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  • “Jeová ama a justiça”
    Achegue-se a Jeová
    • Luz do sol brilhando através das nuvens.

      SEÇÃO 2

      “Jeová ama a justiça”

      Hoje se vê injustiça em toda a parte, e muitos equivocadamente culpam a Deus por isso. Mas a Bíblia ensina uma verdade maravilhosa: “Jeová ama a justiça.” (Salmo 37:28) Nesta seção, aprenderemos como ele demonstrou que essas palavras são verdadeiras. Isso é motivo de esperança para toda a humanidade.

  • “Todos os seus caminhos são justos”
    Achegue-se a Jeová
    • José, amarrado num calabouço, junto com outros prisioneiros.

      CAPÍTULO 11

      “Todos os seus caminhos são justos”

      1, 2. (a) Que tremendas injustiças José sofreu? (b) Como Jeová as corrigiu?

      QUE injustiça! Ele era um homem bonito e não havia cometido nenhum crime. Mesmo assim foi jogado num calabouço, sob a acusação falsa de tentativa de estupro. Mas não era a primeira vez que esse jovem, José, se deparava com injustiças. Anos antes, quando tinha 17 anos, ele havia sido traído pelos próprios irmãos, que quase o assassinaram. Acabou sendo vendido como escravo em um país estrangeiro. Ali resistiu às propostas imorais da esposa do seu dono que, sentindo-se rejeitada, forjou a acusação falsa que levou José à prisão. Lamentavelmente, parecia que ninguém ia intervir a favor dele.

      2 Mas o Deus que “ama a retidão e a justiça” observava tudo. (Salmo 33:5) Jeová manobrou os eventos e fez com que se corrigisse a injustiça, de modo que José — que havia sido lançado numa prisão — por fim foi libertado. E não foi só isso! Ele acabou sendo designado para um cargo de grande responsabilidade e extraordinária honra. (Gênesis 40:15; 41:41-43; Salmo 105:17, 18) Com o tempo a inocência de José ficou provada, e ele usou sua posição de destaque a favor dos propósitos de Deus. — Gênesis 45:5-8.

      José sofreu injustamente na prisão

      3. Por que não é de admirar que todos tenhamos o desejo de ser tratados de modo justo?

      3 Não acha esse relato emocionante? Quem nunca testemunhou ou foi vítima de uma injustiça? De fato, todos nós desejamos ser tratados de modo justo e imparcial. Era de se esperar que nos sentíssemos assim, porque Jeová colocou em nós qualidades que refletem sua personalidade, e a justiça é um de Seus atributos principais. (Gênesis 1:27) Para conhecer bem a Jeová, precisamos entender seu senso de justiça. Assim, apreciaremos ainda mais seus modos maravilhosos e nos sentiremos motivados a nos achegar a ele.

      O que é justiça?

      4. Do ponto de vista humano, o que é considerado justiça?

      4 Do ponto de vista humano, considera-se como justiça a mera aplicação imparcial das leis. Certo livro diz que “a justiça está relacionada com leis, obrigações, direitos e deveres, e confere suas decisões segundo a igualdade ou o mérito”. (Right and Reason—Ethics in Theory and Practice [Direito e Razão — a Ética na Teoria e na Prática]) Mas a justiça de Jeová não envolve apenas impor regulamentos de forma insensível, devido a um senso de dever ou obrigação.

      5, 6. (a) Qual é o sentido das palavras originais que expressam a ideia de justiça? (b) Quando se afirma que Deus é justo, o que se quer dizer?

      5 Podemos entender melhor o pleno alcance da justiça de Jeová analisando as palavras que descrevem essa qualidade nas línguas originais em que a Bíblia foi escrita. Nas Escrituras Hebraicas, usam-se três palavras principais para expressar essa ideia. Uma delas, que muitas vezes é traduzida por “justiça”, também pode ser vertida como “o que é justo”, ou correto. (Gênesis 18:25) As outras duas em geral são traduzidas por “justiça” e algumas vezes por “retidão”. Nas Escrituras Gregas Cristãs, a palavra traduzida “justiça” é definida como “qualidade de ser direito ou justo”. Basicamente, justiça e retidão estão intimamente relacionadas. — Amós 5:24.

      6 Assim, quando a Bíblia diz que Deus é justo, quer dizer que ele sempre faz o que é correto e direito, de modo imparcial. (Romanos 2:11) Na verdade, é impensável que ele possa agir de outra maneira. O fiel Eliú declarou: “O verdadeiro Deus jamais faria o que é mau, o Todo-Poderoso nunca faria o que é errado!” (Jó 34:10) Para Jeová, é impossível ‘fazer o que é errado’. Por quê? Por duas razões importantes.

      7, 8. (a) Por que Jeová é incapaz de agir injustamente? (b) O que leva Jeová a ser justo nos seus tratos?

      7 Primeiramente, porque ele é santo. Como notamos no Capítulo 3, Jeová é infinitamente puro e direito. Portanto, ele é incapaz de agir de modo injusto. Pense no que isso significa. Visto que nosso Pai celestial é santo, temos boas razões para confiar que ele nunca tratará mal os seus filhos. Jesus tinha essa confiança. Na última noite da sua vida terrestre, ele orou: “Santo Pai, vigia sobre eles [os discípulos] por causa do teu nome.” (João 17:11) “Santo Pai” — nas Escrituras esse título é aplicado única e exclusivamente a Jeová. Isso é apropriado porque nenhum pai humano se compara a Ele em santidade. Jesus tinha total confiança que seus discípulos ficariam a salvo sob os cuidados do Pai, que é absolutamente puro, limpo e separado de todo pecado. — Mateus 23:9.

      8 Em segundo lugar, porque o amor altruísta é parte essencial da própria personalidade de Deus. Esse amor o leva a ser justo nos seus tratos com outros. A injustiça em suas muitas formas — incluindo racismo, discriminação e parcialidade — muitas vezes surge devido à ganância e ao egoísmo, que são opostos ao amor. Falando sobre o Deus de amor, a Bíblia nos assegura: “Jeová é justo; ele ama atos justos.” (Salmo 11:7) Jeová diz o seguinte a seu próprio respeito: “Eu, Jeová, amo a justiça.” (Isaías 61:8) Não ficamos mais tranquilos sabendo que nosso Deus sente prazer em fazer o que é certo, ou justo? — Jeremias 9:24.

      A misericórdia e a justiça perfeita de Jeová

      9-11. (a) Que ligação existe entre a justiça e a misericórdia de Jeová? (b) Como a justiça e a misericórdia de Deus ficam evidentes no modo como ele lida com humanos imperfeitos?

      9 A justiça de Jeová, como todas as outras facetas de sua personalidade incomparável, é perfeita, impecável. Moisés louvou a Jeová, dizendo: “A Rocha — perfeito é tudo o que ele faz, pois todos os seus caminhos são justos. Deus de fidelidade, que nunca é injusto; justo e reto é ele.” (Deuteronômio 32:3, 4) Quando expressa sua justiça, Jeová sempre o faz com perfeição — nunca é tolerante demais, nem severo demais.

      10 A justiça e a misericórdia de Jeová estão intimamente ligadas. O Salmo 116:5 diz: “Jeová é compassivo e justo; nosso Deus é misericordioso.” De fato, Jeová é justo e misericordioso. Essas duas qualidades não são conflitantes. A misericórdia divina não abranda ou suaviza sua justiça, como se esta fosse severa demais. Em vez disso, Deus muitas vezes demonstra as duas qualidades ao mesmo tempo, às vezes até no mesmo ato. Veja um exemplo.

      11 Todos os humanos herdaram o pecado e, portanto, merecem a penalidade correspondente: a morte. (Romanos 5:12) Mas Jeová não se agrada da morte de pecadores. Ele é “um Deus sempre pronto a perdoar, compassivo e misericordioso”. (Neemias 9:17) Mas como é santo, ele não pode tolerar a injustiça. Como seria possível, então, mostrar misericórdia para com humanos inerentemente pecadores? A resposta encontra-se em uma das verdades mais preciosas da Palavra de Deus: o resgate que Jeová providenciou para a salvação da humanidade. No Capítulo 14, aprenderemos mais sobre essa dádiva amorosa, que é, ao mesmo tempo, extremamente justa e maravilhosamente misericordiosa. Por meio dela, Jeová pode expressar terna misericórdia para com pecadores arrependidos e, ainda assim, defender Suas normas perfeitas de justiça. — Romanos 3:21-26.

      A justiça de Jeová acalenta nosso coração

      12, 13. (a) Por que a justiça de Jeová nos atrai a ele? (b) No que se refere à justiça de Jeová, a que conclusão Davi chegou, e como isso nos tranquiliza?

      12 A justiça de Jeová não é uma qualidade fria, que nos afasta; é atraente e nos faz querer achegar-nos a ele. A Bíblia descreve claramente como a justiça de Jeová é compassiva. Analisemos algumas das maneiras animadoras em que Jeová exerce sua justiça.

      13 A justiça perfeita de Jeová o leva a agir com fidelidade e lealdade para com seus servos. O salmista Davi vivenciou essa faceta da justiça de Jeová. Com base na experiência pessoal e no estudo do modo de Deus agir, a que conclusão Davi chegou? Ele declarou: “Jeová ama a justiça e não abandonará aqueles que lhe são leais. Eles serão sempre protegidos.” (Salmo 37:28) Que promessa tranquilizadora! Nem por um momento sequer nosso Deus abandonará os que lhe são leais. Assim, podemos ter certeza de que ele sempre estará perto de nós, demonstrando seu cuidado amoroso para conosco. Sua justiça garante isso! — Provérbios 2:7, 8.

      14. Como a preocupação de Jeová para com os menos favorecidos fica evidente na Lei que ele deu a Israel?

      14 A justiça divina leva em conta as necessidades dos aflitos. A preocupação de Jeová para com os menos favorecidos é evidente na Lei que ele deu a Israel. Por exemplo, a Lei tinha regulamentos especiais que asseguravam que órfãos e viúvas fossem bem cuidados. (Deuteronômio 24:17-21) Sabendo que a vida dessas pessoas podia ser muito difícil, o próprio Jeová assumiu o papel de seu Juiz e Protetor paterno, aquele que “faz justiça ao órfão e à viúva”.a (Deuteronômio 10:18; Salmo 68:5) Jeová avisou aos israelitas que, se eles se aproveitassem de mulheres e crianças indefesas, ele sem dúvida ouviria o clamor delas. Ele declarou: “Minha ira se acenderá.” (Êxodo 22:22-24) Embora a ira não seja uma das qualidades dominantes de Jeová, atos deliberados de injustiça, em especial contra os humildes e indefesos, o deixam indignado — e com toda a razão. — Salmo 103:6.

      15, 16. Qual é um exemplo realmente notável da imparcialidade de Jeová?

      15 Jeová também nos assegura que ele “não trata a ninguém com parcialidade nem aceita suborno”. (Deuteronômio 10:17) Diferentemente de muitos humanos que têm poder ou prestígio, Jeová não é influenciado por riquezas ou aparência. Ele não tem absolutamente nenhum preconceito, nem demonstra favoritismo. Veja um exemplo notável da imparcialidade de Jeová. A oportunidade de adorar a ele em verdade, com a perspectiva de vida infindável, não se restringe a uma pequena elite. Muito pelo contrário, “em toda nação, ele aceita aquele que o teme e que faz o que é direito”. (Atos 10:34, 35) Essa perspectiva maravilhosa está aberta a todos, não importa qual seja sua posição social, a cor da pele ou o país onde vive. Não concorda que isso é justiça expressa com perfeição?

      16 Há outro aspecto da justiça perfeita de Jeová que merece nossa consideração e respeito: o modo como ele lida com os que violam suas normas justas.

      Não deixa de punir

      17. Explique por que as injustiças do mundo não refutam a justiça de Jeová.

      17 Alguns se perguntam: ‘Visto que Jeová não aprova a injustiça, como se explica o sofrimento injusto e as práticas corruptas tão comuns no mundo hoje?’ Essas injustiças de modo algum refutam a justiça de Jeová. As muitas injustiças que vemos neste mundo perverso são consequências do pecado que os humanos imperfeitos herdaram de Adão. Visto que eles escolheram seguir seus próprios modos pecaminosos, a injustiça se espalhou por toda a parte — mas não continuaria por muito tempo. — Deuteronômio 32:5.

      18, 19. O que mostra que Jeová não tolerará para sempre os que violam deliberadamente suas leis justas?

      18 Embora demonstre grande misericórdia para com os que se achegam a ele sinceramente, Jeová não tolerará para sempre uma situação que envergonha seu santo nome. (Salmo 74:10, 22, 23) Não se pode zombar do Deus de justiça; ele não impedirá que pecadores deliberados recebam o julgamento merecido. Jeová é um “Deus misericordioso e compassivo, paciente e cheio de amor leal e de verdade . . . Mas de modo algum deixará impune o culpado”. (Êxodo 34:6, 7) Em harmonia com essas palavras, Jeová às vezes acha necessário executar julgamento nos que deliberadamente violam suas leis justas.

