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  • Alegrias incomparáveis!
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 2003
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 2003
w03 1/6 pp. 23-27

Biografia

Alegrias incomparáveis!

NARRADA POR REGINALD WALLWORK

“Não há nada neste mundo que se possa comparar com as alegrias que tivemos servindo a Jeová por tempo integral no serviço missionário!” Encontrei essa frase entre as coisas da minha esposa, pouco depois do seu falecimento em maio de 1994.

PENSANDO nas palavras de Irene, lembro-me dos 37 anos felizes e gratificantes que passamos como missionários no Peru. Formamos uma preciosa parceria cristã desde o nosso casamento em dezembro de 1942 — e esse é um ponto bom para começar a minha história.

Irene foi criada como Testemunha de Jeová em Liverpool, na Inglaterra. Ela e suas duas irmãs perderam o pai durante a Primeira Guerra Mundial. Sua mãe casou-se depois com Winton Fraser, e eles tiveram um filho, Sidney. Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, a família mudou-se para Bangor, no norte do País de Gales, onde Irene foi batizada em 1939. Sidney foi batizado um ano antes, e assim ele e Irene serviram juntos como pioneiros — evangelizadores por tempo integral — na costa setentrional do País de Gales, desde Bangor até Caernarvon, inclusive na ilha de Anglesey.

Naquela época, eu estava na Congregação Runcorn, a uns 20 quilômetros ao sudeste de Liverpool, servindo ali na função que hoje chamamos de superintendente presidente. Irene veio falar comigo numa assembléia de circuito, perguntando se podia ter um território para ela pregar, visto que ia ficar com Vera, sua irmã casada, que morava em Runcorn. Nas duas semanas em que Irene esteve conosco, deu para perceber que tínhamos muita afinidade, e depois eu a visitei várias vezes em Bangor. Como me senti feliz quando, certo fim de semana, Irene aceitou minha proposta de casamento!

Voltando para casa no domingo, comecei logo a fazer planos para o nosso casamento, mas na terça-feira recebi um telegrama. “Lamento que este telegrama o magoe”, dizia. “Estou cancelando o nosso casamento. Está a caminho uma carta de explicação.” Fiquei chocado. Qual teria sido o problema?

A carta de Irene chegou no dia seguinte. Disse-me que ela ia para Horsforth, em Yorkshire, para ser pioneira junto com Hilda Padgett.a Explicou que 12 meses antes havia concordado em servir onde havia mais necessidade quando surgisse a oportunidade. Escreveu: “Isso foi para mim como um voto feito a Jeová, e acho que, por Lhe ter prometido isso antes de conhecer você, tenho de cumpri-lo.” Apesar de ficar triste, fiquei muito admirado com a integridade dela e mandei-lhe um telegrama com minha resposta: “Vá. Esperarei por você.”

Enquanto em Yorkshire, Irene recebeu uma sentença de três meses de prisão por conscienciosamente não apoiar os esforços de guerra. Mas, 18 meses depois, em dezembro de 1942, nós nos casamos.

Minha infância

Em 1919, minha mãe havia adquirido uma coleção de Studies in the Scriptures (Estudos das Escrituras).b Embora ela nunca antes tivesse lido um livro, como meu pai na época mencionou corretamente, mamãe estava decidida a estudar bem esses volumes, junto com a sua Bíblia. Ela fez isso e foi batizada em 1920.

Meu pai não era exigente e deixava a minha mãe fazer o que queria, e isto incluía criar na verdade os seus quatro filhos — eu; minhas duas irmãs, Gwen e Ivy; e meu irmão Alec. Stanley Rogers, bem como outras Testemunhas fiéis em Liverpool, viajavam para proferir discursos em Runcorn, onde logo se formou uma congregação nova. Nossa família prosperou espiritualmente junto com a congregação.

Na época, Gwen estava tendo lições para ser crismada na Igreja Anglicana, mas parou assim que começou a estudar a Bíblia com mamãe. Quando o vigário nos visitou para saber por que ela não ia mais às aulas, ele se confrontou com uma série de perguntas, para as quais não estava preparado. Gwen perguntou qual era o significado da oração do Pai-Nosso e acabou explicando para ele! Ela concluiu por citar 1 Coríntios 10:21, esclarecendo que não podia mais ‘comer em duas mesas’. Ao sair de nossa casa, o vigário disse que iria orar por Gwen e voltar para responder às suas perguntas, mas nunca voltou. Após o seu batismo, Gwen logo se tornou evangelizadora por tempo integral.

