Com a aproximação da calamidade mundial — ‘considere Jesus’

“Santos irmãos, . . . considerai o apóstolo e sumo sacerdote que confessamos — Jesus.” — HEBREUS 3:1.

1, 2. Que proveito podemos tirar duma antiga calamidade comemorada em Roma?

PODERÁ encontrar em Roma testemunho gráfico duma calamidade — uma calamidade que devia ter um grande impacto na sua vida. No antigo Foro Romano ergue-se o Arco de Tito, comemorando a captura e destruição de Jerusalém pelo general Tito, em 70 EC. Um alto-revelo no arco mostra judeus manietados e soldados romanos carregando despojos da cidade deles.

² Nós, como cristãos, podemos tirar proveito desta calamidade por examinar o conselho bíblico oportuno, evidentemente escrito uns nove anos antes daquela destruição. Está no livro bíblico de Hebreus, que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos hebreus em Jerusalém e na Judéia.

3. O que tornava difícil a situação dos cristãos hebreus em Jerusalém?

³ Nossos irmãos, lá naquele tempo, encontravam-se numa situação bem difícil. Embora a Judéia parecesse estar firmemente sob o controle de Roma, muitos dos judeus eram rebeldes. (Atos 5:36, 37) Imagine a pressão feroz que esses judeus devem ter exercido sobre os seguidores de Jesus, os quais, por ‘não fazerem parte do mundo’, não tomaram o partido dos judeus contra Roma. (João 17:16) Outro motivo da perseguição movida aos cristãos hebreus era o sentimento de superioridade dos judeus por terem sido escolhidos por Deus, incluídos no pacto da Lei e providos dum modo de adoração que envolvia sacerdotes levíticos e sacrifícios.

4. (a) Por que se pode dizer que Jesus havia aparecido na “terminação dos sistemas de coisas”? (b) O que predisse Jesus a respeito dessa terminação?

⁴ Entretanto, a época judaica — com seus sistemas de sacrifícios, sacerdotes, festividades e sábados — só terminou após a morte sacrificial do Messias. (Gálatas 3:24, 25; Colossenses 2:13-17) Paulo podia assim escrever que o Filho de Deus foi manifestado como homem “uma vez para sempre, na terminação dos sistemas de coisas”. (Hebreus 9:26; 1:2) Esta terminação se tornaria em pouco tempo inegavelmente clara com a destruição do templo. Quando Jesus predisse esta destruição, seus discípulos perguntaram: “Quando sucederão estas coisas?” (Mateus 23:37 a 24:3) Jesus respondeu que haveria guerras, escassez de víveres, terremotos, pestilências e uma extensiva pregação do Reino antes de vir o fim. (Mateus 24:4-14; Lucas 21:10, 11) Essas palavras cumpriram-se na geração que existiu entre o tempo em que Jesus proferiu esta profecia e a carta de Paulo aos hebreus. Cristo predisse também para Jerusalém uma ‘grande tribulação, tal como não havia ocorrido desde o princípio do mundo’. (Mateus 24:21) A tribulação destrutiva que sobreveio a Jerusalém em 70 EC não teve paralelo e não se repetiu naquela cidade. Contudo, foi apenas um cumprimento em miniatura. Por quê? Porque uma “grande tribulação” para toda a humanidade havia de ocorrer no futuro distante.

5. De que modo haverá ainda uma “grande tribulação” em escala maior?

⁵ Os fatos provam que as palavras proféticas de Jesus têm um cumprimento maior e mais amplo no tempo de sua “presença e da terminação do sistema de coisas”. (Mateus 24:3) O capítulo 6 de Revelação, escrito décadas depois da tribulação de Jerusalém, também predisse guerra, fome e doença. Envolveria muito mais do que a Judéia, porque Revelação disse que a guerra tiraria “da terra a paz”. (Revelação 6:4) Os acontecimentos globais desde a Primeira Guerra Mundial em 1914 a 1918 mostram que vivemos na terminação do atual sistema iníquo de coisas, que culminará na “grande tribulação”. Esta tribulação eliminará a iniqüidade de cima da terra, abrindo caminho para um Paraíso sob o domínio do Reino de Deus.

6. O que indica que o livro de Hebreus foi escrito pensando se no nosso tempo?

⁶ O livro de Hebreus aponta para o nosso tempo. Paulo escreveu nele que Cristo estava então no céu, “esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo dos seus pés”. (Hebreus 10:13) O livro fala também sobre o tempo em que Deus traz “novamente o seu Primogênito à terra habitada”. (Hebreus 1:6) Este tempo é agora! A evidência mostra que Cristo já recebeu o reinado e já agiu contra os inimigos de Deus no céu. (Revelação 12:7-12) Cristo já voltou sua atenção para a terra habitada, estando invisivelmente presente. Portanto, conforme Jesus predisse, dentro em pouco nos confrontaremos com a eliminação culminante dos inimigos de Deus de cima de nosso globo terrestre. Que conselho nos dá então Hebreus?

