Observando o Mundo
Nova Concordata com o Vaticano
● Depois de 16 anos de negociações, o Parlamento italiano assinou nova concordata com o Vaticano, substituindo a que fora feita entre o ditador fascista, Benito Mussolini, e o papa Pio XI em 1929. A nova concordata põe fim à situação privilegiada do Vaticano como “cidade sagrada” — embora permaneça como Estado independente, sob a autoridade papal — bem como ao reinado do catolicismo romano como igreja estatal. Além disso, as anulações de casamento da igreja dependem agora da confirmação do Estado italiano, elimina-se a educação religiosa obrigatória nas escolas e os clérigos presos por crimes não gozam mais do direito a “tratamento especial” — todas estas sendo disposições da antiga concordata.
“A nova concordata é outro exemplo do domínio decrescente da Igreja Católica Romana sobre a vida civil na Itália”, afirma uma notícia de The New York Times.
“Crise Econômica”
● Recente estudo liberado pelo “Worldwatch Institute” assevera que a exploração e a utilização indevidas dos recursos naturais é primariamente responsável pelo que chama de “a pior crise econômica mundial já ocorrida em meio século”. O estudo concluiu que a crescente militarização do mundo — que consome crescente porcentagem das matérias-primas, da mão-de-obra e do capital, e que custou calculadamente US$ 663 bilhões em 1983 — merece a maior parte da culpa. Outros fatores citados são a erosão do solo, o desflorestamento, o alto aumento demográfico, as decrescentes reservas de petróleo e deixar de desenvolver a energia nuclear como uma das principais fontes energéticas.
Superávits Recordes
● Em março e abril últimos o Brasil alcançou os maiores superávits comerciais de sua história: US$ 1 bilhão. Conseguiu isso graças à redução drástica das importações, e o grande incentivo das exportações, não só de matérias-primas, mas de produtos manufaturados. Tal esforço visa obter um superávit anual de US$ 9 bilhões, que contribuiria para o pagamento apenas dos juros da dívida externa do Brasil. No entanto, o aumento das taxas de juros internacionais pode baldar tais esforços, pois, conforme declarou ao Jornal da Tarde o presidente do Banco do Brasil, Oswaldo Colin, a recente alta de 1% dos juros “já comeu um mês de superávit comercial” do Brasil.
“Nova Epidemia”
● “Quatro dentre dez moças que têm agora 14 anos ficarão grávidas antes de atingirem os 20 anos”, veicula o jornal The Los Angeles Times. Comentando esta “nova epidemia”, o artigo descreve as dificuldades econômicas e emocionais enfrentadas por tais jovens, incluindo, possivelmente, o sacrifício de sua instrução, de um emprego ou de uma vida familiar estável. O artigo acrescenta que menos da metade das mães adolescentes concluem o 2.º grau e que sua renda é a metade daquela das jovens que dão à luz depois dos 20 anos. Ademais, as mães adolescentes têm 92 por cento maior possibilidade de ficarem anêmicas e de sofrer outras complicações de parto prematuro do que as mães com mais de 20 anos.
Redefinido o Metro
● Quando instituído na França, em 1795, o metro era definido como a décima milionésima parte da quarta parte do meridiano terrestre. Mais tarde, essa unidade fundamental de comprimento, de emprego quase que universal, foi definida em 1960 como igual a 1.650.763,73 comprimentos de onda, no vácuo, da porção vermelho-alaranjada da luz emitida pelo átomo de criptônio 86. (Enciclopédia Mirador Internacional, verbete Metrologia) Tal definição, porém, incidia num erro equivalente a 1,5 metro sobre a distância da Terra à lua. Recentemente, segundo informa a revista Ciência Ilustrada, de fevereiro de 1984, o metro tem nova definição: “O metro é a distância que a luz percorre no vácuo em 1/299.792.458 de 1 segundo.” Embora, para fins práticos, as pessoas em geral estejam mais preocupadas em não comprar “metros” com menos de 100 centímetros, a nova definição é importantíssima para astrônomos, físicos e outros cientistas em seus profundos estudos e análises.
