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  • “O amor nunca falha”
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1995
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  • Oposição clerical
  • Nossa atividade de pregação
  • Os anos de guerra
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1995
w95 1/9 pp. 22-26

“O amor nunca falha”

CONFORME NARRADO POR SAMUEL D. LADESUYI

Quando recordo os anos passados e vejo tudo o que foi realizado, fico espantado! Jeová tem feito coisas maravilhosas em toda a terra. Em Ilesha, na Nigéria, os poucos de nós que começamos a pregar em 1931 tornaram-se 36 congregações. As aproximadamente 4.000 pessoas que pregavam na Nigéria, em 1947, quando chegaram os primeiros missionários da Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia, aumentaram para mais de 180.000. No começo, não esperávamos, nem sonhávamos, que houvesse tal expansão. Como sou grato a Jeová de ter tido parte nesta obra maravilhosa! Vou contar a história.

MEU pai era vendedor de armas e de munições, indo de cidade em cidade; raras vezes estava em casa. Que eu saiba, ele tinha sete esposas, mas nem todas moravam com ele. Meu pai herdou minha mãe do irmão dele, quando este faleceu. Ela tornou-se sua segunda esposa, e eu morava com ela.

Certo dia, papai veio para casa depois de visitar sua primeira esposa, que morava numa aldeia vizinha. Enquanto esteve ali, soube que meu meio-irmão freqüentava a escola. Meu meio-irmão tinha dez anos de idade, assim como eu. De modo que papai decidiu que eu também tinha de ir à escola. Ele me deu nove pence — três para um livro de escola e seis para uma lousa. Isto foi em 1924.

Forma-se um grupo de estudo bíblico

Desde a infância, eu amava a Palavra de Deus, a Bíblia. Gostava das aulas bíblicas na escola e sempre era elogiado pelos meus instrutores na escola dominical. Assim, em 1930, fiquei contente com a oportunidade de ouvir uma conferência proferida por um Estudante da Bíblia visitante, um dos primeiros a pregar em Ilesha. Depois da conferência, ele deixou comigo um exemplar do livro A Harpa de Deus na língua ioruba.

Eu havia freqüentado a escola dominical e depois disso passei a levar comigo A Harpa de Deus e a usá-lo para refutar algumas das doutrinas ensinadas ali. Isso resultou em discussões, e eu era freqüentemente advertido pelos líderes da igreja para não seguir este ‘novo ensino’.

No ano seguinte, encontrei na rua um grupo de pessoas que escutavam um homem discursando. O orador era J. I. Owenpa, Estudante da Bíblia. Ele fora mandado ali por William R. Brown (muitas vezes chamado de Bíblia Brown), que supervisionava a pregação do Reino desde Lagos.a Fiquei sabendo que se formara em Ilesha um pequeno grupo de estudo bíblico para estudar A Harpa de Deus, de modo que comecei a participar dele.

Eu era o mais jovem do grupo — apenas um escolar de uns 16 anos de idade. Era de esperar que eu me sentisse constrangido, mesmo receoso, de associar-me tão de perto com homens de 30 ou mais anos de idade. Mas eles tinham muito prazer na minha companhia e incentivavam-me. Eram como pais para mim.

Oposição clerical

Logo começamos a enfrentar forte oposição da parte dos clérigos. Católicos, anglicanos e outros, que antes brigavam entre si, uniram-se então contra nós. Conspiraram com os chefes locais, a fim de tomar medidas para nos desanimar. Mandaram a polícia confiscar nossos livros, alegando que eram prejudiciais para o povo. No entanto, o chefe de polícia distrital advertiu que eles não tinham direito de apoderar-se dos livros, e duas semanas depois estes nos foram devolvidos.

Depois disso, fomos convocados para uma reunião em que nos encontramos com o oba, ou chefe supremo, junto com outras pessoas de destaque da cidade. Na época, nós éramos uns 30. A idéia era fazer-nos parar de ler os livros “perigosos”. Perguntaram se éramos de outra localidade, mas, após olharem bem as nossas feições, disseram: “Estes são nossos filhos, embora haja alguns de outra localidade entre eles.” Disseram-nos que não queriam que continuássemos a estudar os livros duma religião que nos ia prejudicar.