‘CONSIDERE JESUS’

7, 8. Por que enfoca Hebreus apropriadamente Jesus?

⁷ Paulo chama atenção especial para Jesus. Ele escreveu: “Ora, quanto às coisas que se discutem, este é o ponto principal: Nós temos um sumo sacerdote tal como este, e ele se assentou à direita do trono da Majestade nos céus.” (Hebreus 8:1) Por que era este conselho especialmente apropriado para os cristãos que viviam na terminação dum sistema de coisas?

⁸ Conceitos deturpados sobre Jesus já existem por muito tempo. Os judeus do primeiro século orgulhavam-se de ser descendentes de Abraão, praticar uma religião dada por meio de Moisés e ter sacerdotes da linhagem de Arão. De modo que talvez pensassem: ‘Este Jesus de Nazaré é apenas o filho dum carpinteiro galileu.’ Até mesmo acusaram o Filho de Deus de ser um samaritano endemoninhado. (João 7:52; 8:39-41, 48; 9:24, 28, 29) Portanto, Deus incentivou sabiamente os cristãos hebreus a ‘considerarem Jesus’, porque o conceito correto e equilibrado sobre o Filho de Deus e a relação com ele ajudariam esses cristãos a permanecer fiéis.

9. O que torna hoje apropriado o conselho de ‘considerar Jesus’, mas contra que perigo devemos precaver-nos?

⁹ O conselho divino em Hebreus também é útil para nós porque ainda prevalecem idéias falsas ou deturpadas sobre Cristo. Muitos, hoje em dia, em vez de rebaixarem Jesus, assim como fizeram os opositores judaicos, exageram o papel dele. As igrejas deles afirmam que Jesus é parte duma deidade trina e que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são co-iguais. Mas, quem é que recebe a maior parte da atenção deles? Jesus. Ele é posto em primeiro plano, e o Pai é empurrado para os bastidores. Isto constitui um desafio para os verdadeiros cristãos. Jesus disse, em João 14:28, que seu Pai era maior, e o Salmo 83:18 declara que “tu, cujo nome é Jeová, somente tu és o Altíssimo sobre toda a terra”. Mas não devemos reagir com exagero às idéias deturpadas sobre Jesus e inconscientemente minimizar a verdadeira posição dele. Assim como se deu com os cristãos hebreus, a avaliação equilibrada e exata de Jesus será de enorme valor ao passo que enfrentamos o futuro.

10. O que indica Hebreus sobre a posição de Jesus?

¹⁰ O livro de Hebreus começa por chamar a atenção para a posição superior de Cristo. Ele é agora um espírito glorificado, “a representação exata do . . . próprio ser” de Deus. Isto não significa que o Pai e o Filho sejam uma só pessoa ou um só deus, porque Hebreus 1:3 acrescenta que Jesus “assentou-se à direita da Majestade [”de Deus”, O Novo Testamento, Interconfessional] nas alturas”. Textos assim como Hebreus 2:10 e 5:5, 8, também indicam que Jeová é superior ao Filho. Todavia, Cristo tem agora “um nome [posição ou reputação] mais excelente do que o [dos anjos]”. — Hebreus 1:4.

11. (a) Como é Jesus Cristo tratado pelos anjos de Deus? (b) Como se deve entender Hebreus 1:6?

¹¹ Assim como os anjos fiéis, nós também precisamos reconhecer a posição enaltecida de Cristo. Hebreus 1:6, citando o Salmo 97:7 (segundo a Versão dos Setenta grega), diz: “Todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem.” Conforme outras versões vertem isso, os anjos ‘prostram-se’, ‘curvam-se diante de’ e ‘prestam homenagem’ ao Filho.a O texto circundante sugere que isso significa que até mesmo os anjos prestam homenagem a Jesus como o principal representante de Deus e Filho enaltecido. Reconhecem que ele foi “coroado de glória e de honra” e recebeu autoridade sobre a vindoura terra habitada. — Hebreus 2:5, 9.

12. Por que é importante que prestemos atenção às palavras de Jesus?

¹² Que influência deve ter isso sobre nós? Depois de mostrar a superioridade de Jesus sobre os anjos, Paulo disse: “É por isso que é necessário prestarmos mais do que a costumeira atenção às coisas ouvidas por nós, para que nunca nos desviemos.” (Hebreus 2:1) Conforme os cristãos hebreus sabiam, os judeus por muito tempo prestavam atenção à Palavra ou Lei de Deus, dada por meio de Moisés. É muito mais vital que nós prestemos atenção à orientação divina provida por meio de Jesus.

