Formosa (Taiwan)
“ILHA FORMOSA!” ou “Ilha Bela!” é o que exclamaram os marinheiros portugueses quando avistaram pela primeira vez esta ilha verdejante de seus navios, no século dezesseis. Muitos ainda se referem à ilha como Formosa. O visitante moderno ficará igualmente bem impressionado ao ver pela primeira vez esta ilha de mais de 385 quilômetros de comprimento e uns 145 quilômetros de largura que se situa na costa da China continental, pois está sempre coberta de verde, desde o litoral até o cume de suas montanhas de quase 4.000 metros de altitude. Embora seja pequena — apenas uns 34.000 quilômetros quadrados — Formosa é a terra mais densamente povoada do mundo, tendo umas 400 pessoas por quilômetro quadrado.
Sua história variada trouxe à ilha uma população composta de tribos de partes remotas da Ásia. Entre elas, vieram os malaios, e um dos grandes grupos da população hodierna, os amis, são seus descendentes. No fim do século dezessete veio um influxo de chineses do continente, e Formosa se tornou província do enorme Império da China. Em 1895, Formosa foi cedida ao vitorioso Japão, e então vieram os colonizadores japoneses. Durante os cinqüenta anos de domínio japonês, três gerações foram educadas em japonês, tornando essa língua o único meio de comunicação entre os vários grupos lingüísticos.
Trinta e cinco anos depois do início da rigorosa regência do Japão e de suas atividades educativas, várias pessoas vieram a Formosa realizar uma campanha educativa de natureza ainda mais importante. Em 1927 a Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) designou um estadunidense de origem japonesa para abrir uma filial da Sociedade no Japão. Formosa, naquele tempo, foi incluída no território sob a jurisdição desta nova filial, de modo que era apenas natural que, entre 1928 e 1930, aquele servo de filial visitasse Taipé, capital de Formosa, e proferisse discursos no Kokaido ou Auditório Cívico. Naquelas reuniões, um jovem japonês, Saburo Ochiai, depreendeu a importância da mensagem do Reino e começou a estudar. Obteve conhecimento e adquiriu zelo, e, no ínterim, ajudou um jovem formosano a aprender sobre a mensagem da Bíblia. Estes dois mais tarde começaram a pregar a outros, a partir de Taipé.
Na cidade de Taichung, a cerca de cento e sessenta quilômetros ao sul de Taipé, certa Sra. Miyo Idei, cuja casa se situava ainda mais ao sul estava visitando por acaso uma amiga presbiteriana quando o irmão Ochiai a visitou. Aqui, pela primeira vez, a Sra. Idei viu algumas publicações da Sociedade Torre de Vigia — A Harpa de Deus e Criação. Ela não tinha dinheiro e a dona da casa não estava interessada, mas ela ficou profundamente impressionada por ver estes rapazes serem tão zelosos nesta obra.
Em questão de dois anos, os rapazes já haviam trabalhado por todo o caminho até chegarem à cidade dela de Chiayi. Ao ouvir dizer que um deles estava hospedado na casa dum médico, num povoado vizinho, ela o fez saber que gostaria de vê-lo. Logo os dois a visitaram e ela reconheceu Ochiai. Deu-se uma palestra animada, que foi das 9 da manhã às 16 horas, com intervalo para uma refeição simples. Miyo Idei afirma, agora quase que quarenta anos depois: “Fiquei atônita com as coisas que eu aprendia da Bíblia. Surpresa com o conhecimento deles, lembro-me de ter-lhes feito duas perguntas: ‘Se estas grandes coisas hão de acontecer, por que os regentes do mundo ignoram o reino de Deus?’ e: ‘Quando virá o Armagedom?’”
Seguiram-se outras palestras, e, quando estes zelosos proclamadores do Reino se foram, deixaram com a Sra. Idei os livros Criação, A Harpa de Deus, Governo, Profecia, Luz e Reconciliação. Estes se tornariam seus companheiros e instrutores nos anos que se seguiram. Naturalmente, chegou a ocasião em que ela também compreendeu que também deveria pregar um pouco. Ela pediu uns 150 opúsculos da Todaisha, como a Sociedade Torre de Vigia era então chamada em japonês, e começou a distribuí-los no início dos anos 30. Seu trabalho não passou despercebido das autoridades, como ela mesma relata: “A prisão do servo de filial do Japão foi anunciada no jornal depois que eu começara a pregar por alguns meses. As repercussões foram sentidas de imediato, porque, ao fazer revisitas as pessoas que obtiveram publicações, foi-me dito que detetives tinham vindo ali e confiscado o que eu colocara com elas. Daí, quatro detetives vieram dar busca em nossa casa. Levaram todos os nossos livros e revistas. Ou interrogada por um deles na guarita da polícia local. Ele admitiu, contudo, que eu não fazia nada de mal, e me soltou.”
No ínterim, o irmão Ochiai e Yeh Kuo Yin continuaram em ser ministério em direção sul, daí cruzaram as montanhas e viajaram para o vale que divide duas cadeias de montanhas na parti oriental da ilha. Nesta arca, um formosano chamado Tu Chin Teng, que tinha um pequeno negócio como tabelião no pequeno povoado de Kuan Shan, prontamente aceitou a mensagem começou a falar a outros. Por certo tempo, depois de sua volta para o Japão, Ochiai e seu companheiro se corresponderam com os interessados em Formosa, mas logo estes ficaram realmente isolados. Ao se agravaram as condições mundiais, e se intensificarem os esforços do Japão para conquistar a China, a população de Formosa foi submetida a grande pressão, tendo em vista obrigá-la a adorar o imperador do Japão como descendente direto da deusa-sol.
Os semelhantes a ovelhas em Formosa não foram esquecidos. Logo que houve um pouco mais de liberdade, dois ministros pioneiros de tempo integral chegaram em Taipé para ajudar a reconstruir os interesses do Reino na ilha. Raiichi Oe e Yoshiuchi Kosaka informaram a família de Idei de sua chegada. Os Ideis responderam com um imediato e jubilante ‘Venham por favor!’ Aquele dia, em dezembro de 1937, foi inesquecível para eles, quando os dois rapazes chegaram de bicicletas em Chiayi. Tinham percorrido os 240 quilômetros desde Taipé com seus bens amontoados em suas velhas bicicletas. Um par de fachis estava à mostra no bolso da camisa de cada um deles. “Por que os fachis?” — perguntou a Sra. Idei. Explicaram que, enquanto viajavam, comiam nos lugares mais baratos, e os fachis públicos eram muito anti-higiênicos. Após dois dias de estudo da Bíblia seguiu-se um evento jubiloso — o batismo do irmão e da irmã Idei!
Dias depois, os pioneiros despediram-se de seu novo irmão e irmã e continuaram sua excursão de bicicleta ao redor de Formosa — viagem que deve ter sido extenuante, levando-se em conta que suas bicicletas estavam carregadas de publicações e de seus pertences, e a estrada pelas montanhas e ao redor delas amiúde se reduzia a simples trilha poeirenta. Uma carta recebida do irmão Oe pela irmã Idei falava de terem entrado em contato com alguns da tribo dos amis que estavam interessados. Deveras em janeiro de 1938, o escrivão formosano, Tu Chin Teng, e vários membros da tribo amis foram batizados pelos dois pioneiros.