A atenção dada aos jovens na nossa congregação era exemplar. Lembro-me dum discurso proferido por um ancião visitante, quando eu tinha 7 anos de idade. Depois ele veio falar comigo. Eu lhe disse que havia lido a respeito de Abraão e como ele havia tentado sacrificar seu filho Isaque. “Vá até à beira do palco e me conte tudo sobre isso”, ele disse. Como fiquei emocionado de estar ali de pé e proferir meu primeiro “discurso público”!

Fui batizado à idade de 15 anos em 1931, ano em que minha mãe faleceu, e deixei a escola para aprender o ofício de eletricista. Em 1936 tocavam-se em público discursos bíblicos gravados, e uma irmã idosa incentivou a mim e a meu irmão a nos empenharmos nesse campo de atividade. De modo que eu e Alec fomos a Liverpool a fim de comprar uma bicicleta e mandar fazer um carrinho lateral para levar nosso toca-discos. Armou-se um alto-falante na parte de trás do carrinho, no alto dum tubo telescópico ajustável de dois metros de altura. O mecânico nos disse que ele nunca antes tinha feito algo assim, mas a aparelhagem funcionou bem! Nós cobrimos entusiasticamente nosso território, gratos pelo incentivo dado por aquela irmã e pelo privilégio que nos havia sido confiado.

A Segunda Guerra Mundial — uma época de prova

Ao passo que se formavam as nuvens da guerra, eu e Stanley Rogers estávamos atarefados em anunciar o discurso público “Encare os Fatos”, a ser proferido no Royal Albert Hall, Londres, em 11 de setembro de 1938. Mais tarde, participei na divulgação desse discurso na forma dum folheto, distribuindo-o junto com Fascismo ou Liberdade, publicado no ano seguinte. Ambos os folhetos expunham claramente as ambições totalitárias da Alemanha de Hitler. Naquela época, eu já era bem conhecido e respeitado em Runcorn por causa do meu ministério público. De fato, estar sempre na frente na atividade teocrática me serviu de proteção.

A firma para a qual eu trabalhava havia ganho o contrato para instalar a fiação elétrica em uma nova fábrica nos arredores da cidade. Quando eu soube que esta seria uma fábrica que produziria armas, deixei claro que não poderia trabalhar ali. Embora isso não agradasse aos meus patrões, meu supervisor me defendeu, e fui designado a fazer outro serviço. Mais tarde eu soube que ele tinha uma tia que também era Testemunha de Jeová.

Um colega me animou muito ao dizer: “Não esperaríamos outra coisa de você, Reg, já que está empenhado há tantos anos nesta obra bíblica.” Não obstante, eu tinha de estar atento, visto que muitos dos meus colegas de trabalho queriam causar-me dificuldades.

Meu registro como objetor de consciência foi aceito pelo tribunal em Liverpool em junho de 1940, sob a condição de que eu continuasse na minha ocupação como eletricista. Naturalmente, isso permitiu que eu realizasse meu ministério cristão.

No serviço de tempo integral

Ao se aproximar o fim da guerra, decidi deixar meu emprego e juntar-me a Irene no ministério de tempo integral. Em 1946, construí um reboque de cinco metros, que se tornou o nosso lar, e no ano seguinte recebemos o convite para mudar para Alveston, um povoado no condado de Gloucestershire. Depois, trabalhamos como pioneiros na antiga cidade de Cirencester e na cidade de Bath. Em 1951, fui convidado para visitar congregações no sul do País de Gales como superintendente viajante. Entretanto, menos de dois anos depois, estávamos a caminho para a Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia, para receber treinamento missionário.