13. De que proveito é para os cristãos prestarem atenção a Jesus? Ilustre isso.

¹³ Para confirmar isso, lembre-se do que Jesus Cristo dissera sobre fugir quando Jerusalém fosse cercada por exércitos acampados. (Lucas 19:43, 44; 21:20-24) Os romanos cercaram a rebelde Jerusalém em 66 EC, mas depois se retiraram misteriosamente, o que foi aproveitado pelos cristãos para fugir. Terem prestado atenção a Jesus salvou-lhes a vida, quando os romanos voltaram, causando a calamidade em 70 EC. Aprendamos disso uma lição: Com a calamidade mundial tão iminente, pergunte-se: ‘Estou prestando detida atenção às palavras de Jesus? Por exemplo, indicam a quantidade de tempo que gasto com a recreação, minha atitude para com o meu emprego ou negócio, ou meu conceito sobre a educação secular que estou dando atenção às palavras de Jesus em Lucas 12:16-31?

14. (a) De que maneira é Jesus o “Agente Principal da salvação”? (b) Em que sentido foi Jesus ‘aperfeiçoado’?

¹⁴ Hebreus 2:10 chama Jesus de “Agente Principal da salvação”. Isto se dá em primeiro lugar para com os cristãos ungidos, que são “irmãos” dele. (Hebreus 2:11-17) Mas todos os que esperam ter vida na terra paradísica também dependem dele para ter a salvação. Paulo escreveu: “Embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu; e, depois de ter sido aperfeiçoado, tornou-se responsável pela salvação, eterna de todos os que lhe obedecem, porque ele tem sido chamado especificamente por Deus como sumo sacerdote.” (Hebreus 5:8-10) Naturalmente, Jesus havia sido um espírito perfeito, e na terra era fisicamente perfeito. Ainda assim, em vista de seu papel como nosso sacerdote, Jesus teve de ser aperfeiçoado em outro sentido. Na terra, ele recebeu treinamento — instrução, disciplina e a prova de sua obediência até a morte — com o fim de aperfeiçoá-lo como sumo sacerdote misericordioso e compassivo.

CONFIANÇA NO NOSSO SUMO SACERDOTE

15. Por que encontramos no livro de Hebreus tanto sobre sacerdotes?

¹⁵ Pela leitura de Hebreus verá que o livro tem muito a dizer sobre sacerdotes. O objetivo disso é aumentar nosso entendimento e apreço do “sumo sacerdote que confessamos — Jesus”. (Hebreus 3:1) Paulo explicou que “todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é designado a favor dos homens sobre as coisas referentes a Deus, a fim de oferecer dádivas e sacrifícios pelos pecados”. (Hebreus 5:1; 8:3) Grande parte do pacto da Lei girava em torno do fato de que os humanos são pecadores. Por isso, os sacerdotes ofereciam sacrifícios a favor deles, fazendo também ofertas para cobrir seus próprios pecados. Contudo, os sacrifícios de animais, repetidos vez após vez, não venceram o pecado nem tornaram alguém do povo perfeito. (Hebreus 7:11, 19, 27; 10:1-4, 11) Isto prova que se precisava dum novo pacto, junto com um novo sacrifício e um novo sumo sacerdote. — Jeremias 31:31-34.

16. Em que supera Jesus os sacerdotes israelitas?

¹⁶ Temos a tal em Cristo. Prefigurado por Melquisedeque, cuja linhagem não é fornecida na Bíblia, Jesus não se tornou sacerdote por descendência natural de Levi ou Arão. Deus o designou diretamente. (Hebreus 7:1-3, 15-17; 5:5, 6) Se Deus aprova assim a Jesus como sumo sacerdote, não podemos todos ter plena confiança nele? Além disso, ele não morrerá dentro em breve, precisando ser substituído, assim como se dava com os sacerdotes sob a Lei. Ele pôde oferecer o derradeiro sacrifício, seu próprio corpo; este era perfeito, e o sacrifício nunca teria de ser repetido. Cristo, nosso sumo sacerdote, levou o valor de seu sangue vital para o céu e o apresentou perante Deus. Ele ainda está lá, servindo como sacerdote por nós. — Hebreus 9:24-28; 10:12-18.

