de famílias dilaceradas pelo abuso de drogas.
PROMISCUIDADE. Mais de 12 milhões de pessoas por ano nos EUA pegam doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o que faz dos EUA o país desenvolvido de maior índice de DSTs. David Celentano, da Escola de Higiene e Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, chama isso de “constrangimento nacional”. O custo direto dessas doenças, sem incluir a Aids, é de uns US$ 10 bilhões por ano. Os adolescentes correm risco especial. E não é de admirar! Segundo certo relatório, por volta de seu 12.º ano escolar, cerca de 70% deles já tiveram relações sexuais e quase 40% já tiveram pelo menos quatro parceiros.
Na questão de tratamento, a Aids é uma catástrofe em si mesma. No início de 1996, a terapia mais eficaz disponível — inibidores da protease combinados com drogas convencionais mais antigas — custava de US$ 12.000 a US$ 18.000 por pessoa, por ano. Mas isso é apenas uma fração dos custos ocultos da Aids, que incluem a perda de produtividade da vítima e dos que tiram tempo do trabalho ou da escola para cuidar dela. Estima-se que, por volta do ano 2000, o HIV e a Aids terão consumido de US$ 356 bilhões a US$ 514 bilhões no mundo inteiro — o equivalente a varrer a inteira economia da Austrália ou da Índia.
VIOLÊNCIA. Quando era conselheira e porta-voz da Casa Branca para questões de saúde, Joycelyn Elders informou que o custo médico da violência era de US$ 13,5 bilhões, em 1992. O presidente americano Bill Clinton observou: “Uma das razões dos altos custos do tratamento de saúde nos Estados Unidos é que os nossos hospitais e salas de emergência estão cheios de pessoas esfaqueadas ou vítimas de tiro.” Com boa razão, a revista The Journal of the American Medical Association chama a violência nos EUA de “emergência de saúde pública”. Diz mais, a revista: “Embora a violência não seja uma doença no sentido ‘clássico’, seu impacto na saúde pessoal e pública é tão profundo como o de muitos males fisiológicos — senão maior.”
Um relatório de 40 hospitais no Colorado dá conta de que o custo médio de cada vítima da violência, nos primeiros nove meses de 1993, foi de US$ 9.600. Mais da metade dos que foram hospitalizados não tinham seguro de saúde, e muitos destes não podiam, ou não queriam, pagar a dívida. Situações assim provocam a elevação dos impostos, dos prêmios de seguro e das contas de hospital. A Associação dos Hospitais do Colorado diz: “Todos nós pagamos.”
Mudança de estilo de vida
Do ponto de vista humano, a perspectiva de inverter a tendência de estilos de vida prejudiciais à saúde é sombria. “A América não é um Jardim do Éden, e jamais acabaremos com todos os abusos de substâncias”, diz um relatório da Universidade de Colúmbia. “Mas, na proporção em que coibirmos tais abusos, colheremos uma rica safra de bebês mais sadios, menos violência e crime, menos impostos, redução de custos de saúde, maiores lucros, alunos melhor preparados e menos casos de Aids.”
As Testemunhas de Jeová têm verificado que a Bíblia é a melhor ajuda para se alcançar esse objetivo. A Bíblia não é um livro comum. É inspirada pelo Criador do homem, Jeová Deus. (2 Timóteo 3:16, 17) Ele é “Aquele que te ensina a tirar proveito, Aquele que te faz pisar no caminho em que deves andar”. (Isaías 48:17) Os princípios da Bíblia são sadios, e quem aplica os seus conselhos colhe grandes benefícios.
Por exemplo, Ester era fumante inveterada.a Depois que começou a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová, sua instrutora convidou-a para uma visita de um dia à sede mundial das Testemunhas de Jeová, em Brooklyn, Nova York. De início, Ester hesitou. Sabendo que as Testemunhas de Jeová não fumam, ela se perguntava como poderia passar um dia inteiro com elas. Assim, Ester colocou um cigarro na bolsa, raciocinando que, se a compulsão de fumar se tornasse muito forte, ela simplesmente entraria num banheiro para fumá-lo. Exatamente como imaginara, depois de um dos roteiros da visita, ela entrou num banheiro e tirou o cigarro. Mas, algo lhe chamou a atenção. O banheiro estava imaculadamente limpo, e o ar puro. “Simplesmente não tive coragem de poluir o lugar por fumar aquele cigarro”, lembra-se Ester, “de modo que joguei-o fora, pela descarga. E aquele foi o último cigarro em que toquei!”
Assim como Ester, milhões de pessoas no mundo inteiro estão aprendendo a viver em harmonia com os princípios bíblicos. Elas se beneficiam, e tornam-se membros de mais valor na sua comunidade. E, o mais importante de tudo, trazem honra para o seu Criador, Jeová Deus. — Note Provérbios 27:11.
Embora os melhores empenhos humanos não consigam reproduzir um “Jardim do Éden”, a Bíblia diz que Deus fará isso. Segunda de Pedro 3:13 diz: “Há novos céus e uma nova terra que aguardamos segundo a sua promessa [de Deus], e nestes há de morar a justiça.” (Note Isaías 51:3.) Nessa “nova terra”, o tratamento de saúde não mais será uma preocupação, pois a humanidade viverá com saúde perfeita — como Deus queria que fosse desde o início. (Isaías 33:24) Gostaria de saber mais sobre as promessas de Deus? As Testemunhas de Jeová terão prazer em ajudá-lo.
[Nota(s) de rodapé]
a O nome é fictício.
[Crédito da foto na página 26]
© 1985 P. F. Bentley/Black Star