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  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1967
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1967
w67 1/4 pp. 215-221

Fazer a vontade de Deus tem sido meu deleite

CONFORME NARRADO POR A. H. MACMILLAN

DEPOIS de viver sessenta e seis anos tentando fazer a vontade de Deus, desejo dizer que foi uma vida deleitosa. Sinto o mesmo que Davi, de Judá, que disse: “Em fazer a tua vontade, ó meu Deus, tenho-me deleitado.” (Sal. 40:8) Vi a organização de Jeová crescer desde um pequeno começo, quando dediquei-me a Deus com vinte e três anos, em setembro de 1900, a uma sociedade mundial de pessoas felizes que proclamam zelosamente as Suas verdades.

Poucos homens na organização de Jeová Deus tiveram o privilégio que eu tive. Vivi e servi como uma das testemunhas de Jeová em três eras distintas de sua história. Tive íntima associação com três presidentes da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) e testemunhei o progresso do povo de Deus sob suas administrações. Embora cada era fosse tão distintamente diferente das outras duas quanto se possa imaginar, cada uma cumpriu seu propósito no desenrolar do propósito de Jeová; e, estou convencido, mais do que nunca antes, ao ver chegar o fim de meu serviço a Deus na terra, que Jeová tem orientado seu povo e lhe dado exatamente o que necessitava, no tempo devido.

Tenho observado muitas provações severas sobre a organização, e provas de fé sobre os que estão nela. Com a ajuda do espírito de Deus, ela sobreviveu e continuou a florescer. Tenho visto a sabedoria de esperar pacientemente em Jeová para que esclareça nosso entendimento das coisas bíblicas, ao invés de ficar perturbado com uma nova idéia. Às vezes, nossas expectativas quanto a certa data eram maiores do que as Escrituras permitiam. Quando tais expectativas deixaram de se cumprir, isso não mudou os propósitos de Deus. As verdades fundamentais que aprendemos das Escrituras permaneciam as mesmas. De modo que aprendi que deveríamos admitir nossos erros e continuar a pesquisar a Palavra de Deus para obtermos mais esclarecimento. Não importa que ajustes tivéssemos de fazer, de tempos a tempos, em nossos conceitos, isso não mudaria a graciosa provisão do resgate e da promessa de vida eterna dada por Deus. Assim não houve necessidade de deixarmos que nossa fé se enfraquecesse por expectativas não cumpridas, ou mudanças de conceitos.

Lembro-me da ocasião em que fui orador num congresso em Saratoga Springs, Nova Iorque, EUA, em 1914. Falei sobre o assunto: “Está Próximo o Fim de Todas as Coisas; Portanto, Sejamos Sóbrios, Vigilantes e Oremos.” Eu cria sinceramente que a igreja iria “para casa” em outubro. Naquele discurso, fiz esta observação infeliz: “Este é provavelmente o último discurso público que proferirei, porque logo voltaremos para casa.”

Na manhã seguinte, 500 de nós retornamos a Brooklyn, onde os ofícios encerrariam o congresso. Um bom número de congressistas pousaram em Betel. Na manhã de sexta-feira, todos estávamos sentados à mesa para o café da manhã quando o irmão Russell desceu. Ao entrar na sala, ele usualmente hesitava um instante e dizia alegremente: “Bom dia para todos.” Mas, esta manhã ele bateu palmas com energia e anunciou com felicidade: “Terminaram os Tempos dos Gentios; seus reis já tiveram seus dias.” O irmão Russell se sentou à cabeceira da mesa e teceu algumas observações, e, daí, chegou minha vez de receber uma afável censura.

O irmão Russell disse: “Iremos fazer algumas alterações no programa de domingo. Às 10,30 de domingo de manhã o irmão Macmillan dará um discurso para nós.” Todo o mundo sorriu a valer, lembrando-se do que eu dissera na quarta-feira em Saratoga Springs — meu “último discurso público”. Bem, então, tive que fazer esforço de procurar algo para dizer. Achei o Salmo 74:9 (Al): “Já não vemos os nossos sinais, já não há profeta: nem há entre nós alguém que saiba até quando isto durará.” Bem, esse foi diferente. Nesse discurso, tentei mostrar aos amigos que talvez alguns de nós fôramos um tanto apressados em pensar que iríamos logo para o céu, e a coisa a fazer era nos manter ocupados no serviço do Senhor até que ele determinasse quando qualquer de seus servos aprovados seria levado para o céu, nosso lar.