Parece que, por volta desse tempo, duas Testemunhas batizadas do condado de Taitung se mudaram para Chiayi a fim de estar com os Ideis. Ao ouvir isto, os irmãos Oe e Kosaka voltaram a casa dos Ideis por cerca de dez dias para ajudá-los, e então prosseguiram caminho em direção a Taipé para continuar operando um pequeno depósito de publicações da Sociedade ali. A obra do Reino parecia achar-se num alicerce mais firme em três locais em Formosa — a cidade de Taipé, Chiayi e o condado de Taitung. Mas, as dificuldades estavam surgindo.
OPOSIÇÃO INICIAL
No povoado de Kuan Shan, além do irmão Tu Chin Teng, havia outro escrivão chamado Lin Tien Ting. Os recém-interessados começaram a preferir o irmão Tu ao invés do outro escrivão. Isto, junto com outros fatores, moveu Lin Tien Ting a acabar com seu negócio e obter um emprego na polícia. Logo que ficou bem estabelecido, começou uma campanha de intimidação contra os irmãos. Por desperto, acusou-os de desconsiderar o imperador e recusar-se a cumprir as exigências da adoração nos santuários xintoístas. Acusou os irmãos de realizarem batismos ao mi e de praticarem o adultério. Isto levou à prisão de alguns dos irmãos e das irmãs. No entanto, ao ouvir falar dessa situação, o irmão Oe correu para Kuan Shan e obteve sua libertação.
No ínterim, a onda de nacionalismo e intolerância estava crescendo. Tornou-se aconselhável fechar o pequeno depósito de Taipé e mudar-se para a cidade menor de Hsinchu, quarenta e oito quilômetros mais para o sul. Mal se tinha feito esta mudança, em abril de 1939, quando ambos os irmãos Oe e Kosaka foram presos. Uma campanha para eliminar as Testemunhas de Formosa fora iniciada. À meia-noite, de 21 de junho, o irmão e irmã Idei também foram presos. Ele ficou preso até outubro, junto com outro irmão. A irmã Idei foi solta depois de uma noite na prisão, principalmente por ser professora. Mas, ainda que não tivesse outro meio de sustento, ela deixou de lecionar, pois, como cristã, não podia satisfazer as exigências de ensinar mitos xintoístas e outra propaganda nacionalista.
Quando o irmão Idei foi finalmente solto, mudaram para Taipé na esperança de gozar de maior liberdade para adorar a Jeová. Naturalmente, ainda estavam preocupados com os irmãos Oe e Kosaka. Depois de considerar o assunto, decidiram que a irmã Idei, que veio da mesma parte do Japão que o irmão Oe, deveria tentar visitá-lo na prisão, levando roupas, frutas e itens para amenizar a sorte dos presos. Foi-lhe dito que não eram permitidas visitas, mas que as coisas que ela levou seriam entregues aos rapazes. Ao andarem pelo corredor úmido, o som das geta (sandálias) da irmã Idei ecoava de um lado para o outro. Por trás da porta de cada cela havia uma parede de concreto de modo que não se pudesse ver da porta o interior das celas. Ao se aproximarem da porta da área do irmão Oe, apareceu uma figura entre a parede e a porta. Era o irmão Oe, com uma vassoura numa das mãos e uma pé de lixo na outra. A irmã Idei correu e segurou as mãos dele através da porta de ferro. Embora estivessem proibidos de se ver, a mão de Jeová os reunira!
No outono de 1940, os dois foram transferidos para a Prisão de Menores de Hsinchu, onde obtiveram maior liberdade, com o resultado de que a irmã Idei os visitou várias vezes. Em outubro de 1941, foram levados para a Prisão de Taipé, e esta transferência foi considerada como sinal de que não seriam libertos logo. A irmã Idei continuou a cuidar de seus interesses. Ela determinou tentar vê-los mesmo em Taipé, embora as perspectivas não fossem boas. Para surpresa sua, as autoridades foram cooperadoras e logo ela conversava com o irmão Kosaka através da janela de tela. Bastou uma espiada para que ela verificasse que ele sofria de tuberculose em estado avançado. Ela teve a impressão conforme afirma, “de um rosto branco como papel e lábios tão vermelhos como morangos frescos”.
Daí foi a vez do irmão Oe. Relata a irmã Idei: “Com voz forte e um sorriso na face, ele disse: ‘Esta é uma boa prisão — não há percevejos, nem piolhos. Se pagar conseguirá uma almofada, talharim, boa comida e até uma vila particular.’ O guarda carcerário que estava olhando caiu na risada. Foi uma inesquecível visita à prisão, pois me mostrou que o irmão Oe jamais desistiria, e tinha o domínio sobre seus captores. Esta foi a minha última visita a ele.” Dez dias depois, na noite de 30 de novembro, os Ideis também foram presos. Cerca de dois meses depois, foi dito à irmã Idei que um dos presos morrera de tuberculose. Sem dúvida era o irmão Kosaka. No fim da guerra, quando todos os presos estavam sendo libertos, a irmã Idei escreveu a diversas prisões para tentar verificar o que acontecera com o irmão Oe, mas, sem resultado. Mais tarde, as investigações levaram a crença de que ele fora morto. Aprendendo sobre o reino de Deus no Japão quando tinha apenas dezessete anos, deveras travara a luta excelente e terminara sua carreira por volta de 1945.
Desde o tempo de sua soltura, em agosto de 1942, até que Formosa reverteu ao domínio chinês, depois da Segunda Guerra Mundial, a irmã Idei não teve nenhum contato com o povo de Jeová, nem conseguiu obter quaisquer publicações. Como manteve uma fé forte? “A Bíblia”, explica ela, “estava sempre comigo. Ao ser solta, encontrei uma Bíblia numa loja de livros de segunda mão. Que bênção! Os relatos encorajadores dos apóstolos e seu sofrimento dos laços da prisão foram verdadeira fonte de vigor para mim. Também, Jeová sempre esteve comigo e me sustentou.”
No ínterim, na parte oriental da ilha, não houve paralisação das dificuldades engendradas pelo maligno Lin Tien Ting. A proscrição da obra no Japão e em Taipé, em 1939, aumentou a intensidade da oposição. Os irmãos foram submetidos a trabalhos forçados para a polícia e o governo. Em certa ocasião, foi organizada uma festa no povoado de Ta Pi, distrito de Chih Shang. O prato principal consistia num búfalo da Índia que fora confiscado de uma das Testemunhas. Esta perda era equivalente, para o seu dono, à perda dum trator para o fazendeiro ocidental. Alguns irmãos foram desnudados e espancados sem misericórdia com varas de bambu. Pelo menos duas irmãs foram desnudadas, lançadas ao solo e a polícia passou a usar varas afiadas de bambu para espetar seus órgãos genitais. Uma delas ainda está viva, e ainda serve como adoradora fiel de Jeová.