17. Como somos ajudados por termos a Jesus por sumo sacerdote?

¹⁷ Podemos ter confiança no nosso sumo sacerdote, ao passo que enfrentamos a vindoura calamidade mundial. Dessemelhante dos sacrifícios sob a Lei, o perfeito sacrifício de Cristo pode cobrir plenamente os nossos pecados. Além disso, pode ‘purificar nossas consciências de obras mortas [tanto os empenhos iníquos passados, como quaisquer esforços pessoais de nos justificarmos perante Deus], para que prestemos serviço sagrado ao Deus vivente’. (Hebreus 9:14; 10:1-4) Temos de concordar que uma consciência limpa perante Deus é de inestimável valor quando estamos numa situação difícil ou sofremos pressão. (Hebreus 10:19-22) Também em outros sentidos podemos ter prazer em ter Jesus como permanente sumo sacerdote no céu.

18. Por que era e é bom saber que nosso sumo sacerdote é compassivo?

¹⁸ O livro de Hebreus assegura-nos que Cristo é um sacerdote compassivo. Pode imaginar as decisões e os problemas com que se confrontavam os cristãos hebreus no ambiente patriótico de Jerusalém, ao se prepararem para fugir, para abandonar seus lares, seus parentes e seu emprego Mas, não estavam inteiramente entregues a si mesmos. Paulo escreveu: “Temos por sumo sacerdote, não alguém que não se possa compadecer das nossas fraquezas, mas alguém que foi provado em todos os sentidos como nós mesmos, porém, sem pecado.” Quão consolador isso deve ter sido para eles e deve ser para nós, nos últimos dias deste sistema de coisas! Tendo tal sumo sacerdote compassivo, podemos ‘obter misericórdia e achar benignidade imerecida para ajuda no tempo certo’. (Hebreus 4:15, 16) Não importa que provação surja, ele “pode vir em auxílio daqueles que estão sendo postos à prova”. — Hebreus 2:17, 18.

O APERFEIÇOADOR DA NOSSA FÉ

19, 20. Em que sentido é Jesus o “Aperfeiçoador da nossa fé”?

¹⁹ Nossa fé está especificamente envolvida ao passo que ‘consideramos Jesus’. Depois de mencionar “o pecado que facilmente nos enlaça” — a falta de fé — Paulo fala sobre ‘olharmos atentamente para o Agente Principal e Aperfeiçoador da nossa fé, Jesus’. (Hebreus 12:1, 2) Por que é isso vital durante a terminação do atual sistema de coisas?

²⁰ A Bíblia, desde a sua primeira profecia em Gênesis 3:15, aponta para o Cristo. Ele é o ponto focal de grande parte do que é predito e tipificado na Bíblia. Muitas das particularidades da Lei mosaica mencionadas no livro de Hebreus eram “sombra das boas coisas vindouras”. (Hebreus 9:23; 10:1) Mas “a realidade pertence ao Cristo”. (Colossenses 2:17) Sim, o nascimento de Jesus, seu ministério terrestre, sua morte sacrificial, sua ressurreição e seu serviço sacerdotal no céu levam ao término ou à perfeição todas as profecias, tipos e modelos referentes a essas coisas.

21. Em que sentido adicional é Jesus hoje o “Aperfeiçoador da nossa fé”?

²¹ Embora Paulo pudesse reconhecer Cristo como o “Aperfeiçoador da nossa fé”, nós temos motivos adicionais para isso hoje em dia. Vemos o cumprimento maior das palavras de Jesus a respeito do ‘sinal de sua presença e da terminação do sistema de coisas’. (Mateus 24:3) De modo que a nossa fé tem uma base mais sólida. A salvação para “a vindoura terra habitada” também está muito mais perto do que estava nos dias de Paulo. Portanto, continuemos a considerar Jesus, o Aperfeiçoador da nossa fé, confiantes em que Deus “se torna o recompensador dos que seriamente o buscam” em fé. (Hebreus 2:5; 11:6) Conforme o próximo artigo mostrará, o livro de Hebreus pode ajudar-nos a ter a necessária fé e o conceito cristão para estarmos em condições de receber a maravilhosa recompensa.

Apegue-se à esperança que se lhe apresenta

1, 2. Por que deve considerar seriamente o assunto de se apegar à sua esperança?

O APÓSTOLO Paulo escreveu que “nós nos tornamos realmente participantes do Cristo somente se fizermos firme o nosso apego à confiança que tivemos no princípio, firme até o fim”. (Hebreus 3:14) Ele falou também sobre a nossa necessidade de “nos apegar à esperança que se nos apresenta”. — Hebreus 6:18.

² Você talvez se tenha tornado Testemunha de Jeová recentemente e esteja zelosamente certo de suas convicções. Ou você talvez seja testemunha cristã já por décadas e sente-se firme no caminho da verdade. Em qualquer caso, é provável que cada um de nós pode lembrar-se de alguns que conhecemos e que deixaram de andar no caminho da verdade, assim como aconteceu também no primeiro século. (Filipenses 3:18; Atos 20:30) Alguns talvez perdessem aos poucos a sua fé, ficassem preocupados com interesses materiais ou cedessem à tentação, pecando.