Embora nossas expectativas a respeito de sermos levados para o céu não se cumprissem em 1914, aquele ano presenciou o fim dos Tempos dos Gentios, como antecipáramos. Assim, nem todas as nossas expectativas para aquele ano deixaram de ser cumpridas. Mas, não ficamos especialmente perturbados devido a que nem tudo ocorreu conforme esperávamos, porque estávamos muito ocupados com a obra do Foto-Drama e com os problemas criados pela guerra.

PREVISTA A EXPANSÃO DA OBRA DE PREGAÇÃO

O irmão Russell compreendia que muito embora alguns membros do rebanho espiritual, de per si, fossem deixados na terra, isto não alteraria nem influiria sobre a tabela de tempo para terminar o domínio ininterrupto das nações, ou Tempos dos Gentios. Ele destacava continuamente: “A coisa seguinte agora em ordem é o estabelecimento do glorioso Reino às mãos deste grande Mediador”, o Filho de Deus. Este conceito fez que muitas perguntas surgissem em nossas mentes. Uma delas era como Mateus 24:14, a respeito da pregação mundial das boas novas do reino de Deus, seria cumprido.

A este respeito, recordo-me dum incidente que ocorreu pouco antes de o irmão Russell morrer. Ele sempre gastava a parte da manhã, das 8 até o meio-dia, em seu gabinete, preparando artigos da Torre de Vigia (Sentinela) e escrevendo outras coisas que tinha a fazer e que exigiam a pesquisa bíblica. Ninguém se aproximava de seu gabinete durante tais horas, a menos que fosse chamado ou tivesse algo importantíssimo. Cerca de cinco minutos depois das oito, um estenógrafo veio descendo as escadas correndo e me disse: “O irmão Russell deseja vê-lo em seu gabinete.” Pensei: “Que é que eu fiz agora?” Ser chamado ao gabinete de manhã significava que havia algo importante.

Fui ao gabinete e ele disse: “Entre, irmão. Queira vir à sala de desenho.” Era uma extensão do gabinete. Disse ele: “Irmão, será que está tão profundamente interessado na verdade como estava quando começou?” Eu olhei surpreso para ele. Disse ele: “Não fique surpreso. Essa foi uma pergunta apenas para começar.” Daí, descreveu-me a sua condição física, e eu já sabia o suficiente a respeito do seu diagnóstico físico para entender que não viveria muitos meses mais a menos que tivesse algum alívio. Disse ele: “Bem, então, irmão, o que desejava dizer-lhe é o seguinte. Não posso mais continuar a obra e ainda há uma grande obra a fazer. Ó, há uma obra mundial a ser feita.” Fiquei ali por três horas, e descreveu a extensiva obra de pregação que vejo o povo de Jeová fazer hoje. Êle a via pelo que lia na Bíblia.

Disse-lhe eu: “Irmão Russell, o que diz não explica nada. Não tem sentido.”

“O que quer dizer com isso, irmão?” — perguntou ele.

“O irmão vai morrer e esta obra vai continuar?” — repliquei. “Ora, quando o irmão morrer, nós complacentemente cruzaremos os braços e esperaremos para irmos ao céu junto com o irmão. Pararemos então.”

“Irmão”, disse ele, “se a sua idéia é essa, não entende a questão. Não se trata duma obra de homem. Não sou importante para esta obra. A luz está ficando mais clara. Há uma grande obra à frente”.

Eu estava errado a respeito de cruzarmos os braços e pararmos quando ele morresse. A obra continuou, e, com o passar do tempo, começamos a trabalhar mais àrduamente do que nunca. O âmbito da obra do povo de Jeová, atualmente, prova quão errado estava eu. Certamente, não se trata duma obra de homem.

Depois de esboçar a obra à frente, o irmão Russell disse: “Bem, o que desejo é alguém que venha aliviar-me da responsabilidade. Ainda dirigirei a obra, não posso, porém, cuidar dela como fiz no passado.” Assim consideramos várias pessoas. Por fim, quando fui embora e ia passando por uma porta corrediça para o corredor, ele disse: “Espere um minuto. Vá ao seu quarto e fale com o Senhor sobre este assunto, volte e me diga se o irmão Macmillan aceitará tal cargo.” Fechou a porta sem que eu dissesse mais nada. Bem, penso que fiquei ali parado, um tanto tonto. O que poderia fazer para auxiliar o irmão Russell nesta obra? Isso exigia um homem que tivesse algumas habilidades comerciais, e tudo o que eu sabia era pregar religião. No entanto, meditei no assunto e voltei mais tarde e lhe disse: “Irmão, farei qualquer coisa que puder. Não importo onde é que me coloque.” Assim, ele me designou como encarregado ao viajar para a Califórnia, de onde jamais voltou.