      19 Pense, por exemplo, nos tratos dele com o Israel antigo. Mesmo depois de estabelecidos na Terra Prometida, os israelitas repetidas vezes se tornaram infiéis. Embora seus modos corrompidos fizessem Jeová “sentir-se magoado”, ele não os rejeitou imediatamente. (Salmo 78:38-41) Demonstrando misericórdia, deu-lhes oportunidades de mudar de proceder. Ele disse: “Não tenho prazer na morte de quem é mau, mas sim em que a pessoa má mude seu caminho e continue viva. Recuem, recuem dos seus maus caminhos. Afinal, por que vocês deveriam morrer, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33:11) Jeová encara a vida como preciosa e, por isso, enviou os seus profetas vez após vez para incentivar os israelitas a abandonar a conduta errada. Mas, de modo geral, teimosamente o povo recusou-se a escutar e a se arrepender. Finalmente, por causa do seu santo nome e de tudo o que esse significa, Jeová os entregou nas mãos de seus inimigos. — Neemias 9:26-30.

      20. (a) O modo de Jeová lidar com Israel nos ensina o que a respeito Dele? (b) Por que é apropriado que o leão esteja associado à presença e ao trono de Deus?

      20 A maneira como Jeová lidou com Israel nos ensina muito a respeito Dele. Aprendemos que seus olhos observam tudo, incluindo a injustiça, e que aquilo que ele vê o aflige profundamente. (Provérbios 15:3) É também tranquilizador saber que ele procura mostrar misericórdia quando há base para isso. Além disso, aprendemos que ele nunca exerce a justiça de forma precipitada. Visto que ele mostra paciência, muitas pessoas concluem erroneamente que Jeová nunca executará um julgamento contra os perversos. Mas isso não é verdade, porque os tratos Dele com Israel também nos mostram que a paciência divina tem limites. Jeová é inabalável ao defender a justiça. Diferentemente dos humanos, que muitas vezes se refreiam de exercê-la, ele sempre defende corajosamente o que é direito. De forma bem apropriada, o leão, que é símbolo de justiça corajosa, está associado à presença e ao trono de Deus.b (Ezequiel 1:10; Apocalipse 4:7) Assim, podemos ter certeza de que ele cumprirá sua promessa de acabar com a injustiça na Terra. Seu modo de julgar pode ser resumido da seguinte maneira: firmeza quando necessário, misericórdia sempre que possível. — 2 Pedro 3:9.

      Como se achegar ao Deus de justiça

      21. Quando meditamos na maneira de Jeová exercer a justiça, como devemos pensar nele e por quê?

      21 Quando meditamos na maneira de Jeová exercer a justiça, não devemos encará-lo como um juiz frio e severo, preocupado apenas em sentenciar os transgressores. Em vez disso, devemos pensar nele como um Pai amoroso, mas firme, que sempre lida com os filhos da melhor maneira possível. Como Pai justo, Jeová concilia a firmeza a favor do que é certo com a terna compaixão para com seus filhos terrestres, que precisam de sua ajuda e do seu perdão. — Salmo 103:10, 13.

      22. Guiado por sua justiça, Jeová tornou possível que tivéssemos que perspectiva, e por que ele lida conosco dessa forma?

      22 Como somos gratos de que a justiça divina envolve muito mais do que sentenciar transgressores! Guiado por essa qualidade, Jeová tornou possível que tivéssemos uma perspectiva emocionante: vida perfeita e infindável num mundo onde “morará a justiça”. (2 Pedro 3:13) Nosso Deus lida conosco dessa forma porque sua justiça tem por objetivo salvar em vez de condenar. De fato, entender melhor o pleno alcance da justiça de Jeová nos achega a ele. Nos próximos capítulos, analisaremos com mais atenção as maneiras em que Ele expressa essa qualidade admirável.

      a A expressão “órfão” mostra que Jeová se preocupa muito com as crianças sem pai, tanto meninos quanto meninas. Jeová incluiu na Lei um relato sobre uma decisão judicial que assegurou a herança das filhas de Zelofeade. Aquela decisão estabeleceu um precedente que defendia os direitos das órfãs. — Números 27:1-8.

      b O interessante é que Jeová comparou a si mesmo com um leão ao executar julgamento contra o Israel infiel. — Jeremias 25:38; Oseias 5:14.

      Perguntas para Meditação

      • Jeremias 18:1-11 Como Jeová ensinou a Jeremias que Ele não se precipita em expressar julgamentos desfavoráveis?

      • Habacuque 1:1-4, 13; 2:2-4 Como Jeová assegurou a Habacuque que não ia tolerar a injustiça para sempre?

      • Zacarias 7:8-14 Como Jeová se sente em relação aos que usurpam os direitos de outros?

      • Romanos 2:3-11 À base de que Jeová julga pessoas e nações?

  • “Há injustiça da parte de Deus?”
    Achegue-se a Jeová
    • Ló e suas duas filhas chegando em segurança em Zoar enquanto chove fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra.

      CAPÍTULO 12

      “Há injustiça da parte de Deus?”

      1. Que reação costumamos ter diante de injustiças?

      VIÚVA idosa é vítima de fraude e perde as economias de uma vida inteira. Bebê indefeso é abandonado pela mãe insensível. Homem é preso por um crime que não cometeu. Como reage a isso? Provavelmente, fica perturbado, o que é bem compreensível. Nós, humanos, temos um forte senso do que é certo e do que é errado. Quando vemos uma injustiça, ficamos indignados. Queremos que a vítima seja compensada e o causador da injustiça, punido. Quando isso não acontece, alguns se perguntam: ‘Será que Deus não vê o que acontece? Por que ele não faz nada?’

      2. Como Habacuque reagiu à injustiça, e por que Jeová não o censurou?

      2 Ao longo da História, servos fiéis de Jeová fizeram perguntas similares. Por exemplo, o profeta Habacuque orou a Deus: “Por que me fazes ver tanta maldade? Por que toleras a injustiça? Estou cercado de destruição e violência; há brigas e lutas por toda parte.” (Habacuque 1:3, Bíblia na Linguagem de Hoje) Jeová não censurou Habacuque por ter feito essas perguntas francas. Afinal de contas, foi Ele mesmo quem nos abençoou com uma pequena medida do seu profundo senso de justiça.

      Jeová odeia a injustiça

      3. Por que se pode dizer que Jeová está muito mais ciente da injustiça do que nós?

      3 Jeová não é indiferente à injustiça. Ele vê o que está acontecendo. A Bíblia nos diz o seguinte sobre os dias de Noé: “Jeová viu que a maldade do homem era grande na terra e viu que toda inclinação dos pensamentos do seu coração era só má, todo o tempo.” (Gênesis 6:5) Pense no que isso significa. Muitas vezes, nosso conceito de injustiça baseia-se em alguns poucos incidentes sobre os quais ouvimos falar ou que presenciamos. Em contraste, Jeová vê todas as injustiças, em escala global! Mais do que isso, ele discerne as inclinações do coração, os raciocínios depravados por trás dos atos injustos. — Jeremias 17:10.

      4, 5. (a) Como a Bíblia mostra que Jeová se importa com os que foram tratados injustamente? (b) Como o próprio Jeová sofreu injustiças?

      4 Mas Jeová faz mais do que simplesmente observar a injustiça. Ele também se preocupa com os que foram vítimas dela. Quando seu povo era tratado cruelmente por nações inimigas, Jeová ficava perturbado com os “seus gemidos, causados pelos que os oprimiam e pelos que os tratavam de modo cruel”. (Juízes 2:18) Talvez já tenha percebido o que acontece com algumas pessoas: quanto mais são expostas à violência, mais se tornam insensíveis a ela. Isso não acontece com Jeová! Ele viu todo tipo de injustiça imaginável ao longo de uns 6 mil anos, mas seu ódio por ela não diminuiu nem um pouco. Pelo contrário, a Bíblia assegura que coisas como “língua mentirosa”, “mãos que derramam sangue inocente” e “a testemunha falsa que só fala mentiras” são detestáveis para ele. — Provérbios 6:16-19.

      5 Note também como Jeová censurou fortemente os líderes injustos de Israel. Ele inspirou um profeta a perguntar-lhes: “Vocês não deviam saber o que é justo?” Depois de descrever em termos vívidos o abuso de poder desses homens corruptos, Jeová predisse o resultado para eles: “Clamarão a Jeová por ajuda, mas ele não lhes responderá. Naquele tempo ele esconderá deles a sua face, por causa das suas maldades.” (Miqueias 3:1-4) Como Jeová abomina a injustiça! Ora, ele mesmo tem sofrido por causa dela! Há milhares de anos, Satanás o desafia injustamente. (Provérbios 27:11) Além disso, Jeová foi profundamente afetado pelo mais horrível ato de injustiça: seu Filho, que “não cometeu pecado”, foi executado como criminoso. (1 Pedro 2:22; Isaías 53:9) É óbvio que Jeová não ignora o sofrimento das vítimas de injustiças, nem é indiferente a ele.

      6. Como muitas vezes reagimos quando nos confrontamos com injustiças, e por quê?

      6 Mesmo assim, quando vemos uma injustiça — ou quando nós mesmos nos tornamos vítimas dela —, é natural ficarmos indignados. Afinal, fomos criados à imagem de Deus, e a injustiça é exatamente o contrário de tudo o que Jeová representa. (Gênesis 1:27) Por que, então, Deus permite a injustiça?

      A questão importante

      7. Descreva como o nome e o modo de governar de Jeová foram desafiados.

      7 A resposta a essa pergunta tem que ver com uma questão importante. Como vimos, o Criador tem o direito de dominar sobre a Terra e todos os que moram nela. (Salmo 24:1; Apocalipse 4:11) Mas logo no início da história humana o bom nome de Jeová foi caluniado e seu modo de governar foi desafiado. Como isso aconteceu? Jeová ordenou que o primeiro homem, Adão, não comesse de certa árvore que crescia no jardim, seu lar paradisíaco. E se ele desobedecesse? Deus avisou: “Você certamente morrerá.” (Gênesis 2:17) Não seria difícil para Adão nem para sua esposa, Eva, cumprir a ordem de Deus. Contudo, Satanás convenceu Eva de que Deus estava sendo indevidamente restritivo. Segundo ele, o que aconteceria se Eva comesse da árvore? Satanás afirmou: “Vocês certamente não morrerão. Pois Deus sabe que, no mesmo dia em que comerem dele, seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus, sabendo o que é bom e o que é mau.” — Gênesis 3:1-5.

      8. (a) Quando falou com Eva, o que na verdade Satanás afirmou? (b) No que se refere ao nome e à soberania de Deus, qual foi o desafio de Satanás?

      8 Ao dizer isso, Satanás estava na verdade afirmando que Jeová não só havia omitido informações vitais, mas também que havia mentido para Eva. O Tentador fez Eva questionar o tipo de Pessoa por trás do nome Jeová. Desse modo, Satanás manchou o nome de Deus. Ele também atacou a soberania de Jeová, ou seja, seu modo de governar. Ele tomou o cuidado de não questionar o fato de que Deus era soberano. Antes, seu desafio foi: Será que Deus exerce a soberania de modo legítimo, merecido e justo? Em outras palavras, ele afirmou que Jeová não exercia seu governo de modo justo e não visava os melhores interesses dos Seus súditos.

      9. (a) Para Adão e Eva, qual foi a consequência da desobediência, e que questões importantes foram levantadas? (b) Por que Jeová simplesmente não destruiu os rebeldes?

      9 Depois disso, tanto Adão como Eva desobedeceram a Jeová e comeram da árvore proibida. Devido à sua desobediência, com o tempo receberiam a punição (a morte), exatamente como Deus havia decretado. Mas a mentira de Satanás levantou algumas perguntas muito importantes: Jeová tem mesmo o direito de reinar sobre a humanidade ou será que o homem pode se governar sozinho? Deus exerce sua soberania da melhor maneira possível? O Criador poderia ter usado seu poder ilimitado para destruir os rebeldes na hora. Mas o que se questionou não foi o poder de Deus, mas seu nome, o que envolve seu modo de governar. Assim, eliminar Adão, Eva e Satanás não teria comprovado que o domínio de Deus é justo. Pelo contrário, poderia ter levantado ainda mais dúvidas a esse respeito. A única maneira de determinar se os humanos conseguiriam ser bem-sucedidos em governar a si mesmos de maneira independente de Deus, era dar tempo ao tempo.

      10. No que se refere ao domínio humano, o que a História demonstra?

      10 Com o passar do tempo, o que ficou comprovado? Ao longo dos milênios, as pessoas experimentaram muitas formas de governo: autocracia, democracia, socialismo, comunismo, etc. Qual foi o resultado? A seguinte declaração sucinta e honesta da Bíblia responde muito bem: “Homem domina homem para o seu prejuízo.” (Eclesiastes 8:9) O profeta Jeremias tinha boas razões para afirmar: “Bem sei, ó Jeová, que o caminho do homem não pertence a ele. Não cabe ao homem nem mesmo dirigir os seus passos.” — Jeremias 10:23.

      11. Por que Jeová permitiu que a raça humana sofresse?

      11 Jeová sabia desde o início que o governo humano independente dele resultaria em muito sofrimento. Foi injusto da parte dele, então, permitir que o inevitável acontecesse? De modo algum! Para ilustrar: suponhamos que seu filho precise de uma cirurgia por causa de uma doença que poderia matá-lo. Você sabe que a operação causará certo sofrimento ao seu filho e isso o deixa muito triste. Ao mesmo tempo, sabe que ela permitirá que seu filho tenha saúde melhor. De modo similar, Deus sabia — e até predisse — que, ao permitir que os humanos se governassem sozinhos, o resultado seria dor e sofrimento. (Gênesis 3:16-19) Mas sabia também que o alívio duradouro e significativo só seria possível se ele permitisse que toda a humanidade visse os maus resultados da rebelião. Dessa forma, a questão seria resolvida de uma vez para sempre.