3-5. Como poderá ajudar nos o livro de Hebreus com respeito à nossa esperança?

³ Como podemos impedir que isso aconteça conosco? Reflitamos no conselho no livro de Hebreus. Veremos quão apropriado isso é para o nosso tempo, pela perseverança fiel de muitas hodiernas Testemunhas de Jeová, que foram fortalecidas por esse conselho.

⁴ Hebreus foi escrito para cristãos que eram “participantes da chamada celestial”. Haviam sido ungidos com o espírito de Deus e tinham a sólida esperança de seguirem a Cristo, o precursor, para o céu. Conforme pode imaginar, ‘esta esperança era uma âncora para a alma, tanto segura como firme’. Mesmo assim, Paulo trouxe à atenção a necessidade de “nos apegar à esperança que se nos apresenta”. (Hebreus 3:1; 6:18-20) Se eles tinham tal necessidade, quanto mais a têm agora o restante ungido e a “grande multidão”, que esperam sobreviver à vindoura “grande tribulação”. — Revelação 7:9, 15.

⁵ Em Hebreus, Jeová alerta-nos a perigos tais como ‘desviar-nos’, ‘afastar-nos’, ‘ficar indolentes’, ‘retroceder para a destruição’ ou ‘escusar-nos’. (Hebreus 2:1; 6:6, 12; 10:39; 12:25) O livro oferece bom conselho para nos ajudar a mostrar “diligência, para ter a plena certeza da esperança até o fim” e para ser “dos que têm fé para preservar viva a alma”. — Hebreus 6:11; 10:39.

“NÃO SOMOS DOS QUE RETROCEDEM”

6. Com que se viram confrontados os cristãos hebreus, mas que necessidade tinham?

⁶ Evidentemente, muitos dos cristãos hebreus haviam sofrido perseguição. Haviam ‘perseverado em uma grande competição, debaixo de sofrimentos’, tais como ser exibidos num teatro romano ou expondo-se ao perigo por ir em auxílio dos que estavam na prisão. (Hebreus 10:32-34) Todavia, tinham de se empenhar para não ser “dos que retrocedem para a destruição, mas [ser] dos que têm fé para preservar viva a alma”. — Hebreus 10:39.

7. (a) Que efeito poderá ter a perspectiva de perseguição sobre o cristão? (b) Que pergunta deverá fazer a si mesmo?

⁷ Portanto, existe o perigo de que o cristão possa ficar com medo da oposição, que o faria ‘retroceder’ ou transigir. Que dizer de nós? Talvez tenhamos sofrido um pouco de oposição, tal como a de colegas de escola ou de trabalho. Alguns até mesmo sofreram maus tratos, como da parte dum cônjuge, ou pai ou mãe incrédulo. Todavia, em muitos países é bastante incomum que uma Testemunha seja severamente perseguida por causa de sua fé. Isto pode torná-la menos preparada para uma perseguição intensa e mais inclinada a ‘retroceder’ quando ela surge. Perguntemo-nos: ‘Depois de ter levado uma vida confortável, ficaria eu tentado a retroceder se fosse seriamente ameaçado, talvez com a perda de meu lar, de meu emprego ou do contato com a minha família, ou com encarceramento e maus tratos físicos?

8. Que conselho sobre como lidar com perseguição nos dá Hebreus?

⁸ Paulo, comentando que devemos ter fé sob adversidade, exorta-nos a considerar como Jesus perseverou. (Hebreus 12:2, 3) Daí, Paulo lembra-nos que, se vier uma perseguição severa, devemos encará-la como forma de disciplina proveitosa. Naturalmente, Deus não é quem causa a perseguição; ele apenas a permite. Ainda assim, a perseguição pode treinar-nos ou ajudar-nos a melhorar em qualidades cristãs necessárias, tais como a perseverança, a paciência, a lealdade e a confiança em Jeová. — Hebreus 12:4-11; Tiago 1:2-4.

9. (a) Como sabemos que humanos imperfeitos podem perseverar quando perseguidos? (b) O que aconteceu a algumas irmãs num país comunista durante os anos 60?