Na terça-feira, 31 de outubro de 1916, o irmão Russell morreu ao viajar de trem para Pampa, Texas, EUA. Que choque foi isso! Quando li o telegrama a respeito de sua morte à família de Betel, no café da manhã do dia seguinte, houve soluços por toda a sala de jantar. Bem, prosseguimos da melhor maneira que pudemos, não sabendo o que fazer. Tentei explicar-lhes a respeito da grande obra à frente, mas disseram: “Quem irá cuidar dela?”

ELEITO UM NOVO PRESIDENTE

Bem, formamos uma comissão, uma comissão executiva: O tesoureiro, o vice-presidente e eu, junto com o irmão Rutherford, que se tornou o responsável por ela. Esta comissão manteve as coisas andando até à eleição dos diretores, em janeiro de 1917. A pergunta quanto a quem seria colocado no cargo de presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) surgiu então. O irmão Van Amburgh veio até mim certo dia e disse: “Irmão, o que acha disso tudo?” Respondi: “Só há uma pessoa, quer goste quer não. Só há um homem que pode assumir esta obra agora, e ele é o irmão Rutherford.” Êle me segurou na mão e disse: “Estou com o irmão.” O irmão Rutherford não sabia o que estava acontecendo. Não fez campanha para obter votos. Quando chegou a eleição, foi eleito presidente, e continuou como tal até sua morte em 8 de janeiro de 1942.

Encontrei o irmão Rutherford pela primeira vez em 1905, quando eu e o irmão Russell viajamos pelos Estados Unidos. Em Kansas City os irmãos preparavam-se para nos recepcionar. Pediram ao Juiz Rutherford em Missouri que viesse e os ajudasse. Tudo que sabiam sobre ele era que possuía os Estudos das Escrituras. Ele veio e recepcionou o irmão Russell e eu, e, como resultado, tornamo-nos bem familiarizados com ele. Um pouco mais tarde, eu viajava de novo por ali, e parei para visitar o Juiz Rutherford por um ou dois dias. Por ter ele servido durante algum tempo como juiz especial no Décimo Quarto Distrito Judicial de Missouri, EUA, era chamado comumente de “Juiz”. Assim, eu lhe disse: “Juiz, o senhor devia pregar a verdade aqui.”

“Eu não sou pregador”, disse. “Eu sou advogado.”

“Bem, então, Juiz”, respondi-lhe, “vou mostrar o que o senhor pode fazer. O senhor vai, pega um exemplar da Bíblia Sagrada e reúne um pequeno grupo de pessoas, e lhes ensina a respeito da vida, da morte e do além. Mostre-lhes de onde obtivemos nossa vida, por que viemos a estar sob a condição da morte e o que é a morte. Use as Escrituras como testemunha, e então termine tudo dizendo: ‘Nelas tenho cumprido tudo como eu disse’, assim como diria a um júri num julgamento, e faça a conclusão”.

“Isso não me parece muito difícil”, disse ele.

Havia um homem de cor que trabalhava numa pequena fazenda próxima de sua cidade, perto dos limites da cidade. Cerca de quinze ou vinte pessoas de cor estavam ali, e ele se dirigiu até lá para lhes dar um sermão sobre “A Vida, a Morte e o Além”. Enquanto falava, ficavam dizendo: “Louvado seja Deus, Juiz! Onde aprendeu tudo isso?” Ele passou momentos de muita felicidade. Esse foi o primeiro discurso bíblico que já havia proferido. Como presidente da Sociedade deu muitos mais perante o mundo, pelo rádio.

Apenas pouco tempo depois, em 1906, tive o privilégio de batizá-lo em Saint Paul, Minnesota, EUA. Era uma das 144 pessoas que batizei pessoalmente em água naquele dia. Portanto, quando se tornou presidente da Sociedade, fiquei especialmente contente.

PRISÃO

Em 1918 vim a encarar verdadeira dificuldade. O Departamento de Justiça caiu sobre nós e arrastou oito de nós para a prisão da Rua Raymond em Brooklyn. Pagamos a fiança e esperamos nosso julgamento. A acusação contra nós era de violar a Lei Contra a Espionagem de 15 de junho de 1917. Por causa de nossa obra educativa bíblica, fomos acusados de conspirar para impedir que os Estados Unidos criassem um exército.