Voltamos para casa sem responder nada, pois tínhamos decidido não dar atenção a essas pessoas de destaque. A maioria de nós estava muito feliz com o que tinha aprendido e estava decidida a continuar a estudar. Portanto, embora alguns ficassem intimidados e se retirassem do nosso grupo, a maioria continuou com o estudo numa carpintaria. Não tínhamos dirigente. Começávamos com oração, e depois simplesmente nos revezávamos em ler os parágrafos do livro. Depois de cerca de uma hora, orávamos novamente e então íamos para casa. Mas, estávamos sendo vigiados e os chefes e os líderes religiosos continuaram a convocar-nos de duas em duas semanas e a advertir-nos que não estudássemos as publicações dos Estudantes da Bíblia.

No ínterim, procurávamos usar nosso conhecimento limitado para ajudar outros, e muitos concordavam conosco. Um a um iam se juntando a nós. Isso nos deixou muito felizes, mas ainda não sabíamos muito sobre a religião com que nos associávamos.

No começo de 1932, chegou de Lagos um irmão para ajudar a nos organizar, e, em abril, veio também o Bíblia Brown. Notando que havia um grupo de cerca de 30 pessoas, o irmão Brown quis saber como ia a nossa leitura. Contamos-lhe tudo o que tínhamos aprendido. Ele disse que estávamos prontos para ser batizados.

Visto que era a estação do estio, tivemos de viajar até um rio a 14 quilômetros de distância de Ilesha, e cerca de 30 de nós fomos batizados. A partir de então, nós passamos a nos considerar habilitados como pregadores do Reino e começamos a ir de casa em casa. Não tínhamos previsto isso, mas estávamos então ansiosos de transmitir a outros o que sabíamos. Tínhamos de preparar-nos bem, a fim de saber usar a Bíblia para refutar as doutrinas falsas que encontrávamos. Assim, nas nossas reuniões, costumávamos discutir as doutrinas, ajudando-nos uns aos outros com o que sabíamos.

Nossa atividade de pregação

Cobrimos a comunidade com a nossa pregação. As pessoas zombavam de nós e gritavam contra nós, mas isso não nos incomodava. Tínhamos muita alegria por ter a verdade, embora ainda houvesse muito para aprender.

Todo domingo íamos de casa em casa. As pessoas faziam perguntas, e nós tentávamos respondê-las. Nas noitinhas de domingo proferíamos um discurso público. Não tínhamos Salão do Reino, de modo que realizávamos as reuniões ao ar livre. Reuníamos as pessoas, proferíamos um discurso e as incentivávamos a fazer perguntas. Às vezes, pregávamos nas igrejas.

Viajávamos também a regiões em que as pessoas nunca tinham ouvido falar das Testemunhas de Jeová. Na maioria das vezes, íamos de bicicleta, e às vezes alugávamos um ônibus. Chegando a um povoado, tocávamos alto a buzina. Todo o povoado podia nos ouvir! As pessoas vinham correndo para saber o que estava acontecendo. Transmitíamos então a nossa mensagem. Quando terminávamos as pessoas se apinhavam para obter exemplares de nossas publicações. Colocávamos enormes quantidades delas.

Esperávamos ansiosamente a vinda do Reino de Deus. Lembro-me de que, quando recebemos o Anuário de 1935, um irmão, ao ver a programação da consideração dos textos diários para o ano todo, perguntou: “Será que isso significa que vamos completar mais um ano antes de vir o Armagedom?”

Em resposta, o dirigente perguntou: “Irmão, acha que, se o Armagedom viesse amanhã, nós íamos deixar de ler o Anuário?” Quando o irmão respondeu que não, o dirigente disse: “Então, por que se preocupa com isso?” Estávamos, e ainda estamos, ansiosos de que chegue o dia de Jeová.

