Observando o Mundo
Alastrante Ameaça
●A AIDS (Síndrome da Deficiência Imunológica Adquirida), doença mortífera e muito temida, alastra sua teia de terror. De acordo com a revista Asiaweek, tal doença já foi diagnosticada em 16 países ao redor do mundo, e o número de casos (cerca de 2.500 até agora) dobra a cada seis meses. Embora não exista ainda nenhuma vítima confirmada da AIDS na Ásia, três casos suspeitos — dois na Tailândia e um em Hong Kong — estão sendo investigados. As autoridades médicas do Extremo Oriente estão vigiando de perto os homossexuais, os hemofílicos e os toxicômanos para detectar quaisquer sinais dessa doença. As casas de banhos gay no Japão estão cerrando suas portas aos estrangeiros, porém os 300 bares de gays de Tóquio estão “funcionando como de costume”.
O Que É Pecado?
● No sexto Sínodo Mundial dos bispos, realizado em Roma em outubro último, 211 bispos católicos-romanos se reuniram para discutir o assunto da penitência e da reconciliação. “Escolheu-se tal assunto no intuito de inverter a queda drástica do número de católicos que procuram confessar-se”, veiculou o jornal The New York Times. Cálculos deste declínio nos últimos 15 anos chegam “até a 70 por cento”. Embora alguns atribuam o declínio à rejeição, por parte dos membros da igreja, de seus ensinos sobre assuntos tais como o planejamento familiar e o divórcio, outros lançam a culpa na hierarquia. A ausência do senso de pecado foi mencionada com freqüência como fator básico. A revista The Economist, de Londres, observa que alguns na igreja “reduzem o conceito de pecado a um ‘desvio social, que não exige nenhum perdão, mas apenas o tratamento terapêutico’; ou o atribuem à ‘injustiça social’, de modo que ‘se existir mesmo algum pecado, repousa sobre os ombros daqueles que preservam o sistema’”. Assim, cerca da metade dos bispos no sínodo aproveitaram o ensejo para falar sobre questões sociais e políticas.
“Sinal dos Tempos”
● Como aconteceu com muitas cidades em todo o mundo, São Paulo também esteve repleta de violência em 1983. Agressões pelas costas, assaltos, invasões de domicílios se tornaram ocorrências diárias. Os compradores de presentes para o Natal, portanto, não ficaram surpresos de encontrar espingardas e revólveres nas vitrinas, disponíveis para serem comprados pelo crediário.
O jornal O Estado de S. Paulo estampou fotos de vitrinas artisticamente decoradas com uma variedade de armas, com pentes de balas servindo como adornos. Certo grande magazine até mesmo montou um estande de tiro onde os prospectivos compradores podiam experimentar as suas armas preferidas. As vendas foram muitas, e certo vendedor as descreveu como “um grande negócio, o negócio do momento”. A reação dos compradores variou da completa repulsa à plena concordância, ao admirarem cartazes que ofereciam conselhos em grandes letras vermelhas, tais como “Com segurança não se brinca”.
“Um sinal dos tempos que nada tem a ver com o espírito do Natal”, comentou apropriadamente O Estado.
Prossegue a Crise Financeira
● “A quantas outras crises conseguirá sobreviver o sistema financeiro mundial?” pergunta um editorial de The New York Times. Nações como a Argentina, o Brasil e as Filipinas, que acabam de ser salvas da insolvência, incorrem novamente em dificuldades financeiras. Ao redor do mundo, mais de 40 países acham-se afundados em dívidas externas totalizando cerca de US$ 700 bilhões. Alguns países estão sufocados com o serviço da dívida que é tão elevado quanto a metade de sua receita de exportação, e as esperanças de ampliar suas exportações são frustradas pela economia mundial, em geral em lenta recuperação. A moratória seria outra saída, mas “o tributo humano seria horrendo e as conseqüências políticas poderiam ser revolucionárias”, afirma o editorial. Embora os esforços anteriores de resgate, por parte das nações industrializadas, tenham impedido a moratória, “cada nova crise lança dúvidas sobre se o que foi feito foi adequado”, observa o Times, e aumenta “os riscos de que aquilo que se possa fazer da próxima vez não seja o bastante”.
Nova “Teologia”?
