O Natal Anticristão
AS TESTEMUNHAS de Jeová — Não Celebram o Natal. Um dos grupos religiosos de Nova Ulm, as testemunhas de Jeová, não seguirá o costume tradicional de celebrar o Natal. A congregação local, não planeja nenhuns serviços especiais para os dias de festa do Natal.” Assim começou um artigo publicado no Daily Journal de Nova Ulm, Minesota, E. U. A.
Talvez se pergunte por que, quando quase todos os outros professos cristãos estão em tanta agitação por causa do Natal, as testemunhas de Jeová o desconsideram deliberadamente? Já se fêz esta pergunta? Mas, ficaria ainda admirado se soubesse que o Natal não é cristão; que, apesar do seu nome, não somente não é cristão, mas é anticristão; que se baseia em costumes e superstições pagãs, e tradições medievais; que é de fato exatamente o contrário de tudo o que é verdadeiramente cristão? Estas declarações, sem dúvida, lhe parecerão radicais, mas, se continuar a ler, verá as razões por que as testemunhas de Jeová, que tomam a sério a Palavra de Deus, não podem ter nada que ver com o Natal. Nem precisamos justificar-nos por tomar a sério a Bíblia. Afinal das contas, o Natal é supostamente um feriado cristão, celebrado por cristãos, e tanto Cristo Jesus como seus apóstolos aceitaram a Bíblia como a verdade inspirada de Deus. — João 17:17; 2 Tim. 3:15-17; 2 Ped. 1:20, 21.
QUANDO NASCEU JESUS?
As testemunhas de Jeová não celebram o dia 25 de dezembro porque, entre outras razões, esta não foi a data do nascimento de Jesus, sendo que quase todos os historiadores concordam com este fato. Mas, por outro lado, declarar-se, como fêz certo clérigo destacado dos Estados Unidos há alguns anos, que êste dia “pode muito bem ter sido qualquer dos 365 dias no ano”, é revelar ignorância a respeito da informação bíblica referente ao assunto, pois a Bíblia indica, pelo menos aproximadamente, a data do nascimento de Jesus. Como? Por várias evidências, sendo entre as mais fortes a profecia acêrca da vinda do Messias, conforme registrada em Daniel 9:24-27. Esta profecia fala de setenta semanas e prediz que desde o tempo de se dar a ordem de reedificar Jerusalém até a vinda do Messias decorreriam sessenta e nove semanas.
Segundo as mais novas descobertas arqueológicas, Artaxerxes III [I] começou a reinar em 474 A. C.; e, segundo Neemias 2:1-10, êle emitiu no vigésimo ano do seu reinado o decreto da reconstrução dos muros de Jerusalém. Uma vez que o Messias não veio depois de 483 dias literais (69 semanas), temos de concluir que se aplica a regra bíblica de “cada dia representando um ano”. (Veja-se Números 14:34; Eze. 4:6) Contando os 483 anos a partir de 455 A. C., chegamos ao ano 29 E. C. Não houve ano 0 A. C., nem ano 0 E. C.; por isso, os anos decorridos de 455 A. C. a 29 E. C. eram 483, em vez de 484 anos.
Jesus iniciou seu ministério como o Messias quando tinha aproximadamente trinta anos de idade; e, já que esta era a idade em que os sacerdotes começavam a oficiar, segundo a lei mosaica, parece razoável concluir-se que Jesus iniciou seu ministério assim que atingiu esta idade, o que se deu em 29 E. C. segundo a profecia mencionada acima. Esta data concorda, incidentalmente, com o que a Bíblia mostra sôbre o tempo em que João Batista começou o seu ministério. — Veja-se Números 4:3, 23; Luc. 1:26-45; 3:1-4, 23.