Os anos de guerra

Durante a Segunda Guerra Mundial, a importação de nossos livros foi proscrita. Um irmão, em Ilesha, inadvertidamente apresentou o livro Riquezas a um policial. O policial perguntou: “De quem é este livro?” O irmão respondeu que era dele. O policial disse que era um livro proibido, levou-o ao posto policial e o prendeu.

Eu fui ao posto policial e, depois de algumas perguntas, paguei fiança pelo irmão. Depois telefonei para o irmão Brown em Lagos, para informá-lo do que tinha acontecido. Perguntei também se havia alguma lei que proibia a distribuição de nossos livros. O irmão Brown me disse que somente a importação, não a distribuição, de nossos livros estava proibida. Três dias depois, o irmão Brown mandou um irmão de Lagos para ver o que estava acontecendo. O irmão decidiu que todos nós devíamos sair na pregação no dia seguinte, levando revistas e livros.

Espalhamo-nos em diversas direções. Depois de cerca de uma hora, soube que a maioria dos irmãos tinha sido presa. Portanto, o irmão visitante e eu fomos à delegacia. A polícia negou-se a aceitar nossa explicação, de que os livros não estavam proibidos.

Os 33 irmãos presos foram enviados ao Tribunal Superior em Ife, e eu os acompanhei. Os habitantes da cidade que nos viram ser levados embora, gritaram: “É o fim desta gente. Não mais voltarão para cá.”

A acusação foi apresentada ao juiz superior, um nigeriano. Mostraram-se todos os livros e revistas. Ele perguntou quem autorizara o chefe de polícia a prender essa gente. O chefe de polícia respondeu que agira segundo instruções do chefe distrital. O juiz superior convocou à sua sala o chefe de polícia e quatro de nossos representantes, inclusive eu.

Perguntou quem era o Sr. Brown. Dissemos-lhe que era o representante da Sociedade Torre de Vigia em Lagos. Ele nos disse então que, naquele dia, tinha recebido um telegrama do Sr. Brown a nosso respeito. Suspendeu o caso naquele dia e concedeu fiança aos irmãos. No dia seguinte, ele dispensou os irmãos e ordenou que a polícia devolvesse os livros.

Voltamos a Ilesha cantando. De novo as pessoas começaram a gritar, mas esta vez disseram: “Lá vêm eles de novo!”

Esclarecidas as normas de Jeová para o casamento

Foi em 1947 que os primeiros três formados em Gileade chegaram à Nigéria. Um desses irmãos, Tony Attwood, ainda está aqui, servindo no Betel da Nigéria. Desde aquele tempo, temos visto grandes mudanças na organização de Jeová na Nigéria. Uma delas foi a respeito do nosso conceito sobre a poligamia.

Casei-me com Olabisi Fashugba, em fevereiro de 1941, e tinha conhecimento suficiente para compreender que era errado tomar outras esposas. Mas, até 1947, ano em que chegaram os missionários, a poligamia era comum nas congregações. Os irmãos polígamos foram informados de que se tinham casado com mais de uma esposa sem saber que era errado. Portanto, se eles tinham duas, três, quatro ou cinco esposas, podiam continuar com elas, mas não deviam tomar mais nenhuma. Esta era a orientação que tínhamos.

Muitos estavam ansiosos de se juntar a nós, especialmente a Sociedade Querubins e Serafins em Ilesha. Diziam que as Testemunhas de Jeová eram os únicos que ensinavam a verdade. Concordavam com os nossos ensinos e queriam converter suas igrejas em Salões do Reino. Nós trabalhávamos arduamente para realizar isso. Até mesmo tínhamos centros para treinar seus anciãos.

Veio então uma nova orientação sobre a poligamia. Um dos missionários proferiu um discurso numa assembléia de circuito em 1947. Falou sobre boa conduta e bons hábitos. Citou então 1 Coríntios 6:9, 10, que diz que os injustos não herdarão o Reino de Deus. Daí, acrescentou: “E os polígamos não herdarão o Reino de Deus!” Pessoas na assistência gritaram: “Os polígamos não herdarão o Reino de Deus!” Ocorreu uma divisão. Foi como uma guerra. Muitos dos recém-associados pararam de se associar conosco, dizendo: “Graças a Deus, não nos envolvemos muito com essa organização.”