      A questão da integridade do homem

      12. Como ilustrado no caso de Jó, que acusação Satanás lançou contra os humanos?

      12 Há algo mais a se levar em conta. Satanás contestou o domínio divino — se era legítimo e justo — e, ao fazer isso, difamou a soberania e o nome de Jeová. Mas não parou por aí. Com esse desafio, ele também caluniou os servos de Deus a respeito da sua integridade. Note, por exemplo, o que Satanás disse a Jeová a respeito de Jó, um homem justo: “Não puseste uma cerca de proteção em volta dele, da sua casa e de tudo o que ele tem? Tu abençoaste o trabalho das suas mãos, e os rebanhos dele se espalham pela terra. Mas agora, levanta a mão e atinge tudo o que ele tem, e com certeza ele te amaldiçoará na tua própria face.” — Jó 1:10, 11.

      13. O que Satanás deu a entender com suas acusações contra Jó, e como isso envolve a todos os humanos?

      13 Satanás afirmou que Jeová usava Seu poder protetor para comprar a devoção de Jó. Isso, por sua vez, dava a entender que a integridade de Jó era só da boca para fora, que ele adorava a Deus apenas por interesse. Satanás disse que, se fosse privado da bênção de Deus, até mesmo Jó amaldiçoaria ao Criador. O Diabo sabia que Jó se destacava como ‘homem íntegro e justo, que temia a Deus e rejeitava o que é mau’.a Se conseguisse destruir a integridade de Jó, o que se poderia esperar do restante da humanidade? Assim, o Diabo na verdade estava questionando a lealdade de todos os que querem servir a Deus. De fato, levando a questão mais adiante, Satanás disse a Jeová: “O homem dará tudo o que tem pela sua vida.” — Jó 1:8; 2:4.

      14. O que a História tem mostrado quanto à acusação de Satanás contra os humanos?

      14 A História demonstra que muitos, como Jó, permaneceram leais a Jeová em face de provações — exatamente o contrário do que Satanás afirmou. Pela sua fidelidade, alegraram o coração de Jeová e permitiram que Ele desmentisse o desafio arrogante do Diabo de que os humanos não serviriam a Deus se passassem por dificuldades. (Hebreus 11:4-38) Muitas pessoas sinceras se recusaram a dar as costas a Deus. Quando confrontadas com as situações mais perturbadoras, elas confiaram totalmente que Jeová lhes daria forças para perseverar. — 2 Coríntios 4:7-10.

      15. Que perguntas talvez surjam acerca dos julgamentos passados e futuros de Deus?

      15 Mas a justiça de Jeová não tem que ver apenas com as questões da soberania e da integridade do homem. A Bíblia apresenta um registro dos julgamentos de Jeová contra pessoas e até nações inteiras. Também contém profecias sobre julgamentos que ele fará no futuro. Será que Jeová sempre foi justo nos seus julgamentos? Por que podemos ter confiança que Ele sempre julgará com justiça?

      Por que a justiça divina é superior

      Ló e suas duas filhas chegando em segurança em Zoar enquanto chove fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. Ao fundo, a esposa de Ló, que se tornou uma coluna de sal.

      Jeová nunca ‘eliminará os justos junto com os maus’

      16, 17. Que exemplos demonstram que os humanos não entendem bem o que é a verdadeira justiça?

      16 Sobre Jeová, pode-se dizer corretamente: “Todos os seus caminhos são justos.” (Deuteronômio 32:4) Nenhum de nós pode afirmar isso a seu próprio respeito, porque muitas vezes nossa limitada compreensão das coisas impede que entendamos plenamente o que é certo. Veja um exemplo disso. Quando Jeová estava para destruir Sodoma, por causa da maldade excessiva daquela cidade, Abraão perguntou-lhe: “Eliminarás realmente os justos junto com os maus?” (Gênesis 18:23-33) É claro que a resposta era não. Só depois que o justo Ló e suas filhas estavam a salvo na cidade de Zoar é que Jeová “fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma”. (Gênesis 19:22-24) Em contraste, quando Deus estendeu misericórdia ao povo de Nínive, Jonas “ficou muito irado”. Visto que já havia anunciado a destruição da cidade, ele queria vê-la aniquilada — apesar do arrependimento de coração dos seus habitantes. — Jonas 3:10–4:1.

      17 Jeová assegurou a Abraão que sua justiça incluía não só destruir os perversos, mas também salvar os justos. Por outro lado, Jonas teve de aprender que Jeová é misericordioso. Se pessoas perversas mudam de atitude, ele está “sempre pronto a perdoar”. (Salmo 86:5) Ao contrário de alguns humanos inseguros, Jeová não executa julgamentos desfavoráveis só para reafirmar seu poder, nem deixa de mostrar compaixão por medo de ser encarado como fraco. Seu modo de agir é mostrar misericórdia sempre que há base para ela. — Isaías 55:7; Ezequiel 18:23.

      18. Use a Bíblia para mostrar que Jeová não age por sentimentalismo.

      18 Mas Jeová não se deixa cegar por sentimentalismo. Quando seu povo se atolou na idolatria, Jeová declarou à nação, com firmeza: “Vou julgá-la conforme os seus caminhos e vou ajustar contas com você por todas as suas ações detestáveis. Meu olho não terá dó de você, nem terei compaixão, pois trarei sobre você os efeitos dos seus próprios caminhos.” (Ezequiel 7:3, 4) De modo que, quando humanos ficam obstinados no seu modo de agir, Jeová julga-os de acordo com isso. Mas seu julgamento baseia-se em provas conclusivas. Assim, quando um alto clamor chegou aos seus ouvidos por causa de Sodoma e Gomorra, Jeová declarou: “Descerei para ver se de fato eles estão agindo de acordo com o clamor que chegou a mim.” (Gênesis 18:20, 21) Como somos gratos de que Jeová não é como muitos humanos que tiram conclusões precipitadas antes de ouvir todos os fatos! Na verdade, Jeová é, como a Bíblia o descreve muito bem, “Deus de fidelidade, que nunca é injusto”. — Deuteronômio 32:4.

      Tenha confiança na justiça de Jeová

      19. O que devemos fazer se ficarmos intrigados ao estudar as demonstrações da justiça de Jeová?

      19 A Bíblia não esclarece cada dúvida a respeito das ações de Jeová no passado, nem fornece todos os detalhes de como ele julgará pessoas e grupos no futuro. Quando ficamos intrigados com relatos ou profecias bíblicas que não dão esses detalhes, devemos demonstrar a mesma lealdade que o profeta Miqueias, que escreveu: “Esperarei pacientemente pelo Deus da minha salvação.” — Miqueias 7:7.

      20, 21. Por que podemos ter certeza de que Jeová sempre fará o que é certo?

      20 Podemos estar certos de que, em todas as situações, Jeová sempre fará o que é certo. Embora às vezes os humanos aparentemente ignorem as injustiças, Jeová promete: “A vingança é minha; eu retribuirei.” (Romanos 12:19) Nossa atitude de espera revelará que temos a mesma convicção que o apóstolo Paulo: “Há injustiça da parte de Deus? Certamente que não!” — Romanos 9:14.

      21 Enquanto isso, vivemos em “tempos críticos, difíceis de suportar”. (2 Timóteo 3:1) Por causa da injustiça e dos “atos de opressão”, presenciamos muitos abusos cruéis. (Eclesiastes 4:1) Mas Jeová não mudou. Ele ainda odeia a injustiça e se preocupa muito com as vítimas dela. Se permanecermos leais a Jeová e à sua soberania, ele nos dará forças para perseverarmos até o tempo designado, sob o domínio do seu Reino, quando ele corrigirá todas as injustiças. — 1 Pedro 5:6, 7.

      a A respeito de Jó, Jeová disse: “Não há ninguém igual a ele na terra.” (Jó 1:8) É provável, então, que ele tenha vivido depois da morte de José e antes de Moisés se tornar o líder designado de Israel. Assim, podia-se dizer que, naquela época, ninguém era tão leal quanto Jó.

      Perguntas para Meditação

      • Deuteronômio 10:17-19 Por que podemos ter confiança de que Jeová é imparcial no seu modo de tratar a outros?

      • Jó 34:1-12 Quando confrontado com uma injustiça, como as palavras de Eliú podem fortalecer sua confiança na justiça de Deus?

      • Salmo 1:1-6 Por que é tranquilizador saber que Jeová avalia cuidadosamente os atos tanto dos justos como dos perversos?

      • Malaquias 2:13-16 Como Jeová se sentiu em relação à injustiça praticada contra mulheres cujo marido se divorciava delas sem motivo válido?

  • “A lei de Jeová é perfeita”
    Achegue-se a Jeová
    • Moisés segurando as duas tábuas de pedra com os Dez Mandamentos.

      CAPÍTULO 13

      “A lei de Jeová é perfeita”

      1, 2. Por que muitas pessoas desprezam a lei, mas como talvez venhamos a nos sentir em relação às leis de Deus?

      “A LEI é um buraco sem fundo, . . . engole tudo.” Essa declaração aparece num livro publicado em 1712. O autor expressava sua desaprovação a um sistema jurídico em que os processos muitas vezes se arrastavam por anos nos tribunais, resultando em ruína financeira para os que buscavam justiça. Em muitos países, o sistema judicial e legal é tão complexo, tão cheio de injustiças, preconceitos e incoerências que o desprezo pela lei se tornou comum.

      2 Em contraste, veja estas palavras escritas há uns 2.700 anos: “Como eu amo a tua lei!” (Salmo 119:97) Por que o salmista tinha sentimentos tão intensos? Porque a lei que ele amava não havia sido criada por governos seculares, mas por Jeová Deus. À medida que estudar as leis de Jeová, provavelmente você também se sentirá cada vez mais como o salmista. Esse estudo o ajudará a entender um pouco melhor o maior Legislador do Universo.

      O Legislador supremo

      3, 4. De que modos Jeová mostrou ser Legislador?

      3 “Há somente um que é Legislador e Juiz”, diz a Bíblia. (Tiago 4:12) De fato, Jeová é o Legislador por excelência. Até os movimentos dos corpos celestes são governados pelas “leis dos céus”, que ele criou. (Jó 38:33; A Bíblia de Jerusalém) Os milhares e milhares de santos anjos de Jeová estão organizados em categorias definidas e servem sob a ordem direta de Deus, como Seus ministros. Portanto, também são governados pela lei divina. — Salmo 104:4; Hebreus 1:7, 14.

      4 Jeová também deu leis à humanidade. Cada um de nós tem uma consciência, que reflete o senso de justiça de Jeová. Ela é uma espécie de lei interior que nos ajuda a distinguir o certo do errado. (Romanos 2:14) Nossos primeiros pais foram abençoados com uma consciência perfeita, de modo que precisavam de poucas leis. (Gênesis 2:15-17) Humanos imperfeitos, porém, precisam de mais leis para orientá-los a fim de fazer a vontade de Deus. Patriarcas, como Noé, Abraão e Jacó, receberam leis de Jeová Deus e as transmitiram às suas famílias. (Gênesis 6:22; 9:3-6; 18:19; 26:4, 5) Jeová se tornou Legislador de uma forma sem precedentes quando deu à nação de Israel o código da Lei por meio de Moisés. Esse código jurídico nos ajuda a entender melhor o senso de justiça de Jeová.

      Lei mosaica — um apanhado geral

      5. Pode-se dizer que a Lei mosaica era um conjunto de leis volumoso e complexo? Por que responde assim?

      5 Muitos acham que a Lei mosaica era um conjunto de leis volumoso e complexo. Mas estão redondamente enganados! O código inteiro incluía mais de 600 leis. Isso talvez pareça bastante, mas pense: no fim do século 20, as leis federais dos Estados Unidos enchiam 150 mil páginas de livros jurídicos. A cada dois anos, acrescentavam-se mais umas 600 leis! Assim, em termos apenas de volume, a Lei mosaica parece minúscula em comparação com essa montanha de leis humanas. Mas a lei de Deus orientava os israelitas em áreas da vida que as leis modernas nem de longe abrangem. Vamos ver um apanhado geral dela.

      6, 7. (a) O que torna a Lei mosaica diferente de qualquer outro código jurídico, e qual era o maior mandamento expresso nela? (b) Como os israelitas mostravam que aceitavam a soberania de Jeová?

      6 A Lei exaltava a soberania de Jeová. Por isso, nenhum outro código jurídico se compara a ela. A maior de suas leis era: “Escute, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová. Ame a Jeová, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua força.” Como o povo de Deus poderia expressar amor por Ele? Deveriam servi-lo e se sujeitar à Sua soberania. — Deuteronômio 6:4, 5; 11:13.