⁹ Para que não pensemos que apenas um homem perfeito pode perseverar, assim como Jesus, Hebreus salienta homens e mulheres imperfeitos iguais a nós, que perseverarem pele fé. (Hebreus 11:35-40; 12:1) A “nuvem de testemunhas” dos que perseveraram pela fé foi aumentada nos tempos modernos. Em agosto de 1982, um jornal suíço publicou um artigo contando as experiências de uma mulher com as Testemunhas de Jeová encarceradas num campo de trabalho forçado, feminino, dum país comunista, umas duas décadas antes. Este é o resumo de alguns de seus comentários:

Somente as igrejas maiores têm liberdade parcial, porque pregam aquilo que o Estado permite. O mesmo não se dá com as crenças menores, que se reúnem em lares. Os mais perseguidos são as Testemunhas de Jeová. Muitas Testemunhas, em cujos lares foram encontrados exemplares da Sentinela, foram sentenciadas a 10 anos de prisão. Pode-se entender, assim, por que as autoridades do campo ficaram exasperadas quando as Testemunhas, de algum modo, continuavam a receber literatura em quantidade. Cada prisioneira havia sido despida e examinada, e sua roupa fora investigada até o último fio. Também, toda prisioneira que trabalhava nos campos era vigiada por guardas armados e examinada ao voltar pelo portão. Ainda assim aparecia literatura. Era como se anjos voassem à noite por cima e a deixassem cair. A maioria das Testemunhas eram mulheres mais jovens. O primeiro encarceramento era por 5 a 7 anos, a segunda condenação trazia não menos de 10 anos. As Testemunhas estavam na pior situação no campo. Quando mais de três delas se encontravam, mandavam-lhes dispersar-se.

10. Hebreus ajuda-nos a tomar que determinação com respeito à perseguição?

¹⁰ Hebreus diz sobre os antigos exemplos de fé sob perseguição que “o mundo não era digno deles”, mas que Jeová cuidará de que sejam “aperfeiçoados” no Paraíso terrestre. Quem poderia pedir mais do que isso? Portanto, tomemos a peito tanto os antigos como os modernos exemplos de fé. Em vez de ‘retrocedermos para a destruição’, temos de estar decididos a ter “fé para preservar viva a alma”. — Hebreus 11:38, 40; 10:39.

NÃO “NOS DESVIEMOS”

11. Como poderia o ‘desviar-se’ ser um perigo para alguém que já é cristão por bastante tempo?

¹¹ Conforme Hebreus mostra, outro perigo é o de ‘nos desviarmos’. (Hebreus 2:1) Considere como isso pode acontecer. Alguém — pode ser qualquer de nós — tornou-se cristão e encheu-se admiravelmente de entusiasmo. Participou prontamente no ministério de campo, mesmo enquanto ainda tinha pouco conhecimento bíblico. (Atos 3:1-9; 8:39; 13:48, 49) Depois de alguns anos, sua emoção se devia ter transformado em zelo ardente e profunda devoção. Aconteceu isso? Encara ele o ministério cristão como meio de demonstrar seu amor a Deus e de ajudar outros, assim como ele mesmo foi ajudado? Ou tornou-se para ele rotina, uma tarefa desagradável? Se tiver filhos, exorta-os regular e entusiasticamente a serem ministros de tempo integral? Ou menciona isso apenas casualmente e com menos convicção do que aquilo que ele diz sobre eles obterem uma instrução superior, um emprego bem remunerado ou uma casa ótima? — Revelação 2:4.

12. (a) Hebreus dá que recomendação para podermos evitar ‘desviar-nos’? (b) Que perguntas poderíamos considerar sobre prestar atenção à Palavra?

¹² Um passo para evitar que ‘nos desviemos’ é “prestarmos mais do que a costumeira atenção às coisas ouvidas”. (Hebreus 2:1) Alguns dos cristãos hebreus falharam nisso. Depois de terem aprendido “a doutrina primária a respeito do Cristo”, eles não ‘avançaram a madureza’. Quando já ‘deviam ser instrutores’, ainda estavam nas coisas elementares. (Hebreus 5:12 a 6:2) Que dizer de nós? ‘Deixamo-nos apenas levar’ sem esforço ou estamos progredindo pela atenção dada ao estudo pessoal? Procuramos ler parte da Bíblia cada dia? Estudamos as publicações cristãs com interesse genuíno, mesmo conversando com outros sobre coisas novas aprendidas? Ajudamos nós os nossos filhos a progredir para além do ‘leite da Palavra’? Sabem eles explicar com a Bíblia a verdade sobre a alma, a ressurreição, a Trindade, a terra paradísica, e assim por diante? Fazem isso no serviço de campo, sem permanecerem no nível do ano passado? — 1 Pedro 3:15.