Ajudando os Nazistas
● Um documento do Departamento de Estado dos EUA, recentemente incluído no domínio público, bem como o testemunho dum caçador francês de nazistas — veicula The New York Times — mais uma vez suscitou a acusação de que o Vaticano auxiliou os nazistas a fugir da Europa depois da Segunda Guerra Mundial. Tal documento, redigido em 1947 por um membro da embaixada americana em Roma, dizia que, em alguns países latino-americanos, as orientações do Vaticano influenciaram suas missões estrangeiras a adotar a atitude de “quase favorecimento da entrada, em seu país, de antigos nazistas e de antigos fascistas”. Um ex-coronel das SS “procurado por mortes no tempo de guerra de até 250.000 judeus em furgões móveis de gás”, de acordo com o informe, foi escondido em “conventos da Santa Sé” em Roma durante 18 meses depois de ter escapado das tropas americanas. “A justificativa do Vaticano para a sua participação neste tráfico ilegal [que incluía outros emigrantes ilegais, além de nazistas]”, declarava o documento, “é simplesmente a propagação da fé”.
Agrava-se o Desequilíbrio Mental
● Nos últimos três anos, registrou-se um aumento de 55 por cento no número de doentes mentais atendidos pela primeira vez pela Secretaria de Saúde de São Paulo. Marcos Ferraz, coordenador de Saúde Mental declarou a O Globo que algumas das causas básicas desse aumento eram: pobreza, desemprego, piora da qualidade de vida e da assistência de todos os tipos. Segundo J. Alho Lopes Neto, diretor do conhecido Hospital Juqueri, que alberga 3.800 pacientes, o alcoolismo continua sendo a terceira causa de tais doenças, logo depois dos distúrbios neuróticos e da epilepsia. Para o Brasil como um todo, os dados revelam, em cinco anos, uma média de 400 mil internações por problemas mentais. Isto ao custo, em 1982, de uns Cr$ 6 bilhões, apenas por parte do INAMPS, não se considerando os tratamentos particulares, de elevadíssimos preços. Propõe-se o tratamento ambulatorial, mas são raras as famílias que colaboram, a maioria preferindo isolar-se totalmente do enfermo.
“Carnaval de Nacionalismo”
● Chamou-se de “o pior momento das Olimpíadas de Inverno” — num editorial do The New York Times — quando apenas 50 pessoas, a maioria constituída de parentes, compareceram ao aeroporto para recepcionar a equipe americana de hóquei que chegava de Sarajevo, Iugoslávia. Diferente da equipe americana de 1980, que derrotou uma equipe soviética que era ampla favorita para a medalha de ouro em 1980, em Lake Placid, Nova Iorque, a equipe de 1984 ficou em sétimo lugar, “o qual, de algum modo, foi considerado uma desgraça”. “Na verdade, a equipe não desgraçou a ninguém”, dizia o editorial, acrescentando que “ganhar . . . medalhas de ouro não é prova de virtude ou de força americanas”. Afirmando que os Jogos “exploram bandeiras e hinos” e são “um carnaval de nacionalismo”, elogiava o esquiador Phil Mahre, um dos quatro ganhadores de medalhas de ouro para os EUA, por afirmar numa entrevista que ele não esquiava por causa da família ou da pátria, ‘mas para si mesmo’.
‘Capacidade dos Bebês’
● “Um dos acontecimentos mais excitantes em todo o campo da psicologia é nosso novo entendimento da grande capacidade de aprendizagem do bebê”, admira-se o professor da Universidade de Yale, dr. Edward Zigler. Mas quão cedo devem as crianças ser ensinadas? A dra. Bernice E. Cullinan, da Associação Internacional de Leitura, assevera que “os pais devem começar a ensinar seus filhinhos a ler desde o momento em que os trazem do hospital para casa”, por ler em voz alta para eles e lhes mostrar gravuras em livros. No entanto, ela acredita que a instrução formal em leitura não deve ser iniciada “até os 6 anos, e talvez nem mesmo então, para todas as crianças”. Ao passo que outras autoridades não vêem mal algum em ensinar as criancinhas ainda mais cedo, concorda-se em geral que os pais não devem pressionar seus filhinhos. “Se tentar obrigar as crianças a lerem muito cedo”, disse o dr. John H. Flavell, professor de psicologia da Universidade de Stanford, elas “simplesmente se desligam”.