As aulas da 21.ª turma da escola foram realizadas em South Lansing, no norte do Estado de Nova York, e nossa formatura se deu em 1953, na Assembléia da Sociedade do Novo Mundo, realizada na cidade de Nova York. Eu e Irene não sabíamos qual seria a nossa designação até o dia da formatura. Como ficamos emocionados quando soubemos que o nosso destino seria o Peru. Por quê? Porque Sidney Fraser, meio-irmão de Irene, e a esposa dele, Margaret, já serviam por mais de um ano na congênere da Sociedade em Lima, depois da sua formatura na 19.ª turma de Gileade!

Enquanto esperávamos nosso visto, passamos algum tempo trabalhando no Betel em Brooklyn, mas logo estávamos a caminho de Lima. A primeira de nossas dez designações missionárias foi Callao, o principal porto marítimo do Peru, logo ao oeste de Lima. Embora tivéssemos algumas noções de espanhol, naquela época nem eu nem Irene conseguíamos conversar nessa língua. O que íamos fazer?

Problemas e privilégios na pregação

Em Gileade, nos disseram que a mãe não ensina uma língua ao seu bebê. Antes, o bebê aprende ao passo que sua mãe fala com ele. Assim, recebemos o conselho: “Comecem logo a pregar, e aprendam a língua do povo. Eles os ajudarão.” Ao passo que eu me esforçava a aprender essa nova língua, imagine como me senti quando, duas semanas depois da nossa chegada, fui designado superintendente presidente da Congregação Callao! Fui falar com Sidney Fraser, mas o conselho dele foi o mesmo que o dado em Gileade — associe-se com a congregação e com as pessoas no território. Decidi seguir esse conselho.

Numa manhã de sábado, encontrei um carpinteiro na sua oficina. “Tenho de continuar com o meu trabalho”, disse ele, “mas sente-se e vamos conversar”. Eu lhe disse que faria isso, mas sob uma condição: “Quando cometer um erro, por favor, corrija-me. Não me ofenderei.” Ele riu e concordou com isso. Eu o visitava duas vezes por semana e descobri que era um modo ideal de familiarizar-me com a nova língua, assim como me haviam dito.

Por coincidência, na cidade de Ica, nossa segunda designação missionária, conheci outro carpinteiro e lhe expliquei o esquema que eu havia feito em Callao para aprender o idioma. Ele também concordou em me ajudar, de modo que o meu espanhol continuou a progredir bem, embora tenha levado três anos para ficar realmente fluente. Esse homem sempre estava muito ocupado, mas consegui dirigir um estudo bíblico por ler os textos da Bíblia e depois explicar-lhe o significado. Certa semana, quando fui visitá-lo, seu patrão me disse que ele havia ido embora para trabalhar num novo emprego em Lima. Algum tempo depois, quando eu e Irene chegamos a Lima para um congresso, encontrei aquele homem de novo. Como fiquei emocionado de saber que ele havia contatado as Testemunhas locais para continuar seus estudos, e que ele e toda a sua família se tornaram servos dedicados de Jeová!

Numa congregação soubemos que um casal jovem havia sido batizado sem estar legalmente casado. Ao considerarmos com eles os princípios bíblicos envolvidos, decidiram legalizar sua união, o que os habilitaria a se tornarem Testemunhas batizadas. Providenciei assim levá-los à prefeitura para registrar seu casamento. Mas aí surgiu um problema, porque eles tinham quatro filhos que tampouco tinham sido registrados, e esse era um requisito legal. Naturalmente, ficamos curiosos para saber o que o prefeito faria. “Visto que esta boa gente, seus amigos Testemunhas de Jeová, providenciaram que vocês se casassem legalmente”, disse o prefeito, “não vou intimá-los referente a cada filho; vou registrá-los sem cobrar nada”. Como ficamos gratos, pois esta era uma família pobre, e qualquer multa teria sido muito pesada para eles!

Albert D. Schroeder, da sede das Testemunhas de Jeová em Brooklyn, visitou-nos mais tarde e recomendou que se estabelecesse um novo lar missionário em outra parte de Lima. De modo que eu e Irene, junto com duas irmãs, Frances e Elizabeth Good, dos Estados Unidos, bem como um casal canadense, mudamos para o distrito de San Borja. Em dois ou três anos, fomos abençoados com outra congregação próspera.