      7 Como os israelitas mostravam que aceitavam a soberania de Jeová? Sujeitando-se àqueles que representavam a autoridade divina, como pais, maiorais, juízes, sacerdotes e, mais tarde, reis. Jeová encarava qualquer rebelião contra essas autoridades como rebelião contra ele próprio. Por outro lado, autoridades que lidassem de forma injusta ou arrogante com o povo de Jeová se arriscavam a incorrer na ira dele. (Êxodo 20:12; 22:28; Deuteronômio 1:16, 17; 17:8-20; 19:16, 17) Assim, ambas as partes deveriam defender a soberania de Deus.

      8. Como a Lei defendia a norma divina de santidade?

      8 A Lei defendia a norma divina de santidade. As palavras “santo” e “santidade” aparecem mais de 280 vezes na Lei mosaica. A Lei ajudava o povo de Deus a distinguir entre o que era puro e o que era impuro, citando cerca de 70 coisas que tornavam um israelita cerimonialmente impuro. Essas leis traziam benefícios notáveis para a saúde, porque tratavam de higiene física, dieta e até manejo de lixo e resíduos.a Mas elas tinham um objetivo mais nobre: manter o povo no favor de Jeová, separado das práticas pecaminosas das nações degeneradas que os rodeavam. Vejamos um exemplo.

      9, 10. O pacto da Lei incluía que estatutos sobre relações sexuais e parto, e que benefícios essas leis traziam?

      9 Estatutos do pacto da Lei declaravam que o parto e as relações sexuais — mesmo entre casados — resultavam num período de impureza. (Levítico 12:2-4; 15:16-18) Isso não depreciava essas dádivas puras de Deus. (Gênesis 1:28; 2:18-25) Ao contrário, essas leis defendiam a santidade de Jeová, ajudando Seus adoradores a evitar depravações. Como? As nações ao redor de Israel costumavam misturar sexo e ritos de fertilidade na sua adoração. A religião cananeia incluía prostituição masculina e feminina. O resultado disso era depravação da pior espécie, que se espalhava facilmente. Em contraste com isso, a Lei separava totalmente a adoração de Jeová de assuntos sexuais.b Também havia outros benefícios.

      10 Essas leis serviam para ensinar uma verdade fundamental.c Afinal de contas, como é que o pecado adâmico é transmitido de geração para geração? Não é por meio das relações sexuais e do parto? (Romanos 5:12) De modo que a Lei de Deus lembrava ao Seu povo que o pecado era uma realidade da vida. De fato, todos nascemos com ele. (Salmo 51:5) Precisamos de perdão e redenção para poder nos achegar ao nosso Deus santo.

      11, 12. (a) A Lei sustentava que princípio fundamental de justiça? (b) Ela incluía que regulamentos para evitar que a justiça fosse deturpada?

      11 A Lei defendia a justiça perfeita de Jeová. Ela sustentava o princípio da equivalência, ou equilíbrio, em questões judiciais. Por isso, declarava: “Será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” (Deuteronômio 19:21) Portanto, a punição pelos crimes tinha de ser proporcional à gravidade deles. Esse aspecto da justiça divina permeava a Lei e até hoje é essencial para entendermos o sacrifício de resgate de Cristo Jesus, conforme mostrará o Capítulo 14. — 1 Timóteo 2:5, 6.

      12 A Lei também incluía regulamentos para evitar que a justiça fosse deturpada. Por exemplo, era preciso pelo menos duas testemunhas para confirmar uma acusação. A penalidade por perjúrio era severa. (Deuteronômio 19:15, 18, 19) Também se proibia categoricamente a corrupção e o suborno. (Êxodo 23:8; Deuteronômio 27:25) Até mesmo nas práticas comerciais o povo de Deus devia defender as elevadas normas divinas de justiça. (Levítico 19:35, 36; Deuteronômio 23:19, 20) A Lei mosaica era um código jurídico sublime e justo. Foi uma grande bênção para Israel.

      Leis que ressaltavam a misericórdia e a imparcialidade

      13, 14. Como a Lei promovia o tratamento imparcial e justo para com ladrões e vítimas?

      13 A Lei mosaica era um conjunto de regras rígidas e impiedosas? Nada disso! O Rei Davi foi inspirado a escrever: “A lei de Jeová é perfeita.” (Salmo 19:7) Ele sabia muito bem que a Lei promovia a misericórdia e a imparcialidade. Como?

      14 Em alguns países hoje, parece que as leis mostram mais compaixão e consideração pelos criminosos do que pelas vítimas. Por exemplo, os ladrões são mandados para a prisão, mas, nesse meio-tempo, as vítimas ficam privadas dos bens roubados e ainda têm de pagar os impostos que servem para abrigar e alimentar os criminosos. No Israel antigo, não havia prisões como as que existem hoje, e leis específicas determinavam a severidade das punições. (Deuteronômio 25:1-3) O ladrão tinha de indenizar a vítima por aquilo que havia roubado e ainda pagar uma multa adicional. De quanto? Isso variava. Em Levítico 6:1-7 estipula-se uma multa bem menor do que a mencionada em Êxodo 22:7. Pelo visto, isso se dava porque os juízes tinham autonomia para avaliar diversos fatores, como o arrependimento do transgressor, antes de estipular o valor da multa.

      15. Como a Lei refletia tanto misericórdia como justiça no caso daqueles que matavam alguém por acidente?

      15 Numa demonstração de misericórdia, a Lei reconhecia que nem todos os pecados são deliberados. Por exemplo, se alguém matasse outra pessoa por acidente, não precisava pagar vida por vida se tomasse a ação correta: fugir para uma das cidades de refúgio espalhadas pelo território de Israel. Juízes capacitados examinavam o caso e o fugitivo tinha de morar na cidade de refúgio até a morte do sumo sacerdote. Daí, estaria livre para morar onde quisesse. Assim, ele se beneficiava da misericórdia divina, mas ao mesmo tempo essa lei lembrava o grande valor da vida humana. — Números 15:30, 31; 35:12-25.

      16. Como a Lei defendia certos direitos individuais?

      16 A Lei defendia os direitos individuais. Veja como ela protegia os endividados. Era proibido que alguém entrasse na casa de outra pessoa para pegar um bem como garantia de uma dívida. O credor tinha de esperar, na porta, que o devedor trouxesse o bem até ele. Ou seja, o lar de um homem era considerado inviolável. Se o credor pegasse a roupa exterior de alguém como garantia, deveria devolvê-la à noite, visto que o devedor provavelmente precisaria dela para se aquecer. — Deuteronômio 24:10-14.

      17, 18. No que se refere à guerra, em que sentidos os israelitas eram diferentes das outras nações, e por quê?

      17 A Lei tinha regulamentos até mesmo em relação à guerra. O povo de Deus ia à guerra, não para satisfazer uma ânsia por poder ou conquistas, mas para servir como representantes de Deus nas “Guerras de Jeová”. (Números 21:14) Em muitos casos, os israelitas eram obrigados a oferecer a rendição primeiro. Somente se a cidade rejeitasse a oferta é que Israel podia sitiá-la, mas ainda assim era preciso seguir as orientações de Deus. Diferentemente de muitos soldados ao longo da História, os homens do exército de Israel não podiam estuprar as mulheres nem promover massacres injustificáveis. Deviam até mesmo respeitar o meio ambiente: não podiam derrubar as árvores frutíferas nas terras do inimigo.d Outros exércitos não tinham essas restrições. — Deuteronômio 20:10-15, 19, 20; 21:10-13.

      18 Fica horrorizado quando ouve falar que, em alguns países, crianças são treinadas como soldados? No Israel antigo, nenhum homem com menos de 20 anos podia ser recrutado para o exército. (Números 1:2, 3) Até homens adultos eram eximidos se tivessem muito medo. Um recém-casado era eximido por um ano inteiro para que, antes de partir para esse serviço perigoso, pudesse ver o nascimento de um herdeiro. Dessa forma, explicava a Lei, o jovem marido poderia “permanecer em casa e alegrar sua esposa”. — Deuteronômio 20:5, 6, 8; 24:5.

      19. Como a Lei protegia mulheres, crianças, famílias, viúvas e órfãos?

      19 A Lei também protegia e fazia provisões para mulheres, crianças e famílias. Ela ordenava que os pais dessem constante atenção e instrução espiritual aos filhos. (Deuteronômio 6:6, 7) Proibia toda forma de incesto, sob pena de morte. (Levítico, capítulo 18) Proibia também o adultério, que muitas vezes destrói famílias e acaba com sua segurança e dignidade. A Lei estipulava provisões para viúvas e órfãos e proibia, nos termos mais fortes possíveis, que fossem maltratados. — Êxodo 20:14; 22:22-24.

      20, 21. (a) Por que a Lei mosaica permitia a poligamia em Israel? (b) Na questão do divórcio, por que a Lei era diferente da norma que mais tarde Jesus restaurou?

      20 Nesse respeito, porém, alguns se perguntam: ‘Por que a Lei permitia a poligamia?’ (Deuteronômio 21:15-17) É preciso analisar essas leis no seu contexto histórico. Quem avalia a Lei mosaica à luz da cultura e dos tempos modernos com certeza vai entendê-la mal. (Provérbios 18:13) A norma de Jeová, estabelecida lá no Éden, era que o casamento fosse uma união duradoura entre um só homem e uma só mulher. (Gênesis 2:18, 20-24) Mas, quando Jeová deu a Lei a Israel, costumes como o da poligamia já eram praticados por séculos. Jeová sabia muito bem que seu ‘povo obstinado’ frequentemente falharia em obedecer até aos mandamentos mais simples, como o que proibia a idolatria. (Êxodo 32:9) Assim, de forma muito sensata, ele não tentou fazer naquela época grandes reformas nos costumes matrimoniais. É preciso lembrar, porém, que não foi Jeová quem instituiu a poligamia. Mas ele usou a Lei mosaica para regulamentar essa prática entre o seu povo e evitar abusos.

      21 De modo similar, a Lei mosaica apresentava uma lista relativamente ampla de razões graves que permitiam que um homem se divorciasse da esposa. (Deuteronômio 24:1-4) Jesus chamou isso de uma concessão da parte de Deus ao povo judeu “por causa da dureza do coração” deles. Mas essa era uma concessão temporária. Para seus seguidores, Jesus restaurou a norma original de Jeová para o casamento. — Mateus 19:8.

      A Lei promovia o amor

      22. De que modos e a quem a Lei mosaica incentivava que se demonstrasse amor?

      22 Sabe de algum sistema jurídico moderno que incentive o amor? Pois a Lei mosaica promovia o amor acima de tudo. Só no livro de Deuteronômio a palavra “amor”, e outras derivadas, aparece mais de 20 vezes. O segundo maior mandamento de toda a Lei era: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” (Levítico 19:18; Mateus 22:37-40) O povo de Deus devia mostrar esse amor não só a outros israelitas, mas também aos imigrantes que morassem entre eles, lembrando-se de que eles próprios haviam vivido numa terra estrangeira no passado. Deviam mostrar amor pelos pobres e sofredores, ajudando-os em sentido material e não tirando vantagem de sua situação. Os israelitas foram até mesmo orientados a tratar seus animais de carga com bondade e consideração. — Êxodo 23:6; Levítico 19:14, 33, 34; Deuteronômio 22:4, 10; 24:17, 18.

      23. O escritor do Salmo 119 se sentiu motivado a fazer o quê, e o que devemos estar decididos a fazer?

      23 Que outra nação foi abençoada com um código jurídico semelhante? Não é de estranhar, então, que o salmista escrevesse: “Como eu amo a tua lei!” Longe de ser apenas um sentimento, seu amor o movia à ação — ele se esforçava a obedecer àquela lei e a viver segundo os seus princípios. Ele prosseguiu, dizendo: “Medito [na tua lei] o dia inteiro.” (Salmo 119:11, 97) Ele regularmente passava tempo estudando as leis de Jeová. Sem dúvida, à medida que fazia isso, aumentava o seu amor tanto por essas leis quanto pelo Legislador, Jeová Deus. Continue a estudar a lei divina e você também se achegará mais a Jeová, o Grandioso Legislador, o Deus de justiça.

      a Por exemplo, leis que exigiam que o excremento humano fosse enterrado, que doentes fossem postos de quarentena e que aqueles que tocassem num cadáver se lavassem estavam séculos à frente do seu tempo. — Levítico 13:4-8; Números 19:11-13, 17-19; Deuteronômio 23:13, 14.

      b Nos templos cananeus havia salas reservadas para atividades sexuais, mas a Lei mosaica declarava que alguém impuro não podia nem mesmo entrar no templo. Assim, visto que as relações sexuais resultavam num período de impureza, ninguém poderia legalmente incluir o sexo como parte da adoração na casa de Jeová.

      c O objetivo principal da Lei era ensinar. Na verdade, a obra Conhecimento Judaico menciona que a palavra hebraica para “lei”, tohráh, significa “instrução”.

      d A Lei perguntava de modo direto: “Será que você deveria sitiar uma árvore do campo assim como faria com um homem?” (Deuteronômio 20:19) Filo, erudito judeu do primeiro século, citou essa lei, explicando que Deus acha “injusto que a ira que se acende contra homens seja lançada contra coisas que são inocentes de todo o mal”.

      Perguntas para Meditação

      • Levítico 19:9, 10; Deuteronômio 24:19 Como se sente em relação ao Deus que fez essas leis?

      • Salmo 19:7-14 Como Davi se sentia em relação à “lei de Jeová”? As leis divinas devem ter que valor para nós?

      • Miqueias 6:6-8 Como esse texto nos ajuda a entender que não é correto encarar as leis de Jeová como um fardo?

