Um robô explora Marte
MINHA família e eu assistimos entusiasmados à decolagem do foguete que carregava a nave Mars Pathfinder, da plataforma de lançamento no Cabo Canaveral, na Flórida. ‘Será que ela vai conseguir pousar em Marte? Que descobertas fará?’, nos perguntávamos.
A preocupação com o êxito da Pathfinder (desbravadora, em inglês) devia-se em parte ao fracasso das duas missões anteriores a Marte — a Mars Observer e a Mars 96. Além disso, a Pathfinder iria tentar um pouso difícil, sem precedentes, no planeta.
A nave iniciou a descida na atmosfera marciana a quase 27.000 quilômetros por hora. Depois de abrir um pára-quedas para desacelerar e então baixar a uma altitude de cerca de 98 metros, ela acionou os retrofoguetes para reduzir ainda mais a velocidade de descida. Nesse meio tempo a nave foi envolvida por um colchão protetor composto de gigantescas bolsas de ar, cheias de gás. Em 4 de julho de 1997, a 65 quilômetros por hora, a Mars Pathfinder bateu no solo marciano.
O primeiro impacto fez a espaçonave ricochetear a uma altura de 15 metros. Depois de saltar como uma enorme bola de praia outras 15 vezes, parou. As bolsas de ar esvaziaram-se e foram recolhidas. Embora tivesse sido projetada para desvirar-se se fosse necessário, a Pathfinder acabou pousando com o lado certo para cima. Por fim, abriu suas pétalas, deixando à mostra instrumentos científicos, antenas de rádio, painéis solares e um minijipe chamado Sojourner.
Pesquisa em Marte
Em pouco tempo, a câmera da Pathfinder fez o levantamento da topografia circundante. Situada numa larga planície batizada de Chryse Planitia, que significa “planícies de Ouro”, próxima de uma área chamada Ares Vallis, ou “vale de Marte”, a Pathfinder revelou uma superfície pedregosa, com elevações e depressões suaves, e morros distantes — ideais para o Sojourner explorar. Esse competente robozinho de 65 centímetros de comprimento deveria obter imagens do planeta com uma câmera e medir a quantidade de elementos químicos nas rochas e no solo com um espectrômetro.
Os cientistas e os engenheiros da missão iniciaram a exploração com o Sojourner. Como os sinais de rádio levam muitos minutos para viajar entre a Terra e Marte, os operadores da missão não podiam dirigir o Sojourner diretamente. O Sojourner dependia muito de sua própria capacidade de evitar perigos no relevo marciano. Fez isso usando feixes de laser para determinar o tamanho e a localização das pedras no caminho. Daí, o seu computador determinava se ele devia passar por cima das pedras, caso fossem pequenas, ou dar a volta, se fossem muito grandes.
Aventura e descobertas
Reportagens em jornais e revistas deram a milhões a oportunidade de ver fotos da superfície marciana batidas pela Pathfinder. Com a chegada de novas imagens de Marte, as pessoas na Terra se entretinham com as travessuras do jipinho errante, intrigavam-se com as fotos coloridas da paisagem pedregosa e amorreada, e deslumbravam-se com vistas das nuvens e pores-do-sol dos céus marcianos. Durante o primeiro mês da missão, a página da Pathfinder na Internet foi visitada mais de 500 milhões de vezes por interessados nas atividades da nave.
A Pathfinder produziu uma avalancha de dados, superando até as expectativas dos cientistas da missão. Isso apesar de operar em temperaturas que iam de gélido 0 grau Celsius a frígidos 80 graus Celsius negativos. O que a missão descobriu?
As câmeras e os instrumentos descobriram rochas, solos e, flutuando no ar, partículas de poeira de diversas composições químicas, cores e texturas, que indicam que há complexos processos geológicos operando em Marte. Pequenas dunas na paisagem circunvizinha atestam o acúmulo de grãos de areia depositados por ventos do nordeste. Antes de amanhecer, o céu exibia nuvens de partículas de gelo feito de água. Com a dissipação das nuvens e a chegada da manhã, o céu ganhava um tom avermelhado graças à fina poeira em suspensão na atmosfera. Vez por outra, remoinhos de poeira passavam sobre a nave.
Pode-se dizer que a Mars Pathfinder entreteu-nos com uma experiência que, literalmente, é de outro mundo. Os Estados Unidos e o Japão planejam outras missões a Marte para a próxima década. Um orbitador, o Mars Global Surveyor, já chegou a Marte para realizar novas pesquisas científicas. Com as visitas ao planeta vermelho, e as imagens obtidas por naves-robô, Marte sem dúvida se tornará um lugar cada vez mais conhecido. — Contribuído.
[Fotos na página 26]
Decolagem
Pouso
Em Marte
[Crédito das fotos na página 27]
Todas as fotos: NASA/JPL