Mais Afiado com a Idade
● Continuar a envolver-se socialmente, a manter interesses intelectuais e ter uma personalidade flexível são fatores principais na preservação ou no aprimoramento das capacidades mentais na velhice, afirmam estudos recentes sobre o envelhecimento, segundo veiculados em The New York Times. Com efeito, os estudos asseveram que algumas das formas mais importantes do crescimento intelectual podem prosseguir até mesmo na casa dos 80. Para exemplificar, a inteligência cristalizada, isto é, a capacidade de utilizar informações para fazer julgamentos e solucionar problemas, “continua a aumentar no decorrer do período de vida, no caso de pessoas saudáveis e ativas”, significando pessoas que não apresentam doenças que afetam o cérebro, tal como ataque de apoplexia. “A crença generalizada de que ocorre uma perda devastadora de células no cérebro dos idosos”, diz o informe, parece ser “infundada”.
“Defesa Twinkie”
● Um homem de São Francisco, EUA, deu quatro tiros na cabeça do prefeito da cidade daí carregou de novo o revólver e matou um supervisor da cidade com outros cinco tiros. Recentemente, ele foi solto sob custódia depois de passar apenas cinco anos preso. Por que foi solto tão cedo? O jornal The Plain Dealer, de Cleveland, Ohio, EUA, noticia que, no julgamento desse homem, um psiquiatra testificou que tal pessoa era “incapaz de agir com intenção maldosa” porque o teor excessivo de açúcar em sua dieta de alimentos sem valor nutritivo “criara um desequilíbrio químico em seu cérebro”. O júri, por conseguinte, condenou-o por um crime menor. Criticando a racionalização desta chamada defesa Twinkie (que utiliza o nome dum confeito popular muito adocicado dos Estados Unidos) o informe observava que isso não granjearia uma redução de sentença para um réu em Ohio, mas que cometer um crime sob a influência do álcool poderia fazê-lo.
‘Declínio Dramático’
● “O declínio nos últimos 30 anos tem sido dramático”, disse o clérigo Richard Hamper, secretário-geral do Conselho Federal de Igrejas Livres, a respeito do decrescente rol de membros das Igrejas Inglesas Livres. O jornal The Guardian, de Londres, veicula que “o número de crianças e de jovens que pertence às igrejas reduziu-se de 1,58 milhão para 573.000, ao passo que o número de membros adultos declinou em mais de 600.000, para 1,05 milhão.” Por que houve tal declínio? O relatório observa que os membros das Igrejas Livres estão divididos política, social e teologicamente. E, segundo Hamper, “existe falta de propósito e de vontade coerentes no seio do próprio conselho”.
Controvérsia dos Horóscopos
● Um artigo publicado em L’Osservatore Romano suscitou uma controvérsia religiosa ao criticar os católicos que consultam horóscopos. “Assim como a astrologia, a leitura de mãos, pôr cartas e outras coisas desse tipo”, disse o autor, o teólogo Gino Concetti, “os horóscopos são contrários aos princípios religiosos da Bíblia”. Todavia, outras autoridades eclesiásticas discordaram. O teólogo jesuíta, Virginio Rotondi, disse que consultá-los não era pecado e que “muita gente encontra um abrigo nos horóscopos. [Os horóscopos] ajudam a salvaguardar seus valores”. Os apoiadores dos horóscopos afirmaram que pelo menos três papas consultavam regularmente os astrólogos. Os horóscopos constituem uma seção regular dos jornais nesse país que é mais de 90 por cento católico. Queira ver Deuteronômio 18:10-12 no que se refere ao ponto de vista da Bíblia sobre tais costumes.
“Viciados” em Corrida
● A “LSD [sigla em inglês para corrida lenta a longa distância] tem emergido como o tóxico da década dos 80”, afirma a revista duma linha aérea, United. Dentre os 25 milhões de estadunidenses que se consideram corredores regulares, milhares “tornaram-se dependentes da dose diária de endorfinas estimuladas por sua corrida. Muitos ficam irrequietos e irritáveis se lhes são negados os quilômetros que correm”. Este “vício” também leva a contusões tais como o compartimento tibial, membranas dos joelhos que desgastam, dores nos pés, rins de corredores, pé de Morton (dilatação do segundo artelho), fraturas resultantes do stress, tendinites, e períodos menstruais irregulares das mulheres. As autoridades médicas recomendam um enfoque mais moderado da corrida.