      • Mateus 23:23-39 Como os fariseus mostravam que não entendiam o espírito da Lei, e de que modo o exemplo deles serve de alerta para nós?

  • Jeová providenciou um “resgate em troca de muitos”
    Achegue-se a Jeová
    • Jesus em pé na frente de uma balança.

      CAPÍTULO 14

      Jeová providenciou um “resgate em troca de muitos”

      1, 2. Como a Bíblia descreve a condição da humanidade e qual é a única saída?

      “TODA a criação junta continua a gemer e a sentir dores.” (Romanos 8:22) Essas palavras do apóstolo Paulo descrevem muito bem o estado deplorável em que nos encontramos. Do ponto de vista humano, parece não haver saída do sofrimento, do pecado e da morte. Mas Jeová não é como os humanos — ele não tem limitações. (Números 23:19) O Deus de justiça providenciou uma maneira de escaparmos do sofrimento. Chama-se resgate.

      2 O resgate é o maior presente de Jeová para a humanidade. Torna possível que sejamos libertos do pecado e da morte. (Efésios 1:7) É a base da esperança de vida eterna, quer no céu quer no Paraíso na Terra. (Lucas 23:43; João 3:16; 1 Pedro 1:4) Mas o que é exatamente o resgate? O que nos ensina sobre a inigualável justiça de Jeová?

      Como surgiu a necessidade de um resgate

      3. (a) Por que surgiu a necessidade de um resgate? (b) Por que Deus não podia simplesmente mudar a sentença de morte da descendência de Adão?

      3 O resgate se tornou necessário devido ao pecado de Adão. Ele desobedeceu a Deus e, com isso, deixou para a sua descendência uma herança de doença, pesar, dor e morte. (Gênesis 2:17; Romanos 8:20) Deus não podia simplesmente ceder ao sentimentalismo e substituir a sentença de morte por um castigo menor. Se fizesse isso, estaria ignorando sua própria lei: “O salário pago pelo pecado é a morte.” (Romanos 6:23) E se Jeová desconsiderasse suas próprias normas de justiça, o resultado seria caos e anarquia universais.

      4, 5. (a) Como Satanás caluniou a Deus, e por que este se sentiu na obrigação de responder aos desafios? (b) Do que Satanás acusou os servos leais de Jeová?

      4 Como vimos no Capítulo 12, a rebelião no Éden levantou questões ainda mais importantes. Satanás difamou o bom nome de Deus. Na verdade, ele acusou Jeová de ser um mentiroso, um ditador cruel que privava Suas criaturas de liberdade. (Gênesis 3:1-5) Quando aparentemente frustrou o propósito divino de encher a Terra de humanos justos, Satanás também deu a entender que Deus era um fracassado. (Gênesis 1:28; Isaías 55:10, 11) Se Jeová tivesse deixado de responder a esses desafios, muitas de suas criaturas inteligentes talvez tivessem perdido a confiança no Seu domínio.

      5 Satanás também caluniou os servos leais de Jeová, acusando-os de servir a Ele apenas por motivos egoístas e afirmando que, sob pressão, nenhum deles permaneceria fiel a Deus. (Jó 1:9-11) Essas questões eram muito mais importantes do que as dificuldades da humanidade. Com toda a razão, Jeová se sentiu na obrigação de responder às acusações caluniosas de Satanás. Mas como Ele poderia resolver essas questões e ainda assim salvar a humanidade?

      Resgate — uma equivalência

      6. Quais são algumas expressões usadas na Bíblia para descrever o modo de Deus salvar a humanidade?

      6 A solução que Jeová apresentou era totalmente misericordiosa, extremamente justa e maravilhosamente simples — uma solução que nenhum humano poderia ter imaginado. É chamada de várias maneiras: compra, reconciliação, redenção, propiciação e expiação. (Salmo 49:8, nota; Daniel 9:24; Gálatas 3:13; Colossenses 1:20; Hebreus 2:17) Mas a expressão que melhor a define é aquela usada pelo próprio Jesus, que disse: “O Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate [em grego, lýtron] em troca de muitos.” — Mateus 20:28.

      7, 8. (a) O que o termo “resgate” significa nas Escrituras? (b) Por que se diz que o resgate envolve equivalência?

      7 O que é um resgate? A palavra grega usada aqui vem de um verbo que significa “deixar ir, libertar”. Esse termo era usado para o preço pago em troca da liberdade de prisioneiros de guerra. Basicamente, então, pode-se definir resgate como algo pago para recomprar outra coisa. Nas Escrituras Hebraicas, a palavra para “resgate” (kófer) deriva de um verbo que significa “cobrir”. Por exemplo, Deus disse a Noé que revestisse’, ou cobrisse, (uma forma da mesma palavra) a arca com alcatrão. (Gênesis 6:14) Isso nos ajuda a entender que resgatar também significa cobrir pecados. — Salmo 65:3.

      8 Um dicionário teológico afirma que essa palavra (kófer) “sempre denota uma equivalência”, ou correspondência. (Theological Dictionary of the New Testament) Assim, a fim de resgatar, ou cobrir, o pecado, era preciso pagar um preço que correspondesse, ou cobrisse, plenamente o dano causado pelo pecado. Em harmonia com isso, a Lei de Deus a Israel declarava: “Será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” — Deuteronômio 19:21.

      9. Por que razão homens fiéis ofereceram sacrifícios de animais, e como Jeová encarava esses sacrifícios?

      9 Homens fiéis, a partir de Abel, ofereceram sacrifícios de animais a Deus. Ao fazer isso, demonstraram que estavam cientes de que o pecado existia e que se precisava de redenção, e mostraram sua fé na libertação prometida por Deus por intermédio do seu “descendente”. (Gênesis 3:15; 4:1-4; Levítico 17:11; Hebreus 11:4) Jeová se agradava desses sacrifícios e concedia uma condição limpa a seus adoradores. Contudo, os sacrifícios de animais eram, na melhor das hipóteses, apenas representativos. Não podiam cobrir totalmente os pecados humanos, pois os animais são inferiores ao homem. (Salmo 8:4-8) Por isso, a Bíblia diz: “Não é possível que o sangue de touros e de bodes tire pecados.” (Hebreus 10:1-4) Esses sacrifícios eram apenas ilustrativos, simbolizando o verdadeiro sacrifício de resgate futuro.

      “Resgate correspondente”

      10. (a) O resgatador tinha de ser equivalente a quem, e por quê? (b) Por que foi necessário só um sacrifício humano?

      10 “Em Adão todos morrem”, disse o apóstolo Paulo. (1 Coríntios 15:22) Assim, o resgate precisava envolver a morte do equivalente exato de Adão: um humano perfeito. (Romanos 5:14) Nenhuma outra criatura podia equilibrar a balança da justiça. Somente um humano perfeito, que não estivesse debaixo da sentença de morte adâmica, poderia oferecer um “resgate correspondente por todos” — perfeitamente correspondente a Adão. (1 Timóteo 2:6) Não seria preciso que incontáveis milhões de humanos se sacrificassem para corresponder a cada descendente de Adão. O apóstolo Paulo explicou: “Por meio de um só homem [Adão] o pecado entrou no mundo, e a morte por meio do pecado.” (Romanos 5:12) E “visto que a morte veio por meio de um homem”, Deus providenciou a redenção para a humanidade “por meio de um homem”. (1 Coríntios 15:21) Como?

      Um “resgate correspondente por todos”

      11. (a) Em que sentido o resgatador ‘provaria a morte por todos’? (b) Por que Adão e Eva não se beneficiariam do resgate? (Veja a nota.)

      11 Jeová tomou providências para que um homem perfeito sacrificasse voluntariamente a sua vida. Segundo Romanos 6:23, “o salário pago pelo pecado é a morte”. Ao sacrificar sua vida, o resgatador ‘provaria a morte por todos’. Em outras palavras, pagaria o salário pelo pecado de Adão. (Hebreus 2:9; 2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 2:24) Isso teria profundas implicações jurídicas. Ao anular a sentença de morte sobre a descendência obediente de Adão, o resgate eliminaria o poder destrutivo do pecado direto na fonte.a — Romanos 5:16.

      12. Ilustre como o pagamento de uma única dívida pode beneficiar muitas pessoas.

      12 Para ilustrar: imagine-se morando numa cidade em que a maioria dos habitantes trabalha em uma grande fábrica. Você e seus vizinhos têm um bom salário e uma vida confortável. Até que um dia a fábrica fecha as portas. Por que motivo? O diretor se tornou corrupto e levou a firma à falência. De repente, você e seus vizinhos estão desempregados e as contas começam a se acumular. Cônjuges, filhos e credores sofrem por causa da corrupção daquele homem. Existe saída? Sim! Um benfeitor rico resolve intervir. Ele sabe quanto vale a companhia e imagina o que os empregados e suas famílias estão passando. Assim, paga as dívidas da firma e reabre a fábrica. O cancelamento daquela única dívida traz alívio para muitos empregados, suas famílias e credores. De modo similar, o cancelamento da dívida de Adão beneficia incontáveis milhões de pessoas.

      Quem providenciou o resgate?

      13, 14. (a) Como Jeová providenciou o resgate para a humanidade? (b) A quem este é pago, e por que esse pagamento é necessário?

      13 Somente Jeová poderia providenciar “o Cordeiro . . . que tira o pecado do mundo”. (João 1:29) Mas Deus não enviou um simples anjo para resgatar a humanidade. Enviou Aquele que poderia fornecer uma resposta definitiva e conclusiva à acusação de Satanás contra os servos de Jeová. De fato, Deus fez o sacrifício supremo de enviar seu Filho unigênito, “aquele de quem ele gostava especialmente”. (Provérbios 8:30, nota) Voluntariamente, o Filho de Deus “se esvaziou” de sua natureza espiritual. (Filipenses 2:7, nota) De forma milagrosa, Jeová transferiu a vida do seu Filho primogênito do céu para o útero de uma virgem judia, chamada Maria. (Lucas 1:27, 35) Como homem, recebeu o nome de Jesus. Mas em sentido jurídico, poderia ser chamado de o segundo Adão, porque era o equivalente exato de Adão. (1 Coríntios 15:45, 47) Assim, Jesus podia se oferecer em sacrifício como resgate pela humanidade pecadora.

      14 A quem o resgate seria pago? O Salmo 49:7 diz especificamente que seria pago “a Deus”. Mas não foi Jeová quem providenciou o resgate? Sim, mas isso não é razão para encararmos esse ato como uma troca inútil e mecânica, como se ele tirasse dinheiro de um bolso e colocasse no outro. Deve-se entender que o resgate não é uma troca física, mas uma transação jurídica. Ao providenciar o pagamento do resgate, a um enorme custo para si mesmo, Jeová confirmou sua inabalável aderência à sua própria justiça perfeita. — Gênesis 22:7, 8, 11-13; Hebreus 11:17; Tiago 1:17.

      15. Por que era necessário que Jesus sofresse e morresse?

      15 No início do ano 33 EC, Jesus Cristo voluntariamente se submeteu a uma provação que resultou no pagamento do resgate. Ele se deixou ser preso sob acusações falsas, julgado culpado e pregado numa estaca de execução. Era realmente necessário que Jesus sofresse tanto? Sim, porque era preciso resolver a questão da integridade dos servos de Deus. O interessante é que Deus não permitiu que Herodes matasse Jesus enquanto este era bebê. (Mateus 2:13-18) Mas quando se tornou adulto, Jesus estava apto a resistir aos ataques de Satanás com pleno entendimento das questões envolvidas.b Ao se manter “leal, inocente, sem mancha, separado dos pecadores” apesar do horrível tratamento que recebeu, Jesus provou de forma maravilhosa e conclusiva que Jeová tem mesmo servos que permanecem fiéis sob provações. (Hebreus 7:26) Não é de admirar, então, que no momento de sua morte Jesus clamasse em triunfo: “Está consumado!” — João 19:30.

      Ele leva até o fim seu trabalho de redenção

      16, 17. (a) Como Jesus concluiu seu trabalho de redenção? (b) Por que era necessário que Jesus aparecesse “perante Deus em nosso favor”?

      16 Jesus ainda tinha de concluir seu trabalho de redenção. No terceiro dia depois da sua morte, Jeová o ressuscitou dos mortos. (Atos 3:15; 10:40) Por meio desse ato marcante, Jeová não só recompensou o Filho por seu serviço fiel, mas também lhe deu a oportunidade de terminar seu trabalho de redenção como Sumo Sacerdote de Deus. (Romanos 1:4; 1 Coríntios 15:3-8) O apóstolo Paulo explica: “Quando Cristo veio como sumo sacerdote . . . , ele entrou no lugar santo, não com o sangue de bodes e de novilhos, mas com o seu próprio sangue, de uma vez para sempre, e obteve para nós um livramento eterno. Pois Cristo não entrou num lugar santo feito por mãos humanas, que é uma cópia da realidade, mas no próprio céu, de modo que agora comparece perante Deus em nosso favor.” — Hebreus 9:11, 12, 24.