Num povoado do distrito de Chih Shang foi estabelecido um campo como centro de lavagem cerebral e propaganda. O alvo era a mente dos jovens da arca. Até 500 pessoas de cada vez eram obrigadas a fazer esse curso, que incluía ritos militaristas e xintoístas. Todos, menos os irmãos mais fortes, sucumbiram diante destes métodos. Rumores, no ínterim, corriam de que alguns dos irmãos mais proeminentes transigiram, isto provocando muita confusão.
Com a mudança, em 1945, do domínio japonês para o chinês, os irmãos esperaram algum alívio. Afinal de contas, o Governo Nacionalista Chinês era um membro original das Nações Unidas. Assim, os irmãos se empenharam então em fazer progredir de novo a verdadeira adoração. No entanto, devido as incertezas do período de mudança, concedeu-se às autoridades locais maior autoridade, e estas, na maior parte, continuaram a mesma maneira injusta de tratar das Testemunhas. Os irmãos tinham de reunir-se em segredo, em vales remotos, saindo de casa de manhã cedo, com enxadas nos ombros, como se fossem para os campos, e então voltavam na noitinha do mesmo modo. Tais reuniões duravam a maior parte do dia, sendo colocados vigias para avisar da aproximação de alguém.
No ínterim, o opositor Lin Tien Ting planejava conseguir de novo a proscrição da obra. Os mesmos dossiês compilados pela polícia nipônica foram usados para fazer com que as autoridades chinesas agissem contra os adoradores de Jeová. Interceptava-se a correspondência e confiscava-se a mesma, de modo que não se obtinha resposta dos esforços repetidos de entrar em contato com a Sociedade, quer no antigo endereço nipônico quer nos Estados Unidos. Em princípios de outubro de 1946, foi convocada uma reunião especial em Chih Shang, visando acabar com as Testemunhas. Nove policiais e outras autoridades estavam presentes bem como cerca de 300 testemunhas. Não se deu oportunidade dá responder às acusações vis lançadas contra o povo de Deus. Mas, em fins da noite, foi possível que alguns dos proeminentes entre os irmãos apresentassem os fatos às autoridades, e isso resultou em certa medida de alívio.
O governo nacionalista fez provisões para se ouvirem acusações contra as autoridades corruptas e injustas. Esta era a oportunidade esperada pelos irmãos, e foram apresentadas acusações contra o oficial de polícia Lin Tien Ting. Em janeiro de 1947, os tribunais de Hualien o julgaram culpado, mas o alívio não durou muito, pois foi mais tarde solto numa anistia e obteve uma promoção na organização policial. Agora, ficou mais furioso do que nunca em sua oposição.
Continuaram a ser feitos esforços de refutar as acusações falsas contra as Testemunhas e para se conseguir que as autoridades terminassem a proscrição. Em 1947, um juiz local em Taitung concordou que elas deveriam gozar de liberdade de adoração, mas enviou a questão a Taipé, a capital. O fustigamento continuou, sendo presos irmãos e irmãs, ficando detidos por uma semana mais ou menos e então sendo soltos sem jamais serem julgados. Naquele tempo, também, uma preocupação era espalhar a “boa-nova” a números maiores da tribo amis. Primeiro, foram dadas instruções a um grupo de irmãos, sendo usada A Harpa de Deus, e então foram enviados aos pares para instruir a ainda outros.
AJUDA DA FILIAL DA CHINA
Em 1947, uma Testemunha de Xangai se mudou para Hsinchu, em Formosa, para assumir uma posição de professor. Ele encontrou os Ideis e estes lhe falaram sobre os irmãos amis isolados da parte oriental da ilha. Ele transmitiu a informação ao recém-designado servo da filial em Xangai, Stanley Jones, que, junto com seu companheiro missionário, havia chegado recentemente na China. A Sociedade fizera arranjos para que o irmão Jones visitasse Formosa, e, quando ele chegou, em abril de 1948, o irmão Idei e um irmão chinês o receberam no aeroporto. Ansioso de entrar em contato com a tribo amis, o irmão Jones determinou viajar de trem até Tainan, a trezentos e vinte quilômetros ao sul de Taipé. Isto era necessário, visto que a via mais curta para a costa oriental estava impedida na ocasião por enchentes. E isto significava que ele seguia a rota trilhada pelos irmãos Oe e Kosaka há quase dez anos antes.
Ele interrompeu sua jornada a fim de permanecer algum tempo no lar da irmã Idei, que agora morava no interior, entre Tainan e Kaohsiung. Ao chegar a Taitung, o irmão Jones consultou a polícia e recebeu confirmação da permissão de realizar reuniões públicas com o povo amis. Três horas e muitas paradas depois, chegaram a Chih Shang. Quão felizes ficaram os irmãos de encontrar o primeiro irmão ocidental que já tinham visto! Alguns deles andaram quarenta e oito quilômetros para essa ocasião! Em seus discursos a umas 600 pessoas, o irmão Jones tentou ajudá-las a entender a organização mundial das Testemunhas, como funcionava a sede, e a parte que as filiais desempenhavam em servir os interesses espirituais dos irmãos. Falou das grandes assembléias internacionais, também, e houve grande agitação quando passou entre eles algumas fotos de várias de tais assembléias. Nesta ocasião, havia muitos cujos estudos haviam-nos conduzido à dedicação, de modo que 261 candidatos foram imersos em um único dia!
O irmão Jones usou a oportunidade também para mostrar aos irmãos como dirigir suas reuniões, e como efetuar a obra de pregação, e fazer relatórios simples de suas horas de serviço de campo, suas revisitas e seus estudos bíblicos. Tais relatórios deveriam ser enviados primeiro para Hsinchu, de onde seriam transmitidos para Xangai, para serem incluídos no relatório da filial da China.
Embora o servo de filial procurasse as autoridades em Taipé e lhe fosse assegurado que os irmãos teriam plena liberdade de adoração, os relatórios recebidos depois de sua volta a Xangai mostravam que a situação para os irmãos amis não tinha melhorado. A polícia continuava a fustigar os irmãos, insistindo que a obra tinha de ser registrada no governo central antes de poderem ter suas reuniões. De qualquer forma, houve alguma resposta à visita do irmão Jones, pois, em agosto de 1948, havia relatórios da atividade por parte de sessenta e seis publicadores em Formosa.
Em fins de 1948, o irmão Jones fez outra viagem a Taipé, e desta vez com a ajuda de um médico chinês de Xangai, tentou explicar a verdadeira natureza de nossa obra a várias autoridades governamentais. Procurou pedir ao Comissário dos Assuntos Civis que fornecesse algo definitivo por escrito, quanto à situação dos irmãos e seu direito a efetuar a obra do Reino. Quando retornou a Xangai, recebeu uma carta do Comissário, mas tudo que ela continha era uma permissão para que ele viajasse em qualquer lugar de Formosa e pregasse livremente. Nenhuma garantia foi dada, nenhuma liberdade para os irmãos locais. Que desapontamento!