Durante o julgamento, o governo disse que se uma pessoa ficasse numa esquina de rua e repetisse a oração do Pai Nosso coro a intenção de desanimar os homens de se alistar no exército, poderia ser enviado à penitenciária. Assim, o leitor pode ver quão fácil era para eles julgar a intenção. Achavam que podiam dizer o que uma outra pessoa pensava, e assim agiram contra nós nessa base, muito embora testificássemos que jamais, em tempo algum, conspiramos fazer algo, de nenhuma forma, que influísse no recrutamento e jamais encorajamos alguém a opor-se a ele. Nada disso adiantou. Certos líderes religiosos da cristandade e seus aliados políticos estavam determinados a nos liquidar. A promotoria, com o consentimento do Juiz Howe visava a condenação, insistindo que nosso motivo era irrelevante e que se podia deduzir a intenção pelos nossos atos. Fui condenado unicamente à base de que contra-assinei um cheque cujo propósito não pôde ser determinado, e que assinei uma declaração de fatos que foi lida pelo irmão Rutherford numa reunião da diretoria. Mesmo assim, não podiam provar que era minha assinatura. A injustiça disso nos ajudou mais tarde em nosso recurso.

Fomos injustamente sentenciados a oitenta anos na penitenciária. Todas as sentenças eram por quatro razões, vinte anos para cada uma, a decorrer paralelamente. Isto significava que permaneceria na penitenciária de Atlanta, EUA, por vinte anos. O juiz eivado de preconceitos nos negou a fiança enquanto se apresentara recurso no nosso caso. Assim, tivemos de ir para a prisão. Nove meses depois, sob a orientação do Ministro do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, Louis D. Brandeis, nossos advogados de novo recorreram ao Tribunal Regional de Recursos em Nova Iorque para conseguir nosso livramento sob fiança. Foi-nos concedido em 21 de março de 1919, e, daí, em 14 de maio de 1919, o tribunal anulou a decisão do tribunal de instância inferior. Em seu voto, o Desembargador Ward afirmou: “Os réus neste caso não tiveram o julgamento temperado e imparcial a que tinham direito e, por este motivo, a decisão foi anulada.” O esforço de nossos inimigos de forjar o mal por meio de lei não teve êxito em nos afastar durante vinte anos ou em destruir a obra do Senhor.

Ao entrarmos na penitenciária de Atlanta, EUA, o vice-diretor nos disse: “Os senhores vão ficar por muito tempo nesta prisão. Nós lhes vamos dar algum trabalho a fazer. Bem, o que sabem fazer?”

Eu lhe disse: “Nunca fiz nada na minha vida senão pregar. Será que há alguma coisa aqui neste sentido?”

“Não senhor!” — disse ele. “É por isso que estão aqui, e eu lhe digo agora mesmo que não vai fazer nenhuma pregação aqui.”

Bem, depois de algum tempo começaram uma turma de escola dominical e agruparam diferentes presidiários. Foi-me dada uma turma de prisioneiros judeus, cerca de quinze, e o irmão Rutherford tinha sua classe. Cada um de nós tinha uma. A turma seguia as lições da Revista Trimestral da Escola Dominical. Nossas lições começaram com Abraão, as promessas feitas a ele e a Isaque e a Jacó, e por ali assim. Isso era ótimo para mim. Certo dia eu me encontrei com o vice-diretor no campo e ele disse: “Macmillan, tais lições que está dando são maravilhosas. Eu tenho assistido a elas e acho que, com o tempo, vai levar todos aqueles judeus para a Terra Prometida.”

“Bem”, disse eu, “quando cheguei o senhor me disse que não deveria fazer nenhuma pregação”.

“Oh, esqueça-se disso”, disse ele.

Daí, então, veio a gripe espanhola e foi descontinuada a nossa escola dominical. Mas, antes de irmos embora da prisão, o irmão Rutherford falou ã turma durante três quartos de hora. Havia várias autoridades penitenciárias ali presentes, e muitos dos homens deixaram que as lágrimas rolassem em suas faces. Ficaram profundamente impressionados. Deixamos ali um pequeno grupo que permaneceu fiel.

Outro incidente de interesse que ocorreu na prisão foi a respeito da reeleição dos diretores da Sociedade. Quando chegou o dia, o irmão Rutherford demonstrou preocupação a respeito de as pessoas desgostosas na organização, que haviam ajudado nossos inimigos religiosos e políticos a nos lançar na prisão, tentarem apossar-se da Sociedade e destruí-la. Disse-lhe que, visto que não podíamos estar presentes para influenciar a eleição pela nossa presença, esta seria uma oportunidade para o Senhor demonstrar quem desejava que fosse o presidente da Sociedade.