      17 Cristo não podia levar seu sangue literal para o céu. (1 Coríntios 15:50) Em vez disso, ele levou o que o sangue simbolizava: o valor legal do sacrifício de sua vida humana perfeita. Daí, perante a Pessoa de Deus, ele apresentou formalmente o valor da sua vida como resgate em troca da humanidade pecadora. Será que Jeová aceitou esse sacrifício? Sim, e isso ficou evidente no Pentecostes de 33 EC, quando foi derramado espírito santo sobre cerca de 120 discípulos em Jerusalém. (Atos 2:1-4) Embora isso tenha sido emocionante, era apenas o primeiro dos maravilhosos benefícios que o resgate ainda traria.

      Benefícios do resgate

      18, 19. (a) Que dois grupos se beneficiam da reconciliação possibilitada pelo sangue de Cristo? (b) Para os membros da “grande multidão”, quais são alguns dos benefícios atuais e futuros do resgate?

      18 Na sua carta aos colossenses, Paulo explica que Deus achou bom reconciliar Consigo mesmo, por meio de Cristo, todas as outras coisas, fazendo a paz por intermédio do sangue que Jesus derramou na estaca de tortura. Paulo também explica que essa reconciliação envolve dois grupos de pessoas: “as coisas nos céus” e “as coisas na terra”. (Colossenses 1:19, 20; Efésios 1:10) O primeiro grupo é composto de 144 mil cristãos que recebem a esperança de servir como sacerdotes celestiais e reinar sobre a Terra com Cristo Jesus. (Apocalipse 5:9, 10; 7:4; 14:1-3) Por intermédio deles, os benefícios do resgate serão aplicados gradativamente à humanidade obediente por um período de mil anos. — 1 Coríntios 15:24-26; Apocalipse 20:6; 21:3, 4.

      19 “As coisas na terra” são aqueles que aguardam ter vida perfeita na Terra transformada num paraíso. Apocalipse 7:9-17 descreve-os como “uma grande multidão” que sobreviverá à vindoura “grande tribulação”. Mas não precisam esperar até lá para se beneficiar do resgate. Eles já “lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro”. Visto que exercem fé no resgate, desde já recebem bênçãos espirituais por meio dessa provisão amorosa. Por exemplo, são declarados justos como amigos de Deus. (Tiago 2:23) Em resultado do sacrifício de Jesus, podem ‘com confiança, se aproximar do trono de bondade imerecida’. (Hebreus 4:14-16) Quando erram, recebem perdão genuíno. (Efésios 1:7) Apesar de imperfeitos, têm uma consciência limpa. (Hebreus 9:9; 10:22; 1 Pedro 3:21) Assim, a reconciliação com Deus não é algo que aguardam para o futuro — já é uma realidade! (2 Coríntios 5:19, 20) Durante o Milênio, eles aos poucos serão ‘libertados da escravidão à decadência’ e finalmente terão “a liberdade gloriosa dos filhos de Deus”. — Romanos 8:21.

      20. Ao meditar no resgate, como isso o afeta pessoalmente?

      20 ‘Damos graças a Deus que, por meio de Jesus Cristo’, providenciou o resgate! (Romanos 7:25) Em essência, trata-se de algo simples, mas é tão profundo que nos enche de admiração. (Romanos 11:33) Se meditarmos com apreço no resgate, ele tocará nosso coração e nos achegará cada vez mais ao Deus de justiça. Como o salmista, temos ótimos motivos para louvar a Jeová, aquele que “ama a retidão e a justiça”. — Salmo 33:5.

      a Adão e Eva não podiam se beneficiar do resgate. A Lei mosaica declarou o seguinte princípio com respeito a assassinos deliberados: “Não aceitem nenhum resgate pela vida de um assassino que merece morrer.” (Números 35:31) É óbvio que Adão e Eva mereciam morrer porque desobedeceram a Deus deliberadamente e com plena consciência dos seus atos. Dessa forma, abriram mão de suas perspectivas de vida eterna.

      b Para contrabalançar o pecado de Adão, Jesus tinha de morrer, não como criança perfeita, mas como homem perfeito. Lembre-se de que o pecado de Adão foi deliberado, cometido com pleno conhecimento da seriedade do ato e de suas consequências. Assim, a fim de se tornar “o último Adão” e cobrir o pecado, Jesus tinha de fazer uma escolha madura e consciente de manter a integridade a Jeová. (1 Coríntios 15:45, 47) De modo que a conduta fiel de Jesus durante toda a vida — incluindo sua morte sacrificial — serviu como “um só ato de justificação”. — Romanos 5:18, 19.

      Perguntas para Meditação

      • Números 3:39-51 Por que é essencial que o resgate seja o equivalente exato?

      • Salmo 49:7, 8 Por que temos uma dívida para com Deus por ele ter providenciado o resgate?

      • Isaías 43:25 Como esse texto nos ajuda a entender que a salvação do homem não é o motivo principal de Jeová providenciar o resgate?

      • 1 Coríntios 6:20 Que efeito o resgate deve ter na nossa conduta e no nosso estilo de vida?

  • Jesus ‘estabelece a justiça na Terra’
    Achegue-se a Jeová
    • Jesus derrubando uma mesa usada por cambistas e mandando que eles saiam do templo.

      CAPÍTULO 15

      Jesus ‘estabelece a justiça na Terra’

      1, 2. Qual foi uma ocasião em que Jesus ficou furioso, e por quê?

      CONSEGUE imaginar Jesus furioso? Talvez ache isso difícil porque, afinal de contas, ele era conhecido como um homem muito manso. (Mateus 21:5) Houve uma ocasião, porém, em que ele ficou realmente zangado. É claro que, apesar disso, Jesus manteve perfeito controle — sua raiva era totalmente justa.a Mas o que havia deixado esse homem pacífico tão furioso? Uma vergonhosa injustiça.

      2 Jesus prezava muito o templo em Jerusalém. No mundo todo, aquele era o único lugar sagrado dedicado à adoração de seu Pai celestial. Judeus de muitos lugares viajavam grandes distâncias para adorar ali. Até mesmo gentios tementes a Deus vinham e ficavam no pátio do templo reservado para eles. Mas certa vez, no início do seu ministério, quando entrou no templo, Jesus ficou chocado com o que viu. E não era para menos, o lugar mais parecia um mercado do que uma casa de adoração! Estava cheio de comerciantes e cambistas. Mas qual era a injustiça? Para esses homens, o templo de Deus não passava de um lugar para explorar e até roubar as pessoas. Como assim? — João 2:14.

      3, 4. Que exploração gananciosa acontecia na casa de Jeová, e que ação Jesus tomou para corrigir o problema?

      3 Uma regra, inventada pelos líderes religiosos, dizia que somente um tipo específico de moeda poderia ser usado para pagar o imposto do templo. Os visitantes tinham de trocar o dinheiro para conseguir essas moedas. De modo que os cambistas armavam suas mesas dentro do templo e cobravam uma taxa pelas transações. O negócio de venda de animais também era muito lucrativo. Os visitantes que quisessem oferecer sacrifícios podiam comprar animais de qualquer comerciante da cidade, mas os funcionários do templo poderiam julgá-los impróprios como ofertas e rejeitá-los. Por outro lado, os animais para sacrifício comprados no templo sempre eram aceitos. Assim, com o povo à sua mercê, os comerciantes muitas vezes cobravam preços exorbitantes.b Isso não era apenas uma prática comercial condenável. Era, na realidade, roubo!

      4 Jesus não podia tolerar essa injustiça. Tratava-se da casa do seu próprio Pai! Ele fez um chicote de cordas e expulsou o gado e as ovelhas do templo. Daí, se dirigiu aos cambistas e virou suas mesas. Imagine todas aquelas moedas rolando pelo chão de mármore! Com voz firme, ele ordenou aos vendedores de pombas: “Tirem estas coisas daqui!” (João 2:15, 16) Parece que ninguém se atreveu a opor-se a esse homem corajoso.

      “Tirem estas coisas daqui!”

      “Tal pai, tal filho”

      5-7. (a) Como a existência pré-humana de Jesus influenciou seu senso de justiça, e o que aprendemos ao estudar seu exemplo? (b) Como Jesus tem lidado com as injustiças instigadas por Satanás, e o que ele fará sobre isso no futuro?

      5 Naturalmente, depois de algum tempo os comerciantes voltaram. Cerca de três anos depois, Jesus se deparou com a mesma injustiça e dessa vez citou as palavras do próprio Jeová que condenou os que transformavam Sua casa em “um abrigo de ladrões”. (Jeremias 7:11; Mateus 21:13) Quando viu a ganância daqueles exploradores e como o templo de Deus havia sido profanado, Jesus se sentiu exatamente como seu Pai. E não é de admirar! Por incontáveis milhões de anos, Jesus foi ensinado por seu Pai celestial. Em resultado disso, desenvolveu o mesmo senso de justiça que Jeová. Nele, se cumpriu bem o ditado: “Tal pai, tal filho.” Assim, se quisermos entender plenamente a justiça divina, não há nada melhor do que meditar no exemplo de Jesus Cristo. — João 14:9, 10.

      6 O Filho unigênito de Jeová estava presente quando Satanás injustamente chamou o Criador de mentiroso e levantou a questão sobre se o Seu domínio era justo. Que calúnia! O Filho também ouviu o desafio posterior de Satanás de que ninguém serviria a Jeová altruistamente, por amor. Dá para imaginar que essas acusações falsas deixaram aquele Filho justo profundamente magoado. Quando soube que desempenharia o papel principal em resolver essas questões, como isso deve tê-lo deixado emocionado! (2 Coríntios 1:20) Como faria isso?

      7 Como aprendemos no Capítulo 14, Jesus Cristo deu a resposta definitiva, conclusiva, à acusação de Satanás contra a integridade das criaturas de Jeová. Assim, lançou a base para limpar o nome santo de Deus, Jeová, de toda a calúnia — incluindo a de que Seu modo perfeito de governar é errado. Como Agente Principal de Jeová, Jesus estabelecerá a justiça divina em todo o Universo. (Atos 5:31) Seu modo de vida na Terra também refletia a justiça divina. A respeito dele, Jeová disse: “Porei sobre ele o meu espírito, e ele esclarecerá às nações o que é justiça.” (Mateus 12:18) Como Jesus cumpriu essas palavras?

      Jesus esclarece “o que é justiça”

      8-10. (a) Como as tradições orais dos líderes religiosos judeus promoviam o desprezo pelos não judeus e pelas mulheres? (b) De que modo as leis orais tornaram a lei do sábado de Jeová um fardo?

      8 Jesus amava a Lei de Jeová e vivia de acordo com ela. Mas os líderes religiosos dos seus dias distorciam a Lei e a aplicavam incorretamente. Jesus lhes disse: “Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas! . . . Desconsideram as questões mais importantes da Lei, isto é, a justiça, a misericórdia e a fidelidade.” (Mateus 23:23) É óbvio que esses instrutores da Lei de Deus não estavam esclarecendo “o que é justiça”. Pelo contrário, eles obscureciam a justiça divina. Como? Veja alguns exemplos.

      9 Jeová ordenou que Seu povo se mantivesse separado das nações pagãs ao seu redor. (1 Reis 11:1, 2) Mas alguns líderes religiosos fanáticos incentivavam o povo a desprezar todos os não judeus. A Míxena até incluía a seguinte regra: “Não se deve deixar gado nas hospedarias dos gentios, pois se suspeita que pratiquem a bestialidade.” Esse preconceito generalizado contra todos os não judeus era injusto e totalmente contrário ao espírito da Lei mosaica. (Levítico 19:34) Outras regras criadas por homens rebaixavam as mulheres. A lei oral dizia que a mulher tinha de andar atrás, não ao lado, do marido. Os homens não deviam conversar com mulheres em público, nem com a própria esposa. Depoimentos de mulheres, assim como os de escravos, não eram aceitos nos tribunais. Havia até uma oração formal na qual os homens agradeciam a Deus por não terem nascido mulher.

      10 Os líderes religiosos soterraram a Lei de Deus sob uma montanha de regras e regulamentos inventados por homens. A lei do sábado, por exemplo, simplesmente proibia o trabalho naquele dia, reservando-o para adoração, revigoramento espiritual e descanso. Mas os fariseus transformaram aquela lei num fardo. Assumiram a tarefa de determinar exatamente o que significava a expressão “trabalho”. Consideravam 39 atividades como trabalho, entre elas colher e caçar. Por causa dessas classificações, surgiam perguntas intermináveis. Se um homem matasse uma pulga no sábado, isso seria considerado caçar? Se arrancasse um punhado de cereais para comer ao passar por uma plantação, estaria colhendo? Se curasse um doente, estaria trabalhando? Havia regras rígidas e detalhadas para tratar dessas questões.

      11, 12. Como Jesus indicou que era contrário às tradições não bíblicas dos fariseus?

      11 Em um ambiente como esse, como Jesus ajudaria as pessoas a entender o que é justiça? Nos seus ensinos e no seu modo de vida, ele tomou uma posição corajosa contra os líderes religiosos. Primeiramente, veja como ele fez isso por meio dos seus ensinos. Ele condenou diretamente os milhares de regras inventadas por homens, dizendo: “Vocês invalidam a palavra de Deus pela tradição que transmitiram.” — Marcos 7:13.