Ao servirmos em Huancayo, a mais de 3.000 metros de altitude, nas montanhas centrais, fazíamos parte da congregação que havia lá, composta de 80 Testemunhas. Ali me envolvi na construção do segundo Salão do Reino no país. Fui designado representante legal das Testemunhas de Jeová, visto que tivemos de comparecer ao tribunal três vezes para estabelecer a posse legal do terreno que havíamos comprado. Essas ações, junto com a ampla obra de fazer discípulos realizada pelos muitos missionários fiéis naqueles primeiros anos, lançaram uma base firme para o excelente aumento que agora temos visto no Peru — de 283 Testemunhas em 1953 para mais de 83.000 atualmente.

Uma despedida triste

Gostávamos da maravilhosa associação com colegas missionários em todos os nossos lares missionários, onde muitas vezes tive o privilégio de servir como superintendente do lar. Cada segunda-feira de manhã nos reuníamos para falar sobre as nossas atividades na semana à frente e para designar tarefas para cuidar de nosso lar. Reconhecíamos que o principal era a pregação, e com essa finalidade todos trabalhávamos juntos em harmonia. Fico contente ao me lembrar de que nunca tivemos nenhum grave desentendimento em nenhum dos nossos lares.

Nossa última designação foi em Breña, outro subúrbio de Lima. A amorosa congregação de 70 Testemunhas aumentou rapidamente para mais de 100, e outra congregação foi formada em Palominia. Foi nessa época que Irene adoeceu. Primeiro notei que ela ocasionalmente não conseguia lembrar-se do que havia dito, e às vezes tinha dificuldades para se lembrar de como ir para casa. Embora recebesse excelentes cuidados médicos, seu estado de saúde piorou aos poucos.

Lamentavelmente, em 1990, tive de fazer preparativos para voltarmos à Inglaterra, onde minha irmã Ivy nos acolheu bondosamente na sua casa. Quatro anos mais tarde, aos 81 anos de idade, Irene faleceu. Eu continuo no ministério de tempo integral, servindo como ancião em uma das três congregações na minha cidade natal. De vez em quando, vou também a Manchester para animar o grupo espanhol que há ali.

Recentemente, tive uma animadora experiência que começara décadas antes, quando tocava no meu fonógrafo sermões de cinco minutos para os moradores. Lembro-me vividamente duma menina em idade escolar, que ficou em pé atrás de sua mãe na porta, escutando a mensagem.

Essa menina, com o tempo, emigrou para o Canadá, e uma amiga dela, que ainda mora em Runcorn e que agora é Testemunha, manteve contato com ela. Recentemente, ela escreveu que duas Testemunhas a tinham visitado e haviam usado expressões que inesperadamente a fizeram lembrar-se do que tinha ouvido naquela gravação de cinco minutos. Ela reconheceu a verdade, é agora uma serva dedicada de Jeová, e pediu que seu agradecimento fosse transmitido ao jovem que havia visitado a casa de sua mãe uns 60 anos antes! Realmente, nunca sabemos onde as sementes da verdade criarão raízes e florescerão. — Eclesiastes 11:6.

É com profunda gratidão que me recordo da minha vida no precioso serviço de Jeová. Desde a minha dedicação em 1931, nunca perdi uma assembléia do povo de Jeová. Embora eu e Irene não tenhamos tido filhos, sinto-me feliz de ter bem mais de 150 filhos e filhas em sentido espiritual, todos servindo o nosso Pai celestial, Jeová. Como a minha querida esposa o expressou, nossos privilégios, de fato, têm sido uma alegria incomparável.

[Nota(s) de rodapé]

a A biografia de Hilda Padgett, “Segui os passos de meus pais”, foi publicada em A Sentinela de 1.º de outubro de 1995, páginas 19-24.

b Publicados pelas Testemunhas de Jeová.

[Foto na página 24]

Mamãe, no início do século passado

[Foto nas páginas 24, 25]

À esquerda: Hilda Padgett, eu, Irene, e Joyce Rowley, em Leeds, na Inglaterra, em 1940

[Foto na página 25]

Acima: eu e Irene na frente da nossa casa-reboque

[Foto na página 27]

Anunciando um discurso público em Cardiff, País de Gales, em 1952

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