Na manhã seguinte, deu umas pancadinhas na parede da cela e disse: “Meta a mão para fora.” Quando fiz isso, entregou-me um telegrama que dizia que fora reeleito presidente. Mais tarde naquele dia, disse-me: “Desejo dizer-lhe algo. O irmão fez uma observação, ontem, que está remoendo na minha mente a respeito de sermos postos no lugar do irmão Russell e de termos influenciado a eleição se estivéssemos em Pittsburgh e de o Senhor ter a oportunidade de mostrar a quem desejava. Ora, irmão, se eu chegar a sair daqui, pela graça de Deus, vou acabar de uma vez por todas com esse negócio de adoração de criaturas. Ainda mais, vou pegar a adaga da verdade e vou desentranhar a antiga Babilônia. Eles nos meteram aqui, mas nós sairemos.” Desde o tempo de sua libertação até à sua morte, cumpriu sua promessa por expor a iniqüidade de Babilônia, a Grande, o império mundial da religião falsa.

A experiência da prisão e o tempo de provas que tivemos com certas pessoas que procuravam promover a si mesmas, e que se desviaram da organização e nos causaram dificuldades, não enfraqueceram minha fé. Minha fé se tornava mais forte a todo o tempo, porque sabia, mediante a Bíblia, que os seguidores de Cristo enfrentariam dificuldades e tribulações. Sabia que o Diabo tentava interferir com a obra do Senhor, mas não conseguiu pará-la. Assim, as tribulações que vieram sobre nós e o ódio que nos foi demonstrado pelas pessoas que certa vez foram nossos irmãos não me deixaram perturbado. Isto era de se esperar. Não abalou minha fé na verdade e na organização de Jeová.

VIAGENS

Tem sido meu privilégio viajar bastante em serviço da Sociedade de modo a incentivar os irmãos e estimular o interesse nas verdades da Palavra de Deus. Em 12 de agosto de 1920, fui com o irmão Rutherford e outros da Sociedade à Europa, a bordo do S. S. Imperator. Era sábado de tarde, 21 de agosto, quando chegamos à Inglaterra. Viajamos pela Inglaterra, proferindo discursos em vários salões que ficaram superlotados. Cinco anos depois, em 1925, fui com ele à Europa em outra viagem, ocasião em que visitei os irmãos na Polônia.

Por causa do nosso interesse em levar as boas novas do reino de Deus aos judeus, tive o prazer de fazer uma viagem especial ao que era então chamado de Palestina, partindo no navio President Arthur em 12 de março de 1925. Ali pude falar a respeito dos propósitos de Deus e visitar os lugares em que Jesus pregara.

Com o passar dos anos, viajei muito nos Estados Unidos a serviço da Sociedade. Por algum tempo, tive um circuito de vinte e uma prisões para visitar, durante a Segunda Guerra Mundial. Viajando quase 21.000 quilômetros no circuito, visitei-os de seis em seis semanas para incentivar nossos irmãos que estavam presos ali por causa de sua recusa de violar sua neutralidade cristã. Foi uma tarefa cansativa, mas as alegrias que me trouxe mais do que compensaram as inconveniências que passei.

DESDE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Durante os vinte anos passados, tenho tido o prazer de trabalhar com o terceiro presidente da Sociedade, irmão Knorr. Infelizmente, os anos avançados diminuíram a quantidade de trabalho que posso fazer. Antes de começar a visitar as prisões, empenhei-me por diversos anos no trabalho de pioneiro, tornando-me pioneiro especial em 1941. Depois de o irmão Knorr se tornar presidente em 1942, comecei a visitar as prisões e daí, em 1947, tornei-me servo de distrito. Voltei para Betel em 1948, e comecei a fazer programas na WBBR, a estação de rádio da Sociedade, em dezembro daquele ano. Tinha um programa diário em que considerava certo trecho da Bíblia com uma moça, que se apresentava como minha sobrinha. Consideramos a Bíblia inteira, versículo por versículo.