      12 Jesus ensinou de modo vigoroso que os fariseus estavam errados a respeito da lei do sábado — que, na verdade, não haviam captado o espírito daquela lei. O Messias, explicou ele, é “Senhor do sábado” e, portanto, podia curar pessoas naquele dia. (Mateus 12:8) Para ressaltar isso, ele abertamente realizou curas milagrosas no sábado. (Lucas 6:7-10) Essas curas eram uma amostra daquelas que ele realizará na Terra inteira durante seu Reinado Milenar. Aquele Milênio será o sábado definitivo, em que toda a humanidade fiel por fim descansará dos séculos de labuta sob o fardo do pecado e da morte.

      13. Que lei entrou em vigor em resultado do ministério terrestre de Cristo, e em que ela é diferente de sua predecessora?

      13 Jesus também esclareceu o que é justiça por meio de uma nova lei, “a lei do Cristo”, que entrou em vigor depois que ele terminou seu ministério terrestre. (Gálatas 6:2) Diferentemente de sua predecessora, a Lei mosaica, essa nova lei se baseava, na maior parte, não em uma série de mandamentos escritos, mas em princípios. Mas ela também incluía alguns mandamentos diretos. Jesus chamou um deles de “novo mandamento”. Ensinou seus seguidores a amar uns aos outros assim como ele os amou. (João 13:34, 35) O amor altruísta deveria ser o sinal identificador de todos os que vivessem sob “a lei do Cristo”.

      Exemplo vivo de justiça

      14, 15. Como Jesus mostrou que reconhecia os limites de sua autoridade, e por que isso nos tranquiliza?

      14 Em vez de simplesmente ensinar o amor, Jesus viveu “a lei do Cristo”. Ela fazia parte da sua conduta diária. Vejamos três modos em que o exemplo de Jesus esclareceu o que é justiça.

      15 Primeiro, ele evitou escrupulosamente cometer qualquer injustiça. Já notou que, quando humanos imperfeitos se tornam arrogantes e extrapolam os limites da sua autoridade, isso muitas vezes resulta em injustiças? Jesus não tinha esse problema. Em certa ocasião, um homem se aproximou dele e disse: “Instrutor, diga a meu irmão que divida comigo a herança.” Qual foi a resposta de Jesus? “Homem, quem me designou como juiz ou me deu o direito de repartir os bens entre vocês dois?” (Lucas 12:13, 14) Não acha isso notável? O intelecto, o discernimento e até a autoridade de Jesus — que Deus lhe dera — eram muito superiores aos de qualquer outra pessoa na Terra; mesmo assim, ele se recusou a envolver-se no assunto, visto que não recebera autoridade específica para isso. Nesse respeito, Jesus sempre foi modesto, até durante os milênios de sua existência pré-humana. (Judas 9) Uma de suas qualidades notáveis é que ele confia humildemente no que Jeová determina ser justo.

      16, 17. (a) Como Jesus mostrou justiça ao pregar as boas novas do Reino de Deus? (b) Como Jesus demonstrou não só justiça, mas também misericórdia?

      16 Segundo, Jesus mostrou justiça no seu modo de pregar as boas novas do Reino de Deus. Ele nunca agiu com preconceito. Pelo contrário, se esforçava muito para alcançar todo tipo de pessoas, quer fossem ricas quer pobres. Em contraste com isso, os fariseus desprezavam as pessoas comuns; referiam-se a elas usando o termo preconceituoso ‛am ha·’á·rets (“povo da terra”). O Filho de Deus corajosamente denunciou essa injustiça. Quando ensinava as boas novas às pessoas — ou quando comia com elas, as curava ou as ressuscitava —, Jesus defendia a justiça de Deus, visto que Ele deseja alcançar “todo tipo de pessoas”.c — 1 Timóteo 2:4.

      17 Terceiro, o senso de justiça de Jesus estava ligado a profunda misericórdia. Ele se esforçava a ajudar os pecadores. (Mateus 9:11-13) Defendia prontamente os indefesos. Por exemplo, Jesus não agia como os líderes religiosos que promoviam a desconfiança contra todos os gentios. Ele ajudou e ensinou misericordiosamente alguns estrangeiros, embora sua missão principal fosse pregar aos judeus. Ele concordou em fazer uma cura milagrosa para um oficial do exército romano, dizendo: “Em ninguém em Israel encontrei tamanha fé.” — Mateus 8:5-13.

      18, 19. (a) De que maneiras Jesus promoveu a dignidade feminina? (b) Como o exemplo de Jesus nos ajuda a entender a relação entre coragem e justiça?

      18 De modo similar, Jesus não defendeu os conceitos comuns sobre as mulheres; ele fez corajosamente o que era justo. As samaritanas eram consideradas tão impuras quanto os gentios. Mas Jesus não hesitou em pregar para uma samaritana junto ao poço em Sicar. De fato, foi a essa mulher que Jesus, pela primeira vez, identificou-se abertamente como o prometido Messias. (João 4:6, 25, 26) Os fariseus diziam que não se devia ensinar a lei de Deus às mulheres, mas Jesus gastou bastante tempo e energia ensinando-as. (Lucas 10:38-42) E embora a tradição considerasse que o depoimento de mulheres não era digno de confiança, Jesus deu a várias mulheres a honra de serem as primeiras a vê-lo após a ressurreição. Ele até lhes disse que fossem contar a seus discípulos a respeito desse evento importantíssimo! — Mateus 28:1-10.

      19 De fato, Jesus esclareceu às nações o que é justiça. Em muitos casos, ele fez isso apesar de correr grandes riscos. O exemplo dele nos ajuda a entender que defender a verdadeira justiça requer coragem. Ele foi apropriadamente chamado de “o Leão da tribo de Judá”. (Apocalipse 5:5) Lembre-se de que o leão é símbolo de justiça corajosa. No futuro próximo, porém, Jesus executará ainda mais atos de justiça. Ele estabelecerá ‘a justiça na Terra’ no mais pleno sentido. — Isaías 42:4.

      O Rei messiânico ‘estabelece a justiça na Terra’

      20, 21. Nos nossos tempos, como o Rei messiânico promove a justiça em toda a Terra e na congregação cristã verdadeira?

      20 Desde que se tornou o Rei messiânico em 1914, Jesus tem promovido a justiça na Terra. Como? Ele tem dado orientações para que se cumpra sua profecia encontrada em Mateus 24:14. Os seguidores de Cristo na Terra ensinam a pessoas de todas as nações a verdade sobre o Reino de Jeová. Como Jesus, pregam de maneira imparcial e justa, procurando dar a todos — jovens ou idosos, ricos ou pobres, homens ou mulheres — a oportunidade de vir a conhecer a Jeová, o Deus de justiça.

      21 Jesus também promove a justiça dentro da congregação cristã verdadeira, da qual ele é o Cabeça. Conforme profetizado, ele providenciou “dádivas em homens”, fiéis anciãos cristãos que tomam a dianteira na congregação. (Efésios 4:8-12) Ao pastorear o precioso rebanho de Deus, esses homens seguem o exemplo de Jesus Cristo em promover a justiça. Sempre têm em mente que Jesus deseja que suas ovelhas sejam tratadas com justiça, não importa qual seja sua posição, status ou situação financeira.

      22. Como Jeová se sente em relação às injustiças tão comuns no mundo hoje, e ele designou seu Filho para fazer o que a esse respeito?

      22 Contudo, no futuro próximo, Jesus estabelecerá justiça na Terra numa escala sem precedentes. Neste mundo corrupto, a injustiça é generalizada. Cada criança que morre de fome é vítima de uma injustiça imperdoável, em especial quando pensamos no dinheiro e no tempo desperdiçados na produção de armas de guerra ou na satisfação dos caprichos egoístas daqueles que se empenham pelos prazeres. Os milhões de mortes desnecessárias a cada ano são apenas uma das muitas formas de injustiça. E todas elas provocam a justa indignação de Jeová. Ele designou seu Filho para travar uma guerra justa contra este inteiro sistema perverso, a fim de eliminar todas as injustiças de uma vez por todas. — Apocalipse 16:14, 16; 19:11-15.

      23. Depois do Armagedom, como Cristo promoverá a justiça por toda a eternidade?

      23 Mas a justiça de Jeová exige mais do que a mera destruição dos perversos. Ele também designou seu Filho para reinar como “Príncipe da Paz”. Depois da guerra do Armagedom, o domínio de Jesus estabelecerá paz em toda a Terra e ele dominará “por meio da justiça”. (Isaías 9:6, 7) Jesus então terá prazer em desfazer todas as injustiças que causaram tanta dor e sofrimento no mundo. Por toda a eternidade, ele defenderá fielmente a justiça perfeita de Jeová. Portanto, é vital que nos esforcemos a imitar a justiça de Jeová agora. Vejamos como podemos fazer isso.

      a Quando demonstrou ira justa, Jesus imitou a Jeová, que “está pronto para demonstrar o seu furor” contra toda a maldade. (Naum 1:2) Por exemplo, depois de dizer ao seu povo rebelde que eles haviam transformado sua casa em “um abrigo de ladrões”, Jeová acrescentou: “Vejam! Minha ira e meu furor serão derramados sobre este lugar.” — Jeremias 7:11, 20.

      b Segundo a Míxena, anos depois aconteceu um protesto contra os preços cobrados pelas pombas vendidas no templo. Imediatamente, o preço foi reduzido em 99%! Quem é que mais lucrava com esse comércio? Alguns historiadores indicam que os mercados do templo eram de propriedade da casa do Sumo Sacerdote Anás, o que contribuía muito para a vasta riqueza daquela família sacerdotal. — João 18:13.

      c Os fariseus consideravam os humildes, que não eram versados na Lei, como ‘amaldiçoados’. (João 7:49) Diziam que não se deviam instruir essas pessoas, nem ter negócios, comer ou orar com elas. Permitir que uma filha se casasse com um desses humildes era considerado pior do que expô-la a animais selvagens. Afirmavam que tais pessoas não podiam esperar ser ressuscitadas.

      Perguntas para Meditação

      • Salmo 45:1-7 Por que podemos ter confiança em que o Rei messiânico promoverá justiça perfeita?

      • Mateus 12:19-21 Segundo a profecia, como o Messias trataria os humildes?

      • Mateus 18:21-35 Como Jesus ensinou que a verdadeira justiça inclui a misericórdia?

      • Marcos 5:25-34 Como Cristo demonstrou que a justiça divina leva em conta a situação das pessoas?

  • “Pratique a justiça” ao andar com Deus
    Achegue-se a Jeová
    • Dois anciãos visitando uma irmã e seus dois filhos na casa dela. Eles a ouvem com atenção.

      CAPÍTULO 16

      “Pratique a justiça” ao andar com Deus

      1-3. (a) Por que temos uma dívida com Jeová? (b) O que nosso amoroso Resgatador pede que façamos?

      IMAGINE-SE preso num navio que está afundando. Quando acha que não há mais esperança, aparece alguém que o resgata e leva para um lugar seguro. Que alívio você sente quando ele lhe diz: “Agora você está a salvo”! Não se sentiria em dívida com essa pessoa? No mais pleno sentido, poderia dizer: “Devo minha vida a você.”

      2 Em certos aspectos, isso ilustra o que Jeová fez por nós. É evidente que temos uma dívida com ele. Afinal, ele forneceu o resgate, que tornou possível nosso livramento das garras do pecado e da morte. Nós nos sentimos seguros por saber que, enquanto exercermos fé naquele sacrifício valioso, nossos pecados serão perdoados e nosso futuro eterno estará assegurado. (1 João 1:7; 4:9) Como vimos no Capítulo 14, o resgate é a suprema expressão do amor e da justiça de Jeová. Em vista disso, qual deveria ser nossa atitude?

      3 Nada mais apropriado do que analisarmos o que nosso amoroso Resgatador pede que façamos em troca. Por meio do profeta Miqueias, Jeová diz: “Ele o informou, ó homem, sobre o que é bom. E o que Jeová pede de você? Apenas que pratique a justiça, ame a lealdade e ande modestamente com o seu Deus!” (Miqueias 6:8) Note que uma das coisas que Jeová nos pede é que ‘pratiquemos a justiça’. Como podemos fazer isso?

      Empenhe-se pela “verdadeira justiça”

      4. Como sabemos que Jeová espera que vivamos em harmonia com suas normas justas?

      4 Jeová espera que sigamos suas normas do que é certo e do que é errado. Visto que elas são justas, quando as obedecemos estamos nos empenhando pela justiça. “Aprendam a fazer o bem, busquem a justiça”, diz Isaías 1:17. A Palavra de Deus nos incentiva a ‘buscar a justiça’. (Sofonias 2:3) Ela também nos encoraja a nos revestirmos “da nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus, em verdadeira justiça”. (Efésios 4:24) A verdadeira justiça não admite a violência, a impureza e a imoralidade, visto que essas práticas violam o que é santo. — Salmo 11:5; Efésios 5:3-5.

      5, 6. (a) Por que não deve ser difícil demais para nós nos harmonizarmos com as normas de Jeová? (b) Como a Bíblia indica que se empenhar pela justiça é um processo contínuo?

      5 É difícil demais para nós nos harmonizarmos com as normas justas de Jeová? Não. Se estivermos achegados a Deus de coração, não consideraremos a vontade Dele um fardo. Visto que amamos o tipo de pessoa que nosso Criador é, queremos levar a vida de um modo que o agrade. (1 João 5:3) Lembre-se de que Jeová “ama atos justos”. (Salmo 11:7) Se realmente imitarmos a justiça divina, nos esforçaremos a amar o que Jeová ama e odiar o que ele odeia. — Salmo 97:10.

