A ignorância bíblica traz outras perdas
NA DÉCADA de 1950, as igrejas estadunidenses cresceram rápido. As congregações engrossaram suas fileiras. Novas seitas se formaram, saindo das denominações principais. Em parte alguma o sonho dourado de ‘converter o mundo para o Reino de Cristo’ era mais dourado do que na região do “Cinturão da Bíblia”. Mas, a partir da década de 1960, a religião deixou de ser excitante. No Sul, como temos visto, muitos membros e ministros das igrejas voltaram suas atenções para questões sociais e políticas.
Mas, o que dizer dos que sinceramente buscavam alimento espiritual nas igrejas? Viram a Bíblia ser ensinada claramente como sendo a Palavra de Deus e se lhes mostrou como poderia ser usada como guia na vida? Uma resposta clara provém dos líderes eclesiásticos. Por exemplo, o anterior presidente da Convenção Batista do Sul, Carl Bates, admite: “Criamos uma geração de batistas que são quase que totalmente ignorantes de nossa doutrina.” E o Dr. K. L. Chafin, batista, afirma: “Não sabem como articular suas crenças.”
Por Que Há Ignorância Bíblica Entre Membros das Igrejas?
Mas, por que os membros das igrejas são “quase que totalmente ignorantes” e incapazes de “articular suas crenças”, que devem ser baseadas na Bíblia? Poderia dar-se que os clérigos não têm nada de substancial para oferecer a seus rebanhos, à base da Bíblia? Será que os clérigos sulistas realmente crêem que a Bíblia é “inspirada por Deus”, como fez o apóstolo Paulo? — 2 Tim. 3:16.
Para ter a resposta de uma igreja, considere o Broadman Bible Commentary (Comentário Bíblico de Broadman), preparado por peritos batistas. Lança tamanha dúvida sobre a autenticidade da Bíblia que sua aparência tem criado um furor nos círculos batistas do sul já por vários anos. Mas, agora, cada vez menos eclesiásticos questionam o comentário. Afirma o Christian Century a respeito das sessões de negócios da Convenção Batista do Sul:
“A questão que ameaça prover a maior explosão que abalaria os ouvidos das deliberações da CBS — a perene inquisição envolvendo o ‘Comentário Bíblico de Broadman’, de 12 volumes e seus editores — desapareceu choramingando . . . [os conservadores] introduziram uma resolução solicitando o recolhimento e a reescrita da obra por causa de sua incoerência com a crença batista quanto à qualidade inerrante absoluta da Bíblia.”
Será que a maioria dos delegados estava a favor de se rejeitar um comentário que questiona a “qualidade inerrante absoluta” da Bíblia? Desejavam que fosse reescrita para que mostrasse inquestionável apoio à Bíblia? O relatório continua:
“Os [delegados] recusaram, por um sobrepujante voto permanente endossar a retirada do comentário . . . Não se fez a contagem por cabeça, mas a resolução parecia ter sido derrotada por uma margem de 4 a 1.”
Como se pode esperar que os membros comuns da igreja ‘saibam articular suas crenças’ se até mesmo os membros destacados da igreja estão divididos em questões fundamentais tais como “a qualidade inerrante absoluta da Bíblia”? Certamente teria de haver amplas variações na crença, como resultado da dúvida sobre o papel das Escrituras. Mas, a incerteza não se limita à crença.
A conduta cristã deve ser guiada pela Bíblia. Assim, não seria de esperar que houvesse também dúvida sobre o que é correto com respeito à ação, à conduta cristã?
Sim. E a confusão que tem resultado pode ser ilustrada com um exemplo específico. Dois ministros batistas do sul foram entrevistados por uma firma de relações públicas da Geórgia se a votação política, o serviço militar, saudar emblemas nacionais, as atividades ecumênicas, as cerimônias patrióticas e apoiar a ONU tornavam a pessoa “parte do mundo”. Um ministro disse “Sim” a cada ponto em dúvida. O outro disse “Não” a cada ponto. Todavia, um dos dois pastores também anotou no questionário que lhe foi enviado que “Deus não é um deus de confusão”.
