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Despertai! — 1981
g81 8/9 pp. 26-28

Treves — cadinho de religiões

Do correspondente de “Despertai!” na República Federal da Alemanha

GOSTARIA de se juntar a mim numa excursão pela cidade de Treves? Disseram-me que há algumas coisas interessantes — até mesmo reveladoras — para se descobrir aqui. Nosso grupo está pronto para partir.

“Alô, meu nome é Peter”, inicia nosso guia. “Espero que apreciem a excursão pela cidade mais antiga da Alemanha.”

Perante nós está a Porta Nigra, significando “porta negra”, enorme monumento de arenito preto como carvão. Foi construído aqui em Treves, próximo da fronteira de Luxemburgo, no quarto século e retrata bem a influência que o Império Romano exerceu sobre Treves, sua cultura, seu idioma, sua arquitetura e sua religião. Treves foi assim chamada por causa dos treviros, um povo da antiga Gália que foi conquistado por Júlio César.

Há quanto tempo existe Treves? A lenda conta que certo enteado da Rainha Semíramis, chamado Trebeta, fundou a cidade. Não existe nenhuma prova absoluta disso. Não obstante, em uma casa no Grande Mercado, há uma inscrição, em letras douradas, que declara: “Ante Romam treviris stetit annis mille trecentis perstet et aeterna pace fruatur”, significando: “Treves existia 1.300 anos antes de Roma. Que continue a existir e a gozar de paz eterna.”

Treves não é apenas a cidade mais antiga da Alemanha, mas durante o terceiro século serviu junto com Roma, Alexandria e Constantinopla como uma das capitais do mundo. Constantino, o Grande, começou a reinar ali em 306 E.C., após o que a cidade cresceu em importância. Durante seu reinado de 31 anos — diz-se que residiu em Treves até 312 — ela passou por um tremendo programa de construção. Provavelmente, em parte alguma, ao norte dos Alpes, podem-se encontrar tantas construções romanas como em Treves, apelidada de “Roma Secunda”, a segunda Roma; e o poeta Ausônio chamou-a de “Roma atrás dos Alpes”.

Formação Religiosa

Quando os romanos chegaram, alguns dos nomes dos deuses do povo gálico-celta foram combinados com os nomes dos deuses de Roma, criando denominações conjuntas tais como Marte-Jovantucaro e Apolo-Grano. O deus tribal Leno, dos treviros, foi combinado com Marte, o deus romano da natureza e da guerra, e erigiu-se um templo extraordinariamente grande em honra a este “deus duplo”. Ainda existe um altar inscrito com este nome. Estátuas também indicam que as retratações romanas e gálicas de seus deuses e suas características estavam-se amalgamando aos poucos durante o primeiro e o segundo séculos da E.C. O paganismo gálico e o paganismo romano fundiram-se numa nova religião. Sou interrompido em minhas reflexões quando alguém pergunta:

“Mas, os romanos não trouxeram o cristianismo a este povo?”

“Bem, não realmente”, responde nosso guia, “porque, veja, na realidade os romanos não eram propriamente cristãos. De fato, em 303 E.C. o Imperador Diocleciano iniciou uma perseguição brutal dos cristãos. Entretanto, anteriormente pavimentara o caminho para uma mudança religiosa significativa, que envolveu a religião cristã. Dividiu seu império em quatro partes. Depois de 285 E.C., fez de Treves a capital do Império Ocidental, que incluía a Gália (França), a Espanha, a Grã-Bretanha e as duas províncias germânicas. Diocleciano abdicou em 305 E.C., e, no ano seguinte, Constantino, o Grande, fixou residência em Treves.”

Ouço cuidadosamente, enquanto Peter explica o papel que Constantino, o Grande, desempenhou em fundir a existente mistura pagã da religião gálico-romana com o cristianismo apóstata:

“Constantino veio a compreender rapidamente que os diversos povos e grupos de interesse comum no seu império precisavam de algo para uni-los. Decidiu que a religião cristã poderia servir para este fim. Assim, concedeu reconhecimento à religião cristã num decreto publicado na Nicomédia em 313 E.C. Isto não significa que ele foi convertido ao cristianismo. Muitas autoridades argumentam que seus motivos eram sobretudo políticos, e que ele simplesmente usou a religião cristã como instrumento para conquistar a estabilidade em seu império. Como pessoa, não sofreu nenhuma mudança pelos ensinos da Bíblia, recorrendo à traição, à fraude, até mesmo ao assassinato, para atingir seus objetivos. Era supersticioso e ficava constantemente à espreita de presságios e agouros. De modo que, no sentido verdadeiro da palavra, ele nunca se tornou cristão.

“Por volta do quarto século, contudo, os próprios cristãos estavam em desacordo em vários pontos; assim, antes de tudo, Constantino precisou tentar uni-los. Num esforço para acalmar suas diferenças, convocou o Concílio de Nicéia em 325 E.C., onde foi adotado o Credo de Nicéia decretando a doutrina da Trindade.”