Apesar das dificuldades, contudo, a mensagem do Reino começou a espalhar-se ao verdadeiro povo das montanhas, alguns dos quais procuravam algo mais satisfatório do que a adoração supersticiosa da lua. A maioria dessas pessoas ainda levava uma vida bem primitiva e eram influenciadas pelo demonismo, embora sua caçada de cabeças tivesse terminado no fim da Segunda Guerra Mundial. Havia uma senhora recém-casada conhecida como Takako da tribo bunun que morava a umas oito horas de distância, a pé, da estação de trem mais próxima, em Hai Tuan. Em uma das raras visitas de Takako a Hai Tuan, ela obteve um exemplar da Bíblia, e a leitura deste livro a moveu a abandonar algumas de suas práticas supersticiosas. Resultou a oposição em divórcio por parte de seu marido e na sua expulsão do povoado, com um bebê de um ano, e apenas as roupas que ela vestia. Ela foi morar com algumas amigas, e continuou a ler e a falar a outros aquilo que ela aprendia.
Por volta de março de 1950, voltaram a unir-se o marido e a esposa, ele se mudando para Hai Tuan para ficar perto de seu novo emprego. Ambos então tiveram maiores oportunidades de estudar a Bíblia e aprender sobre os propósitos de Jeová. Juntos começaram a freqüentar reuniões clandestinas, isto envolvendo às vezes uma caminhada de duas horas de sua casa. Em certa ocasião, quando a polícia os fez parar e os revistou, sua Bíblia foi levada, mas o exemplar dela foi escondido nas fraldas do seu bebê. Partindo deste pequeno início, pequenos grupos de interessados da tribo dela surgiram em vários povoados. Em 13 de maio de 1953, Takako foi batizada e, em 1957, ela recebeu três meses de treinamento e foi designada às fileiras do serviço de pioneiro especial. Sua atividade zelosa resultou em cerca de sessenta pessoas nos vários povoados Bunun aceitarem a mensagem do Reino.
Nos anos 40, um amis que trabalhava secularmente na área da tribo paiwan, perto da ponta meridional da ilha, obteve um exemplar de A Sentinela em japonês. Gostou do que leu a solicitou outros. Partilhou esta verdade recém-descoberta com varies nativos de Paiwan, seus colegas de trabalho. De forma similar, outras tribos, tais como os taiyal, lukai e puma entraram em contato com a boa-nova.
CHEGAM OS GRADUADOS DE GILEADE
Dois graduados da décima primeira turma de Gileade chegaram ao porto de Chilung, vindo de Zangai, em 2 de fevereiro de 1949. Ali estavam, para recebê-los, um irmão chinês e dois ou três irmãos amis. Depois de ficarem com os Ideis em Hsinchu por curto período de tempo, foram para o território dos amis. Que mudança isso foi para eles! Não havia banheiras, nem eletricidade, nem camas do estilo ocidental! Viviam no estilo amis, numa casa com chão de terra, teto de colmo e uma plataforma elevada que servia de cama. Um canto do chiqueiro servia de privada. Ali estavam para ajudar os irmãos. Isso é o que valia.
Em Chih Shang disseram-lhes que havia, não apenas 300, mas 600 interessados na mensagem! Decidiram visitar todos os povoados onde viviam tais pessoas. Os irmãos locais dispunham de várias “mensageiros” que disseminaram as novas aos vários grupos. A mensagem foi enviada; e não 300, nem 600, mas 1.600 pessoas aceitaram o convite! Foi excelente que estes dois missionários, os irmãos McGrath e Charles, haviam feito breve curso de japonês em Gileade. Com a ajuda duma Bíblia em Japonês e um dicionário, puderam falar algo sobre a organização de Deus a estes interessados. Seus discursos eram traduzidos em amis para aqueles que não conseguiam entender Japonês. Eles compreendiam que os novos irmãos precisavam de um curso sistema fico de estudo bíblico a fim de conduzi-los à madureza.
Decidiram ensinar um assunto de cada vez. Como base, escolheram o livro “Seja Deus Verdadeiro”. Levou até cinco dias de estudo e preparação pacientes antes de ficarem prontos para dar a lição aos irmãos reunidos. “Mensageiros” notificaram os interessados onde e quando se reunir. O irmão McGrath ia em uma direção, e o irmão Charles em outra. Em cada povoado, foram usadas oito ou mais horas no ensino mesmo, com sessões de perguntas e respostas. As noites eram gastas em associação descontraída com os irmãos.
Os irmãos locais precisavam deste treino. Eram sinceros, mas havia, evidentemente, muitas falhas em seu entendimento da mensagem da Bíblia. Por exemplo, notou-se que várias irmãs estavam ausentes das reuniões de tempos em tempos. A verificação revelou que as restrições da lei mosaica a respeito das mulheres nos seus períodos menstruais estavam sendo aplicadas. Foi dito às irmãs que não comparecessem as reuniões em tais circunstâncias. Então os missionários ajudaram todos a entender que os cristãos ‘não estão debaixo de lei, mas debaixo de benignidade imerecida’.
O irmão McGrath fez muitas viagens a Taipé, visando obter reconhecimento legal da obra do Reino. No ínterim, o irmão Charles chegou à decisão que faria a pregação regular de casa em casa em Kuan Shan. Logo que isto se tornou conhecido, outros expressaram o desejo de juntar-se a ele, e, por fim, 140 desejavam participar no ministério de campo pela primeira vez, muito embora isso talvez resultasse em encarceramento! O grupo se dividiu em dois, planejando fazer um círculo em torno do território amis e reunir-se na costa oriental de Chih Shang. Carregavam arroz como item principal de sua dieta. Dormiam em pequenos salões dos povoados. Antes de entrarem em cada povoado, realizavam uma reunião de serviço, a fim de preparar-se para enfrentar as objeções da religião principal daquele povoado. Então entravam no povoado e começavam a trabalhar. Terminaram todo o território ao longo da costa, e ainda assim não viram sinal dá outro grupo. Haviam andado por duas semanas.
A parte mais dura da viagem ainda estava adiante. Tiveram então de cruzar a cadeia montanhosa que os separava do vale onde moravam. As montanhas em Formosa são acidentadas, e, o que ainda é pior, a chuva havia tornado escorregadia a trilha dá barro. A trilha na descida serpenteava por um penhasco em que um passo em falso poderia significar uma queda de mais de 180 metros! Os sapatos de sola de borracha do irmão Charles eram perigosos. Os irmãos lhe emprestaram seus sapatos, que possuíam frisos profundos. Deram as mãos e, com muitas orações conseguiram chegar lá em baixo são e salvos. Quão gratos ficaram quando, depois de sua longa caminhada, por fim se encontraram com o outro grupo! Mas, havia mas notícias. Vários desse grupo foram presos. Dias depois, houve mais prisões.
No ínterim, o irmão McGrath soube que fora enviada uma carta ao magistrado de Taitung, instruindo a polícia a refrear-se dá interferir com os irmãos e lhes conceder proteção ao viajarem dá povoado em povoado com sua mensagem. No entanto, o magistrado negou a existência de tal carta, e agiu à base da declaração falsa de que as Testemunhas eram comunistas. Mas, a obra prosseguiu mesmo sob graves obstáculos.