A maioria dos irmãos, porém, começou a endireitar sua situação, dispensando as esposas. Deram-lhes dinheiro e disseram: ‘Se forem jovens, vão procurar outro marido. Eu cometi um engano ao casar-me com vocês. Agora tenho de ser marido de uma só esposa.’

Logo surgiu outro problema. Alguns, depois de decidir manter uma esposa e dispensar as outras, mudaram de idéia e decidiram que queriam tomar de volta uma das outras esposas e dispensar aquela com quem haviam ficado! Assim surgiram de novo dificuldades.

Recebemos mais orientação da sede em Brooklyn, baseada em Malaquias 2:14, que menciona “a esposa da tua mocidade”. A orientação era que o marido devia ficar com a primeira esposa com quem se casara. Foi assim que finalmente se resolveu a questão.

Privilégios de serviço

Em 1947, a Sociedade começou a fortalecer as congregações e a organizá-las em circuitos. Queria designar como ‘servos aos irmãos’, agora chamados superintendentes de circuito, irmãos maduros que haviam progredido em conhecimento. O irmão Brown perguntou-me se eu estava disposto a aceitar tal designação. Respondi que o motivo de ter sido batizado foi para fazer a vontade de Jeová, acrescentando: “Foi até o irmão mesmo quem me batizou. Tendo agora a oportunidade de servir a Jeová mais plenamente, acha que vou recusá-la?”

Em outubro daquele ano, sete de nós fomos chamados a Lagos e recebemos treinamento antes de ser enviados ao serviço de circuito. Naqueles dias, os circuitos eram enormes. O país inteiro estava dividido em apenas sete circuitos. Havia poucas congregações.

Nosso trabalho como servos aos irmãos era duro. Andávamos muitos quilômetros por dia, muitas vezes atravessando florestas tropicais, quentes e úmidas. Toda semana tínhamos de viajar de um povoado para outro. Havia ocasiões em que sentia que minhas pernas iam ceder. Às vezes pensava que estava morrendo! Mas havia também muita alegria, especialmente ao ver o número crescente de pessoas que aceitavam a verdade. Ora, em apenas sete anos, o número dos publicadores no país quadruplicou!

Continuei no serviço de circuito até 1955, quando me vi obrigado a voltar para Ilesha por razões de saúde, onde fui designado superintendente da cidade. Estar em casa habilitou-me a dedicar mais atenção a minha família e ajudá-la em sentido espiritual. Atualmente, meus seis filhos servem fielmente a Jeová.

O verdadeiro amor nunca falha

Quando me recordo dos anos passados, tenho muito a agradecer. Houve desapontamentos, preocupações e doenças, mas também houve muita alegria. Embora nosso conhecimento e entendimento tenham progredido com o decorrer dos anos, aprendi por experiência o significado de 1 Coríntios 13:8, que diz: “O amor nunca falha.” Quando se ama a Jeová e se continua firme no Seu serviço, ele ajuda a superar as dificuldades e abençoa ricamente.

A luz da verdade está ficando cada vez mais luminosa. Lá na época em que começamos, pensávamos que o Armagedom viria logo; era por isso que nos apressávamos a fazer o máximo possível. Mas, tudo resultou em nosso benefício. É por isso que concordo com as palavras do salmista: “Vou louvar a Jeová durante a minha vida. Vou entoar melodias ao meu Deus enquanto eu existir.” — Salmo 146:2.

[Nota(s) de rodapé]

a O irmão Brown era chamado de Bíblia Brown por seu costume de citar a Bíblia como autoridade absoluta. — Veja A Sentinela de 1.º de setembro de 1992, página 32.

[Foto na página 23]

Samuel com Milton Henschel, em 1955

[Foto na página 24]

Samuel com a esposa, Olabisi

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