● Sem considerarmos o que mais a proliferação dos filmes de ficção científica esteja realizando, eles talvez estejam alterando a imagem de Deus na mente de alguns dos jovens da atualidade. “As imagens de Deus como avô e pai não representam nada para mim”, explica um jovem de 17 anos, citado pelo jornal USA Today. “Deus é mais uma forma de espírito, como A Força em Guerra nas Estrelas e O Retorno de Jedi.”
Alguns clérigos, pelo visto, estão capitalizando este modismo. “Estes filmes novos são bons, porque são símbolos dum ser transcendente e do poder de Deus na vida, atualmente”, afirma uma autoridade da Igreja Batista dos EUA. “Empregamos os temas destes filmes em nosso ensino.” E um rabino, que encara tal tendência como “reavivamento da teologia, sob diferente nome: E.T., Guerra nas Estrelas, Jogos de Guerra, Superman, (Super-homem), seja lá qual for”, afirma que “a teologia é tão importante que é melhor não deixá-la unicamente entregue às igrejas e às sinagogas”. Significa isto que devia ser entregue aos produtores de filmes de ficção científica?
Mais Avisos Sobre o Fumo
● Uma pesquisa feita pelo governo inglês revela que os jovens estudantes do 1.º grau, de 11 a 16 anos, fumavam cigarros no valor de 60 milhões de libras esterlinas (uns Cr$ 108 bilhões) por ano. No primeiro ano, 1 por cento dos estudantes fumava regularmente, e 3 por cento só fumavam ocasionalmente, segundo mostra a pesquisa. Mas, já no quinto ano, os fumantes habituais aumentaram para 27 por cento, com a média de 47 cigarros por semana, e 10 por cento fumavam vez por outra. Para enfrentar o problema, algumas escolas abrem clínicas para fumantes, bem como instam com os lojistas para que deixem de vender cigarros para crianças. As notícias revelam que se vendem cigarros, por unidade, a crianças, por cerca de 7 pence (cerca de Cr$ 120) cada um.
Recente estudo norte-americano sugere que “o fumo é o principal fator responsável pela diferença entre as expectativas de vida dos homens e das mulheres”, veicula a revista Science (Ciência). As atuais estatísticas das seguradoras dos EUA revelam que as mulheres vivem cerca de 7,5 anos mais que os homens. Os pesquisadores, porém, verificaram que as expectativas de vida são “virtualmente as mesmas” para os homens e mulheres que jamais fumaram. “O novo estudo não contradiz, necessariamente, a idéia de que o stress possa ser um fator da morte mais cedo dos homens”, disse um dos pesquisadores, “porque poderia dar-se que o stress faça que os homens fumem, e, assim, ambos contribuam para isso”. Outros peritos se mostram cépticos sobre tais descobertas, mas crêem que “o fumar provavelmente seja responsável por cerca da metade da diferença”. Seja qual for o caso, os pesquisadores acham que as mulheres jovens logo perderão sua vantagem de maior expectativa de vida porque estão fumando a uma taxa muitíssimo superior à dos homens jovens, atualmente.
Educação sem Escolaridade
● Ruth Lawrence, de 12 anos, ingressou na Universidade de Oxford, Inglaterra, mas jamais esteve numa escola pública. O mesmo se dá com Nicholas Everdell, atualmente no “King’s College”, em Cambridge. Seus pais optaram pela educação no lar, pelo menos inicialmente. Na Grã-Bretanha, a instrução, em vez de a escolaridade, é obrigatória, e 1.100 famílias aproveitaram-se desta sutil diferença. “Não estamos contentes com os padrões gerais de moral”, disseram os pais de Ruth. Outros objetam contra a falta de disciplina, ao passo que alguns verificam que as escolas são simplesmente “desastrosas”, veicula o jornal The Sunday Telegraph. As autoridades argumentam, com certo mérito, que a educação no lar e cursos de correspondência, embora legais, carecem do “convívio” e da “dimensão” sociais que existem nas escolas regulares. Alguns pais pelo visto preferem proteger seus filhos destas mesmíssimas coisas.