      6 Para humanos imperfeitos, não é fácil empenhar-se pela justiça. Temos de nos livrar da velha personalidade com suas práticas pecaminosas e nos revestir duma nova, que, segundo a Bíblia, está “sendo renovada” por meio do conhecimento exato. (Colossenses 3:9, 10) A expressão “sendo renovada” indica que revestir-se da nova personalidade é um processo contínuo, que exige bastante esforço. Mas, não importa quanto tentemos fazer o que é direito, haverá ocasiões em que nossa natureza imperfeita nos fará tropeçar em pensamento, palavras ou ações. — Romanos 7:14-20; Tiago 3:2.

      7. Ao nos empenharmos pela justiça, como devemos encarar nossas recaídas?

      7 Ao nos empenharmos pela justiça, como devemos encarar nossas recaídas? É claro que não devemos minimizar a seriedade do pecado. Ao mesmo tempo, jamais devemos desistir, achando que nossas falhas nos tornam indignos de servir a Jeová. Nosso Deus bondoso tomou providências para que os sinceramente arrependidos voltem a ter o Seu favor. Note estas palavras tranquilizadoras do apóstolo João: “Eu lhes escrevo estas coisas para que vocês não cometam pecado.” Mas daí, de forma bem realista, ele acrescentou: “Contudo, se alguém cometer um pecado [por causa da imperfeição herdada], temos um ajudador junto ao Pai: Jesus Cristo.” (1 João 2:1) De modo que Jeová forneceu o sacrifício resgatador de Jesus para que pudéssemos servir-lhe aceitavelmente apesar de nossa natureza pecaminosa. Isso nos motiva a querer fazer o melhor para agradar a Jeová, não é verdade?

      As boas novas e a justiça divina

      8, 9. Como a proclamação das boas novas demonstra a justiça de Jeová?

      8 Podemos praticar — ou melhor, imitar — a justiça divina participando plenamente na pregação das boas novas do Reino de Deus a outros. Mas que relação existe entre a justiça de Jeová e as boas novas?

      9 Jeová não acabará com este sistema perverso sem antes dar o aviso. Na sua profecia sobre o que aconteceria no tempo do fim, Jesus disse: “Em todas as nações, as boas novas têm de ser pregadas primeiro.” (Marcos 13:10; Mateus 24:3) O uso da palavra “primeiro” indica que outros eventos se seguiriam à obra de pregação mundial. Esses incluem a predita grande tribulação, na qual os perversos serão destruídos, abrindo caminho para um novo mundo justo. (Mateus 24:14, 21, 22) Com certeza, ninguém pode acusar a Jeová de ser injusto para com os perversos. Ele soa o aviso e, assim, dá toda a oportunidade para que mudem de vida e escapem da destruição. — Jonas 3:1-10.     

      10, 11. Como a nossa participação na pregação das boas novas reflete a justiça divina?

      10 Como a nossa pregação das boas novas reflete a justiça divina? Em primeiro lugar, nos empenharmos ao máximo para ajudar outros a ganhar a salvação é a coisa certa a fazer. Pense novamente na ilustração sobre ser resgatado dum navio que está afundando. Quando estivesse seguro num bote salva-vidas, você sem dúvida tentaria ajudar outros que ainda estivessem na água. De modo similar, temos uma obrigação para com os que ainda estão se debatendo nas “águas” deste mundo perverso. É verdade que muitos rejeitam a nossa mensagem. Mas, enquanto Jeová continuar a demonstrar paciência, temos a responsabilidade de dar-lhes a oportunidade de ‘alcançar o arrependimento’ e de se candidatar à salvação. — 2 Pedro 3:9.

      11 Quando pregamos as boas novas a todos os que encontramos, demonstramos justiça de outro modo importante: mostramos imparcialidade. Lembre-se de que “Deus não é parcial, mas, em toda nação, ele aceita aquele que o teme e faz o que é direito”. (Atos 10:34, 35) Se queremos imitar a justiça dele, não podemos prejulgar as pessoas. Antes, devemos transmitir as boas novas a outros não importa qual seja sua raça, posição social ou situação financeira. Assim, damos a todos os que nos escutam a oportunidade de ouvir as boas novas e reagir a elas. — Romanos 10:11-13.

      Nosso modo de tratar outros

      12, 13. (a) Por que não devemos nos apressar a julgar outros? (b) Qual é o sentido do conselho de Jesus de ‘parar de julgar’ e ‘parar de condenar’? (Veja também a nota.)

      12 Também podemos exercer justiça tratando outros como Jeová nos trata. É muito fácil julgar alguém, criticando seus defeitos e questionando suas motivações. Mas quem de nós gostaria que Jeová inspecionasse impiedosamente todas as nossas motivações e falhas? Não é assim que ele lida conosco. O salmista perguntou: “Se vigiasses os erros, ó Jah, quem, ó Jeová, poderia ficar de pé?” (Salmo 130:3) Não somos gratos de que nosso Deus justo e misericordioso prefere não se concentrar nos nossos defeitos? (Salmo 103:8-10) Como, então, devemos tratar outros?

      13 Se compreendermos a natureza misericordiosa da justiça divina, não vamos nos apressar a julgar outros em questões que, na verdade, não nos competem ou que são de pouca importância. No seu Sermão do Monte, Jesus avisou: “Parem de julgar, para que não sejam julgados.” (Mateus 7:1) Segundo o relato de Lucas, Jesus acrescentou: “Parem de condenar, e de modo algum serão condenados.”a (Lucas 6:37) Com essas palavras, Jesus demonstrou que se apercebia que humanos imperfeitos têm a tendência de julgar outros. Se algum de seus ouvintes tinha esse hábito, deveria parar com isso.

      Uma irmã pregando para um idoso deficiente e uma menina.

      Mostramos justiça divina quando transmitimos as boas novas a outros de forma imparcial

      14. Por que razões devemos ‘parar de julgar’ outros?

      14 Por que devemos ‘parar de julgar’ outros? Primeiro, porque nossa autoridade é limitada. O discípulo Tiago nos lembra: “Há somente um que é Legislador e Juiz”: Jeová. De modo que ele apropriadamente pergunta: “Quem é você para julgar o seu próximo?” (Tiago 4:12; Romanos 14:1-4) Além disso, nossa natureza pecaminosa pode facilmente nos levar a sermos injustos no julgamento. Muitas atitudes e motivações — incluindo preconceito, orgulho ferido, ciúme e achar-nos justos — podem distorcer o modo como encaramos outras pessoas. Temos outras limitações e, se refletirmos nelas, isso nos ajudará a tolerar os defeitos de outros. Não podemos ler o coração, nem temos como saber de todas as circunstâncias que outros enfrentam. Quem somos nós, então, para atribuir motivações erradas a concrentes ou criticar os esforços deles ao servir a Deus? É muito melhor imitarmos a Jeová olhando o que nossos irmãos têm de bom, em vez de nos concentrarmos nas falhas deles.

      15. Entre os adoradores de Deus, não há lugar para que tipo de palavras ou atitudes, e por quê?

      15 E os membros da nossa família? Infelizmente, hoje em dia o lar — que deveria ser um lugar de refúgio e paz — muitas vezes é onde as pessoas são mais duramente julgadas. Com frequência, ouvimos falar de maridos, esposas ou pais que “sentenciam” seus familiares a uma saraivada constante de abusos verbais ou físicos. Mas entre os adoradores de Deus não há lugar para palavras duras, sarcasmo cruel e tratamento abusivo. (Efésios 4:29, 31; 5:33; 6:4) O conselho de Jesus de ‘parar de julgar’ e ‘parar de condenar’ se aplica mesmo quando estamos em casa. Lembre-se de que praticar a justiça envolve tratar os outros como Jeová nos trata. E nosso Deus nunca é duro ou cruel ao lidar conosco. Pelo contrário, ele “é muito terno em afeição” para com os que o amam. (Tiago 5:11, nota) Que exemplo maravilhoso para imitarmos!

      Anciãos que servem “para o próprio juízo”

      16, 17. (a) O que Jeová espera dos anciãos? (b) O que é preciso fazer quando um pecador deixa de demonstrar arrependimento genuíno, e por quê?

      16 Todos temos de praticar justiça, mas quem tem a maior responsabilidade nesse sentido são os anciãos da congregação cristã verdadeira. Note a descrição profética dos “príncipes”, ou anciãos, registrada por Isaías: “Vejam! Um rei reinará com retidão, e príncipes governarão com justiça.” (Isaías 32:1) De fato, Jeová espera que os anciãos defendam a justiça. Como podem fazer isso?

      17 Esses homens espiritualmente qualificados sabem muito bem que a justiça exige que a congregação seja mantida limpa. Às vezes, surge a necessidade de julgarem casos de transgressão grave. Ao fazer isso, lembram-se de que a justiça divina procura estender misericórdia quando possível. Assim, procuram conduzir o pecador ao arrependimento. Mas o que fazer se ele deixa de demonstrar arrependimento genuíno, apesar dos esforços de ajudá-lo? Em perfeita justiça, a Palavra de Jeová diz que se deve tomar uma atitude firme: “Removam do meio de vocês a pessoa má.” Isso quer dizer expulsá-lo da congregação. (1 Coríntios 5:11-13; 2 João 9-11) Os anciãos ficam tristes quando têm de tomar essa ação, mas reconhecem que isso é necessário a fim de proteger a pureza moral e espiritual da congregação. Mesmo depois disso, esperam que, algum dia, o pecador caia em si e volte à congregação. — Lucas 15:17, 18.

      18. De que os anciãos devem se lembrar ao dar conselhos bíblicos a outros?

      18 Servir aos interesses da justiça também envolve dar conselhos bíblicos quando necessário. É claro que os anciãos não procuram defeitos nos outros. Nem ficam dando conselho sobre cada coisinha. Mas um concristão talvez “sem perceber, dê um passo em falso”. Lembrando-se de que a justiça divina não é cruel nem insensível, os anciãos se sentem motivados a tentar “reajustar esse homem num espírito de brandura”. (Gálatas 6:1) Assim, não seria correto que eles insultassem a pessoa que errou ou falassem com ela de forma grosseira. O que encoraja o aconselhado são conselhos amorosos. Mesmo quando dão repreensão pertinente — indicando de forma bem direta as consequências de um proceder imprudente —, os anciãos têm em mente que um concristão que errou é uma ovelha do rebanho de Jeová.b (Lucas 15:7) Quando fica óbvio que o conselho ou a repreensão são motivados por amor e dados de forma amorosa, é mais provável que o transgressor mude de atitude.

      19. Que decisões os anciãos precisam tomar, e em que eles devem se basear?

      19 Muitas vezes, os anciãos precisam tomar decisões que afetam a vida de concrentes. Por exemplo, eles se reúnem periodicamente para avaliar se outros irmãos na congregação se qualificam para serem recomendados como anciãos ou servos ministeriais. Os anciãos sabem que é importante ser imparcial. Em vez de confiar em sentimentos pessoais, deixam que os requisitos de Deus para essas designações os orientem nas suas decisões. Assim, agem “sem preconceito nem parcialidade”. — 1 Timóteo 5:21.

      20, 21. (a) Os anciãos se esforçam a ser o quê, e por quê? (b) O que os anciãos podem fazer para ajudar “os que estão deprimidos”?

      20 Os anciãos administram a justiça divina ainda de outras maneiras. Depois de predizer que eles serviriam “com justiça”, Isaías continuou: “Cada um deles será como abrigo contra o vento, como esconderijo contra o temporal, como correntes de água numa terra árida, como a sombra de um enorme rochedo num deserto.” (Isaías 32:1, 2) Assim, os anciãos se esforçam a ser fontes de consolo e revigoramento para seus concrentes.

      21 Hoje, com tantos problemas que tendem a causar desânimo, muitos precisam de encorajamento. Anciãos, o que podem fazer para ajudar “os que estão deprimidos”? (1 Tessalonicenses 5:14) Escutem-nos com empatia. (Tiago 1:19) Devido à ansiedade, talvez esses irmãos precisem desabafar com alguém em quem confiam. (Provérbios 12:25) Assegurem-lhes de que são queridos, valiosos e amados — tanto por Jeová como pelos irmãos. (1 Pedro 1:22; 5:6, 7) Além disso, orem com eles e a favor deles. É muito consolador ouvir um ancião orar de coração a nosso favor. (Tiago 5:14, 15) Seus esforços amorosos de ajudar os deprimidos não passarão despercebidos ao Deus de justiça.

      Os anciãos refletem a justiça de Jeová quando encorajam os desanimados

      22. De que maneiras podemos imitar a justiça de Jeová, e com que resultado?

      22 Na verdade, quando imitamos a justiça de Jeová, nos achegamos cada vez mais a ele. Quando defendemos suas normas justas, participamos em transmitir as boas novas de salvação a outros e procuramos nos concentrar nas boas qualidades das pessoas, em vez de procurar seus defeitos, estamos demonstrando justiça divina. Anciãos, quando vocês protegem a pureza da congregação, dão conselhos bíblicos edificantes, tomam decisões imparciais e encorajam os desanimados, refletem a justiça divina. Como o coração de Jeová deve ficar feliz quando ele olha desde os céus e observa que o seu povo procura, da melhor maneira possível, ‘praticar a justiça’ ao andar com seu Deus!

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