Daí, seguiu-se uma dificuldade após outra. O irmão Charles contraiu icterícia. Daí, quando veio a ocasião para ele renovar seu cartão de I. D., a polícia se recusou a devolver o antigo ou de expedir um novo. Como súdito inglês, achava-se em situação precária, pois o reconhecimento do domínio continental chinês por parte do governo britânico era altamente desagradável para o governo de Taipé. Compreendendo que sua permanência poderia então ser breve, o irmão Charles chamou todos os irmãos responsáveis para uma reunião em Chih Shang. Durante quatro dias, considerou com eles os requisitos da organização cristã. Instou com seus ouvintes a que seguissem tais instruções, que estudassem a Bíblia, e esperassem em Jeová para obter mais orientação. Daí, o missionário se despediu daqueles a quem viera a amar tão ternamente. Passou algum tempo convalescendo na casa da irmã Idei em Hsinchu, e então seguiu caminho para o consulado inglês em Tansui. Ele e o irmão McGrath ficaram num pequeno hotel. O irmão McGrath sofria de malária nessa ocasião. O irmão Charles decidiu ir dar um pouco de testemunho em Taipé, e conseguiu obter os remédios e a nutrição necessários para o irmão McGrath. No devido tempo, pareceu-lhes melhor irem para Hong Kong ao invés de esperar a expulsão oficial de Formosa. Com tristeza, despediram-se do grupo dos irmãos amis que tinham vindo desde Chilung para despedir-se deles. Estiveram em Formosa um pouco mais de um ano.
BUSCAR O RECONHECIMENTO LEGAL
Em vista dos acontecimentos, a Sociedade decidiu colocar Formosa mais uma vez sob a supervisão da filial do Japão. Assim, em 3 de abril de 195l, um missionário no Japão, o irmão Tohara veio à ilha fazer preparativos para uma visita por parte do presidente da Sociedade, o irmão Knorr. Os irmãos Knorr e Henschel realizaram algumas reuniões em quartos de hotel com irmãos representativos dentre os grupos amis e hsinchu. Quando o irmão Knorr foi para o Japão, o irmão Henschel continuou com o irmão Tohara, visando reunir-se com algumas autoridades governamentais. Arranjos foram feitos com o Coronel Cheng Yi Kuan, do Escritório dos Negócios Estrangeiros, da Administração da Polícia Provincial de Formosa, para se enviar um representante da Sociedade a fim de investigar a veracidade das acusações de que as Testemunhas em Formosa se empenhavam em imoralidades e ensinavam a subversão. Donald Steele, missionário evacuado do teatro de guerra da Corria para o Japão, foi designado a fazer esta investigação, mas as autoridades chinesas redondamente recusaram seu pedido de visto.
A estrutura governamental em Formosa complicou grandemente a tarefa de se registrar a obra da Sociedade. O governo central supostamente tem o controle geral, mas o controle dos assuntos civis se achava nas mãos dos governos provinciais, sendo alguns assuntos até mesmo delegados ao governo dos condados. Assim, amiúde era uma questão de ir de uma para outra autoridade, sem resultado satisfatório.
Em 1952, a Sociedade enviou o irmão Lloyd Barry para Formosa. Ele viajou a verias partes da ilha e, visto que sabia falar japonês, podia comunicar-se diretamente com os irmãos. Visitou os Ideis em Hsinchu, bem como um casal interessado no condado de Pingtung, bem ao sul. Também se encontrou com os irmãos da costa oriental e lhes deu muito encorajamento. Durante sua estada, também preparou pedidos de registro de uma sociedade local, a Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia. Ao passo que aguardava alguns documentos necessários de Brooklyn, teve oportunidade de conhecer algumas pessoas bem influentes. Eis aqui seu próprio relato:
“Certa manhã, no desjejum no Grande Hotel de Taipé, um idoso cavalheiro estadunidense perguntou com polidez se poderia sentar-se à minha mesa. Logo depois, ele perguntava: ‘O que o traz a Formosa?’ Quando respondi com franqueza que eu era uma das testemunhas de Jeová ele se levantou, inclinou-se e apertou minha mão com vigor. ‘Sabe’ disse ele, ‘acabo de escrever um capítulo em um de meus livros sobre as Testemunhas de Jeová’.” Era o Dr. C. Braden, Professor de Religiões Orientais na Universidade Northwestern dos listados Unidos. Parece que sua pesquisa do assunto das Testemunhas lhe fornecera motivo de sentir o maior respeito por elas e seus ensinos. Acontecia que ele se achava em Formosa como convidado pessoal do Governador Wu, a própria pessoa com quem o irmão Barry desejava falar. O resultado foi que se arranjou uma reunião de meia hora com o Governador Wu. Isto não resultou em nada realmente tangível, embora as torturas físicas contra as testemunhas de Jeová fossem um tanto diminuídas.
Mais tarde descobriu-se que o próprio Governador Wu tinha muito que ver com as muitas injustiças perpetradas contra o povo de Jeová. Note como um artigo no Post da China, de 5 de junho de 1971, num extrato do livro Christianity in Taiwan (O Cristianismo em Formosa) do falecido Dr. Hollingworth K. Tong, confirma isto: “O Dr. K. C. Wu, então Governador de Formosa, fez verificações entre os líderes eclesiásticos de sua confiança a respeito da natureza e dos objetivos das Testemunhas. Foi-lhe dito que esta seita causara consideráveis dificuldades, tanto nos listados Unidos como no Canadá, e que 20 por cento de seus missionários foram expulsos da Rússia por advogarem a derrubada do governo soviético.” Assim, os líderes religiosos da cristandade em Formosa são indicados como sendo os instigadores das brutalidades sofridas pelos irmãos.
Em 1952, uma seca fez com que os irmãos ficassem numa situação lamentável. A maioria deles dispunham de muito pouca roupa. Os irmãos em Nova Iorque rapidamente prepararam uma remessa de ajuda. A distribuição deste presente foi grande testemunho ás autoridades locais e demonstração para os irmãos do profundo sentimento de amor por eles por parte de seus irmãos do ultramar. Daí, em 1955, o irmão Barry trouxe o filme da Sociedade, “A Sociedade do Novo Mundo em Ação”, e, felizmente, conseguiu licença de exibir o filme em qualquer parte de Formosa durante os três anos seguintes. Hualien era a cidade mais próxima do território amis que dispunha de eletricidade, de modo que aqui, depois de a polícia ajudá-lo a encontrar um auditório escolar, ele o exibiu a diferentes grupos em quatro noites separadas. Ao todo, 2.865 irmãos e pessoas interessadas o apreciaram, muitos vendo um filme pela primeira vez. A narração foi fornecida em amis, de modo que todos entendessem claramente.
Ao voltar ao Japão, o irmão Barry deleitou-se em saber que, em 23 de março de 1955, acabou a proscrição já bem antiga sobre as atividades das testemunhas de Jeová. Concedeu-se reconhecimento legal à Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia. Agora estava aberto o caminho para que os 1.782 irmãos se reunissem abertamente e pregassem de modo público! Uma das exigem elas era de que as reuniões se realizassem em locais registrados de reunido. Assim, logo os irmãos começaram a construir seus Salões do Reino. Também se exigia que a língua chinesa, e não o japonês, fosse usada nas reuniões. Por conseguinte, foram organizadas rapidamente turmas para que os irmãos aprendessem chinês.