Problemas dos Médicos
● Dentre os 16.000 médicos de Ontário, Canadá, calculadamente de “12 a 14 por cento deles já tiveram, têm agora, ou terão problemas com álcool e tóxicos”, noticia o jornal Sunday Star, de Toronto. A toxicomania entre os médicos é, “segundo estimativas conservadoras, de um por 100, em comparação com um para 3.000 na população em geral”. As pressões do trabalho e a disponibilidade de tóxicos e de álcool são freqüentemente citadas como causas do problema. Mas, existem outros fatores. “As situações e o ensino médicos não preparam um médico para a vida familiar”, afirma Frederick Glaser, chefe da seção de psiquiatria da Fundação de Pesquisas dos Vícios. E, segundo William Henderson, do Colégio de Médicos de Ontário, a imagem dum médico “como se fosse Deus” faz com que seja difícil para ele solicitar ajuda. Em certo estudo de 36 médicos com problemas com álcool e tóxicos, 86 por cento deles afirmaram que seus problemas estavam diretamente relacionados com o fato de serem médicos.
Anglicanos Angustiados
● Num passo sem precedentes, um vigário anglicano em Alsager’s Bank, Stoke-on-Trent, Inglaterra, e 40 dos 42 membros ativos de sua igreja a deixaram para se tornarem católicos-romanos, segundo o jornal The Daily Telegraph, de Londres. Mencionando a consciência como motivo de tal mudança, o ex-vigário disse que as “mudanças doutrinárias na Comunhão Anglicana, a ordenação de mulheres, as mudanças propostas na disciplina matrimonial . . . e a crescente presença de clérigos divorciados e casados de novo” eram “o que ocasionava” a sua mudança. Um dos membros que trocava de lado, contudo, expressou o sentimento geral por dizer: “Podemos filiar-nos à Igreja Católica, mas ainda queremos reter parte de nossa identidade anglicana.” Um porta-voz católico descreveu a situação como “um assunto delicadíssimo” que talvez “tenha de ser apresentado a Roma”.
Custo do Alcoolismo
● Como se avalia o custo econômico, social e humano do uso abusivo do álcool? Além da óbvia redução da produtividade de trabalho, um informe congressional dos EUA vincula o uso abusivo do álcool com a metade dos acidentes de carro, a metade dos homicídios, um quarto dos suicídios e cerca de 40 por cento de todos os problemas das varas de família daquela nação. Somando-se tais custos indiretos às despesas de tratamentos médicos, o alcoolismo custa à sociedade cerca de US$ 10.000 (cerca de Cr$ 12 milhões) para cada alcoólico, por ano. Havendo calculadamente de 10 a 15 milhões de pessoas que têm problemas com a bebida naquele país, o informe congressional situa o custo total do uso abusivo do álcool acima de US$ 120 bilhões (uns Cr$ 144 trilhões) por ano. Isto, por certo, não inclui o preço pago em angústia, dor e sofrimento pelas famílias dos envolvidos, e por outros.
Longevidade Nipônica
● Oficialmente, havia 1.354 centenários no Japão, em setembro último, noticia o jornal The Daily Yomiuri. No topo da lista acha-se Shigechiyo Izumi, de 118 anos, que é o homem mais velho do mundo, de acordo com o Guiness Book of Records. Matsu Maeshiro, e sua esposa Makato, que moram em Okinawa, tornaram-se os primeiros japoneses a alcançar como casal, os 100 anos. Desde que a Lei do Bem-Estar dos Idosos foi sancionada em 1963, o número de centenários no Japão já aumentou quase nove vezes em relação ao total anterior. O Japão tem grande orgulho de seus cidadãos idosos. A cada ano, o primeiro-ministro apresenta troféus às pessoas, incluindo as que moram no ultramar, que atingem os 100 anos de idade.
Detectar a Fraude dos Computadores
● Numa pesquisa oficial, foram descobertos, em 12 agências governamentais dos EUA, um total de 172 casos de fraude e abuso de computadores, de acordo com The New York Times. Um dos auditores, Richard Kusserow, contudo, mencionou a uma subcomissão do Senado dos EUA que a pesquisa “minimizava crassamente” as dimensões do problema, bem como seus custos para o governo. Disse que cerca da metade dos casos foram descobertos acidentalmente, e, em muitos casos, as somas fraudadas eram muito superiores às anunciadas. “Uma das sobrepujantes descobertas desta perícia é que ainda não sabemos a amplitude do problema”, acrescentou Kusserow, e “isso subentende que os sistemas de computação das agências federais ou dispõem de controles inadequados, ou não dispõem de nenhum”.