Pergunto-me, quantos católicos e protestantes sabem que esta doutrina pode remontar a um imperador pagão que, para fins políticos, usou-a para fundir uma religião pagã dupla gálico-romana com o cristianismo apóstata.

À nossa frente está um majestoso edifício feito de tijolos, de pelo menos 30 metros de altura, com paredes repletas de grandes janelas arqueadas. Peter já está explicando: “. . . a basílica, parte do palácio imperial de Constantino, o Grande, onde, sentado sob um dossel, recebia os convidados para suas reuniões festivas e políticas. Este dossel foi usado mais tarde como modelo arquitetônico para o arco do triunfo, o símbolo de majestade, que foi incorporado em muitas igrejas cristãs. Desde 1856, a basílica tem sido usada como igreja protestante.”

Quando paramos nos jardins para descansar por uns poucos minutos, um membro do nosso grupo reflete consigo quanto a se irá ao museu ou ficará esperando por nós aqui, usufruindo o sol e o ar fresco; “Não aprecio muito museus”, explica ele. “É aí que há o ‘manto sagrado’?”

As Chamadas Relíquias Cristãs

Li que mais de 1.700.000 peregrinos vieram a Treves durante festividades especiais, em 1959, para ver este “manto sagrado”, ou túnica. É exibido apenas em ocasiões especiais, de modo que eu tinha quase certeza de que não estaria no museu para vermos.

Peter escutou a pergunta da pessoa ao meu lado e confirma o que pensei. “Não, os artefatos ou relíquias cristãos são mantidos em outro lugar. Mas, Treves os possui. A mãe de Constantino, a Imperatriz Helena, tomou um gosto especial por relíquias. Segundo a tradição, ela organizou a primeira remessa delas a Treves durante o quarto século; esta incluía um dos dentes de Pedro, as sandálias do apóstolo André, os restos mortais da apóstolo Matias, um dos pregos usados para pregar Jesus na estaca e a túnica inconsútil de Jesus, chamada ‘manto sagrado’.”

Um homem em nosso grupo não hesite em expressar descrença. “Ora, as igrejas ao redor do mundo exibem mais relíquias do que já existiram.” Naturalmente, ele não está muito errado. Lembro-me de ter lido no livro Der Heilige Rock in Trier — Geschichte und Religiöse Bedeutung des heilegen Gewandes Christi (A Túnica Sagrada em Treves — Significado Histórico e Religioso da Túnica Sagrada de Cristo) que túnicas de Jesus, ou partes delas, podem ser encontradas não só em Treves, mas também em Aachen, Bamberg, Bremen, Lokkum, Abbeville, Constantinopla, Londres, Moscou é em mais de 30 outras igrejas e mosteiros ao redor do mundo. Realmente, quão provável é que quaisquer dos mantos originais de Jesus tenham sobrevivido até os nossos dias? E certamente não seria sensato crer que tantos deles sobrevivessem. Os primitivos cristãos eram contrários a guardar relíquias, visto que isso iria de encontro à injunção cristã de andar, não pela vista, mas pela fé. (2 Cor. 5:7) E, se os cristãos não as guardaram, deveríamos esperar que seus opositores o tivessem feito, preservando-as como se fossem algo para ser encarado como “extremamente sagrado”?

O museu mostra-se muito interessante e revelador, rico em esculturas antigas e primitivos artefatos romanos. Entre outras coisas, vemos o torso duma deusa pagã. Peter explica o motivo de sua desfiguração: “Peregrinos têm atirado pedras nela durante séculos, numa simbólica rejeição ao paganismo.”

Que estranho, penso comigo mesmo, quando muitos destes mesmos peregrinos estavam na realidade sustentando as próprias doutrinas e práticas do paganismo por causa da fusão do paganismo gálico-celta com o paganismo romano, seguido mais tarde por uma fusão desta religião resultante com o cristianismo apóstata dos dias de Constantino! De fato, Treves foi um local de fusão de religiões.

Voltamos pelo mesmo caminho através do, jardins, passamos a basílica, e entramos numa rua movimentada de cidade, nomeada em honra a Constantino. No caminho, Peter hesite numa esquina e aponta para a esquerda: “A propósito, a casa onde Karl Marx nasceu, em 1818, está alguns quarteirões abaixo nessa rua. Desde que foi aberta ao público, em 1965, foi visitada por mais de 100.000 pessoas.”

Talvez pareça paradoxal a cidade mais antiga da Alemanha, “Roma Secunda”, com uma população católica ainda superior a 85 por cento, ser o local de nascimento do precursor de um dos maiores inimigos da Igreja Católica, o comunismo. Mas depois, pensando bem, talvez não seja tão paradoxal quanto a pessoa talvez pense, pois o comunismo é um fruto, não do verdadeiro cristianismo, mas, antes, da mistura da fusão religiosa do cristianismo pagão-apóstata, na qual Treves desempenhou um papel tão interessante. Que benefício poderia resultar de tal mistura? Este fato da história talvez ilustre bem isso.

Achamos que a excursão foi interessante e estimulante para a reflexão. Esperamos que também tenha achado.

[Foto na página 26]

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