No ínterim, as coisas começaram a progredir em relação à obra entre a população de língua chinesa. Em 1951, Marion Liang, cuja família havia fugido para Hong Kong da China continental, em 1949, assistiu à sua primeira assembléia das testemunhas de Jeová. Ali ela ouviu o irmão Knorr proferir o discurso “Proclamai a Liberdade por Toda a Terra”. Ela se mudou de Hong Kong para Formosa a fim de cursar a Universidade Nacional de Formosa, mas não encontrou ali quaisquer Testemunhas. Ela fez progresso no conhecimento bíblico, contudo, e, em 1952, quando voltou a Hong Kong para passar as férias, foi batizada. Voltou a Formosa. Assim, aconteceu que a única Testemunha que falava mandarim em toda Formosa aguardava em Chilung a chegada de dois novos missionários de Nova Iorque, o irmão e a irmã Halbrook. O irmão Barry também estava lá. Foi estabelecido um pequeno lar missionário na Rua Chung Shan Norte, Seção Dois, em Taipé. Foi uma experiência e tanto para estes recém-chegados ir na obra de casa em casa com o irmão Barry e a irmã Liang no dia seguinte mesmo. Trouxeram com eles alguns folhetos em chinês, mas, de início, tentaram encontrar pessoas de língua inglesa, de modo que pudessem iniciar imediatamente alguns estudos. A irmã Liang concordou em gastar duas horas durante três dias por semana ajudando-os a preparar sermões e a dirigir estudos em chinês.
Os Halbrooks não eram os únicos que lutavam com a língua chinesa. Os irmãos amis em Taipé, que foram educados sob os auspícios japoneses, também estavam ansiosos agora de usar a língua chinesa, e assim poderem cumprir as exigências do governo quanto às reuniões. Foi organizado um grupo de estudo bíblico em chinês no lar missionário e vários publicadores jovens amis e outros interessados compareciam. Um deles, um jovem irmão amis, Lin Kao Hi, mais tarde progrediu ao ponto de se tornar um servo de circuito muitíssimo capaz e um tradutor.
Três meses depois da chegada destes missionários, ocorreu um evento muito destacado na história da obra do Reino nesta ilha. O irmão Knorr retornou para cumprir sua promessa de realiza uma assembléia para os irmãos e as irmãs amis. Quando o presidente da Sociedade, junto com os irmãos Barry e Adams, chegaram em Taipé, arranjaram um vôo de manhã bem cedo para Hualien, e dali viajaram os restantes sessenta e quatro quilo metros de trem até o povoado de Fu Yuan. Que surpresa a aguardava! Os irmãos haviam notado bem os pormenores do filme da Sociedade, e, assim, foram organizados todos os departamento necessários a uma assembléia. Uma piscina para o batismo, de quatro metros e meio de largura por mais de nove metros d. comprimento, havia sido escavada e revestida de pedras. Desviara se uma pequena corrente para esta piscina, isto servindo para o batismo de 123 pessoas. Entre os batizados achavam-se membro da tribo bunun e outras tribos das montanhas. O irmão Barry traduziu os discursos para o japonês e a irmã Liang os vertia para o chinês, e, daí, eram traduzidos para o amis. Que alegria foi ver 1.808 pessoas no discurso público!
ESTABELECIDA A FILIAL EM FORMOSA
Depois disso, o irmão Knorr decidiu abrir uma filial em Formosa, de modo que a supervisão e a ajuda teocráticas mais d’ perto pudessem ser dados aos irmãos. O irmão Paul Johnston rol designado servo da filial. Ele e sua esposa haviam sido companheiros de turma dos Halbrooks em Gileade. Uma assembléia em Ta Pu, Chih Shang, tendo o irmão Franz, o vice-presidente da Sociedade, como o orador principal, marcou o início deste novo capítulo na história da obra do Reino em Formosa. O irmão Adrian Thompson, servo de distrito do Japão, os Halbrooks e a irmã Liang, foram na frente para o povoado da assembléia, ao passo que o irmão e a irmã Johnston receberam o irmão Franz e o acompanharam no vôo a Hualien e na viagem pela ferrovia de bitola estreita até Chih Shang. Mais uma vez, a organização da assembléia deixou surpresos os visitantes. Ora, eles até mesmo dispunham de um “departamento de água”, cuja tarefa era trazer água de um poço a uns noventa metros de distância! Turmas de irmãs faziam este trabalho.
A resolução especial contra o comunismo foi adotada pelas 2.029 pessoas presentes em uma das sessões. Foi nessa ocasião que o irmão Franz subiu à tribuna e deu um recital de improviso com sua harmônica de boca enquanto os irmãos se reuniam para o início do programa. Isto tocou o coração de muitos. O auge de assistência de 3.029 pessoas foi alcançado para a exibição do filme “A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo”.
Outras provisões para a expansão da atividade do Reino em Formosa se seguiram. Novas e maiores dependências foram alugadas em Taipé, incluindo melhores acomodações para os missionários, um Salão do Reino e escritório da filial da Sociedade. No outono setentrional de 1957, acabou a proscrição sobre as atividades fora da cidade de Taipé. Esta tinha estado em vigor desde o início o ano prévio. E como foi removida? O pai de um jovem estudante da Bíblia era membro do legislativo, tendo reputação de ser lutador e ter determinação. Ele era favorável à obra do Reino e, quando ouviu falar de nosso problema, através de seu filho, concordou em fazer arranjos para uma audiência com o Ministro do Interior, um amigo dela. O resultado de tal audiência foi a restauração do reconhecimento de nossa campanha educativa bíblica.
Também, logo depois disso, foi realizada a primeira assembléia de circuito em Hualien. O servo da filial proferiu o discurso público em chinês! Havia-se ultrapassado um obstáculo da língua. O passo seguinte era cuidar da necessidade de comunicações com os irmãos e os interessados amis.
A Sociedade ainda estava interessada em obter reconhecimento legal para a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA) em Formosa. Para isso, comprou-se um terreno em 1958 para uma filial e lar missionário na Rua Yun-Ho, 5, Viela 99, Taipé. A escritura foi registrada em nome de Paul Johnston, como agente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia, EUA. Isto foi então usado como base para registrar a Sociedade. Visto que as primeiras tentativas trouxeram pouco resultado, procurou-se a ajuda da Embaixada dos Estados Unidos, mas isto também não teve efeito. No entanto, quando o assunto foi trazido à atenção do Departamento de Estado, em Washington, eles enviaram instruções ao embaixador para se certificar de que os termos do acordo de comércio mútuo entre Formosa e os Estados Unidos fossem aplicados com justiça no caso da Sociedade Torre de Vigia. Isto alterou a maré, de modo que o registro da Sociedade foi aprovado em 1963 e registrado no Tribunal Distrital de Taipé em 8 de maio de 1964.