A profecia de Daniel predisse, além disso, que o Messias seria exterminado depois de sessenta e nove semanas e que êle, no meio da setuagésima semana (ou depois de terem decorrido três anos e meio dela), “fará cessar o sacrifício e a oblação”. Visto que o fato de Jesus ser exterminado ou morto deu por encerrado a validez dos sacrifícios judaicos, sendo o código dêles pregado junto com êle no madeiro, esta profecia predisse que Jesus morreria depois de três anos e meio de ministério. (Col. 2:14, NM) Esta é a duração do ministério de Jesus conforme geralmente aceita pelos eruditos bíblicos, e harmoniza-se com a evidência disponível no Evangelho de João, segundo a qual sucederam-se quatro páscoas durante, o ministério de Jesus. (João 2:13; 5:1; 6:4; 12:1; 13:1) (Pormenores sôbre isto encontram-se no livro “Equipado Para Todo Boa Obra” , página 280.) Não havendo dúvida de que Jesus foi exterminado no tempo da páscoa, por volta de 1. de abril de 33 E. C., segue-se, à base dos cálculos já feitos, que êle nasceu 331⁄2 anos antes disso, ou por volta de 1.° de outubro, e isto no ano 2 A. C.
Esta data em outubro está em harmonia com tôda a evidência circunstancial disponível. Os pastôres vigiavam naquele tempo sôbre os seus rebanhos à noite, e José e Maria tinham vindo de longe a Belém, para se registrarem, de acôrdo com o decreto de César Augusto. Os pastôres não teriam seus rebanhos ao relento durante a estação chuvosa e fria do inverno na Palestina, nem é razoável concluir-se que o César exigisse que todos os judeus viajassem tanto na pior época do ano para se registrarem; um fato que se torna evidente das palavras de Jesus: “Rogai que a vossa fuga não suceda no inverno.” — Mat. 24:20; Luc. 2:1-20.
SEUS ANTECEDENTES PAGÃOS
Em vista dêstes fatos, por que se escolheu o dia 25 de dezembro para a celebração do nascimento de Jesus? Júlio I, bispo de Roma (337-352 E. C.), foi supostamente quem primeiro determinou a celebração do Natal em 25 de dezembro. E em que base? Diz a Catholic Encyclopedia (Tomo 3, página 727): “A bem conhecida festa do sol, Natalis Invicti [Natalício do Invencível], porém, pode reivindicar fortemente a responsabilidade pela nossa data de dezembro.” E, segundo a Encyclopedia Americana, a igreja de Roma determinou a celebração do nascimento de Jesus em 25 dezembro, “no dia da antiga festa romana [pagã] do nascimento do Sol, visto que não se sabia ao certo o dia do nascimento de Cristo”. (Tomo 6, página 623, ed. 1942) Outras autoridades nos contam que a igreja, não podendo desacostumar o povo desta festa, adotou-a e deu-lhe um novo significado. Isto induziu Tertuliano a queixar-se: “Nós, os que somos estranhos quanto aos sábados, às luas novas e às festas, anteriormente aceitáveis a Deus, freqüentamos agora as saturnais [e outras festas pagãs], levamos presentes de um lado para outro, . . . e celebramos com algazarra esportes e banquetes.”
Talvez alguém pergunte: Mesmo admitindo-se que a data de 25 de dezembro seja de origem pagã e que Jesus tenha nascido por volta de 1º. de outubro, por que não celebrar esta data? Por que não? Ora, porque a própria celebração de aniversários é pagã. Em parte alguma das Escrituras encontramos registrada a data do nascimento de alguém; nem qualquer registro de celebrações natalícias por parte dos servos de Jeová, quer antes, quer depois do tempo de Cristo. As únicas duas celebrações de natalícios mencionadas nas Escrituras foram realizadas por imperadores pagãos, e cada uma delas ficou manchada por uma execução, a realizada por Faraó, pela execução de seu padeiro-mor, e a realizada por Herodes, pela execução ou decapitação de João Batista. — Gên. 40:20-22; Mat. 14:6-11.
