Somente quem é leal?
A informação contida neste e nos dois artigos de estudo que se seguem foi apresentada no dia de abertura da Assembléia de Distrito “Lealdade ao Reino” das Testemunhas de Jeová. A essas assembléias cristãs, realizadas nos hemisférios norte e sul a partir de meados de 1981 até o início de 1982, estiveram presentes 3.028.796 pessoas, sendo 33.627 batizadas. É oportuno recapitularmos aqui esse excelente alimento espiritual que nos foi servido naquela ocasião.
AQUELE que mais se destaca em todo o universo pela qualidade da lealdade é o próprio Criador! Dele provém esta qualidade existente em todas as suas criaturas inteligentes. Aqueles que dão grande valor à lealdade podem recorrer a Ele em busca de lealdade em tempos de necessidade. Neste respeito, sem ser presunçoso, o servo do patriarca Abraão, antepassado de reis, apelou para Jeová, como o Deus de seu amo, para que demonstrasse seu amor leal. (Gênesis 24:14) Um descendente de Abraão, Davi, enquanto ainda estava esperando o reinado sobre Israel, falou sobre a sua própria experiência e disse num salmo dirigido a Jeová: “Com alguém leal agirás com lealdade.” (2 Samuel 22:26; Salmo 18:25) Também o profeta Moisés, que representava o Rei celestial, Jeová, na nação de Israel, magnificou a qualidade da lealdade a Jeová Deus, quando abençoou a tribo sacerdotal de Levi e disse:
“Teu Tumim e teu Urim pertencem ao homem [Levi] que te é leal, a quem puseste à prova em Massá. Começaste a contender com ele junto às águas de Meribá, o homem que disse a seu pai e à sua mãe: ‘Não o vi.’ Não reconheceu nem seus irmãos, e não conheceu seus filhos. Pois [os levitas] guardaram a tua declaração, e continuaram a observar teu pacto.” — Deuteronômio 33:4, 5, 8, 9.
O profeta Moisés poderia ter participado sem hesitação em entoar um cântico composto mais de 1.600 anos depois, intitulado “o cântico de Moisés, o escravo de Deus, e o cântico do Cordeiro [Jesus Cristo]”, cujas palavras são: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Jeová Deus, o Todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, Rei da eternidade. Quem realmente não te temerá, Jeová, e glorificará o teu nome, porque só tu és leal? Pois virão todas as nações e adorarão perante ti, porque os teus justos decretos foram manifestos.” — Revelação 15:1-4.
O salmista Davi avaliou essas qualidades divinas do mesmo modo, porque escreveu: “Jeová é justo em todos os seus caminhos e leal em todos os seus trabalhos.” (Salmo 145:17) Jeová, como Juiz Supremo, tratará do caso dos que o adoram e servem, assim como se relata que um anjo lhe disse: “Tu, Aquele que é e que era, Aquele que é leal, és justo, porque fizeste estas decisões.” — Revelação 16:4, 5.
Na linguagem do profeta Moisés e do salmista Davi, a palavra hebraica para lealdade, de que estamos tratando, contém a idéia de benignidade, de benevolência. Alguns tradutores da Bíblia preferem verter a palavra hebraica (hhésed) por “benevolência”. É a maneira benigna de encarar os assuntos, quando consideramos a lealdade como sendo benignidade, como sendo algo que toma em consideração certas coisas que não devem ser passadas por alto, de modo que a lealdade não e algo frio, algo que se baseia apenas em lei ou justiça. É uma qualidade pessoal motivada por amor e apreço.
Lembremo-nos de como certo governante da terra de Canaã notou que o verdadeiro Deus estava com Abraão, o qual peregrinava por lá, e por isso chegou-se a Abraão e disse: “Jura-me agora aqui por Deus que não te mostrarás falso para comigo e para com a minha progênie e minha posteridade; que, segundo o amor leal de que usei para contigo, tu trataras comigo e com a terra em que tens residido como forasteiro.” (Gênesis 21:22, 23) Recordamos também que, quando Abraão, posteriormente, enviou seu servo Eliézer para conseguir uma esposa para o seu amado filho Isaque, este servo orou a Jeová Deus e disse: “Esta [moça que descrevi] é a que tens de determinar ao teu servo, a Isaque; e deste modo deixa-me saber que usaste de amor leal para com o meu amo.” — Gênesis 24:14.
LEALDADE A QUÊ?
O patriarca Abraão cumpriu o que jurou fazer para com aquele governante da terra de Canaã, e Jeová Deus realizou o que o servo de Abraão, Eliézer, lhe pediu em oração, provendo a esposa certa para Isaque. Todavia, acima de tudo, a que é que o Deus Altíssimo, Jeová, é leal? É ao seu reino, ao seu próprio reinado, porque ele é legitimamente o Soberano sobre todo o universo que criou. Não pode negar a si mesmo quanto ao que realmente é. Em cumprimento de seu inalterável pacto feito com Abraão, ele se tornou Rei sobre a linhagem especial de descendentes de Abraão, a nação de Israel, particularmente quando Deus os libertou da escravidão na terra do Egito e os levou à Terra da Promessa, em 1467 A.E.C. Daí, por 350 anos, Jeová proveu-lhes seus representantes visíveis na forma de juízes, até os dias do juiz Samuel. Quando a mãe deste, Ana, o apresentou para o serviço sagrado de Deus no santo tabernáculo em Silo, ela proferiu uma profecia que indicava um futuro rei visível para a nação de Israel, dizendo: “O próprio Jeová julgará os confins da terra, para dar força ao seu rei, para exaltar o chifre do seu ungido.” — 1 Samuel 2:10.
Durante aqueles dias do juiz Samuel, os israelitas pediram uma mudança do governo que os regia. Exigiram do juiz Samuel: “Dá-nos deveras um rei para nos julgar.” Isto desagradou não somente a Samuel, mas também a Jeová Deus. Ele disse a Samuel: “Não é a ti que rejeitaram [como juiz], mas é a mim que rejeitaram como rei sobre eles.” (1 Samuel 8:1-7) Deus concedeu-lhes um rei humano, visível, Saul, filho de Quis. Todavia, não renunciou à sua soberania sobre eles. Segundo o seu propósito pactuado, Deus mostrou-se leal ao seu reinado celestial, invisível, sobre o seu povo escolhido. O segundo rei humano deles foi o ex-pastor Davi, filho de Jessé, da cidade de Belém, da Judéia.
Como veio à tona a questão da lealdade durante o reinado de Davi? Que prefigurou isso? E como é que a questão da lealdade nos atinge hoje em dia? O artigo que se segue responderá a essas perguntas.