13. Que modelo nos proveram nossas irmãs encarceradas quanto ao estudo, dando nos que sugestão?

¹³ O artigo relatou sobre as Testemunhas encarceradas:

No pouco tempo livre que tinham empenhavam-se em decorar passagens bíblicas. Esforçavam-se também a aprender línguas estrangeiras, especialmente inglês, francês e alemão. A literatura que recebiam às vezes era nestas línguas, e as que as apreendiam podiam assim traduzir a matéria para as outras irmãs.

Embora poucos de nós sejamos obrigados, assim como elas, a trabalhar longas horas com pouco alimento, usamos tão diligentemente o nosso tempo livre para dar “mais do que a costumeira atenção às coisas ouvidas”?

NÃO ‘SE AFASTE’

14. O que pode sobrevir mesmo àqueles que já são cristãos por muito tempo?

¹⁴ Depois de exortar-nos a que continuemos a progredir, Hebreus adverte que os “que de uma vez para sempre foram esclarecidos” podem ‘afastar-se’, talvez a ponto de ficar além de arrependimento. (Hebreus 6:4-8) Sim, cristãos que por muito tempo serviram a Deus, mesmo ungidos, que “se tornaram participantes de espírito santo”, podem ser atraídos por algo tentador neste atual sistema.

15. Como se afastaram alguns em conexão com o sexo e com atividades comerciais?

¹⁵ Diversos afastaram-se por causa do desejo da carne ou do desejo de riqueza. (1 João 2:16) Naturalmente, o desejo sexual está envolvido quando jovens se entregam a relações sexuais pré-maritais. Mas considere outro aspecto. Alguns casados passaram a cansar-se de seu cônjuge e chegaram a conhecer outra pessoa, que parecia mais atraente, conversa de maneira mais interessante e é mais bem-sucedida neste mundo. Lamentavelmente, isto tem levado a divórcios e a novos casamentos imorais. Outros “se afastaram” em busca de coisas materiais, sendo levados a práticas comerciais nitidamente desonestas ou que não fazem caso das exigências governamentais de licenciamento e impostos. (Mateus 22:21) Ou promoveram aventuras financeiras do tipo corrente, ou planos de enriquecer depressa, que tentam as pessoas a se aproveitar gananciosamente de seus irmãos. (Veja Atos 20:33; 2 Tessalonicenses 3:10, 11.) Estes empenhos, além de muitas vezes ofuscarem os interesses no Reino, têm ocasionalmente resultado em ressentimentos e disputas, se não em acusações de fraude. A Bíblia é mostrada veraz: “Os que estão resolvidos a ficar ricos caem em tentação e em laço.” — 1 Timóteo 6:9.

16. Que bom exemplo deram irmãs encarceradas quanto a resistir a tentações?

¹⁶ Se reconhecermos humildemente que não estamos tão fortes que não possamos cair, então devemos estar decididos a não ceder diante do começo da tentação e do pecado. (Romanos 12:3; 1 Coríntios 10:12) As irmãs no campo de trabalho forçado deram-nos um bom exemplo:

Algumas delas foram levadas, uma a uma, a uma grande cidade, onde havia lojas, cinemas e outras diversões. Por exemplo dois agentes da polícia secreta levaram uma irmã a um armazém onde havia muita comida nas prateleiras. Disseram-lhe: ‘Escolha o que quiser.’ Ela disse que não queria nada. Era horrível mostrar prateleiras cheias de pão fresco e pastelaria a uma pessoa esgotada, que durante anos havia comido pouco. Tentações similares foram experimentadas em lojas de departamentos e cinemas. Embora a mantivessem ali por algumas semanas e lhe prometessem a liberdade se abandonasse a sua fé, nada disso adiantou. Conseguiram dobrar apenas uma única irmã. Alguns meses depois ela voltou ao campo, tendo aumentado de peso e agora vestida com luxo. Ela fez uma preleção de duas horas às suas anteriores irmãs, as quais nem mesmo a cumprimentaram. Pelo visto, a polícia secreta pensava que esta era uma maneira bem engenhosa e que as irmãs iriam fazer fila para renunciar à sua fé. Obtiveram um resultado contrário.

17. O que devemos achar das tentações com que nos confrontamos?

¹⁷ Acha que você poderia ter permanecido tão resoluto assim em face dessas tentações? Mas que dizer das tentações com que você se confronta? Paulo escreveu: “Acautelai-vos, irmãos, para que nunca se desenvolva em nenhum de vós um coração iníquo, falto de fé, por se separar do Deus vivente; mas, persisti em exortar-vos uns aos outros cada dia, enquanto se possa chamar de ‘hoje’, para que nenhum de vós fique endurecido pelo poder enganoso do pecado.” (Hebreus 3:12, 13) Para evitarmos afastar-nos ou separar-nos precisamos concentrar-nos no dia de “hoje”.