Nem se limitam os aspectos pagãos do Natal a esta data, às festanças e à troca de presentes. O uso da árvore sempre verde, do visco e do azevinho, baseiam-se na reverência pagã de coisas da natureza. Segundo o historiador Professor Hislop, a celebração com a árvore do Natal remonta realmente ao tempo de Nemrod, há uns 4.000 anos: “Ora, a Acha de Natal é o tronco morto de Nemrod, deificado como deus-sol, mas abatido pelos seus inimigos; a árvore do Natal é o Nemrod redivivus — o deus abatido retornado à vida.” — The Two Babylons, páginas 97, 98.
As decorações da árvore do Natal remontam aos teutões pré-cristãos, que decoravam as suas sempre-verdes com espirais de frutas e grãos, em honra de Nithager, o dragão sagrado. Bolas cintilantes de ouro eram usadas para homenagear Balder, deus do sol sempre místico. (Hoje em dia, em países comunistas ateus, tais como a Romênia, dão grande destaque à Festa Hibernal da Árvore; destacam-se as sempre-verdes decoradas, e há alguns anos, em Bucareste, a capital, o centro de atração foi ‘uma árvore de 20 metros de altura, cheia de milhares de lâmpadas, globos dourados e sinos de metal’.)
O mesmo se aplica ao visco. Segundo as tradições pagãs, êste era o ramo divino que desceu do céu e representava o Salvador; afirmava-se que o deus Loki, de inveja, matou o belo deus Balder com uma seta feita de visco; tôdas as outras plantas tinham jurado não ferir a Balder; mas o visco, tendo sido desconsiderado, veio então a ser usado. Segundo esta tradição pagã, a seta de visco foi tirada da ferida fatal de Balder e dada à deusa do amor, Freia, donde se deriva o costume que um rapaz pode beijar uma môça se a encontrar debaixo do visco.
Nos tempos antigos penduravam-se tanto o visco como coroas de azevinho nas janelas e nas portas, por causa de seus poderes curativos e protetores, e para impedir a entrada de feiticeiras e de espíritos maus. Segundo outra superstição pagã, os frutos vermelhos do azevinho representavam as gotas de sangue de Balder, o deus pagão.
E que se pode dizer dos três reis magos que aparecem nos cartões de Natal? Trata-se de mais paganismo. Em primeiro lugar, note-se que a Bíblia não diz quantos dêles havia. Em segundo lugar, é bem provável que visitavam Jesus e sua mãe Maria quando Jesus tinha cêrca de dois anos de idade, pois o relato refere-se a Jesus, não como sendo criancinha, mas como menino; não como estando deitado numa manjedoura, mas como estando numa casa; note-se também o decreto de Herodes, de serem mortos todos os meninos até dois anos de idade. Além disso, é bastante evidente que aquêle que dirigiu os magos com a luz não era o mesmo que aquele que dirigiu os pastôres à manjedoura de Jesus por meio de anjos; outrossim, por que dirigi-los ao maior inimigo de Jesus e fazer que a vida de Jesus fôsse posta em perigo e causando a morte de tantas crianças? Não, não é absolutamente razoável concluir-se que o Deus que avisara seu povo que não tivesse nada que ver com as religiões pagãs dirigisse magos ou astrólogos, adoradores pagãos de deuses demoníacos, ao seu Filho. — Isa. 47:13; compare Mateus 2:1-18 com Lucas 2:8-20.
E o que se pode dizer das meias penduradas para o Papai Noel ou S. Nicolau? Que isto talvez não seja de origem pagã, mas pode ser traçado até princípios da Idade Média, e, naturalmente, não tem base nenhuma nas Escrituras.