Em 1958, a irmã Liang foi convidada a cursar a trigésima primeira turma da Escola de Gileade nos Estados Unidos. Naquele verão setentrional, ela e seu irmão carnal se formaram na assembléia do Estádio Ianque. Permaneceram na sede em Brooklyn da Sociedade por mais dois meses, ao trabalharem para terminar a tradução do livro Paraíso para o chinês. Daí, a irmã Liang, a primeira e única graduada de Gileade a vir de Formosa, voltou para fazer o serviço missionário em Taipé. Aqui, sua habilidade bilingüística era muito necessária. A obra de composição das publicações chinesas fora transferida de Taiwan para Hong Kong. O tipo manual chinês era lançado por firmas de fora e revisado na filial de Formosa. Matrizes de papel eram feitas à base deste tipo e enviadas aos Estados Unidos, ali servindo de moldes para estereótipos a serem usados nas prensas da Sociedade em Brooklyn. Por fim, a irmã Liang tornou-se membro de tempo integral da família de Betel em Taipé, tendo a tarefa de revisar o crescente material para as revistas chinesas. Seu irmão em Hong Kong, fazia quase toda a tradução real.
Outros missionários continuaram a chegar nos anos seguintes. Em 1959, fez-se a decisão de espalhar os serviços dos missionários a outras cidades. Pequena casa foi alugada em Kaohsiung, a segunda maior cidade de Formosa, a uns 320 quilômetros ao sul da capital. O irmão e a irmã Halbrook e os irmãos Peel e Johansson foram designados para lá.
Daí, o irmão Henschel, da sede da Sociedade, visitou de novo Formosa em abril de 1960, quando outra grande assembléia foi realizada no território dos amis. Tais visitas dos irmãos de Brooklyn, bem como a provisão mais regular das assembléias de circuito e de distrito, forneciam aos irmãos a sensação de ser parte da organização de Jeová. Isto resultou ser uma excelente preparação para um teste, que se aproximava rápido de sua fé e devoção a Jeová e aos princípios de sua Palavra.
Ao passo que o progresso era vagaroso entre as pessoas de língua chinesa, na superfície parecia que bons resultados estavam sendo obtidos entre os grupos amis e outros grupos lingüísticos. O auge de publicadores no país tinha subido de 417, em 1951 para 2.009, em 1957. Um auge de todos os tempos, de 2.459 publicadores, foi relatado em agosto de 1961. Quantos destes estavam deveras devotados a Jeová e a seus princípios justos? A organização da Escola do Ministério do Reino, iniciada em abril de 1961, ajudou a esclarecer a situação.
Todos os pioneiros especiais e superintendentes passaram quatro semanas estudando a Palavra de Deus e assuntos de organização sob a supervisão do irmão Halbrook. A língua ainda era um problema, mas os irmãos muito ganharam com tal treinamento. A escola foi então transferida para o oriente, para se cuidar da maioria dos irmãos responsáveis nessa Área. leste curso causou profunda impressão em todos que o fizeram. Começaram a entender a importância de se viver a verdade. Resultou um período de limpeza para a obra em Formosa. Muitos em resultado disso, deixaram de seguir o exemplo cristão de serviço a Jeová. Tinham estado na organização apenas por causa do que podiam obter para si.
LIMPEZA E RECONSTRUÇÃO
Fortalecidos em intrepidez por seus estudos dos princípios bíblicos na Escola do Ministério do Reino, os irmãos começaram então a mencionar as irregularidades que ocorriam na organização das Testemunhas em Formosa. Até irmãos responsáveis foram acusados de desonestidade, favoritismo, atividades imorais e falta de lealdade à organização teocrática. E, infelizmente, algumas das acusações eram verídicas. Alguns tiveram de ser desassociados, outros removidos do serviço, quer de superintendentes, quer de pioneiros especiais, e ainda outros foram disciplinados. Alguns dos desassociados se voltaram abertamente contra a Sociedade e começaram a usar sua influência junto aos irmãos em várias congregações para desviá-los também.
Os opostos que haviam sido expulsos da organização chegaram até mesmo a fazer acusações contra a organização das Testemunhas perante vários departamentos do governo. Instou-se com certas congregações a recusar a visita dos servos de circuito designados pela Sociedade. Verificou-se, durante as investigações feitas, que muitos tinham sido recomendados e por fim designados para servir como pioneiros especiais, superintendentes nas congregações e até mesmo como servos de circuito, não por estarem biblicamente habilitados, mas por serem aparentados de alguém que os recomendou ou estarem sob sua influência.
A Sociedade determinou que alguém que soubesse falar japonês e que pudesse comunicar-se diretamente com a maioria dos irmãos e irmãs viesse para o país. O irmão e a irmã Logan, que tinham sido missionários no Japão por sete anos, foram os escolhidos. Chegaram em fins de 1961 e, depois de fazerem um curso de dois meses em chinês-mandarim, o irmão Logan assistiu às reuniões especiais para servos de circuito realizadas por uma semana na filial. Foi então designado a trabalhar com os servos de circuito amis na costa oriental, esforçando-se de treiná-los para melhor trabalho e, ao mesmo tempo, ajudando os servos nas congregações a se tornar mais habilitados. Com o passar do tempo, verificou que a falta de habilidade dos superintendentes em responder às perguntas em chinês não se devia inteiramente a pouco conhecimento do idioma. Muitos deles pouco entendiam as doutrinas básicas da Bíblia. Em vista disso, foram dados passos para elevar as normas da educação bíblica entre os irmãos.
Para esse fim, foram então organizadas semestralmente as assembléias de circuito. Os servos que formavam a organização da assembléia vinham para o local vários dias antes, usando o período diurno para fazer todos os preparativos para a reunião, ao passo que, às noitinhas, o irmão Logan gastava tempo com eles considerando os princípios bíblicos e os assuntos de organização. Desta forma, muitos de tais irmãos se tornaram habilitados a comunicar a mesma informação valiosa aos irmãos em suas congregações. A irmã Logan, a primeira missionária a viver entre os amis, também se mantinha ocupada, pois ela também falava japonês e aprendia chinês. Ela levava as irmãs com ela no ministério de campo toda manhã e, às tardes, estudava com elas a matéria básica como o folheto “Boas Novas”. Um forte vínculo de afeição entre os missionários e os publicadores amis se desenvolveu desta forma.
Cursos de estudo de uma semana inteira para todos os servos nas congregações foram dirigidos pelo irmão Logan, com o fito de ajudá-los nas doutrinas básicas e nos arranjos de organização. Sessões de prática em dirigir o estudo de livro de congregação e outras reuniões na língua amis também foram feitas. Esta campanha educativa trouxe progresso, mas também reduziu o número de publicadores. Por quê? Porque revelou que alguns não se achavam sequer no estágio de serem convidados a participar na obra de pregação. A questão a ser destacada nessa oportunidade era a qualidade, e não a quantidade.