Tem sido verdadeira prova para mim, nos anos recentes, não poder ser tão ativo na obra do Senhor como era, embora ainda seja regular em assistir às reuniões. Tenho uma luta constante contra o desânimo. Por causa dos meus problemas físicos, parece às vezes que o Diabo me está tentando provar como fez com Jó. Mas, eu sei que tenho de apegar-me à minha integridade, assim como Jó fez, até o fim. Tem sido duro para mim ver os outros que estavam comigo na penitenciária de Atlanta receberem sua recompensa celeste enquanto que eu fico para trás. Sou o último daquele grupo.

Com noventa anos, posso rememorar minha vida e dizer que não escolheria outra ocupação se a pudesse viver novamente. Ao invés, trabalharia mais e com maior diligência.

Com o passar dos anos, tenho passado por muitas provações e tive de fazer vários ajustes em meu entendimento da Palavra de Deus, mas nunca vi motivo para permitir que tais coisas perturbassem minha fé. Tais ajustes são necessários no crescimento espiritual do cristão, à medida que Deus permite que mais luz seja derramada sobre sua Palavra, com o passar do tempo. Quaisquer mudanças de conceitos que foram feitas não alteraram tais verdades fundamentais como o resgate, a ressurreição dos mortos e a promessa de vida eterna dada por Deus. Não alteraram a certeza das promessas de Deus, que se acham meridianamente registradas na Sua Palavra. Portanto, a minha fé é tão forte atualmente como era antes.

Embora meu desejo constantemente seja de estar no serviço de Deus, houve épocas provadoras em que precisei de encorajamento. Um texto que me dá tal encorajamento é o escrito pelo nosso amado irmão Paulo em Filipenses 4:6, 7: “Não estejais ansiosos de coisa alguma, mas em tudo, por oração e súplica, junto com agradecimento, fazei conhecer as vossas petições a Deus; e a paz de Deus, que excede todo pensamento, guardará os vossos corações e as vossas faculdades mentais por meio de Cristo Jesus.” Tem sido minha experiência que só podemos ter paz quando contamos com Deus e confiamos nele e em sua Palavra.

Quando considero a grande obra que o povo de Deus faz hoje, descubro novo significado no Salmo 110:3, que diz: “Terás a tua companhia de homens jovens exatamente como gotas de orvalho.” O povo de Deus é comparável às gotas refrescantes do orvalho que nutrem brandamente a terra seca, ao ensinar as verdades de Deus em freqüentes visitas. Os evangelistas que tenho conhecido, por outro lado, são como chuva torrencial sobre a terra seca, que prontamente escorre, deixando a terra seca de novo. Inundam uma comunidade e então partem.

A maravilhosa expansão que tenho visto na organização de Jeová e a pregação mundial das boas novas do Reino, que eu vejo ser feita hoje em dia, trazem a um maravilhoso clímax meus próprios anos de pregação. Tem sido um privilégio trabalhar com os três presidentes da Sociedade e ter parte nesta expansão. Posso verdadeiramente apreciar agora a observação feita pelo irmão Russell em sua última conversa comigo, quando disse: ‘Irmão, não se trata duma obra de homem. Esta é de Deus.’ Fazer a obra de Deus durante os últimos sessenta e seis anos tem sido deveras o meu mais profundo deleite.

Em 26 de agosto, em fins da tarde, o irmão Macmillan terminou sua vida terrestre, com 89 anos de idade. Desde 1900 esteve ativo como servo dedicado de Jeová Deus, e, durante os últimos sessenta e cinco anos, devotou seu tempo integral ao serviço de Jeová. Em 1918 foi um dos oito membros principais da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA) que foram Injustamente sentenciados a longos termos na penitenciária federal em Atlanta, Geórgia, EUA, vindo a ser absolvidos e libertos no ano seguinte. Era o último sobrevivente daquele grupo de oito. Nos anos recentes, durante a Segunda Guerra Mundial, visitou e fortaleceu espiritualmente a outros que haviam sido similarmente encarcerados por causa de sua posição como pessoas cristãs neutras. Os ofícios fúnebres do irmão Macmillan, realizados às 15 horas de 29 de agosto, foram dirigidos pelo presidente da Sociedade, N. H. Knorr, e dai os restos terrestres do irmão Macmillan foram sepultados num cemitério particular da família de Betel de Brooklyn em Woodrow Road, Staten Island, Nova Iorque, EUA. O irmão Macmillan tinha firme fé de que o crédito do serviço fiel dos ungidos para o reino celeste junto com Cristo ‘os acompanharia’, porque continuariam no serviço de seu Mestre, mas agora no domínio celeste. (Rev. 14:13) Regozijamo-nos com o irmão Macmillan em sua obtenção de tal recompensa.

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