POR QUE NÃO DEVE SER CELEBRADO
Talvez se pergunte: Por que não se devia celebrar o Natal, apesar de seus antecedentes pagãos, visto que traz tanta alegria? Porque a Palavra de Deus avisa repetidas vêzes os Seus servos que não tenham nada que ver com a adoração falsa. Veja, por exemplo, quão enfaticamente o apóstolo Paulo declarou êste assunto. Tratando do assunto dos alimentos oferecidos a ídolos, e depois de declarar que os ídolos realmente não são nada, êle prossegue: “As coisas que as nações sacrificam, as sacrificam a demônios e não a Deus, e não quero que vos torneis participantes com os demônios. Não podeis beber do cálice de Jeová e do cálice dos demônios; não podeis participar da mesa de Jeová e da mesa dos demônios. Ou ‘estamos incitando Jeová ao ciúme’? Somos, porventura, mais fortes do que êle?” — 1 Cor. 10:19-22, NM; veja-se também Êxodo 23:24, 32, 33; Deu. 7:16; 2 Cor. 6:14-18; Tia. 1:26, 27.
Em vista do precedente, que falta de entendimento bíblico foi demonstrada por Donald Harrington, pastor da Igreja Comunal de Nova Iorque, o qual declarou, tentando justificar a celebração do Natal apesar dos seus antecedentes pagãos: “É esta integração de cerimônias e ritos pagãos que serve de exemplo da universalidade de Deus e faz a pessoa reconhecer que o Natal não é apenas uma festa cristã, mas um feriado da humanidade” — Times de Nova Iorque, 24 de dezembro de 1951.
E isso não é tudo. Note alguns dos males materiais associados com o Natal. Em 1951, o total de mortos no dia do Natal foi de 789 nos Estados Unidos, muitos em resultado de motoristas bêbedos que tinham celebrado o Natal. O jornal Times de Nova Iorque, de 12 de dezembro de 1951, falou num editorial sôbre os aspectos “deveras trágicos” de muitos dos incêndios causados por árvores de Natal. E não somente os agentes funerários e os bombeiros, mas também os médicos têm trabalho extra durante os dias de festa, visto que os hospitais se enchem das vítimas do excesso.
O grande comércio explora esta ocasião, cobrando demais ao público, vendendo-lhe mercadorias inferiores e fazendo tudo ao seu alcance para dar a todos a febre do Natal, para fazer que ‘o espírito festivo agite o seu sangue’. Variam os cálculos sôbre quantos milhões de dólares se gastam nas compras de Natal nos Estados Unidos, mas o fato de que, durante um só dia festivo, o departamento da limpeza urbana da cidade de Nova Iorque teve de remover 24.000 toneladas de lixo após o feriado indica até que ponto o povo é levado pela propaganda.
Certos clérigos, achando que o Natal está sendo muito comercializado, fazem empenhos em prol dum Natal mais “cristão”, o que é realmente uma contradição de têrmos. Até que ponto a sua campanha tem sido bem sucedida pode ser verificado dum anuncio de página inteira publicado num diário no sentido de que “achamos que é uma boa idéia dar a alguém estrume como presente de Natal. Entregaremos a domicílio (ou no fundo do seu estábulo) uma magnífica tonelada do melhor estrume de vaca, por apenas $ 19.”
É verdade que Jesus disse que “há mais felicidade em dar do que há em receber”, mas isso se aplica apenas quando a dádiva é sincera e altruísta. Lembre-se de que ele disse também: “Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado. Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porem, tu a receberás na ressurreição dos justos.” — Luc. 14:12-14, ARA.
Sob o estímulo artificial da febre do Natal, alguns infelizes talvez sejam beneficiados por um pouco de “caridade”. Mas, isso dificilmente contrabalançará o fato de que o Natal é realmente um laço do Diabo, para enganar o povo ao ponto de pensar que são cristãos em razão de se entregarem a cerimônias e costumes pagãos que satisfazem os instintos carnais, desperdiçam dinheiro, a saúde e vidas, e, pior de tudo, incitam Jeová ao ciúme.
O verdadeiro cristianismo não opera assim. Faz o bem ao próximo durante os 365 dias do ano e não apenas num único dia, e não só de modo material, mas com os tesouros espirituais, muito mais importantes, que conduzem à vida eterna. As testemunhas de Jeová devotaram as suas vidas a fazer isso.
Entende agora por que não celebram o Natal?