Em 1963, as obrigações familiares retiraram o irmão Johnston do serviço de tempo integral, de modo que o irmão Logan foi designado para cuidar da filial. Logo depois, em agosto, foi realizada a Assembléia “Ao Redor do Mundo” no povoado de Shou Feng. Nessa ocasião, o total de publicadores havia decrescido para menos de 1.200. A assembléia, realizada desta vez no nome da Sociedade Torre de Vigia, resultou ser um marco no avanço da adoração pura. Os 535 delegados estrangeiros atraíram muita atenção. As autoridades policiais e de segurança, que estavam presentes na ocasião, ficaram evidentemente impressionadas com o que viram e ouviram, pois, depois disso, tornou-se visivelmente mais fácil obter permissões para as assembléias. O espírito amoroso da assembléia se destacou em nítido contraste com algumas assembléias anteriores em Formosa. Ninguém dominou os voluntários que serviam nos vários departamentos. Tudo, inclusive o apoio material da assembléia, era inteiramente voluntário.
E que prazer foi para os irmãos locais se reunirem com co-publicadores de todo o mundo! Os delegados de cor eram popularíssimos; também as irmãs japonesas com seus quimonos coloridos. Os dentre os irmãos locais que sabiam falar japonês passaram momentos agradáveis em companhia dos visitantes japoneses.
Em 1964, o servo da filial, acompanhado pelo servo de circuito amis, passou quinze dias visitando onze designações de pioneiros especiais e trabalhando no ministério de campo com os pioneiros especiais. Isto rapidamente revelou quais eram e quais não eram habilitados para o serviço. Foram feitas mudanças; alguns receberam cursos de treinamento especiais; outros foram removidos. Aconteceu que muitos dos que foram removidos se tornaram inteiramente inativos, confirmando as acusações de que alguns serviam por causa da mesada de pioneiro especial, ao invés de por amor a Jeová. O serviço de pioneiro especial foi então colocado numa base boa e sólida.
Nas congregações, os superintendentes treinados gradualmente substituíram os que não tinham conhecimento ou deixavam de cumprir outras habilitações cristãs. O total de publicadores para o país caiu para 1.004 em 1967 — o total mais baixo desde 1953. Isto não era motivo de desânimo, ao refletirmos no sacrifício de louvor grandemente aprimorado que subia até Jeová dos lábios dos que realmente amavam seu Nome. No ano de serviço de 1970, sessenta e três pessoas foram batizadas e, de novo, em 1971, outras sessenta e três foram batizadas e isto era motivo de verdadeira alegria, pois tais candidatos tinham sido todos primeiramente examinados com cuidado quanto às suas habilitações e verificou-se que estavam realmente devotados a Jeová Deus.
Por volta de maio de 1971, cria-se que os irmãos estavam bastante adiantados para tirar bom proveito da Escola do Ministério do Reino, de modo que essa provisão foi de novo colocada em operação. A primeira turma, em mandarim, foi realizada na filial. Turmas subseqüentes foram realizadas em território amis, em locais convenientes. Como resultado de toda esta melhora das condições nas congregações, pode-se notar correspondentes mudanças de atitude. Agora os irmãos em geral estão dispostos a por de lado seu trabalho na lavoura e outro trabalho, até mesmo na época de colheita, apenas para estar presentes nas assembléias ou para ouvir algum representante visitante especial da Sociedade.
Durante sua visita em 1968, o irmão Knorr aprovou a construção de um maior Salão do Reino e acomodações missionárias ampliadas no terreno da Sociedade em Taipé, para a alegria das 205 pessoas presentes. Aconteceu que, devido às exigências locais de construção, os prédios antigos tinham de ser demolidos e erguida uma estrutura inteiramente nova. Não levou mais de nove meses para terminar o excelente prédio de dois andares, com seu lindo Salão do Reino, nove dormitórios para missionários, dependências da filial e da expedição. Foi uma ocasião deleitosa quando 165 pessoas se reuniram em outubro e 1969 para o programa de dedicação.
Logo depois veio a segunda assembléia internacional em Formosa, realizada no auditório da Academia Nacional de Artes em Taipé. Embora fosse apresentado um programa inteiramente chinês, não compreendido por cerca de 60 por cento dos irmãos no país inteiro, todavia mais de 500 irmãos fretaram ônibus e compareceram, apenas para estar com seus irmãos. Os que não conseguiam entender a língua certamente podiam entender o amor e a unidade que se evidenciava por toda a parte. Uma assembléia posterior na língua amis foi realizada em Chih Shang, e mais de 1.400 pessoas compareceram a ela.
Olhando para o campo aqui em Formosa, desta posição vantajosa de 1971, pode-se ver que há dois campos distintos de atividade entre a população. Há cerca de um milhão e meio de povos tribais ou aborígenes, inclusive os amis. Neste território montanhoso espalhado, há cerca de 950 publicadores. Não é incomum gastarem duas horas andando a fim de pregar durante uma hora. O problema do analfabetismo foi grandemente reduzido, mas, ainda há muitos que precisam de instrução amorosa. Há certamente possibilidades maravilhosas entre este povo humilde, dentre o qual muitos têm servido fielmente a Jeová sob graves dificuldades.
O outro campo é a população chinesa — perto de doze milhões de formosanos-chineses, além de outros milhões que se mudaram do continente para cá. Nove milhões de tais chineses moram em território que agora não está sendo trabalhado pelas Testemunhas, e isto inclui pelo menos cinco cidades de mais de 200.000 pessoas cada uma. Na parte chinesa do país, há 150 publicadores num circuito. Os missionários têm sido a ponta de lança da obra entre os chineses. Deveras, a Sociedade, durante os anos 1956 e 1959, designou um total de cinqüenta missionários a Formosa. Destes, trinta e nove tiveram de deixar o serviço missionário com o decorrer dos anos, mas é excelente notar que alguns destes casais preferiram permanecer em Formosa e continuar contribuindo para o progresso da obra do Reino, e muitos estão sendo substituídos. A contínua preocupação da Sociedade com o bem estar dos irmãos aqui é demonstrada por terem sido designados em 1971 ao território desta filial oito graduados da qüinquagésima turma de Gileade e seis missionários das Filipinas. Quão felizes estamos também de que foram aprovados vistos para mais nove graduados da qüinquagésima primeira turma de Gileade, e que estes partiram de Nova Iorque logo depois da formatura, em 7 de setembro de 1971, para Formosa.
Os esforços dos missionários, dos pioneiros e dos publicadores de congregação entre os chineses produzem excelentes resultados. Assim, ao passo que Formosa como um todo relatou 1.150 publicadores, para todo o país, colocaram 20.622 livros e folhetos, obtiveram 3.546 assinaturas novas das revistas A Sentinela e Despertai!, junto com a distribuição de 103.069 exemplares avulsos. Quanto aos estudos bíblicos semanais, estão dirigindo 761 e gastaram 207.135 horas no ministério de campo no ano de 1971.
Todos nos ficamos muito felizes quando soubemos que a Comemoração da morte de Cristo, em 9 de abril de 1971, produziu uma assistência de 3.068, muitos dos quais da mais populosa de todas as raças. Que excelente potencial para maior aumento nesta “Ilha Bela” em uma das partes mais distantes da terra!