Na verdade, Deus não está confuso, nem o está a sua Palavra, a Bíblia. Mas, não existe óbvia confusão entre os clérigos da mesma denominação batista? A pessoa comum não ficará menos confusa. Não é surpresa que muitos leigos “quase que totalmente ignorantes” simplesmente abandonem suas igrejas.
Deixar de aderir à norma bíblica de conduta também cria uma questão divisiva entre os metodistas do “Cinturão da Bíblia”. Que questão é essa?
Os Metodistas e o Homossexualismo
A questão é o homossexualismo. A Bíblia claramente diz: “Não vos enganeis . . . nem adúlteros, nem depravados, nem homossexuais . . . terão parte no reino de Deus.” (1 Cor. 6:9, Herder) Todavia, quando quatro ministros metodistas da área de Atlanta foram inquiridos se os princípios bíblicos eram violados pelo homossexualismo, apenas um deles disse que Sim!
Em 1971, um periódico, The Texas Methodist (O Metodista do Texas), entrevistou membros dessa igreja a respeito do homossexualismo. Respondendo à pergunta: “Crê que uma pessoa pode ser tanto um cristão como um homossexual?”, 41 por cento do total das 533 pessoas que responderam disseram “Sim!” E 60 por cento dos ministros disseram “Sim!” Alguns até mesmo se referiram ao homossexualismo como sendo “natural”.
O efeito divisivo que a questão do homossexualismo tem tido nas igrejas metodistas da área é claramente observado nesta carta de um antigo membro da igreja ao The Texas Methodist: “Tenho sido metodista por mais de setenta anos e jamais vi tais coisas sujas como as que acontecem na Igreja Metodista, e que parecem ser aceitas pelos líderes de nossa igreja. Não é de admirar que tantos membros a estejam deixando.”
A Hipocrisia Afasta Muitos no “Cinturão da Bíblia”
Há outra razão por que muitos — especialmente os jovens — se afastam das religiões fundamentalistas do “Cinturão da Bíblia”. Qual é? Uma resposta vem de Paul H. Johnson, da Igreja Batista da Rua Martin, em Raleigh, Carolina do Norte: “Uma porção de jovens observam os cristãos pregarem uma coisa e praticarem outra.”
Exigências estritas há muito têm sido impostas à maioria dos membros das igrejas do “Cinturão da Bíblia”, proibindo-os de fumar ou de ingerir bebidas alcoólicas. Mas, será que as pessoas dessas igrejas realmente creram em tais ensinos? Bem, mais de 90 por cento da safra enorme de fumo dos EUA ainda provêm do Sul. E Kentucky permanece sendo o principal estado produtor de uísque dos EUA. Poder-se-ia esperar que os jovens inteligentes da atualidade ignorassem tão óbvias incoerências? Dificilmente!
Nem se pode desperceber a hipocrisia dentro de muitas das próprias igrejas do “Cinturão da Bíblia”. Uma senhora em Decatur, Geórgia, afirma: “Fui criada como filha de um ministro batista, o que significou que não se permitia nada de maquilagem, nada de jóias, nada de jogos de cartas em casa, nenhuma dança de qualquer espécie, nada de cabelos curtos para as moças, nada de música aos domingos, e absolutamente nada de fumo ou álcool. Quase tudo era ‘proibido’. Quando tinha doze anos, mais ou menos, compreendi que todos diziam uma coisa e na realidade viviam de outra maneira. Principalmente meu pai. Ele pregava aos domingos contra tudo que ele fazia a semana inteira.” Tal hipocrisia é apenas mais uma das causas de muitos se afastarem das igrejas do Sul.
Por certo, deixar de crer na Bíblia por aderir firmemente a seus ensinos resultou na divisão, na incerteza e na hipocrisia dentro das organizações religiosas do “Cinturão da Bíblia”. Contribuiu para sua perda de membros. Todavia, muitas pessoas sinceras honestamente perguntam se há qualquer aspecto positivo de algum modo no quadro religioso do “Cinturão da Bíblia” nos Estados Unidos.