MANIFESTAÇÃO DE FÉ “HOJE”

18. Por que é que os israelitas deixaram de entrar no descanso de Deus?

¹⁸ Paulo baseou seu comentário sobre o “hoje” na citação do Salmo 95:7-11. (Hebreus 3:7-11) Conforme aquela passagem menciona, os israelitas endureceram seu coração durante os dias de Moisés. Os israelitas, depois de terem ouvido o relatório de Josué e Calebe sobre a Terra da Promessa, mostraram falta de fé. (Números 13:17 a 14:38) Embora pudessem ali usufruir paz e bênçãos durante o dia de descanso de Deus que ainda prosseguia, os israelitas, com coração endurecido e descrença, negaram-se a entrar naquela terra e viver nela. De modo que Deus os fez perambular no ermo por 40 anos. — Hebreus 3:17-19.

19. Quando e como podemos entrar no descanso de Jeová?

¹⁹ O grande Sábado ou dia de descanso de Deus prossegue. (Gênesis 1:31 a 2:3) Paulo escreveu que “resta uma promessa de se entrar no descanso dele”. (Hebreus 4:1, 9) Portanto, nós, cristãos, podemos agora entrar ou permanecer neste “descanso”. Como? Por exercer fé, não no Josué da antigüidade, mas no Josué Maior, nosso líder, Jesus. Também precisamos abandonar as obras de descrença, tais como as manifestadas por pessoas que realmente não crêem que a Nova Ordem venha. A vida delas gira em torno da recreação ou dos prazeres. Talvez queiram “ser alguém”, como por obter uma posição ou um título. Ou talvez adotem a filosofia de ser uma pessoa “boa”.

20, 21. (a) Que obras precisamos evitar? (b) Em que boa obra devemos participar, conforme exemplificada pelas irmãs encarceradas?

²⁰ Se tivermos fé em Jesus e no que aguarda o povo de Deus, devemos mostrar isso pelas nossas atividades. Paulo escreveu: “O homem que entrou no descanso de Deus descansou também das suas próprias obras.” (Hebreus 4:10) Portanto, em vez de obras de descrença ou aquelas com que a pessoa procura justificar-se, temos de ter obras que refletem a nossa fé.

²¹ Uma obra cristã primária é falar sobre Jeová Deus e seu Filho. Paulo exortou a respeito de Jesus: “Apeguemo-nos à nossa confissão dele.” (Hebreus 4:14) Naturalmente, podemos e devemos fazer isso nas reuniões cristãs ao fazer ali uma declaração pública da nossa esperança. (Hebreus 10:23-25) Mas esta “declaração pública” deve incluir confessarmos aos de fora as nossas crenças e esperanças. Na realidade, devemos sentir-nos compelidos a fazer “um sacrifício de louvor, isto é, o fruto de lábios que fazem declaração pública do . . . nome” de Deus. (Hebreus 13:15; 1 Coríntios 9:16) A autora do artigo já mencionado conta uma conversa que teve com uma irmã:

Eu disse que as autoridades põem a todas vocês na prisão, não por causa da sua crença, mas por pregarem a outros. Se ficassem sentadas sozinhas em casa e orassem quietamente, ninguém ficaria sabendo disso. Ela respondeu: É verdade, mas temos a obrigação de falar aos outros e de conseguir novos irmãos e irmãs. Não podemos ficar egocêntricas e nos preparar apenas para a nossa própria vida na terra durante o milênio. Todos têm de saber como será a vida então.

22. Qual é a sua convicção, baseada em Hebreus?

²² Pode ver que um dos pontos-chaves de Hebreus é que temos de fazer “o máximo para entrar naquele descanso [de Deus], para que ninguém caia [na] . . . desobediência”. (Hebreus 4:11) Podemos ter a profunda satisfação de estar agora neste descanso, bem como ter a esperança certa de continuar nele quando todos os que viverem na terra adorarão a Deus. Não há nenhuma dúvida sobre a disposição de Jeová de abençoar e preservar aqueles que, pela fé e pela obediência, entram agora no seu descanso. Ele é “o recompensador dos que seriamente o buscam”. (Hebreus 11:6) Se houver alguma dúvida, esta é a nosso respeito. Contudo, nem mesmo nós precisamos estar na dúvida. Pela nossa fé e perseverança, e com a ajuda de Deus, podemos “apegar[-nos] à esperança que se nos apresenta”. — Hebreus 6:18.

Tirou Proveito do Artigo?

□ Que conselho ou lição especifica tirou de Hebreus?

□ Que proveito pode tirar do exemplo de algumas irmãs encarceradas?

□ A que o exorta Hebreus 2:1 para evitar que se desvie?

□ Como poderá entrar no descanso de Deus?