É Seguro Ser Diferente?
DURANTE as décadas recentes, os poderes totalitários têm arregimentado um grande número da população da terra. Sob o seu domínio severo, a liberdade de falar o que se pensa e de adorar do modo que se deseja, tem sido proibida. Êstes governos pensam controlar tão completamente seus súditos como o operador duma máquina controla o que ela faz. Cada um tem que pensar como o estado quer que pense, tem da falar como o estado quer que fale e tem de agir como o estado quer que aja. Ser diferente equivale a ser desleal. Isto pode fazer a pessoa ir parar na prisão ou em algum remoto campo de concentração.
As pessoas nos países democráticos expressam repugnância a tal regime, mas elas mesmas praticam isso até certo ponto. Não se agradam com aqueles que diferem das populares crenças políticas e religiosas. Alguns gostariam de ver tais pessoas impopulares embarcarem para algum lugar longe. Quando não se aceita o criticismo e quando se espera que todos se conformem àquilo que fôr popular, pode haver verdadeira liberdade?
O Ministro William O. Douglas, do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, comentou esta tendência perigosa. Eis como o Times de Nova Iorque relata o que êle disse:
“O ministro do Supremo Tribunal, William O. Douglas, disse ontem à noite que o país tende a se tornar insensível à invasão das liberdades básicas. Êle disse que havia uma demanda para conformidade ao padrão geral de pensamentos. O Ministro Douglas disse que a inclinação atual é ’procurar um professor que seja o que se chama de “seguro”, um ministro que seja “seguro”. O ministro definiu como ’segura’ a pessoa que não tenha idéias impopulares e que não tenha ’caráter contencioso’. . . . Êle disse que, após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se prático ter ’julgamentos públicos’ em busca de subversores. Como resultado, disse êle, ’o povo ficou mais e mais amedrontado e quer estar seguro para poder arranjar e conservar um emprêgo. Conseqüentemente, declarou êle, tem havido ’uma limitação geral do sentimento de se poder falar livremente e um rebaixamento geral dos padrões da liberdade de expressão que tínhamos nos dias primitivos’. . . . Os grandes abusos na história, disse êle, ocorreram quando o govêrno se introduziu no pensamento particular do homem, ’quando o govêrno põe a mão no ombro dêle e lhe diz que não deve adorar desta maneira, que não deve ter aquêle pensamento, que não deve ler tal livro’.”
Esta é uma tendência em direção à supressão da liberdade individual, a própria coisa que os povos democráticos dizem que mais odeiam nos estados totalitários. Enquanto que condenam corretamente os totalitários por arregimentarem os pensamentos, muitos dêles se contradizem e tornam inseguro, para qualquer um dentre eles, não se conformar. Por experiência amarga, as testemunhas de Jeová têm descoberto que isto é assim.
Porque as testemunhas de Jeová não se ajustam aos métodos e às crenças populares de adoração, e não agem de acordo com a maioria, faz-se discriminação contra elas, elas são amaldiçoadas, há motins contra elas e são aprisionadas. Somente nos Estados Unidos, elas tiveram de instaurar centenas de processos para poderem exercer as liberdades de adoração e de palavra, garantidas pela constituição.
Um número surpreendentemente grande de pessoas em países democráticos parece pensar que a liberdade deveria ser somente para aquêles que agem e seguem o modo de pensar popular. Mas, em que difere êste ponto de vista do totalitário?
Porque as testemunhas recusam violar sua consciência treinada biblicamente e se adaptar ao pensamento, à palavra e à forma de adoração aprovados pelo estado político, elas são perseguidas em todo o mundo, e em países totalitários são encarceradas e muitas vêzes severamente espancadas. Descobriram que não é seguro ser diferente, mas isto não significa que se submeterão à tendência mundial de arregimentação.
Quando uma pessoa dedica a sua vida ao serviço de Deus, ela não pode nem pensar, nem agir como o mundo. Tem de ser diferente, porque o mundo rejeita a soberania e a lei de Jeová Deus. É impossível servir a Deus e ao mesmo tempo conformar-se ao mundo. Isto foi poderosamente indicado pelo escritor bíblico Tiago: “Não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Aquele, pois, que quizer ser amigo do mundo, constitue-se inimigo de Deus” — Tia. 4:4.
A pessoa não pode servir a dois senhores que têm objetivos e princípios diferentes. Ela tem de servir ou a Deus, ou ao mundo. Se desejar servir a Deus, não poderá pensar ou agir como o mundo, não importa quão inseguro seja para ela não se conformar.
Durante o tempo que resta a êste mundo ou sistema de coisas, êste continuará a não ter amor por ninguém que sirva a Jeová Deus como seu mestre. O mundo ama somente os que são seus, aquêles que se conformam a êle. Agirá para com os seguidores de Cristo conforme êle predisse: “Como não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece.” — João 19:15.
Um mundo verdadeiramente livre, onde não existirão a tirania e a intolerância, será estabelecido quando o reino de Deus exercer sua autoridade sobre a terra, no futuro próximo. Sob o seu domínio justo, a humanidade obediente terá liberdade no verdadeiro sentido da palavra.